Autor Tópico: Albert Einstein - Por que o Socialismo?  (Lida 2223 vezes)

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Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Online: 11 de Junho de 2006, 23:21:18 »
Será aconselhável para quem não é especialista em assuntos económicos e sociais exprimir opiniões sobre a questão do socialismo? Eu penso que sim, por uma série de razões.

Consideremos antes de mais a questão sob o ponto de vista do conhecimento científico. Poderá parecer que não há diferenças metodológicas essenciais entre a astronomia e a economia: os cientistas em ambos os campos tentam descobrir leis de aceitação geral para um grupo circunscrito de fenómenos de forma a tornar a interligação destes fenómenos tão claramente compreensível quanto possível. Mas, na realidade, estas diferenças metodológicas existem. A descoberta de leis gerais no campo da economia torna-se difícil pela circunstância de que os fenómenos económicos observados são frequentemente afectados por muitos factores que são muito difíceis de avaliar separadamente. Além disso, a experiência acumulada desde o início do chamado período civilizado da história humana tem sido – como é bem conhecido – largamente influenciada e limitada por causas que não são, de forma alguma, exclusivamente económicas por natureza. Por exemplo, a maior parte dos principais estados da história ficou a dever a sua existência à conquista. Os povos conquistadores estabeleceram-se, legal e economicamente, como a classe privilegiada do país conquistado. Monopolizaram as terras e nomearam um clero de entre as suas próprias fileiras. Os sacerdotes, que controlavam a educação, tornaram a divisão de classes da sociedade numa instituição permanente e criaram um sistema de valores segundo o qual as pessoas se têm guiado desde então, até grande medida de forma inconsciente, no seu comportamento social.

Mas a tradição histórica é, por assim dizer, coisa do passado; em lado nenhum ultrapassámos de facto o que Thorstein Veblen chamou de “fase predatória” do desenvolvimento humano. Os factos económicos observáveis pertencem a essa fase e mesmo as leis que podemos deduzir a partir deles não são aplicáveis a outras fases. Uma vez que o verdadeiro objectivo do socialismo é precisamente ultrapassar e ir além da fase predatória do desenvolvimento humano, a ciência económica no seu actual estado não consegue dar grandes esclarecimentos sobre a sociedade socialista do futuro.

Segundo, o socialismo é dirigido para um fim sócio-ético. A ciência, contudo, não pode criar fins e, muito menos, incuti-los nos seres humanos; quando muito, a ciência pode fornecer os meios para atingir determinados fins. Mas os próprios fins são concebidos por personalidades com ideais éticos elevados e – se estes ideais não nascerem já votados ao insucesso, mas forem vitais e vigorosos – adoptados e transportados por aqueles muitos seres humanos que, semi-inconscientemente, determinam a evolução lenta da sociedade.

Por estas razões, devemos precaver-nos para não sobrestimarmos a ciência e os métodos científicos quando se trata de problemas humanos; e não devemos assumir que os peritos são os únicos que têm o direito a expressarem-se sobre questões que afectam a organização da sociedade.

Inúmeras vozes afirmam desde há algum tempo que a sociedade humana está a passar por uma crise, que a sua estabilidade foi gravemente abalada. É característico desta situação que os indivíduos se sintam indiferentes ou mesmo hostis em relação ao grupo, pequeno ou grande, a que pertencem. Para ilustrar o meu pensamento, permitam-me que exponha aqui uma experiência pessoal. Falei recentemente com um homem inteligente e cordial sobre a ameaça de outra guerra, que, na minha opinião, colocaria em sério risco a existência da humanidade, e comentei que só uma organização supra-nacional ofereceria protecção contra esse perigo. Imediatamente o meu visitante, muito calma e friamente, disse-me: “Porque se opõe tão profundamente ao desaparecimento da raça humana?”

Tenho a certeza de que há tão pouco tempo como um século atrás ninguém teria feito uma afirmação deste tipo de forma tão leve. É a afirmação de um homem que tentou em vão atingir um equilíbrio interior e que perdeu mais ou menos a esperança de ser bem sucedido. É a expressão de uma solidão e isolamento dolorosos de que sofre tanta gente hoje em dia. Qual é a causa? Haverá uma saída?

É fácil levantar estas questões, mas é difícil responder-lhes com um certo grau de segurança. No entanto, devo tentar o melhor que posso, embora esteja consciente do facto de que os nossos sentimentos e esforços são muitas vezes contraditórios e obscuros e que não podem ser expressos em fórmulas fáceis e simples.

O homem é, simultaneamente, um ser solitário e um ser social. Enquanto ser solitário, tenta proteger a sua própria existência e a daqueles que lhe são próximos, satisfazer os seus desejos pessoais, e desenvolver as suas capacidades inatas. Enquanto ser social, procura ganhar o reconhecimento e afeição dos seus semelhantess, partilhar os seus prazeres, confortá-los nas suas tristezas e melhorar as suas condições de vida. Apenas a existência destes esforços diversos e frequentemente conflituosos respondem pelo carácter especial de um ser humano, e a sua combinação específica determina até que ponto um indivíduo pode atingir um equilíbrio interior e pode contribuir para o bem-estar da sociedade. É perfeitamente possível que a força relativa destes dois impulsos seja, no essencial, fixada por herança. Mas a personalidae que finalmente emerge é largamente formada pelo ambinte em que um indivíduo acaba por se descobrir a si próprio durante o seu desenvolvimento, pela estrutura da sociedade em que cresce, pela tradição dessa sociedade, e pelo apreço por determinados tipos de comportamento. O conceito abstracto de “sociedade” significa para o ser humano individual o conjunto das suas relações directas e indirectas com os seus contemporâneos e com todas as pessoas de gerações anteriores. O indíviduo é capaz de pensar, sentir, lutar e trabalhar sozinho, mas depende tanto da sociedade – na sua existência física, intelectual e emocional – que é impossível pensar nele, ou compreendê-lo, fora da estrutura da sociedade. É a “sociedade” que lhe fornece comida, roupa, casa, instrumentos de trabalho, língua, formas de pensamento, e a maior parte do conteúdo do pensamento; a sua vida foi tornada possível através do trabalho e da concretização dos muitos milhões passados e presentes que estão todos escondidos atrás da pequena palavra “sociedade”.

É evidente, portanto, que a dependência do indivíduo em relação à sociedade é um facto da natureza que não pode ser abolido – tal como no caso das formigas e das abelhas. No entanto, enquanto todo o processo de vida das formigas e abelhas é reduzido ao mais pequeno pormenor por instintos hereditários rígidos, o padrão social e as interrelações dos seres humanos são muito variáveis e susceptíveis de mudança. A memória, a capacidade de fazer novas combinações, o dom da comunicação oral tornaram possíveis os desenvolvimentos entre os seres humanos que não são ditados por necessidades biológicas. Estes desenvolvimentos manifestam-se nas tradições, instituições e organizações; na literatura; nas obras científicas e de engenharia; nas obras de arte. Isto explica a forma como, num determinado sentido, o homem pode influenciar a sua vida através da sua própria conduta, e como neste processo o pensamento e a vontade conscientes podem desempenhar um papel.

O homem adquire à nascença, através da hereditariedade, uma constituição biológica que devemos considerar fixa ou inalterável, incluindo os desejos naturais que são característicos da espécie humana. Além disso, durante a sua vida, adquire uma constituição cultural que adopta da sociedade através da comunicação e através de muitos outros tipos de influências. É esta constituição cultural que, com a passagem do tempo, está sujeita à mudança e que determina, em larga medida, a relação entre o indivíduo e a sociedade. A antropologia moderna ensina-nos, através da investigação comparativa das chamadas culturas primitivas, que o comportamento social dos seres humanos pode divergir grandemente, dependendo dos padrões culturais dominantes e dos tipos de organização que predominam na sociedade. É nisto que aqueles que lutam por melhorar a sorte do homem podem fundamentar as suas esperanças: os seres humanos não estão condenados, devido à sua constituição biológica, a exterminarem-se uns aos outros ou a ficarem à mercê de um destino cruel e auto-infligido.

Se nos interrogarmos sobre como deveria mudar a estrutura da sociedade e a atitude cultural do homem para tornar a vida humana o mais satisfatória possível, devemos estar permanentemente conscientes do facto de que há determinadas condições que não podemos alterar. Como mencionado anteriormente, a natureza biológica do homem, para todos os objectivos práticos, não está sujeita à mudança. Além disso, os desenvolvimentos tecnológicos e demográficos dos últimos séculos criaram condições que vieram para ficar. Em populações com fixação relativamente densa e com bens indispensáveis à sua existência continuada, é absolutamente necessário haver uma extrema divisão do trabalho e um aparelho produtivo altamente centralizado. Já lá vai o tempo – que, olhando para trás, parece ser idílico – em que os indivíduos ou grupos relativamente pequenos podiam ser completamente auto-suficientes. É apenas um pequeno exagero dizer-se que a humanidade constitui, mesmo actualmente, uma comunidade planetária de produção e consumo.

Cheguei agora ao ponto em que vou indicar sucintamente o que para mim constitui a essência da crise do nosso tempo. Diz respeito à relação do indivíduo com a sociedade. O indivíduo tornou-se mais consciente do que nunca da sua dependência relativamente à sociedade. Mas ele não sente esta dependência como um bem positivo, como um laço orgânico, como uma força protectora, mas mesmo como uma ameaça aos seus direitos naturais, ou ainda à sua existência económica. Além disso, a sua posição na sociedade é tal que os impulsos egotistas da sua composição estão constantemente a ser acentuados, enquanto os seus impulsos sociais, que são por natureza mais fracos, se deterioram progressivamente. Todos os seres humanos, seja qual for a sua posição na sociedade, sofrem este processo de deterioração. Inconscientemente prisioneiros do seu próprio egotismo, sentem-se inseguros, sós, e privados do gozo naïve, simples e não sofisticado da vida. O homem pode encontrar sentido na vida, curta e perigosa como é, apenas dedicando-se à sociedade.

A anarquia económica da sociedade capitalista como existe actualmente é, na minha opinião, a verdadeira origem do mal. Vemos perante nós uma enorme comunidade de produtores cujos membros lutam incessantemente para despojar os outros dos frutos do seu trabalho colectivo – não pela força, mas, em geral, em conformidade com as regras legalmente estabelecidas. A este respeito, é importante compreender que os meios de produção – ou seja, toda a capacidade produtiva que é necessária para produzir bens de consumo bem como bens de equipamento adicionais – podem ser legalmente, e na sua maior parte são, propriedade privada de indivíduos.

Para simplificar, no debate que se segue, chamo “trabalhadores” a todos aqueles que não partilham a posse dos meios de produção – embora isto não corresponda exactamente à utilização habitual do termo. O detentor dos meios de produção está em posição de comprar a mão-de-obra. Ao utilizar os meios de produção, o trabalhador produz novos bens que se tornam propriedade do capitalista. A questão essencial deste processo é a relação entre o que o trabalhador produz e o que recebe, ambos medidos em termos de valor real. Na medida em que o contrato de trabalho é “livre”, o que o trabalhador recebe é determinado não pelo valor real dos bens que produz, mas pelas suas necessidades mínimas e pelas exigências dos capitalistas para a mão-de-obra em relação ao número de trabalhadores que concorrem aos empregos. É importante compreender que, mesmo em teoria, o pagamento do trabalhador não é determinado pelo valor do seu produto.

O capital privado tende a concentrar-se em poucas mãos, em parte por causa da concorrência entre os capitalistas e em parte porque o desenvolvimento tecnológico e a crescente divisão do trabalho encorajam a formação de unidades de produção maiores à custa de outras mais pequenas. O resultado destes desenvolvimentos é uma oligarquia de capital privado cujo enorme poder não pode ser eficazmente controlado mesmo por uma sociedade política democraticamente organizada. Isto é verdade, uma vez que os membros dos órgãos legislativos são escolhidos pelos partidos políticos, largamente financiados ou influenciados pelos capitalistas privados que, para todos os efeitos práticos, separam o eleitorado da legislatura. A consequência é que os representantes do povo não protegem suficientemente os interesses das secções sub-privilegidas da população. Além disso, nas condições existentes, os capitalistas privados controlam inevitavelmente, directa ou indirectamente, as principais fontes de informação (imprensa, rádio, educação). É assim extremamente difícil e mesmo, na maior parte dos casos, completamente impossível, para o cidadão individual, chegar a conclusões objectivas e utilizar inteligentemente os seus direitos políticos.

Assim, a situação predominante numa economia baseada na propriedade privada do capital caracteriza-se por dois principais princípios: primeiro, os meios de produção (capital) são privados e os detentores utilizam-nos como acham adequado; segundo, o contrato de trabalho é livre. Claro que não há tal coisa como uma sociedade capitalista pura neste sentido. É de notar, em particular, que os trabalhadores, através de longas e duras lutas políticas, conseguiram garantir uma forma algo melhorada do “contrato de trabalho livre” para determinadas categorias de trabalhadores. Mas tomada no seu conjunto, a economia actual não difere muito do capitalismo “puro”.

A produção é feita para o lucro e não para o uso. Não há nenhuma disposição em que todos os que possam e queiram trabalhar estejam sempre em posição de encontrar emprego; existe quase sempre um “exército de desempregados. O trabalhador está constantemente com medo de perder o seu emprego. Uma vez que os desempregados e os trabalhadores mal pagos não fornecem um mercado rentável, a produção de bens de consumo é restrita e tem como consequência a miséria. O progresso tecnológico resulta frequentemente em mais desemprego e não no alívio do fardo da carga de trabalho para todos. O motivo lucro, em conjunto com a concorrência entre capitalistas, é responsável por uma instabilidade na acumulação e utilização do capital que conduz a depressões cada vez mais graves. A concorrência sem limites conduz a um enorme desperdício do trabalho e a esse enfraquecimento consciência social dos indivíduos que mencionei anteriormente.

Considero este enfraquecimento dos indivíduos como o pior mal do capitalismo. Todo o nosso sistema educativo sofre deste mal. É incutida uma atitude exageradamente competitiva no aluno, que é formado para venerar o sucesso de aquisição como preparação para a sua futura carreira.

Estou convencido que só há uma forma de eliminar estes sérios males, nomeadamente através da constituição de uma economia socialista, acompanhada por um sistema educativo orientado para objectivos sociais. Nesta economia, os meios de produção são detidos pela própria sociedade e são utilizados de forma planeada. Uma economia planeada, que adeque a produção às necessidades da comunidade, distribuiria o trabalho a ser feito entre aqueles que podem trabalhar e garantiria o sustento a todos os homens, mulheres e crianças. A educação do indivíduo, além de promover as suas próprias capacidades inatas, tentaria desenvolver nele um sentido de responsabilidade pelo seu semelhante em vez da glorificação do poder e do sucesso na nossa actual sociedade.

No entanto, é necessário lembrar que uma economia planeada não é ainda o socialismo. Uma tal economia planeada pode ser acompanhada pela completa opressão do indivíduo. A concretização do socialismo exige a solução de problemas socio-políticos extremamente difíceis; como é possível, perante a centralização de longo alcance do poder económico e político, evitar a burocracia de se tornar toda-poderosa e vangloriosa? Como podem ser protegidos os direitos do indivíduo e com isso assegurar-se um contrapeso democrático ao poder da burocracia?

A clareza sobre os objectivos e problemas do socialismo é da maior importância na nossa época de transição. Visto que, nas actuais circunstâncias, a discussão livre e sem entraves destes problemas surge sob um tabu poderoso, considero a fundação desta revista como um serviço público importante.

Einstein escreveu este trabalho especialmente para o lançamento da Monthly Review, cujo primeiro número foi publicado em Maio de 1949. 

Original: http://www.monthlyreview.org/598einst.htm
« Última modificação: 11 de Junho de 2006, 23:37:08 por Ukrainian »

Offline HSette

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Re: Albert Einstein - Porque o Socialismo?
« Resposta #1 Online: 11 de Junho de 2006, 23:26:36 »
É um bom texto!

E o trecho abaixo chega a ser "profético":

No entanto, é necessário lembrar que uma economia planeada não é ainda o socialismo. Uma tal economia planeada pode ser acompanhada pela completa opressão do indivíduo. A concretização do socialismo exige a solução de problemas socio-políticos extremamente difíceis; como é possível, perante a centralização de longo alcance do poder económico e político, evitar a burocracia de se tornar toda-poderosa e vangloriosa? Como podem ser protegidos os direitos do indivíduo e com isso assegurar-se um contrapeso democrático ao poder da burocracia?
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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #2 Online: 12 de Junho de 2006, 15:02:47 »
Citar
(...)A educação do indivíduo, além de promover as suas próprias capacidades inatas, tentaria desenvolver nele um sentido de responsabilidade pelo seu semelhante em vez da glorificação do poder e do sucesso na nossa actual sociedade.

Indivíduos tendo senso de responsabilidade pelo seu semelhante de forma universal? Neste trecho com certeza ele está se referindo à outra espécie animal ou, talvez, à alguma raça alienígena, ou ainda pode estar sendo apenas muito sarcástico. Seres humanos com essas características... há mais chances de Jezuis voltar à terra do que eu ver isso na minha vida. :roll:
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Offline HSette

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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #3 Online: 12 de Junho de 2006, 16:19:26 »
O texto diz que a educação promove isso.
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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #4 Online: 12 de Junho de 2006, 16:42:03 »
O texto diz que a educação promove isso.

Fazendo uma breve visualização na história da espécie Homo Sapiens sobre a terra e sua notória "habilidade" em destruir o meio-ambiente e prejudicar a si própria, que vem piorando demasiadamente na medida em que ela se alastra, sou altamente cético quanto a isso.
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ukrainian

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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #5 Online: 12 de Junho de 2006, 22:16:14 »
O texto diz que a educação promove isso.

Fazendo uma breve visualização na história da espécie Homo Sapiens sobre a terra e sua notória "habilidade" em destruir o meio-ambiente e prejudicar a si própria, que vem piorando demasiadamente na medida em que ela se alastra, sou altamente cético quanto a isso.

Pela educação que recebeste, não rouba propriedade alheia. Acha que isso faz parte de uma "habilidade" inata da espécie Homo Sapiens? Ou é adquirida?

Offline Huxley

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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #6 Online: 12 de Junho de 2006, 23:46:49 »
A educação não trouxe nem o progresso científico na URSS, quem dirá o senso de responsabilidade a ausência de abuso de poder e corrupção.

A verdade é que o mercado comete menos erros que o Estado, embora ele também cometa erros.
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Meu blog: http://biologiaevolutiva.blogspot.com

Offline HSette

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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #7 Online: 13 de Junho de 2006, 20:34:31 »
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A educação não trouxe nem o progresso científico na URSS...

Isto é uma enorme inverdade.

Lembre-se que até 1917, tínhamos ali uma sociedade praticamente feudal. O salto científico/tecnológico é inegável.

Prêmio Nobel de Física:
1958 Il´ja Mikhailovich Frank (União Soviética)
1958 Igor Yevgenyevich Tamm (União Soviética)
1958 Pavel Alekseyevich Cherenkov (União Soviética)
1964 Nicolay Gennadiyevich Basov (União Soviética)
1964 Aleksandr Mikhailovich Prokhorov (União Soviética)
1978 Piotr Leonídovich Kapiza (União Soviética)

Prêmio Nobel de Literatura:
1958 Boris Pasternak (União Soviética)
1965 Michail Aleksandrovich Sholokhov (União Soviética)
1970 Aleksandr Isaevich Solzhenitsyn (União Soviética)

Prêmio Nobel de Química:
1956 Nikolay Nikolaevich Semenov (União Soviética)

Prêmio Nobel de Economia:
1975 Leonid Vitaliyevich Kantorovich (União Soviética)
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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #8 Online: 13 de Junho de 2006, 20:47:43 »
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A verdade é que o mercado comete menos erros que o Estado, embora ele também cometa erros.

Já isto, é um sofisma.

Na verdade, os mercados modernos só funcionam porque se sustentam na estrutura do Estado.
Não faz o menor sentido dizer que um funciona melhor do que o outro.
O máximo que se pode dizer é que determinadas atividades são melhores desempenhadas por um ou por outro.

Aliás, um não vive sem o outro. Jamais serão encontrados sozinhos. A simbiose, até onde se sabe, é inevitável.
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Offline Roberto

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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #9 Online: 14 de Junho de 2006, 09:20:07 »
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A verdade é que o mercado comete menos erros que o Estado, embora ele também cometa erros.

Já isto, é um sofisma.

Na verdade, os mercados modernos só funcionam porque se sustentam na estrutura do Estado.
Não faz o menor sentido dizer que um funciona melhor do que o outro.
O máximo que se pode dizer é que determinadas atividades são melhores desempenhadas por um ou por outro.

Aliás, um não vive sem o outro. Jamais serão encontrados sozinhos. A simbiose, até onde se sabe, é inevitável.


O que você quer dizer com "só funcionam porque se sustentam na estrutura do Estado"?
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline Rodion

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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #10 Online: 14 de Junho de 2006, 09:28:08 »
olha, pobre do mercado se não houver estado mesmo. é necessário um estado pra, pelo menos, garantir a segurança, o direito à propriedade, etc. não vejo outra sustentação além desta...
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Offline HSette

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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #11 Online: 14 de Junho de 2006, 09:43:45 »
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O que você quer dizer com "só funcionam porque se sustentam na estrutura do Estado"?

Além dos pontos levantados pelo Bruno, vamos a pontos cruciais:

- Investimentos em larga escala para prover a Matriz Energética (Usinas Hidrelétricas, Usinas Nucleares, etc.); Malha Viária (construção de redes rodoviárias e ferroviárias); Sistemas de Água e Esgoto; etc.

Tais investimentos estão além da capacidade do capital privado, mesmo porque não garantem o retorno dentro da escala de tempo razoável que o capital exige.

E o que assistimos é que, uma vez que tais projetos estão implantados e operativos, a iniciativa privada avança sobre vários deles, pois atingiram o ponto de maturidade a partir do qual se tornam lucrativos
« Última modificação: 14 de Junho de 2006, 09:46:23 por HSette »
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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #12 Online: 14 de Junho de 2006, 11:11:05 »
aha, as tais "falhas de mercado". quem sabe 15 anos atrás falasse-se de como o capital privado seria incapaz de financiar.. digamos, a telefonia?

no caso da energia... eu sei algo sobre hidrelétricas erguidas com capital privado, mas não tenho certeza. de qualquer maneira, é um dos serviços providos pelo estado E por suas concessionárias. não há prazo de retorno longo demais, ainda mais se falamos de grandes corporações.
malha viária.. bom, basta ver a situação dos estados unidos no século XIX pra ver que nunca faltaram companhias privadas de transporte ferroviário, e estou falando também de construir trilhos.

sistema de água e esgoto... olha, é uma necessidade da população e o tipo de serviço que tem de ser provido pelo estado, mas a falta desses serviços não inviabiliza o mercado.
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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #13 Online: 14 de Junho de 2006, 11:33:51 »
Bruno, a participação do Estado é decisiva e imprescindível em todas as empreitadas que vc citou.

Não considero isso "falha do mercado".

A dinâmica das sociedades humanas funciona assim. São constatações empíricas. Não é meu objetivo fazer julgamentos de valores de viés ideológico.

Do ponto de vista econômico, enxergar o relacionamento simbiótico entre Estado e iniciativa privada como algo dicotômico é enganoso e equivocado.
« Última modificação: 14 de Junho de 2006, 11:36:03 por HSette »
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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #14 Online: 14 de Junho de 2006, 11:43:30 »

Enxergar o relacionamento simbiótico entre Estado e iniciativa privada como algo dicotômico é enganoso e equivocado.

não estou vendo dicotomia alguma, só que o relacionamento não é tão simbiótico assim, ou melhor, não precisa ser.
se citarmos o brasil, vai ser difícil achar alguma iniciativa sem o dedinho do estado, nesse sentido.
mas um lugar curioso, que trouxeram cá pro fórum um dia, é a somália. sem governo central há mais de 15 anos, o setor privado se desenvolveu sozinho em algumas áreas, caso, por exemplo, da telefonia, sem qualquer tipo de agência reguladora, que eu saiba.
claro que o setor privado da somália sofre mais por causa da insegurança, mesmo. por isso eu disse; o único setor realmente imprescindível para os mercados é este.

a vale do rio doce, por exemplo, não precisa do estado para construir ferrovias, constróem eles mesmos. usinas de cana geram parte da energia usada, com o bagaço da cana. 
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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #15 Online: 14 de Junho de 2006, 11:50:18 »
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mas um lugar curioso, que trouxeram cá pro fórum um dia, é a somália. sem governo central há mais de 15 anos, o setor privado se desenvolveu sozinho em algumas áreas, caso, por exemplo, da telefonia, sem qualquer tipo de agência reguladora, que eu saiba.


Economia não é Ciência Exata. E imagino o que deve ser isso. Somália? :?:


Citar
a vale do rio doce, por exemplo, não precisa do estado para construir ferrovias, constróem eles mesmos. usinas de cana geram parte da energia usada, com o bagaço da cana. 


Agora, né?
Dê uma olhadinha na história da Empresa, bem como de várias outras do setor siderúrgico (bem lembrado, diga-se de passagem). Se não fosse o Estado, tal empreitada jamais existiria.
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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #16 Online: 14 de Junho de 2006, 11:55:09 »
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Agora, né?
Dê uma olhadinha na história da Empresa, bem como de várias outras do setor siderúrgico (bem lembrado, diga-se de passagem). Se não fosse o Estado, tal empreitada jamais existiria.
não? olhando somente a história brasileira, não dá pra saber. como dizem os historiadores, 'não existe SE na história'. mas, corrija-me se eu estiver errado, o estado não precisou dar o empurrão inicial na primeira ou na segunda rev. industrial, precisou?
não conheço detalhadamente a história da indústria de base norte-americana ou inglesa, mas, que eu saiba, não teve o dedinho do estado.
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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #17 Online: 14 de Junho de 2006, 12:49:32 »
Existe "se", sim: o capital tem sua lógica. Não há investimentos em empreitadas que não garantam retorno em tempo e a uma taxa razoável.

O papel do Estado foi fundamental para a Revolução Industrial. A fase de acumulação de capital só se deu em função do Mercantilismo, capitaneado pelos Estados Nacionais. No caso específico da Inglaterra, a atuação estatal na questão agrária foi crucial.

E sobre o papel do Estado em infra-estrutura, tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos, na Internet mesmo vc encontrará rotundos exemplos.
Leia sobre a história da formação desses países e verá!
« Última modificação: 14 de Junho de 2006, 12:52:30 por HSette »
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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #18 Online: 14 de Junho de 2006, 12:59:33 »
O texto diz que a educação promove isso.

Fazendo uma breve visualização na história da espécie Homo Sapiens sobre a terra e sua notória "habilidade" em destruir o meio-ambiente e prejudicar a si própria, que vem piorando demasiadamente na medida em que ela se alastra, sou altamente cético quanto a isso.

Pela educação que recebeste, não rouba propriedade alheia. Acha que isso faz parte de uma "habilidade" inata da espécie Homo Sapiens? Ou é adquirida?

"Pela educação que recebi não roubo propriedade alheia?!" O que isso tem a ver com a degradação da natureza e da humanidade causada por ela mesma? E o que te leva a deduzir que pela educação que recebi não roubo propriedade alheia?

Traduza, por favor.
« Última modificação: 14 de Junho de 2006, 13:05:31 por Agnostic »
Who cares?

Offline Roberto

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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #19 Online: 14 de Junho de 2006, 16:58:58 »
Citar
O que você quer dizer com "só funcionam porque se sustentam na estrutura do Estado"?

Além dos pontos levantados pelo Bruno, vamos a pontos cruciais:

- Investimentos em larga escala para prover a Matriz Energética (Usinas Hidrelétricas, Usinas Nucleares, etc.); Malha Viária (construção de redes rodoviárias e ferroviárias); Sistemas de Água e Esgoto; etc.

Tais investimentos estão além da capacidade do capital privado, mesmo porque não garantem o retorno dentro da escala de tempo razoável que o capital exige.

E o que assistimos é que, uma vez que tais projetos estão implantados e operativos, a iniciativa privada avança sobre vários deles, pois atingiram o ponto de maturidade a partir do qual se tornam lucrativos

Grato pela expicação. Sem entrar no mérito de todas essas questões que você colocou, parece que você usou mal a expressão "se sustentar na estrutura do Estado".
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline HSette

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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #20 Online: 14 de Junho de 2006, 17:48:29 »
Roberto, de fato acho que exagerei. Melhor seria dizer que ambas se sustentam uma na outra.
O que acha?
"Eu sei que o Homem Invisível está aqui!"
"Por quê?"
"Porque não estou vendo ele!"

Chaves

Offline Roberto

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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #21 Online: 29 de Junho de 2006, 10:04:08 »
Roberto, de fato acho que exagerei. Melhor seria dizer que ambas se sustentam uma na outra.
O que acha?

Desculpe a demora em responder. Eu não tinha visto esta sua mensagem. O político e o econômico, embora tenham cada qual o seu espaço, se influenciam mutuamente, vivem uma relação de interdependência. Como eu disse em outro tópico, isto é um dado da realidade, não é um "como deveria ser", mas sim um "é assim e pronto e não parece ter como ser diferente".
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Eriol

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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #22 Online: 15 de Julho de 2006, 12:20:35 »
engraçado que muitos céticos aqui repetem e repetem dogmas da filosofia cristã...

o homem é um produto do seu meio... é "massinha" pura. Não existe natureza humana. É aceitável para alguns grupos comer a outros seres humanos, para outros, não existe o conceito de propriedade. As crianças ferais são como são porque não foram socializadas por humanos.

"É condição necessária mas não suficiente ser nacido de seres humanos".

Offline HSette

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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #23 Online: 15 de Julho de 2006, 15:07:07 »
engraçado que muitos céticos aqui repetem e repetem dogmas da filosofia cristã...


Eriol, dá para ser um pouco mais explícito?

Sua afirmativa me parece uma generalização muito inespecífica, o que dificulta a possibilidade de debate (que é objetivo por aqui).

Comece, por exemplo, citando os dogmas cristãos que tenha observado nos posts acima.

Detalhe importante: Cristianismo e Ceticismo não são, necessariamente, auto-excludentes.
« Última modificação: 15 de Julho de 2006, 15:11:45 por HSette »
"Eu sei que o Homem Invisível está aqui!"
"Por quê?"
"Porque não estou vendo ele!"

Chaves

Eriol

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Re: Albert Einstein - Por que o Socialismo?
« Resposta #24 Online: 15 de Julho de 2006, 15:12:07 »
Citar
(...)A educação do indivíduo, além de promover as suas próprias capacidades inatas, tentaria desenvolver nele um sentido de responsabilidade pelo seu semelhante em vez da glorificação do poder e do sucesso na nossa actual sociedade.

Indivíduos tendo senso de responsabilidade pelo seu semelhante de forma universal? Neste trecho com certeza ele está se referindo à outra espécie animal ou, talvez, à alguma raça alienígena, ou ainda pode estar sendo apenas muito sarcástico. Seres humanos com essas características... há mais chances de Jezuis voltar à terra do que eu ver isso na minha vida. :roll:

me referia à isto.

 

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