Na verdade o tema é complexo demais e, para mim, envolve diversos fatores; os colegas foristas insistiram na idéia de que tal dor é mais rebento de nosso egoísmo, pelas dores, problemas e tudo o mais que NOS ocasionará tal perda. Tal ponto de vista é completamente lógico, podendo ser percebido mediante um exame de consciência lúcido.
Acho que já se falou o suficiente a respeito, e qualquer discurso meu seria apenas redundância (como a observada neste trecho).

Há algum tempo atrás, um garoto de oito anos que eu conheço perdeu o pai, que morreu num acidente de carro. No dia do enterro, o garoto não derramou uma lágrima, foi como se nada tivesse acontecido. Porém, uma semana depois o garoto passou um dia inteiro chorando. A conlusão que eu cheguei foi a de que "caiu a ficha" e o garoto percebeu que morte significa nunca mais convivência, nunca mais contato, nunca mais conversar com a pessoa que morreu. Mas depois eu pensei no seguinte: Se uma pessoa que eu gosto muito fosse morar no planeta Marte ( só como hipótese ) e nunca mais eu pudesse conviver, ter contato e conversar com essa pessoa, mas tivesse certeza de que ela está bem, eu não ficaria triste como se essa pessoa tivesse morrido. Gostaria de ouvir a opinião de vocês. Afinal, da onde vem a dor pela morte de um ente querido?
Fiquei pensando a respeito do ocorrido com esse garoto, e a conclusão mais lúcida a que cheguei foi: tenho de estudar mais...

Pareceu-me curioso, e o é. A única explicação que posso tentar dar é baseada no ponto de vista de Cyro dos Anjos, escrito em
A menina do sobrado que diz não terem os jovens dores intensas imediatas, mesmo com grandes perdas, mas sim padecimentos que se arrastarão com o tempo, menos dor que reflexão; mas isso é perfeitamente questionável.
No caso da suposta viagem a Marte em contraposição à morte, isso toca em outro ponto do sofrimento com a morte alheia: a compaixão. Em geral há compadecimento das pessoas para com os defuntos, o que inexistirá no caso de alguém que permanecerá viva; no entanto o sofrimento será enorme devido ao cessar da convivência, o que é mais uma evidência do egoísmo de tais dores (porém, quanto à compaixão, tenho dúvidas enormes; às vezes parece-me ela verdadeiro sentimento de altruísmo, somado a alguns elementos egoístas...). Concluindo, o sofrimento pela morte de um ente querido é fruto outrossim de compadecimento nosso.
Posso estar exagerando, dizendo tolices, mas acredito que, um dos motivos pelo qual o falecimento de pessoas próximas nos doa tanto, é que nos atira ao rosto, como inesperado golpe, o fato TERRÍVEL de que nossa hora também chegará

, arrebatando-nos da habitual confiança ou leveza diante da vida (nesse caso, doenças graves em pessoas próximas provocam efeitos similares).
olha.. quando se perde alguém amado, além da futura não convivência, ainda pesa a consciência por você estar vivo e ele morto, por você poder estar aqui nele pensando e ele.. não ser.
Peso na consciência?! Não entendi. Por que?

Acho que é no momento da morte de alguém que o lado ateu da pessoa vem à tona... ela nota que, independente do que lhe disseram, ela NUNCA, JAMAIS, vai ter a presença daquela pessoa novamente com ela...
Racionalmente, ela descobre que não existe razão pra pensar no pós-morte... vê que está sozinha e não há "planos superiores"...
Nem sempre; se você conhecesse meus familiares, além de dar boas risadas de suas crenças, pensaria o oposto. Ora, o momento da morte tende a fortalecer a religiosidade, a confiança em algum deus que pode controlar tais fenômenos e, num futuro, trazer as estimadas pessoas para nossa convivência de novo (ou nós para a delas). Isso porque tendemos a aceitar como verdade aquilo que nos é confortável, mesmo sem evidências concretas, e não o que pareça ser real e nos cause dores... De todas as maneiras ela descobre que há inúmeras razões para crer numa vida após a morte...
