Os Segredos de Brokeback Mountain
Por Nathalie S. C. Gomes (Dark Angel)
Para assistirmos a este filme, deveremos nos esquecer de nossas crenças e convicções. Devemos observar como o preconceito da sociedade – que somos nós – fez e faz com que a vida e a felicidade de milhares de pessoas sejam sacrificadas pelo que chamamos de moral(nossas definições de certo/errado e nossos julgamentos sobre as outras pessoas).
Apesar de várias religiões condenarem o que chamam de homossexualismo, atualmente conhecido como homoafeto (devido ao amor existente entre pessoas do mesmo sexo); a ciência já provou que esse fato não se trata de uma doença, perversão ou problema psicológico, sendo algo biologicamente e mentalmente normal, explicável pela história da humanidade.
O homoafeto existe desde os primórdios da humanidade. E existe também entre diversas espécies animais. É a atração sexual e a afetividade entre entes do mesmo sexo. O amor entre as pessoas homoafetivas é e sempre foi comum. O que separa o homoafetos do biafetos (conhecidos como bissexuais) é a capacidade dos biafetos de se relacionarem amorosamente com ambos os sexos. Os homoafetivos geralmente tentam negar sua situação, tentam amar pessoas do sexo oposto, sem sucesso. Somente se apaixonam de verdade por pessoas de seu sexo. Não há como mudar isso, por mais que se esforcem em parecer “normais”.
Por causa da condenação social dos homoafetivos, vários deles tentam levar uma vida normal, acabando por casarem-se mesmo sem conseguir amar o cônjuge (acreditando que um dia irá conseguir), e geralmente tendo filhos. Disfarçam a atração e o amor que sentem por pessoas do mesmo sexo, e a falta de amor que têm pelos cônjuges, sendo geralmente extremos – muito carinhosos ou muito agressivos. Essas pessoas vivem infelizes por não poder agir como sua natureza determina, tornando-se pessoas frustradas e geralmente levam cônjuges e filhos a compartilhar de sua frustração, mesmo sem quererem que isso aconteça. Temem o preconceito e a morte, pois a sociedade é geralmente intolerante com eles.
O filme que iremos assistir conta a estória de Jack e Emis, dois caubóis que trabalham juntos, desenvolvendo dia-a-dia amizade, amor e atração um pelo outro. Os dois se tornam confidentes, pela primeira vez em sua vida, Emis consegue contar a alguém sobre sua triste história e sobre suas amarguras, sendo compreendido e consolado por Jack. Sem saber como lidar com os sentimentos que nutrem um pelo outro, ao final do trabalho; resolvem se separar devido às possíveis conseqüências de morarem juntos como um casal (todos os gays assumidos foram mortos próximo ao local onde vivem). Ambos sofrem muito com a separação e não conseguem esquecer um ao outro; embora Emis, diante de Jack, finja ser indiferente a ele.
Ambos tentam viver como pessoas “normais”, casando-se e tendo filhos. Tentam amar suas esposas e esquecer o amor que viveram, em vão. Sem conseguir viver um longe do outro, se encontram e se tornam amantes, admitindo que um nunca conseguiu esquecer o outro. Jack tenta convencer Emis a enfrentar a sociedade enquanto Emis, que foi obrigado quando criança a ver um gay morto pelo pai violentamente, teme muito pela própria vida e pela de Jack caso assumam o romance. Emis decide não assumir seu romance a e ficar longe de Jack, a vê-lo ser morto. A vida deles e das pessoas ao seu redor se torna sem sentido, sem felicidade. Os dois se encontram “entre a cruz e a espada”, não tendo outra opção a não ser viverem afastados, esperando ansiosamente por raros momentos de amor e companheirismo. Jack se sente rejeitado, pois Emis tenta a todo custo disfarçar o amor e a preocupação que sente por Jack. Emis se sente uma aberração, e se condena por amar Jack e fazê-lo sofrer.
O mais importante aspecto a ser observado nesse filme é como o preconceito e a intolerância leva as pessoas a controlarem vida das outras de acordo com o que acham certo ou errado. Os homoafetivos não são compreendidos pela sociedade, e ao tentarem se adaptar às outras pessoas, acabam se frustrando e frustrando aos outros, conseqüentemente e sem culpa.
Pergunte-se ao final do filme: Como seria essa estória se os dois pudessem se amar sem temer o preconceito e a morte?
Se você não acha normal ou acha horrível que dois homens ou duas mulheres se amem, não os façam sofrer por isso. Eles já sofrem muito pelo preconceito e ameaças de grupos de extermínio. A estória de Jack e Emis é a estória de muitas pessoas da nossa atualidade.
Aprenda a tentar entender àqueles que são diferentes de você, e mesmo que não os entenda, respeite a opinião e os atos dos outros. Você não precisa se tornar amigo dessas pessoas se não quiser, mas não seja inimigo delas nem as odeie. Se alguém do mesmo sexo que você se interessar por você e não for do seu interesse, não a agrida. Simplesmente diga não. Não é necessário criar conflitos que só nos levam ao ódio. Lembrem-se de que Deus nos deu a vida. Para que cada um cuide da sua. Cada um é responsável por si e não somos responsáveis por condenar os outros.