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Segunda-feira, 18 de abril de 2005 10h16Para 51%, opção por eutanásia cabe aos paisCLÁUDIA COLLUCCIda Folha de S.PauloA maioria da população de São Paulo concorda que apenas os pais ou os filhos de um doente incurável possam decidir pela realização da eutanásia, caso a prática --ato que apressa, sem sofrimento, a morte de um paciente sem cura-- venha a ser descriminalizada no país. Essa é a opinião de 51% dos entrevistados, contra 44% que aceitam que outras pessoas tomem a decisão, revela pesquisa Datafolha, na qual a maioria se manifesta contra a prática da eutanásia. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.No entanto, quando o grau de parentesco é de marido ou mulher, ocorre o inverso: 32% dos entrevistados são favoráveis que apenas o cônjuge tenha o direito de decidir pela morte do parceiro em casos de doenças incuráveis, contra 63% que discordam.Quando a pergunta foi se, de modo geral, familiares teriam o direito de decidir sobre a eutanásia, houve empate pela margem de erro da pesquisa: 46% a favor e 49% contra. Para 71% dos entrevistados, porém, a autorização só pode ocorrer após a opinião de mais de um médico sobre o caso.Há nove anos, foi encaminhado um projeto de lei no Senado para permitir a eutanásia. A proposta caducou, mas ainda se discute o assunto por meio do projeto de reforma do Código Penal, que se arrasta na Câmara.O levantamento do Datafolha, ocorrido entre 6 e 7 de abril --seis dias após a morte da norte-americana Terri Schiavo--, ouviu 1.624 pessoas em São Paulo. Dessas, 41% declararam ser a favor da eutanásia, 53% contra e 7% não sabem ou são indiferentes.As mulheres foram mais resistentes à idéia da eutanásia do que os homens --56% contra 49%. Os mais velhos e menos instruídos também foram os que mais se colocaram contra a prática.A aceitação é maior quando apresentada a hipótese de que a eutanásia só possa ser realizada se o paciente, ainda consciente, pedir para morrer, ou se tiver deixado um pedido nesse sentido: 61% passam a concordar com a prática, contra 34% que discordam.Efeito TerriPara especialistas em bioética, a morte de Terri Schiavo, após 12 dias sem o tubo que a mantinha viva desde fevereiro de 1990, colaborou para o maior grau de desconfiança da população, demonstrado na pesquisa, em relação ao direito de o cônjuge decidir sobre a eutanásia.Terri entrou em estado vegetativo depois que seu coração parou e seu cérebro ficou vários minutos sem oxigênio, em 1990, quando tinha 26 anos. Houve uma luta judicial entre seu marido, Michael Schiavo, que defendia a eutanásia, dizendo ser esse um desejo manifestado pela mulher, e os pais da doente, Robert e Mary Schindler, que a queriam viva."As pessoas confiam mais no vínculo vertical [entre pai e filho], nos laços de consangüinidade, do que no elo horizontal [entre marido e mulher, por exemplo]. E o caso da Terri corroborou essa tese", opina o infectologista Caio Rosenthal, membro da câmera de bioética do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).Conhecido defensor da eutanásia [ele prefere usar o termo ortotanásia, a retirada de equipamentos ou medicações que prolongam a vida de doentes terminais, por julgar o termo eutanásia "gasto"], Rosenthal afirma ter sido "radicalmente contra" a forma de condução do processo de morte de Terri. "Foi um mau exemplo, contrário a tudo que se propõe no sentido do morrer dignamente."Na sua opinião, a exclusão dos pais da doente da decisão de interrupção da vida vegetativa foi um grande erro. "Pais e filhos, mulher, marido e filhos do casal devem ter direito a opinar nessas situações", afirma.Marco Segre, professor de ética da Faculdade de Medicina da USP de São Paulo, também acha que a reação da população era "previsível" após o episódio Terri Schiavo. "Reforçou a tese de que o amor e o respeito é maior na relação entre pais e filhos."Para o padre Leo Pessini, especialista em bioética, o fato de as pessoas privilegiarem as decisões de pais ou filhos do paciente a respeito de tratamentos ou investimentos terapêuticos em momentos críticos é uma decorrência normal da cultura familiar latina."O "núcleo familiar raiz" tem maiores possibilidades de lidar com a verdade dos fatos, conhecendo os desejos e valores das pessoas, com menores chances de interferência de interesses outros, econômicos, por exemplo, que não honram a dignidade da pessoa envolvida, como no caso Terri Schiavo."ReligiãoQuanto à religião, os espíritas kardecistas foram o grupo de entrevistados mais contrários à hipótese de que o marido e a mulher possam decidir pela interrupção da vida do parceiro: 74% discordam dessa idéia, 11 pontos percentuais acima da média.Os moradores do centro de São Paulo também foram os mais conservadores em relação a essa mesma questão: 68% não concordam que apenas o cônjuge tenha o direito de decidir pela eutanásia.A pesquisa também revela que as mulheres são mais refratárias a essa hipótese.
bom, só de haver a opção tá bom.
Citação de: brunobom, só de haver a opção tá bom.
não é preciso ser favorável à eutanásia para permitir que as pessoas a façam, point.situação hipotética: sujeito deixa uma declaração de que, se porventura entrar em coma e seu estado for diagnosticado irreversível, quer que desliguem os tubos ou que metam-lhe veneno. o sujeito entra em coma, alguns anos depois.e aí, pode ou não pode?
O sujeito dá um tiro em sua cabeça. Eutanásia.O quê vão fazer? Prender ele?
Ahhhh, é tudo igual....eutanásia é um nome pomposo pra suicídio! Não precisam nem falar que é falácia disso ou daquilo....
Citação de: Mr.HammondAhhhh, é tudo igual....eutanásia é um nome pomposo pra suicídio! Não precisam nem falar que é falácia disso ou daquilo.... Errado. A eutanásia não é feita pelo que morrerá em decorrência desta. Em outras palavras: assassinato.
Citação de: bruno não é preciso ser favorável à eutanásia para permitir que as pessoas a façam, point.situação hipotética: sujeito deixa uma declaração de que, se porventura entrar em coma e seu estado for diagnosticado irreversível, quer que desliguem os tubos ou que metam-lhe veneno. o sujeito entra em coma, alguns anos depois.e aí, pode ou não pode?Permitir a eutanásia é o mesmo que permitir assassinatos!