Estou lendo o livro Cognição, Ciência e Vida Cotidiana, do biólogo Humberto Maturana.
Deparei-me com o seguinte experimento, que não conhecia, e deixou-me admirado. Ainda não o reproduzi em casa, mas pretendo fazê-lo.
Vocês já conheciam? O que acham?
As sombras coloridas (...), podemos produzi-las em casa, com duas fontes de luz, uma vermelha e urna branca, e um objeto que possa fazer sombra para ambas as luzes, como na Figura 1 abaixo. Essas luzes se encontram no objeto e, então, como aí temos vermelho e branco, vemos rosado; dependendo da intensidade das luzes, vemos um rosado mais ou menos desbotado. Em uma das sombras produzidas pelo objeto, a sombra da luz branca, temos luz vermelha e vemos sombra vermelha ((b) na Figura 1). Do outro lado, fica a sombra da luz vermelha; essa área recebe luz branca ((c) na Figura 1). Aí, vemos verde, e não branco!
Mas então vocês perguntam: "Como é possível ver verde aqui, em circunstâncias em que a luz existente é branca?" De fato, está interrompida a passagem da luz vermelha nesta zona. Nela não chega luz vermelha, apenas luz branca, e não luz verde. Então vocês perguntam a um psicólogo, que responde: "Ah!, mas este é um fenômeno muito conhecido, é uma ilusão cromática, urna sombra colorida. Todo mundo conhece esse fenômeno! A questão das sombras coloridas está em todos os textos de psicologia." Vocês dizem: "Muito obrigado", olham a sombra e continuam vendo verde. Então dizem: "Não, isto não nos serve! A psicologia é uma ciência soft, vamos consultar um físico, esses, sim, é que sabem." Então vem o físico e, com seus instrumentos, mede a composição espectral do experimento e diz: "Aqui, na região (b), é vermelho, há um máximo da longitude de onda dessa cor. Na região (c), no branco, não há nenhum máximo. No ponto (a), lógico, é a soma das duas." No (b), vermelho espectral; no (c), branco. Então vocês dizem ao físico: "Aqui há branco! E portanto esta é uma ilusão cromática." Muito agradecidos ao físico, vocês olham para trás, e o que vêem continua sendo verde.