WASHINGTON - Cientistas da Universidade Utah mostram como a evolução funciona em nível molecular, revertendo o processo e reconstruindo um gene de 530 milhões de anos, ao combinar trechos de dois genes que evoluíram a partir do ancestral arcaico. "Isso oferece nova evidência de como o a evolução ocorreu e ocorre, tornando assim o processo menos misterioso", disse o pesquisador Mario Capecchi.
O estudo, realizado por Capecchi e Petr Tvrdik, será publicado na edição desta segunda-feira do periódico Developmental Cell.
O processo de um gene se dividindo em vários outros, que em seguida sofrem mutações, "ocorreu várias vezes na evolução, mas ninguém ainda havia montado tudo de novo", disse Tvrdik. A capacidade de recosntruir genes ancestrais levanta a possibilidade de um novo tipo de terapia genética, no qual um pedaço de um gene aparentado poderia ser inserido em um gene mutante causador de doenças, estabilizando-o, dizem Capecchi and Tvrdik.
O estudo dos dois envolveu os chamados genes Hox, que dirigem a ação de outros genes durante o desenvolvimento do embrião animal. Até cerca de 530 milhões e 480 milhões de anos atrás, os animais tinham 13 genes Hox. Então, nos peixes com mandíbula - o último ancestral comum dos animais vertebrados modernos - cada gene Hox deu origem a quatro, gerando 52. Mais tarde, genes Hox duplicados sofreram mutações ou desapareceram, e os humanos atuais e outros mamífderos acabaram com 39 genes Hox.
Tvrdik and Capecchi afirmam que, combinando porções dos genes Hoxa1 e Hoxb1, conseguiram recriar um gene com a função do antigo gene Hox1, de 530 milhões de anos atrás. O resultado: um rato sem o gene Hoxb1 - que controla as expressões faciais - ainda era capaz de mover pálpebras, bigodes e orelhas por conta do gene ancestral reconstituído, o Hox1.
Fonte:
www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/ago/07/169.htm