As palavras "espírita", "espiritismo" e "espiritista" referem-se a um corpo de doutrina, e não a manifestações. Em outras palavras: supostamente, espíritos se manifestam em vários lugares e em diversas religiões e seitas. A doutrina espírita tem o seu modo particular de explicar esses fenômenos. Essa explicação é correta ou incorreta? Não importa. Mas Allan Kardec criou esses termos para diferenciar a sua explicação (doutrina) das demais. Esses termos nunca haviam sido utilizados antes por ninguém e, portanto, moralmente falando, o direito de uso lhe pertence. Tudo aquilo que estiver de acordo com as explicações de Allan Kardec, é espírita. Tudo o que não estiver de acordo, não é espírita. É simples assim.
As outras correntes ou doutrinas é que deveriam utilizar-se de nomes específicos e diferentes para não criarem confusão. A Umbanda fez isso, a LBV, o Divinismo e muitas outras. Todas têm alguns pontos de contato com o espiritismo, mas, com todo o respeito que todas elas merecem, não são espíritas. Eles próprios, em sua grande maioria, sabem disso. Quem principalmente faz questão de misturar as coisas é a nossa oposição. Eles fazem-se de desentendidos. Escuta-se a toda hora nas rádios evangélicas os pastores (instruídos) dizerem, por exemplo: "a macumba feita no centro espírita..., a pomba-gira que baixou no centro espírita..., etc". Eles fazem isso de má-fé. Mas não podemos impedir. Só esclarecer a quem quiser ouvir. E não são só pastores que fazem isso.
Cito abaixo o primeiro parágrafo da Introdução de O Livro dos Espíritos para que entendam a questão:
"Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. Os vocábulos espiritual, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibologia. Com efeito, o espiritismo é o oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria. Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas.
Como especialidade, o Livro dos Espíritos contém a doutrina espírita; como generalidade, prende-se à doutrina espiritualista, uma de cujas fases apresenta. Essa a razão porque traz no cabeçalho do seu título as palavras: Filosofia espiritualista."
Em outras palavras: todo espírita é espiritualista, mas nem todos os espiritualistas são espíritas. Essas correntes que circulam por aí são espiritualistas.
Um abraço.