Autor Tópico: [mais!] "o homem abatido"  (Lida 702 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

rizk

  • Visitante
[mais!] "o homem abatido"
« Online: 22 de Agosto de 2006, 08:30:20 »
Estivemos no semestre passado em discussão sobre a "volta do homem macho". Encontrei este texto no jornal de domingo e acho que pode servir.

Citar
O macho abatido
"Domados", de Susan Faludi, e "Feito Homem", de Norah Vincent, invertem a equação feminista e pedem mais direitos ao sexo masculino
PEDRO PAULO DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Dois livros que abordam a questão da masculinidade chegam ao mercado editorial brasileiro. Trata-se de "Domados -Como a Cultura Traiu o Homem Americano", de Susan Faludi, e "Feito Homem - A Jornada de uma Mulher ao Universo Masculino", de Norah Vincent. Algumas circunstâncias os aproximam. Ambos são escritos por mulheres que se dizem feministas, as autoras são jornalistas americanas e, o mais importante, tratam o homem contemporâneo como vítima de sua condição de gênero. Nos Estados Unidos, durante a década de 1970, emergiu, paralelamente ao então reflorescente movimento feminista, os chamados "men's movements", que já apontavam para as demandas sociais restritivas postas aos agentes do sexo masculino. No Brasil, esse tipo de discurso, que qualifiquei como "discursos vitimários" sobre a masculinidade, se fez perceber principalmente a partir da década de 1990. Constitui ainda hoje o principal mote para os estudos e ensaios (acadêmicos ou não) sobre essa temática. Os livros aqui mencionados apenas atestam essa percepção. "Domados" é composto por reportagens publicadas durante a década de 1990 em vários periódicos americanos e reeditadas no livro. São mais de 640 páginas, em que a autora investiga episódios e fatos recentes da vida norte-americana, como o massacre em Waco [no Texas, em 1993, quando mais de 80 pessoas morreram queimadas em um incêndio], o surgimento dos "Promise Keepers" (movimento de homens cristãos), as demissões em massa em empresas e estaleiros norte-americanos etc.

Mal estar da cultura
Isso já seria suficiente para causar estranheza ao leitor brasileiro, pois uma série de eventos que não nos são conhecidos aparecem em extensas reportagens, assumindo o fato de que os leitores conhecem suficientemente alguns personagens e dados fundamentais, o que nem de longe é o caso. Esse não é, no entanto, o maior problema. O que une essas caudalosas incursões jornalísticas é a idéia de que a cultura, vista como uma entidade metafísica, pode ser responsabilizada pelo mal-estar da masculinidade americana. Para a autora, os homens foram traídos por promessas feitas pela cultura daquele país no pós-guerra: "Os pais tinham feito seus filhos senhores do universo e parecia (...) que aquilo que eles haviam criado duraria para sempre". "A nação reivindicou uma ascendência sobre o mundo; os homens, uma ascendência sobre a nação; e um certo tipo de persona masculina, a ascendência sobre os homens."

As análises ali contidas são inconsistentes e esdrúxulas, pois, subjacentes às traições públicas, que vagam na incoerência de um discurso de um e outro personagem importante (para nós, meros desconhecidos), está presente a deserção dos pais que prometeram aos filhos um mundo que nunca existiu. Ao lado desse "motivo", temos o que ela chama de "cultura ornamental", que abriu mão da utilidade em favor da exibição pessoal e da idéia de celebridade.

Travesti às avessas
Os homens são hoje, segundo ela, escravos do glamour, sendo a mídia aquela que molda esses "papéis ornamentais". Essas são as supostas razões para a crise da masculinidade e para a fragilização dos homens. Em "Feito Homem", Norah Vincent narra a sua experiência de ter se "travestido" de homem e, por meio dessa metamorfose, auxiliada por um especialista em maquiagem, relata a sua incursão por nichos masculinos: uma liga masculina de boliche, clubes de striptease e até mesmo um mosteiro masculino, entre outros. O cerne do livro consiste exatamente nessa experiência, pois, como ela diz, "coisas muito reais e profundas podem acontecer sob a capa de uma falsidade". Valorizando seu feito, complementa: "As verdades que aprendi e vivenciei não teriam se revelado de outra maneira".

Sem seriedade
Da mesma forma que Faludi, Vincent insiste em constatar a fragilidade do homem americano contemporâneo: "As pessoas vêem fraqueza numa mulher e querem ajudar. Vêem fraqueza num homem e querem esmagá-la". O livro é recheado de observações sobre essa presumida fragilidade e sobre os fardos que os homens têm que carregar para cumprir seus mandatos e responsabilidades masculinas. Ambos estão bem longe de ser estudos sérios sobre o tema (Vincent tem o mérito de reconhecer isso). Adotam uma perspectiva vitimária e fazem generalizações indevidas. São livros bastante ligados à realidade norte-americana, e, no primeiro deles, torna-se praticamente impossível acompanhar com interesse longas reportagens adensadas de falas e detalhes supérfluos que em pouquíssimos momentos lançam luz, quando o fazem, sobre algo além daqueles episódios específicos. No caso de "Feito Homem", deve-se levar em conta o fascínio que os americanos têm por agentes que se metamorfoseiam em caricaturas e estereótipos e que, ao lado de cenas de tribunais, freqüentemente se apresentam em suas produções cinematográficas. "American obsessions". As autoras pensam que o fato de serem mulheres e de se declararem feministas torna mais legítimas as acusações de que os homens têm sido vítimas de sua própria condição de gênero. Um simples postulado sociológico -de que o decoro associado às posições sociais de poder costuma ser mais restritivo do que aqueles relacionados às posições subalternas- seria suficiente para explicar porque os fardos são maiores para os machos; afinal de contas são eles que ainda hoje detêm a supremacia dentro da hierarquia simbólica de gênero. Ou não? Como se os homens precisassem de mais direitos do que já têm, chega a ser hilário o apelo de Vincent para que eles desencadeiem um movimento análogo ao feminismo: "Os homens ainda não conseguiram seu movimento (...). Eles têm esse direito".

O homem liberta
Nada supera, no entanto, a "idéia" de Susan Faludi, segundo a qual a libertação dos homens é necessária, pois só eles podem ajudar na libertação das mulheres e das populações subordinadas: "É por isso que essas populações têm tanto interesse na libertação da única população em condição extraordinária para descobrir e utilizar um novo paradigma -os homens". Com um feminismo desse tipo, alguém precisa de chauvinismo?



PEDRO PAULO DE OLIVEIRA é professor de sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autor de "A Construção Social da Masculinidade" (UFMG/Iuperj).
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs2008200616.htm

Tarcísio

  • Visitante
Re: [mais!] "o homem abatido"
« Resposta #1 Online: 22 de Agosto de 2006, 12:20:55 »
Ai ai...

Offline Guinevere

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 5.861
  • Sexo: Feminino
Re: [mais!] "o homem abatido"
« Resposta #2 Online: 22 de Agosto de 2006, 12:44:08 »
Te abateram, TArcísio?

Tarcísio

  • Visitante
Re: [mais!] "o homem abatido"
« Resposta #3 Online: 22 de Agosto de 2006, 12:59:50 »
Faz tudo parte de um plano maior para comove-las. Muito em breve estarão pedindo para nos servir.

rizk

  • Visitante
Re: [mais!] "o homem abatido"
« Resposta #4 Online: 22 de Agosto de 2006, 19:51:34 »
Faz tudo parte de um plano maior para comove-las. Muito em breve estarão pedindo para nos servir.
Foi bem essa a minha opinião sobre as autoras, isso é tudo papo fiado pra arrumar marido. :lol:

Longe de mim criticar quem quer arrumar marido, e longe de mim também dizer que eu não me sinto comovida com a situação do homem contemporâneo. Mas daí a falar em um "men's lib"... já é apelação.

Offline Diegojaf

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 24.204
  • Sexo: Masculino
  • Bu...
Re: [mais!] "o homem abatido"
« Resposta #5 Online: 22 de Agosto de 2006, 21:45:12 »
É... Chega de ser só um simples adereço usado para impressionar as amigas e familiares...

Eu estou cansado de ser tratado como um mero objeto de prazer... só sexo sem compromissos... um objeto que é utilizado várias e várias e várias vezes e depois de ter feito com que chegassem ao ápice do prazer, deixado de lado, sozinho e abandonado...

:hein:

Peeeeensando bem...

Prossigam...:hihi:
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

rizk

  • Visitante
Re: [mais!] "o homem abatido"
« Resposta #6 Online: 23 de Agosto de 2006, 00:08:02 »
"Eu estou cansado de que a minha mulher rache as contas que eu originalmente teria de pagar inteiras, de ela ter realização profissional e me encher menos o saco do que ela originalmente encheria, estou cansado de ela não me dar 273 filhos como originalmente daria, estou cansado de não necessariamente trepar no escuro como eu originalmente teria, etc"

Sem querer minimizar a coisa nem nada, mas... PORRA, se liguem. A "revolução sexual" é pra todos, e se o homem se sente oprimido é porque não sacou o ESPÍRITO da coisa, leia-se: abolição do patriarcado e consequente liberação dos papéis tradicionais para ambos os gêneros. Gaaah.

Tarcísio

  • Visitante
Re: [mais!] "o homem abatido"
« Resposta #7 Online: 23 de Agosto de 2006, 03:25:18 »
"Eu estou cansado de que a minha mulher rache as contas que eu originalmente teria de pagar inteiras" e consequentemente querer se meter nas escolhas que antes não eram de seu interesse.

"ela ter realização profissional e me encher menos o saco do que ela originalmente encheria" e consequentemente ter um convívio maior com outros machos do que eu. Aff, ela nem enchia tanto...

"estou cansado de ela não me dar 273 filhos como originalmente daria" e consequentemente meus objetivos que antes eram criar bons filhos e dar bons exemplos, passaram a ser comprar uma TV de plasma. Eu amaria todas as 273 de igual forma e quem sabe com elas minha vida seria mais feliz.

"estou cansado de não necessariamente trepar no escuro como eu originalmente teria" e consequente acabaram-se os mistérios da minha mulher na cama. Hoje posso dizer com certeza que conheço cada milímetro do corpo dela, cada varize, cada celulite, cada manchinha... não que essas coisas sejam ruins, mas o processo de descoberta poderia ter durado um pouco mais...

"Revolução sexual" para todos? Nós estávamos no "cume" da pirâmide, qualquer modificação é para pior, ahehaeha

Abraços

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!