Sei que há algum outro tópico por aqui (bem mais cheio) falando do rebaixamento de Plutão, mas como estava dando muito trbalho procurá-lo, vai nesse aqui mesmo. Agradeço se alguém encontrá-lo.
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O grande debate planetárioAgência FAPESP – Planeta ou anão, o que exatamente é Plutão? Desde que foi descoberto, em 1930, pelo norte-americano Clyde Tombaugh, então com apenas 24 anos, Plutão foi sempre considerado o nono e mais remoto planeta do Sistema Solar. Dessa forma foi descrito em livros de gerações de estudantes.
Tudo mudou em 24 de agosto de 2006, quando um comitê de especialistas reunido na 26ª assembléia geral da União Astronômica Internacional (UAI), realizada em Praga, República Tcheca, decidiu rebaixar Plutão, reclassificando-o como “planeta anão”. Desde então, o Sistema Solar passou a ter apenas oito planetas.
Poucas decisões foram tão polêmicas. Quase dois anos depois, a nova classificação está longe de ser unânime e tem levantado inúmeros debates calorosos, que vão das salas de aula dos ensinos fundamental e médio até os mais conhecidos centros de pesquisa em astronomia no mundo.
Um dos mais assíduos participantes de discussões sobre o assunto é Mark Sykes, diretor do Instituto de Ciência Planetária dos Estados Unidos, que discorda veementemente do rebaixamento. Em artigo publicado na edição desta sexta-feira (28/3) da revista
Science, o astrônomo volta à carga, destacando que a reclassificação deu a “impressão infeliz de que ciência é feita por meio de votos em uma sala de conferência”.
“A definição da UAI restringe um ‘planeta’ ao nosso próprio Sistema Solar e exige que ele tenha ‘limpado a vizinhança ao redor de sua órbita’. Isso ignora mais de 400 objetos em órbita de outras estrelas que pesquisadores caracterizaram como ‘planetas’”, afirmou.
“Outra objeção é a falta de clareza sobre o que exatamente significa, para uma órbita, ser ‘limpa’. Por esse princípio, por exemplo, a grande população de asteróides localizada na órbita de Júpiter faria com que o gigante deixasse de ser um planeta, o que levaria a mais pesadelos para professores de todos os lugares”, destacou o astrônomo que chefiou o Grupo de Sistema de Dados Planetários da Nasa, a agência espacial norte-americana, de 2002 a 2006.
Sykes sugere nova definição: “Planeta é um objeto redondo (em equilíbrio hidrostático) em órbita de uma estrela”. Com isso, o número no Sistema Solar imediatamente pularia para 12, com a volta de Plutão e a “promoção” de Ceres, Caronte e Éris. “Há muitos outros, o que deixaria aberta a possibilidade de futuras descobertas”, disse.
O assunto promete esquentar ainda mais nos próximos meses. Em agosto, uma reunião que contará com a presença de astrônomos, professores e até mesmo de estudantes, será realizada na Universidade Johns Hopkins.
Intitulado “The Great Planet Debate: Science as Process”, o encontro pretende discutir a decisão da União Astronômica Universal e, eventualmente, sugerir nova definição de planeta a ser apresentada em futura reunião da entidade. Enquanto isso, Plutão continua sendo apenas um anão, apesar dos protestos de cientistas e estudantes.
O artigo
The planet debate continues, de Mark Sykes, pode ser lido por assinantes da
Science em
www.sciencemag.org.
Mais informações:
www.psi.edu/~sykes e
http://gpd.jhuapl.edu.