(2 de setembro de 2006):
Durante e imediatamente após as missões Apolo à Lua, 15 dos 29 astronautas desenvolveram graves infecções. Experimentos posteriores a bordo do Skylab e várias outras missões espaciais confirmaram que as células T não se ativam apropriadamente em ambiente de microgravidade. Um experimento que será enviado à Estação Espacial Internacional ajudará os cientistas a averiguar porque o sistema imunológico humano não funciona bem no espaço.
As células T são glóbulos brancos que jogam um papel central na resposta imune do organismo. São, por exemplo, um dos alvos do vírus de imunodeficiência humana (HIV) que as suprime. Quando a contagem de células T de um enfermo afetado pelo HIV cai abaixo de um determinado valor, seu organismo torna-se suscetível de contagiar-se com diversas infecções que são sintomas da síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA).
Uma equipe do Centro Médico de San Francisco viajou para o Cosmódromo de Baikonur no Kazaquistão em 2 de setembro para preparar um experimento crucial desenhado para demonstrar como a resposta imune humana fica comprometida no ambiente de baixa gravidade do espaço.
Serão enviadas células T humanas à Estação Espacial Internacional (ISS) a bordo de a Soyuz 13. Esta missão científica dirigida pela Agência Espacial Européia está programada para ser lançada desde Baikonur entre 14 e 18 de setembro (este fim de semana).
“Realizamos este experimento porque muitos astronautas ficam imuno-deprimidos durante o vôo. Suas células T deixam de trabalhar em microgravidade”, afirma Hughen-Fulford, professora adjunta de medicina na Universidade de Califórnia. “Este experimento nos dirá exatamente e pela primeira vez, que genes implicados na resposta imune normal não se ativam no espaço”.
O experimento será transportado à ISS dentro de um incubador especialmente projetado chamado “Kubik” que foi desenhado para se encaixar de forma precisa sob o assento do cosmonauta na nave Soyuz. Kubik contém um compartimento de experimentos sem gravidade assim como uma centrifugadora que simulará um ambiente com gravidade, podendo chegar a 2 vezes a gravidade terrestre.
A bordo da estação espacial, o astronauta-cientista da Agência Espacial Européia Thomas Reiter ativará simultaneamente células T no compartimento normal e na centrifugadora durante quatro horas. “Ativando as células estará simulando a ativação que ocorre normalmente em resposta a uma infecção”, explica Hughes-Fulford. “Porá em marcha todo o processo em cascata que normalmente ativaria as células T”. Exceto alguns genes que sabemos não se ativarão devido ao ambiente privado de gravidade”.
“Esperamos que as células T da centrifugadora (sob gravidade artificial) se ativarão normalmente, e que as células T em microgravidade não se ativarão” prognostica a Dra. Hughes-Fulford. “Então compararemos parte a parte para descobrir que genes não se ativarão em microgravidade”.
A Dra. Hughes-Fulford colocou uma versão anterior do mesmo experimento a bordo da lançadora espacial Columbia na missão STS-107. Ao finalizar dita missão, em 1 de fevereiro de 2003, o Columbia se desintegrou em sua reentrada na atmosfera terrestre, causando a morte de seus 7 tripulantes e destruindo todos os experimentos a bordo.
“Não podemos ir a Marte ou mesmo à Lua por um período longo, sem saber porque não funcionam as células T”, afirma Hughes-Fulford. “Quando o descobrirmos, poderemos começar a buscar possíveis tratamentos”.
Fonte: Astrobio.net
www.astrobio.net/news/article2071.html