Pra mim, o problema é não é de cor, mas consequência da péssima distribuição de renda e da falta de qualidade no ensino público. Negro ou brancos pobres terão menos chances, pelos motivos citados. Então, porque beneficar apenas os negros pobres ? Posto isto, a idéia começa mal, capenga.
Entendo que o modelo de cotas pode ter alguma justificativa se usado por um período curto, de forma emergencial, enquanto soluções reais não são dadas para o problema. Mas ser uma lei "eterna" é realmente uma fria. Daí, conhecendo o Brasil, prefiro ser contra.
De todos os sistemas de cotas que vi, o que me chamou a atenção foi o da Unicamp. Lá, candidatos de baixa renda e provenientes de escola pública têm a nota "incrementada". O modelo veio de pesquisas e é acompanhado todo ano. O resultado é bastante positivo. Em geral, os alunos bonificados se mostram acima da média da turma. Vou colar a notícia abaixo, talvez nem todos consigam acesso ao link do uol.
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http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u18705.shtmlEstudo da Unicamp questiona adoção de sistemas de cotas
MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Campinas
A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) apresentou nesta sexta-feira um estudo que põe em xeque o sistema de adoção de cotas no ensino superior ao comprovar que o incentivo a alunos de escolas públicas pode ser mais eficaz na inclusão de estudantes com renda familiar baixa e de pessoas que se declaram de cor ou raça preta, parda e indígena.
A matrícula de estudantes com renda familiar até cinco salários mínimos cresceu 13% após a implantação do programa, que prevê bonificação de 30 pontos a alunos vindos de escolas públicas na nota na segunda fase do vestibular.
Entre os que se declararam de cor ou raça preta, parda ou indígena, além terem cursado ensino médio na escola pública, o aumento foi de 57% entre os inscritos no ano passado.
O Paais (Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social) foi implantado a partir do vestibular de 2005 da Unicamp e beneficia estudantes de escolas públicas com bonificação de pontos após a segunda fase ao invés do sistema de cotas.
"O programa impacta praticamente em todos os cursos, inclusive nos de altas demandas, como no curso de medicina, por exemplo", disse o reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge.
Os alunos que tiveram auxílio do programa para passar no curso de medicina tiveram nota média 7,9 após um ano, enquanto os demais estudantes tiveram 7,6 de nota média. Além disso, o índice de estudantes provenientes de escolas públicas que ingressaram no curso de medicina subiu de 9,6% para 24,1% após o programa.
Cursos
O estudo também demonstra que alunos vindos de escolas públicas que ingressaram na universidade após a implantação do tiveram desempenho melhor do que os demais em 31 dos 56 cursos.
Na avaliação do reitor, esse melhor desempenho se deve a maior "motivação, dedicação e esforço" dos alunos provenientes de escolas públicas ao conquistarem a vaga na Unicamp.
Além dos 30 pontos, o estudantes também ganham mais dez pontos na nota, caso tenham cursado o ensino médio em escola pública e se declarem pretos, pardos e indígenas no questionários de inscrição. Se for levada em consideração a classificação desses alunos no vestibular, eles superaram os demais em 53 dos 56 cursos.
Os alunos foram classificados em ordem decrescente pela nota no vestibular e depois classificados novamente pela nota média após um ano. "Esperamos completar um ano para realizar as análises e demonstrar que a nossa tese está correta ao não adotarmos o sistema de cotas", disse o reitor.
Na tentativa de aumentar a presença de estudantes de escolas públicas na universidade, a Unicamp inicia neste ano uma campanha para divulgar o programa em todas as escolas estaduais.