Governo estende toque de recolher por três noites na TailândiaAs autoridades da Tailândia estenderam o toque de recolher em Bangcoc por mais três noites, depois da ofensiva militar de quarta-feira contra os manifestantes que se opõem ao governo.
Segundo as autoridades, o toque de recolher também foi estendido em 23 das 75 províncias.
A capital, Bangcoc, permanece tensa depois do toque de recolher imposto na quarta-feira à noite, o primeiro em 15 anos.
Na quinta-feira pela manhã, a polícia e soldados foram recebidos a tiros quando tentaram entrar em um templo onde os manifestantes - conhecidos como camisas vermelhas - procuraram abrigo.
Cerca de 35 edifícios foram incendiados na quarta-feira, depois que os líderes dos protestos se renderam às autoridades. Ainda há bolsões de resistência na cidade.
Os camisas vermelhas - um agrupamento de ativistas de esquerdas, intelectuais e camponeses fieis ao primeiro-ministro deposto Thaksin Shinawatra - ocupavam pacificamente o distrito comercial de Bangcoc desde março passado, obrigando o fechamento de lojas e hotéis.
A crise política no país começou após o golpe militar em 2006 que depôs o então presidente Thaksin Shinawatra, acusado de corrupção, depois de cinco anos no governo.
Desde então, o país teve uma sucessão de governos. Os camisas vermelhas consideram o atual governo ilegítimo e querem novas eleições.
Cerca de 40 pessoas morreram nos confrontos desde que as tropas do Exército cercaram os manifestantes na semana passada. Só na quarta-feira, mais de 14 pessoas teriam morrido.
'Evitando a violência'O toque de recolher decretado nesta quinta-feira deve durar das 21h00 (11h00 em Brasília) até as 5h00 de sexta-feira (15h00 em Brasília), informou o porta-voz do Exército Dittaporn Sasasmith. O horário será mantido nas próximas duas noites.
"Isso vai ajudar às forças de segurança a garantir a segurança do público e evitar mais violência", disse o porta-voz.
"A polícia e os soldados disseram ao primeiro-ministro (Abhisit Vejjajiva) que o toque de recolher da noite passada correu bem", acrescentou ele.
Mas ainda havia prédios em chamas em Bangcoc na quinta-feira pela manhã e teme-se que o shopping center Central World, um dos maiores do sudeste asiático, possa ruir depois de ter sido incendiado pelos manifestantes, segundo autoridades tailandesas citadas pela agência de notícias AFP.
A Bolsa de Valores de Bangcoc também foi incendiada e permanecerá fechada nesta quinta e sexta-feira. Vários bancos em outras partes do país também permanecerão fechados.
Ônibus voltaram a circular na capital nesta quinta-feira pela manhã e os canais de TV continuaram exibindo apenas programas pré-aprovados pelo governo.
Pelo menos seis pessoas morreram na ofensiva militar contra o acampamento dos manifestantes na quarta-feira, na área de Lumpini Park, centro de Bangcoc.
Mas testemunhas e a polícia disseram que pelo menos outras oito pessoas foram mortas em um templo dentro da área ocupada pelos manifestantes, depois da ação militar.
Também houve explosões de violência em outros redutos dos camisas-vermelhas no nordeste da Tailândia.
Em um discurso transmitido pela TV na quarta-feira à noite, o primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva afirmou que estava "confiante e determinado a por um fim aos problemas e devolver a paz e ordem ao país mais uma vez".
O ex-premiê Thaksin Shinawatra, que vive em exílio voluntário, advertiu que a ofensiva militar poderia aumentar o descontentamento entre a população e levar a uma guerra de guerrilha.
'Fora de controle'Segundo a correspondente da BBC em Bangcoc Rachel Harvey, as profundas divisões da Tailândia foram brutalmente expostas durante os recentes confrontos.
Há informações de tensão no norte do país e de que houve uma facção dos camisas vermelhas teria se separado do grupo, afirmando que vai continuar a luta.
No nordeste da Tailândia, a prefeitura de Udon Thani foi incendiada e a de Khon Kaen foi depredada. Também houve violência na cidade de Chiang Mai, norte do país.
Em Bangcoc, a principal área ocupada pelos manifestantes estava vazia depois que os líderes do protesto se renderam. Um deles, Nattawut Saikua, pediu aos seus simpatizantes que "por favor, voltem para casa".
O Departamento de Estado americano lamentou a violência e pediu calma aos dois lados.
O presidente do Parlamento Europeu, Jerzy Buzek, afirmou que a reconciliação nacional "não é mais apenas uma opção, mas é absolutamente obrigatória".
Entre os mortos desta quarta-feira estava um fotojornalista italiano. Outros três repórteres estrangeiros - um holandês, um americano e um canadense - estão entre os feridos.
Os camisas vermelhas vinham ocupando o distrito comercial da capital - uma área nobre de Bangcoc - desde 14 de março, mas a tensão aumentou na semana passada, quando tropas do governo cercaram a área e um general rebelde - que apoiava os protestos - foi morto a tiros.
Os manifestantes exigem novas eleições alegando que o governo - que chegou ao poder depois de um acordo parlamentar, e não de uma eleição -é ilegítimo.
http://noticias.br.msn.com/mundo/artigo-bbc.aspx?cp-documentid=24299850