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O papa Bento 16 desempenhou um papel de peso na ocultação sistemática de casos de abusos sexuais contra menores cometidos por padres católicos, segundo um documentário da BBC, "Sexo, Crimes e o Vaticano", a ser exibido na TV aberta britânica na noite deste domingo.A reportagem do programa examinou um documento secreto interno da igreja, que instrui bispos como lidar com acusações de abusos sexuais cometidos por padres em suas paróquias.O texto impõe um juramento, em que a vítima, o acusado e eventuais testemunhas se comprometem a manter sigilo absoluto sobre o caso.A quebra do juramento levaria à excomunhão.Veja cópia do documento da igreja (em inglês)Durante mais de 20 anos, o homem encarregado de zelar pela obediência aos termos do documento foi o cardeal Joseph Ratzinger --antes de virar papa.O documento, Crimen Solliciatonis (latim para Crime da Solicitação), foi escrito em 1962 em latim e dstribuído a bispos do mundo inteiro, com a recomendação de que fosse guardado a sete chaves. Poucas pessoas de fora da igreja tiveram acesso a este documento.O documentário, realizado especialmente para o programa de reportagens Panorama, apresenta material colhido nos Estados Unidos, Brasil e em Roma.A reportagem é conduzida por Colm O'Gorman, que foi estruprado por um padre católico aos 14 anos.O programa descobriu sete padres acusados de abusos contra menores vivendo no Vaticano ou em seus arredores.Um deles, o padre Joseph Henn, foi indiciado, em um tribunal nos Estados Unidos, por 13 acusações de abuso de menores.Durante as filmagens, O'Gorman descobriu que o padre Henn respondia aos pedidos de extradição do escritório de sua ordem religiosa no Vaticano.A produção do documentário começou em março de 2002. O Vaticano recusou os vários pedidos feitos pela equipe para que fossem respondidos casos apresentados no filme.A Igreja Católica tem cerca de 50 milhões de crianças em suas congregações.No ano passado, vários casos de abusos vieram à tona nos Estados Unidos.Segundo um relatório da igreja americana, ficou comprovado que em todo o país cerca de 4.000 padres foram acusados de abusos sexuais contra 10 mil jovens, na maioria meninos.