Autor Tópico: Chico Buarque: lucidez e coerência  (Lida 694 vezes)

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Offline Marcus VBP

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Chico Buarque: lucidez e coerência
« Online: 06 de Outubro de 2006, 08:33:48 »
recebi por email, achei interessante e resolvi colocar aqui, porque tem a ver com política. tomei também a liberdade de pesquisar uma fonte no google.

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Chico Buarque: lucidez e coerência

A cada uma de suas entrevistas, o compositor e cantor Chico Buarque de
Holanda sempre surpreende por sua lucidez e enorme coerência. Agora,
no lançamento do seu novo CD, Carioca, ele novamente brilhou ao falar
sobre a situação política brasileira. A direita deve ter ficado
furiosa, com saudades dos tempos da ditadura militar que o perseguiu e
censurou; a esquerda "rancorosa" deve ter ficado ressentida com seus
irônicos comentários; já os setores da sociedade que, mesmo críticos
das limitações do governo Lula, não perderam a perspectiva, ganharam
novo impulso criativo para a sua atuação. Mas é melhor deixar o poeta
falar, pinçando trechos das suas entrevistas na revista Carta Capital
e no jornal Folha de S.Paulo:

Sobre a crise política:

É claro que esse escândalo abalou o governo, abalou quem votou no
Lula, abalou sobretudo o PT. Para o partido, esse escândalo é
desastroso. O outro lado da moeda é que disso tudo pode surgir um
partido mais correto, menos arrogante. No fundo, sempre existiu no PT
a idéia de que você ou é petista ou é um calhorda. Um pouco como o
PSDB acha que você ou é tucano ou é burro (risos).

Agora, a crítica que se faz ao PT erra a mão. Não só ao PT, mas
principalmente ao Lula. Quando a oposição vem dizer que se trata do
governo mais corrupto da história do Brasil é preciso dizer 'espera
aí'. Quando aquele senador tucano canastrão diz que vai bater no Lula,
dar porrada, quando chamam o Lula de vagabundo, de ignorante - aí
estão errando muito a mão. Governo mais corrupto da história? Onde
está o corruptômetro? É preciso investigar as coisas, sim. Tem que
punir, sim. Mas vamos entender melhor as coisas. A gente sabe que a
corrupção no Brasil está em toda parte. E vem agora esse pessoal do
PFL, justamente ele, fazer cara de ofendido, de indignado. Não vão me
comover...

Preconceito de classe:

O preconceito de classe contra o Lula continua existindo - e em graus
até mais elevados. A maneira como ele é insultado eu nunca vi igual.
Acaba inclusive sendo contraproducente para quem agride, porque o
sujeito mais humilde ouve e pensa: 'Que história é essa de burro!? De
ignorante!? De imbecil!?'. Não me lembro de ninguém falar coisas assim
antes, nem com o Collor. Vagabundo! Ladrão! Assassino! - até assassino
eu já ouvi. Fizeram o diabo para impedir que o Lula fosse presidente.
Inventaram plebiscito, mudaram a duração do mandato, criaram a
reeleição. Finalmente, como se fosse uma concessão, deixaram Lula
assumir. 'Agora sai já daí, vagabundo!'. É como se estivessem
despachando um empregado a quem se permitiu o luxo de ocupar a Casa
Grande. 'Agora volta pra senzala!'. Eu não gostaria que fosse assim.

Eu voto no Lula!

A economia não vai mudar se o presidente for um tucano. A coisa está
tão atada que honestamente não vejo muita diferença entre um próximo
governo Lula e um governo da oposição. Mas o país deu um passo
importante elegendo Lula. Considero deseducativo o discurso em voga:
'Tão cedo esses caras não voltam, eles não sabem fazer, não são
preparados, não são poliglotas'. Acho tudo isso muito grave.

Hoje eu voto no Lula. Vou votar no Alckmin? Não vou. Acredito que,
apesar de a economia estar atada como está, ainda há uma margem para
investir no social que o Lula tem mais condições de atender. Vai ficar
devendo, claro. Já está devendo. Precisa ser cobrado. Ele dizia isso:
'Quero ser cobrado, vocês precisam me cobrar, não quero ficar lá
cercado de puxa-sacos'. Ouvi isso dele na última vez que o vi, antes
dele tomar posse, num encontro aqui no Rio.

Sobre o PSOL.

Percebo nesses grupos um rancor que é próprio dos ex: ex-petista,
ex-comunista, ex-tudo. Não gosto disso, dessa gente que está muito
próxima do fanatismo, que parece pertencer a uma tribo e que quando
rompe sai cuspindo fogo. Eleitoralmente, se eles crescerem, vão
crescer para cima do PT e eventualmente ajudar o adversário do Lula.


Papel da mídia.

Não acho que a mídia tenha inventado a crise. Mas a mídia ecoa muito
mais o mensalão do que fazia com aquelas histórias do Fernando
Henrique, a compra de votos, as privatizações. O Fernando Henrique
sempre teve uma defesa sólida na mídia, colunistas chapa-branca
dispostos a defendê-lo a todo custo. O Lula não tem. Pelo contrário, é
concurso de porrada para ver quem bate mais.

fonte: http://galizacig.com/actualidade/200605/ab_chico_buarque_lucidez_e_coerencia.htm

agora tem uma parte que realmente eu não sei faz parte da entrevista, ou se são palavras do Chico Buarque. Na fonte que eu pesquisei eu não encontrei este texto, e ele pode ter sido escrito pelo autor do email.

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MANIFESTO


Sobretudo, não votar em Alckmin

Diante da proximidade do final do primeiro turno das eleições
presidenciais, faz-se necessário vir a público a fim de dizer que não
há razão alguma para votar no candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.
Fatos recentes relativos a dossiês e novos personagens envolvidos com
o escândalo das sanguessugas aumentaram a temperatura da, até então,
mais "morna das eleições" entre tantas ocorridas desde a
redemocratização. Editoriais, diretores de redação de jornais e
revistas, articulistas que se apresentam como "formadores de opinião
pública", todos comprometidos com o chamado "jornalismo investigativo
e independente", têm vindo a público defender o voto em Alckmin para
que o mesmo seja içado ao segundo turno. No entanto, vale a pena
lembrar que a forma mais cínica de totalitarismo é a moralidade
seletiva.

Desde a eclosão do escândalo dos sanguessugas pairam enormes dúvidas
sobre a conivência ou não dos ex ministros da saúde com o esquema de
superfaturamento das ambulâncias. Nesse caso, o tucano José Serra
aparece com indícios fortes de implicação direta ou, no mínimo,
conivência. Mais de 70% das ambulâncias superfaturadas foram liberadas
em sua gestão no Ministério, várias para o Estado de São Paulo, do
então governador Geraldo Alckmin.

Estranho, para não dizer surpreendente, que o "jornalismo
investigativo e independente" de nosso país, não tenha se atentado
para essas questões na última semana. Será que estão satisfeitos com a
nota publicada por Serra nos jornais se inocentando e dizendo que nada
sabia? Por que para o "jornalismo independente e investigativo" o peso
do "nada sabia" de Serra vale como declaração de idoneidade?

Esta "dupla medida" em relação à corrupção tucana indica o que
acontecerá em um provável governo Alckmin. Pois, a respeito de
Alckmin, não seria difícil lembrar aqui que, durante toda a campanha,
o candidato tucano contentou-se em remixar um discurso arcaico de
direita, com direito a bravata contra impostos, "gastança" pública,
promessa de redução do Estado, de reformismo infinito da previdência e
laivos de indignação contra a corrupção (na qual seu próprio partido
está organicamente envolvido).

Ou seja, nada mais do que um candidato de direita em qualquer parte do
mundo faria desde o início do século XX. Acrescenta-se a isto uma
simpatia temerária por entidades proto-fascistas como a Opus Dei. Mas
vale a pena tecer algumas considerações demoradas sobre os seus dois maiores
pilares: ética e competência.

Podemos claramente imaginar o que acontecerá se Geraldo Alckmin ganhar
a eleição. Ele irá impor uma lógica de abafamento e impedimento de
CPIs que funcionou maravilhosamente bem na Assembléia Estadual de SP.
Uma lógica a respeito da qual seu partido é especialista, já que os
oito anos FHC foram marcados pela impossibilidade de investigar a
fundo todos os escândalos que marcaram o governo. Quem não se lembra
da presteza do chamado "engavetador-geral da República", Geraldo
Brindeiro?

Alckmin aprendeu muito bem esta lógica, tanto que nada foi investigado
a respeito das suspeitas de compra de deputados estaduais via Nossa
Caixa, das suspeitas de corrupção em órgão públicos como a CDHU, o
Rodoanel, as privatizações de São Paulo, as doações de vestidos à sua
mulher, a subvenção à revista de seu acumputurista, entre outros
tantos. São mais de 60 CPIs arquivadas. Número dificilmente superável.

O Brasil quer voltar a esta época da corrupção silenciosa e
"profissional"? Basta ver que sempre quando um tucano está em linha de
mira, quando um mensaleiro tucano é descoberto (Azeredo), quando uma
ligação com os sanguessugas é desvendada (Serra, Antero Paes de
Barros), quando esquemas de financiamento ilegal são apontados
(Furnas), as investigações param, tomam outro rumo e a imprensa perde
gradativamente o interesse.

Ou seja, nenhuma indignação ética pode justificar um voto em Geraldo
Alckmin e seu partido. Alckmin é aquele que, diante do fato de até
mesmo FHC reconhecer que seu partido não teve a mínima dignidade ética
ao fazer tudo para livrar a cara de Eduardo Azeredo, respondeu nada
querer falar sobre o assunto. É com este silêncio que ele tratará
todos os escândalos que envolveram seu partido nos últimos dez anos.
Por outro lado, sua alegada competência não resiste a uma análise
isenta. Sua política desastrada de segurança pública alimentou a
criação do PCC.

Ao ver o resultado desastroso de sua política de segurança, baseada
apenas na truculência, no Encarceramento e no extermínio, Alckmin foi
sequer capaz de uma mínima auto-crítica: "Se houvesse algum problema,
eu já teria identificado", foi o que ele disse a este respeito.
Retrato clássico da arrogância de quem não consegue aprender com os
próprios erros. Ao contrário, ele preferiu transferir
responsabilidades dizendo que o culpado era o governo federal,
chegando a insinuar que algo como o PCC só poderia existir devido a
algum conluio eleitoral, como se ele nada tivesse a ver com o
problema. Isto a ponto de um jornalista ter-lhe dito: "Então tudo deu
errado porque o senhor fez tudo certo?". Como se não bastasse, este
"tocador de obras" conseguiu atrasar as datas de entrega de todas suas
grandes obras. Sua política de educação colocou as universidades
estaduais à míngua, algumas não têm sequer condição de pagar contas
correntes. Seu secretário de Educação (Chalita) chegou mesmo a maquiar
números a fim de tentar esconder os resultados calamitosos de sua
política.

Não é por outra razão que, mesmo em seu Estado, Alckmin passou toda a
campanha política em segundo lugar. Quem conhece Alckmin não parece
disposto a votar em Alckmin. As razões acima e as dúvidas não
respondidas nem pelos candidatos nem pelo "jornalismo investigativo e
independente" dão a certeza de que o voto em Alckmin, de modo algum,
representa o resgate da moralidade pública e, muito menos, o avanço
das instituições democráticas republicanas.

Ao contrário, ele representa a volta da corrupção silenciosa, da
complacência da mídia, da criminalização dos movimentos sociais e da
agenda direitista mais pura e dura. Por isto, vários movimentos
sociais, como o MST, a UNE e a CUT, dizem: sobretudo, não votar em
Alckmin.

abraços a todos.
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Offline Quereu

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Re: Chico Buarque: lucidez e coerência
« Resposta #1 Online: 06 de Outubro de 2006, 14:50:05 »
Quando dois ladrões conversam o que sobra para o cidadão honesto?

Deixe-me ver se entendi realmente o teor da entrevista: O sr. Chico Buarque defende a ladroagem do Lula afirmando que os outros também são ladrões!? É isso mesmo? Então foi a isso que se reduziu a ética no Brasil: a quem rouba menos!

Incrível que esse discurso passe por moralizador. Mais incrível ainda que acreditem nele. Mas isso era previsível - ao criminoso não resta outra alternativa do que acusar o acusador, pois ele já de-caiu e não tem mais defesa de per si.

O sr. Chico Buarque não se comove, ele simplesmente defende os ladrões que estão do seu lado porque eles farão o bem maior do país. Afinal os empresários, o capital, o lucro, todos eles são ruins e o trabalhador, o Estado, o funcionário público são os bons e contra os maus vale tudo, não é mesmo?

Ah, esses anjos da esquerda... Vou trazer um à minha casa. Pobre de mim, só conheço homens. Quem sabe ele me ensine a nova beatitude celestial.
A Irlanda é uma porca gorda que come toda a sua cria - James Joyce em O Retrato do Artista Quando Jovem

Offline Dr. Manhattan

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Re: Chico Buarque: lucidez e coerência
« Resposta #2 Online: 06 de Outubro de 2006, 16:03:19 »
Sabe, eu sou um grande fã do Chico. Conheço a maior parte das músicas dele cor e estou ansioso para conseguir o CD novo dele. Mas vamos ser honestos: chamar o Chico de coerente é forçar a barra! O cara protestou aqui contra a ditadura, teve que se exilar, batalhou contra a censura... e vive defendendo a ditadura do Fidel Castro! Como é que pode-se chamar uma pessoa assim de coerente?
Nesse ponto, eu prefiro a opinião do Carlos Vereza.
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

 

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