Autor Tópico: Seriam os jornalistas do The New York Times tão ignorantes?  (Lida 750 vezes)

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Offline Huxley

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Seriam os jornalistas do The New York Times tão ignorantes?
« Online: 10 de Outubro de 2006, 22:27:00 »
Bem, não vou discutir a história do experimento de Kettlewell da mariposa Biston Betularia, já que as mesmas as mesmas conclusões foram obtidas por muitos outros experimentos utilizando mariposas por outros pesquisadores.Vou me concentrar sobre a alegação de fraude por parte de Kettlewell.

Criacionistas alegam que as fotos das betulárias foram "encenadas"Esse argumento implica que o sentido das fotos era mostrar uma condição para provar que as mariposas descansam em troncos.Mas este não era o caso. As fotos estão para demonstrar a visibilidade das formas diferentes da mariposa em árvores poluídas em árvores poluídas e não-poluídas.O livro lançado por Janet Hooper, Of Moths and Men, acrescenta mais detalhes, concernentes ao convívio de Bernard Kettlewell e o grupo de estudo de E. B. Ford, abrindo margens para acusações de diversos criacionistas.Hooper acusa Kettlewell de fraude nos dados porque a taxa de recaptura aumentou grandemente em 1º de Julho e esta foi à data em que E.B. Ford emitiu uma correspondência se compadecendo com ele pela taxa de recapturação baixa.As mudanças nas taxas de recapturação não são estatisticamente significantes; também estas mudanças se correlacionam inversamente com os níveis de luar.Sobre as mudanças nas taxas de recapturação não serem estatisticamente significantes, vejam este gráfico de Matt Young no artigo da Talk Reason intitulado "Moonshine: Why the Peppered Moth Remains an Icon of Evolution" ( http://www.talkreason.org/articles/moonshine.cfm ) ,mostrando que existe uma boa correlação linear entre o número de mariposas recapturadas como uma função de mariposas que ele liberou na noite anterior,que pode ser vista aqui neste link: http://www.talkreason.org/img/moonshine/MOON1.JPG .Além disso, como Young e outros críticos de Hooper notaram, Kettlewell tinha terminado a coleta em poucas horas da manhã e por essa razão não pode ter recebido a carta antes de sua coleta de 1º de Julho.Ele notavelmente aumentou o número de mariposas liberadas no dia 30 de junho, um dia antes ter sido enviada, não em 1º de Julho.Ele continuou a liberar mais mariposas depois de 30 de junho.Não surpreendentemente, e assim ele também capturou mais mariposas: mais liberações, mais recapturas.Esta não é uma razão para suspeitar que o aumento no número de liberações reflita qualquer outra coisa além do número de mariposas que estavam disponíveis. A carta de Ford não poderia ter influenciado sua decisão para liberar mais mariposas porque chegou após a primeira grande liberação de Kettlewell ocorrida visivelmente antes, e exatamente em 30 junho.

Mas apesar de tudo , eu fiquei surpreendido quando li num site criacionista que em outubro de 2002, o jornal The New York Times incluiu as fotografias ‘montadas’ de mariposas Biston betularia numa galeria de exemplos famosos de “fraude científica”.Vocês tem mais informações sobre isso?Seriam os jornalistas do The New York Times tão burros a ponto de fazer uma interpretação inocente de evidências indiretas ou considerar que as fotos tinham intenção de mostrar que as mariposas sempre descansam em troncos de árvores?
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Seriam os jornalistas do The New York Times tão ignorantes?
« Resposta #1 Online: 11 de Outubro de 2006, 18:21:40 »
o que achei mais parecido com isso:

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Staple of Evolutionary Teaching May Not Be Textbook Case

*Please Note: Archive articles do not include photos, charts or graphics. More information.
June 18, 2002, Tuesday
By NICHOLAS WADE (NYT); Science Desk
Late Edition - Final, Section F, Page 3, Column 2, 1265 words

DISPLAYING ABSTRACT - Article on theory of moth evolution, put forward from mid 1950's onward by Oxford University researcher Dr Bernard Kettlewell, that has been debunked; textbook writers, apparently with no intent to deceive, failed to mention that famous photographs of peppered moths that changed wing color to blend into environment were staged; Judith Hooper, whose new book Of Moths and Men describes poisonous relationship between Kettlewell and his supervisor E B Ford, comments

encontrei o artigo completo aqui:
http://ipm.osu.edu/trans/062_181.htm

comentário posterior do Carl Zimmer:

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The Moth's Tale
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Published: June 25, 2002


To the Editor:

Peppered moths may be the one example of evolution some people remember from their biology class (''Staple of Evolutionary Teaching May Not be Textbook Case,'' June 18), but it's by no means the only one. Just since 1987, scientists have published 1,582 records of natural selection acting on wild animals and plants, according to a review in the March 2001 issue of the journal American Naturalist.

Scientists may still be figuring out how exactly natural selection acts on peppered moths. But those questions do not alter the mountain of evidence documenting natural selection's reality or its importance.

CARL ZIMMER
Sunnyside, N.Y.

Offline Huxley

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Re: Seriam os jornalistas do The New York Times tão ignorantes?
« Resposta #2 Online: 15 de Outubro de 2006, 19:36:50 »
Danniel,

Existe muita gritaria porque Kettlewell fez um experimento de coleta.Ou seja, ele utilizou as duas formas de mariposas mortas e depois verificou com o passar do tempo quais eram as que desapareciam.Isso mostrou-se inadequado porque na década de 80, os pesquisadores ficaram sabendo que as mariposas geralmente descansam nos galhos finos da parte da frondosa das árvores.Faltou o cara dessa artigo (Nicholas Wade) dizer que isso é inadequado, mas não é fraude.Até porque ele também fez experimento de marcação-recaptura, utilizando mariposas vivas.Como os pássaros também demonstraram atacar a forma menos camuflada em vários delineamentos, o fenômeno de melanismo industrial não depende de qualquer experimento em particular.Além disso, as árvores inteiras são manchadas pela poluição -- galhos, ramos das árvores, troncos, etc.- e assim que as cores das mariposas são o que importam, não onde elas descansam na árvore.

De qualquer forma, estou esperando quem me mostre qual foi o jornalista ignorante que publicou a foto das mariposas como "fraude científica" e se houve alguma resposta de algum biólogo a isso. É por isso que não se deve confiar em tudo que lê.Acho que vou mandar o Azatoth perguntar isso lá no grupo do Talk Origins no Google.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Seriam os jornalistas do The New York Times tão ignorantes?
« Resposta #3 Online: 15 de Outubro de 2006, 20:47:17 »
Bem, o mais próximo disso no NYT parece ter sido a frase "But not everyone sees the peppered moth story as a black-and-white case of deception".

Eu acho estranho que criacionistas vejam nisso um caso...... mesmo que o experimento fosse completamente inválido... só deporia contra a qualidade desse experimento e a qualidade dos livros didáticos e divulgação científica que o usaram. Porque é algo num nível tão básico que simplesmente tem que ocorrer algo do tipo, ainda que não especificamente isso. A menos que se propusesse um fixismo total, com ares daquelas negações das extinções por criacionistas mais antigos, por não fazer sentido deus criar uma espécie para depois extinguir. Ainda assim fazem questão de mencionar isso como fraude, de vez em quando, mas num tom mais de "seleção natural não existe" mesmo. Sinceramente preferiria algo na linha de "mas ainda é uma mariposa, não um tubarão ou uma conífera" :D

 

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