Tópico: Nós vemos todo o Universo?

[Arquimedes]

Olá amigos,

Vou direto ao ponto: Não sou físico, não sou Ph.D no assunto, sou só um curioso que gosta de deduzir as coisas a partir de hipóteses plausíveis. Imaginem um Universo do tipo modelo "Bigica Inflavél" com as galáxias separadas e aumentando a distância, a luz flui do passado para o futuro, ou seja, não fica confinada a superfície do "Universo", mas vai de um instante t1 a um instante t2, formando uma espécie de cone de luz, se imaginarmos num analogia simplista, um Universo de duas dimensões espaciais e uma temporal(Como na superficie de um balão) então podemos deduzir que o que vemos com o Universo é só uma parte dele! Existe pelo menos metade de um Universo(O outro hemisferio do balão onde a luz flui numa direção que não atinge nosso ponto de observação) não detectável pelos nossos instrumentos. Sendo assim suponho que o número de galáxias no Universo deva ser bem maior do que o que já foi contabilizado. A situação é semelhante a um satélite que está orbitando a Terra, ele só ve os pontos do seu "lado" do hemisfério, não podendo ver os pontos do outro lado do planeta, pois a luz não chega a seus instrumentos. Faço a mesma analogia com o Universo, nós estamos de um lado(hemisferio) e não podemos ver o outro lado do Universo(Pois a luz não nos atinge diretamente), assim sendo há uma vasta região que não pode ser detectada nem pelos mais potentes telescopios do mundo! É claro que tudo deve ser entendido a luz de que estamos numa esfera quadridimensional e não tridimensional, mas o argumento é válido assim mesmo. E aí pessoal, viajei muito na maionese? Ou tem algum fundamento a minha especulação?

[Luis Dantas]

É praticamente consenso que o universo deve ser bem maior do que o que se consegue observar.

[Dbohr]

Se o Universo tiver realmente passado por um período de Inflação Cósmica - que é exatamente o que você está propondo - então é certo que o que observamos é uma fração minúscula do todo.

E se você nunca tiver ouvido falar de Inflação Cósmica e pensou no modelo do balão sozinho, meus parabéns! Você pode não ser físico, mas tem os instintos de um!

[HSette]

Você está se referindo ao conceito de Universo Observável.

Toda a informação que obtemos no universo nos chega sob a forma de radiação eletromagnética. A luz que observamos proveniente das estrelas, como sabemos, é uma parte dessa radiação eletromagnética. A teoria da relatividade restrita nos diz que a radiação eletromagnética se propaga com a velocidade constante de aproximadamente 300.000 quilômetros por segundo.

Chamamos de comprimento de Hubble a distância na qual a velocidade de recessão das galáxias (lembremos que o Universo está em expansão) é igual à velocidade da luz.

Podemos então definir uma "esfera de Hubble" como sendo aquela que tem um raio igual ao comprimento de Hubble. Note que cada ponto no espaço é o centro de uma esfera de Hubble.
A velocidade de recessão cresce com a distância. Assim, galáxias além desse ponto têm velocidade de recessão > c. Não há aqui conflito com a relatividade, pois se refere à expansão do próprio espaço, não havendo transporte de informação no processo.

A luz emitida por elas não chegará até nós (há Modelos Cosmológicos que superam esse obstáculo, mas aí a coisa se complica).

Além disso, temos de levar em conta a idade do Universo. Somente fótons emitidos há cerca de 13,7 bilhões de anos tiveram tempo de chegar até nós.

O universo observável é aquela parte do universo em torno de um observador que pode ser vista. Falando livremente, o universo observável tem um tamanho comparável com aquele apresentado pela esfera de Hubble.

[Spitfire]

Vamos ver se consigo formular algumas dúvidas.

1- Usando a analogia do balão que infla, poderiamos "reverter" dos deslocamentos das galáxias e localizar seu ponto de origem inicial usando uma segunda (e terceira, quarta, quinta.... sucessivamente)?

2- No centro deste "balão cósmico" deveria existir apenas vácuo ou existiria vestígios de matéria?

[Dr. Manhattan]

Vamos ver se consigo formular algumas dúvidas.

1- Usando a analogia do balão que infla, poderiamos "reverter" dos deslocamentos das galáxias e localizar seu ponto de origem inicial usando uma segunda (e terceira, quarta, quinta.... sucessivamente)?

2- No centro deste "balão cósmico" deveria existir apenas vácuo ou existiria vestígios de matéria?

Na verdade, você está esticando uma analogia até o ponto em que ela estoura (desculpe, não pude resistir ). Dentro dessa analogia, o universo é apenas a superfície do balão. Na linguagem técnica, diz-se que o balão é um "two-dimensional manifold" que está "embedded" no espaço 3D. No caso do universo, não é preciso haver esse "embedding". Em outras palavras, não existe o "interior" do balão, apenas a superfície. E, claro, não existe "ponto central". Qualquer ponto do universo pode ser tratado como o "centro de expansão" - no caso do balão, qualquer ponto na superfície vai ver as "galáxias" se afastando radialmente.

[Dbohr]

Uma pequena tangente: Manhattan, você sabe como Manifold foi traduzido? "Variedade"... o que para mim é nome de Globetrotter

Ainda estou tentando entender o arrazoado que resultou nesta tradução.

[Dr. Manhattan]

Uma pequena tangente: Manhattan, você sabe como Manifold foi traduzido? "Variedade"... o que para mim é nome de Globetrotter

Ainda estou tentando entender o arrazoado que resultou nesta tradução.

Eu sei, é que não consigo me convencer a usar essa tradução 
Tem certos nomes que simplesmente não ficam legais traduzidos[1]


[1] Nunca vou me esquecer da tradução de um livro do Stanislaw Lem (do inglês pro português, no caso), que num certo ponto usou "movimento castanho" para "brownian movement"!! 

[Dbohr]

... "movimento castanho"...

E eu pensei que já tinha visto de tudo em matéria de tradução esquisita...!