02/05/2005 - 19h23
Para Severino, conceder privilégios é ato de humanidade Publicidade
ROSE ANE SILVEIRA
da Folha Online
Conceder privilégios para eleitores e amigos não é abuso de poder, mas sim um ato de humanidade. A afirmação é do presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), que participou nesta segunda-feira de sabatina promovida pela Folha.
"Primeiro devemos respeitar as pessoas como seres humanos, que precisam de alguém para confiar. Eles [amigos e eleitores] têm a mim".
Além de defender a contratação de parentes no serviço público, Severino enalteceu a utilização do seu cargo para livrar amigos de embaraços com a lei ou mesmo conseguir facilidades para eles.
O presidente da Câmara citou o favor que garantiu o acesso do deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL) ao jantar promovido na Embaixada do Brasil, em Roma, para os ex-presidentes da República, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante os funerais do papa João Paulo 2º.
Foram convidados para o jantar os ex-presidentes José Sarney,
Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco (atual embaixador brasileiro na Itália) e os presidentes da Câmara e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Severino telefonou para a Embaixada e pediu para que Carimbão
pudesse participar do jantar. Como recebeu uma resposta negativa de um funcionário, ameaçou desistir de comparecer ao encontro. Diante da ameaça, Itamar estendeu o convite a Carimbão, que também pediu a Severino para ser apresentado ao presidente Lula.
Além de emplacar o colega no jantar, o presidente da Câmara comemorou ainda o fato de ter conseguido o tal encontro entre Carimbão e o presidente Lula. "É possível, um parlamentar ativo, dois anos [de mandato] sem nunca ter falado com o presidente [da República]? Eu fui ao presidente e pedi a oportunidade de fazer um deputado feliz, ele veio comigo, e assim o Carimbão falou com o presidente, ele ficou 25 minutos".
Severino comentou ainda que garantiu o retorno de Carimbão ao Brasil em vôo da Força Aérea Brasileira.
Cadeia
Sobre o incidente no qual ele reconheceu ter usado o seu cargo de deputado federal para livrar um amigo da cadeia, em Brasília, após ele ter participado de uma briga e quebrado as dependências de um bar, Severino afirmou que não infringiu a lei.
"Eu não transgrediria nenhuma lei, procuraria as facilidades das leis, eu
podendo ter as facilidades das leis eu daria para um amigo Se formos
castigar todos os que bebem, não haveria cadeia para todo mundo que bebe", justificou Severino.