Autor Tópico: O Estado, segundo Nietzsche  (Lida 3115 vezes)

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O Estado, segundo Nietzsche
« Online: 04 de Novembro de 2006, 14:56:02 »
Do novo ídolo

Em algum lugar há ainda povos e rebanhos, mas não entre nós, meus irmãos: aqui há Estados.

Estado? O que é isso? Pois bem! Agora abri-me vossos ouvidos, pois agora vos direi minha palavra da morte dos povos.

Estado chama-se o mais frio de todos os monstros frios. Friamente também ele mente: e esta mentira rasteja de sua boca: "Eu, o Estado, sou o povo".

É mentira! Criadores foram os que criaram os povos e suspenderam uma crença e um amor sobre eles: assim serviam à vida.

Aniquiladores são aqueles que armam ciladas para muitos e as chamam de Estado: suspendem uma espada e cem apetites sobre eles.

Onde ainda há povo, ali o povo não entende o Estado e o odeia como olhar mau e pecado contra costumes e direitos.

Este signo eu vos dou: cada povo fala sua língua de bem e mal: esta o vizinho não entende. Sua própria língua ele inventou para si em costumes e direitos.

Mas o Estado mente em todas as línguas de bem e mal; e, fale ele o que for, ele mente -- e o que quer que ele tenha, ele roubou.

Falso é tudo nele; com dentes roubados ele morde, esse mordaz. Falsas são até mesmo suas vísceras.

Confusão de línguas de bem e mal: este signo vos dou como signo do Estado. Em verdade, é a vontade de morte que este signo indica! Em verdade, ele acena aos pregadores da morte!

São demasiados muitos os que nascem: para os supérfluos foi criado o Estado!

(...)



Extraído de Assim falou Zaratustra
A Irlanda é uma porca gorda que come toda a sua cria - James Joyce em O Retrato do Artista Quando Jovem

Eriol

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #1 Online: 04 de Novembro de 2006, 15:49:25 »
Nietzsche, o pai do individualismo ateu, tambem disse:

A democracia é o modo que os fracos encontraram para dominar aos fortes.

As classes dominantes em sua época temiam a idéia de democracia e de uma então inevitável perda de seu poder, mas então, na escuridão, "houve prensa".

Offline Quereu

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #2 Online: 04 de Novembro de 2006, 17:14:44 »
Nietzsche sobre o socialismo:

O socialismo é o fantasioso irmão mais jovem do quase decrépito despotismo, do qual quer herdar; sua aspirações são, portanto, no sentido mais profundo, reacionárias. Pois ele deseja uma plenitude de poder estatal como só a teve uma vez o despotismo [Nietzsche não conheceu a Rússia soviética], e até mesmo supera todo o passado por aspirar ao aniquilamento formal do indivíduo: o qual lhe parece como um injustificado luxo da natureza e deve ser transformado e melhorado por ele em um órgão da comunidade adequado a seus fins. Em virtude de seu parentesco, ele aparece sempre na proximidade de todos os excessivos desdobramentos de potência, como o antigo socialista típico, Platão, na corte do tirano siciliano: ele deseja (e propicia sob certas circunstâncias) o estado ditatorial cesáreo deste século, porque, como foi dito, quer ser seu herdeiro. Mas mesmo essa herança não bastaria para seus fins, ele precisa da mais servil de todos os cidadãos ao Estado incondicionado, como nunca existiu algo igual; e como nem sequer pode contar com a antiga piedade religiosa para com o Estado, mas antes, sem querer, tem de trabalhar constantemente pela sua eliminação -- a saber, porque trabalha pela eliminação de todos os Estados vigentes --, só pode ter esperança de existência, aqui e ali, por tempos curtos, através do extremo terrorismo. Por isso prepara-se em surdina para dominar pelo pavor e inculca nas massas semicultas a palavra "justiça" como um prego na cabeça, para despojá-las totalmente de seu entendimento (dfepois que esse entendimento já sofreu muito através da semicultura) e c riar nelas, para o mau jogo que devem jogar, uma boa consciência. -- O socialismo pode servir para ensinar, bem brutal e impositivamente o perigo de todos os acúmulos de poder estatal e nessa medida, infundir desconfiança diante do próprio Estado. Quando sua voz rouca se junta ao grito de guerra: o máximo possível de Estado, este, num primeiro momento, se torna mais ruidoso que nunca: mas logo irrompe também o oposto, com força ainda maior: o mínimo possível de Estado.
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Offline Quereu

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #3 Online: 04 de Novembro de 2006, 17:35:49 »
Nietzsche e os nobres:

O homem de espécie nobre se sente como determinante de valor, não tem necessidade de ser declarado bom, julga: "O que é pernicioso para mim é pernicioso em si", sabe-se o único que empresta honra às coisas, é criador de valores.

(...)

Mais que tudo, porém, uma moral de dominantes é alheia e penosa ao gosto presente, no rigor de seu princípio fundamental, de que somente para com seu igual tem deveres; de que, para com os seres de categoria inferior, para com tudo que é alheio, se pode agir ao bel-prazer ou "como o coração quiser" (...) para além do bem e do mal

(...)

O olhar do escravo é desfavorável às virtudes dos poderosos... São postas em relevo e banhadas de luz as propriedades que servem para facilitar a existência dos que sofrem: aqui fica em lugar de honra a compaixão, a complacente mão para ajudar, o coração caloroso, a paciência, a diligência, a humildade, a amabilidade... A moral dos escravos é essencialmente moral utilitária...
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Offline Diego

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #4 Online: 06 de Novembro de 2006, 08:14:18 »
Nietzsche é o cara!

Offline Quereu

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #5 Online: 06 de Novembro de 2006, 17:53:12 »
Nietzsche e os judeus:

... E os judeus são, sem dúvida nenhuma, a raça mais forte, mais tenaz e mais pura que vive agora na Europa; eles sabem impor-se, mesmo sob as piores condições (e até mesmo melhor do que sob as favoráveis), graças a algumas virtudes que hoje em dia se prefere taxar de vícios - graças antes de tudo, a uma resoluta crença, que não precisa envergonhar-se das "idéias modernas"; (...)
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Offline Südenbauer

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #6 Online: 06 de Novembro de 2006, 18:31:05 »
Nietzsche sobre o socialismo:

O socialismo é o fantasioso irmão mais jovem do quase decrépito despotismo, do qual quer herdar; sua aspirações são, portanto, no sentido mais profundo, reacionárias. Pois ele deseja uma plenitude de poder estatal como só a teve uma vez o despotismo [Nietzsche não conheceu a Rússia soviética], e até mesmo supera todo o passado por aspirar ao aniquilamento formal do indivíduo: o qual lhe parece como um injustificado luxo da natureza e deve ser transformado e melhorado por ele em um órgão da comunidade adequado a seus fins. Em virtude de seu parentesco, ele aparece sempre na proximidade de todos os excessivos desdobramentos de potência, como o antigo socialista típico, Platão, na corte do tirano siciliano: ele deseja (e propicia sob certas circunstâncias) o estado ditatorial cesáreo deste século, porque, como foi dito, quer ser seu herdeiro. Mas mesmo essa herança não bastaria para seus fins, ele precisa da mais servil de todos os cidadãos ao Estado incondicionado, como nunca existiu algo igual; e como nem sequer pode contar com a antiga piedade religiosa para com o Estado, mas antes, sem querer, tem de trabalhar constantemente pela sua eliminação -- a saber, porque trabalha pela eliminação de todos os Estados vigentes --, só pode ter esperança de existência, aqui e ali, por tempos curtos, através do extremo terrorismo. Por isso prepara-se em surdina para dominar pelo pavor e inculca nas massas semicultas a palavra "justiça" como um prego na cabeça, para despojá-las totalmente de seu entendimento (dfepois que esse entendimento já sofreu muito através da semicultura) e c riar nelas, para o mau jogo que devem jogar, uma boa consciência. -- O socialismo pode servir para ensinar, bem brutal e impositivamente o perigo de todos os acúmulos de poder estatal e nessa medida, infundir desconfiança diante do próprio Estado. Quando sua voz rouca se junta ao grito de guerra: o máximo possível de Estado, este, num primeiro momento, se torna mais ruidoso que nunca: mas logo irrompe também o oposto, com força ainda maior: o mínimo possível de Estado.
Fonte?

AllannniS

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #7 Online: 07 de Novembro de 2006, 04:14:21 »
se não me engano, foi ele tb que disse
"O que não nos mata, nos deixa mais fortes"
=p

Offline Quereu

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #8 Online: 07 de Novembro de 2006, 04:41:28 »
Nietzsche sobre o socialismo:

O socialismo é o fantasioso irmão mais jovem do quase decrépito despotismo, do qual quer herdar; sua aspirações são, portanto, no sentido mais profundo, reacionárias. Pois ele deseja uma plenitude de poder estatal como só a teve uma vez o despotismo [Nietzsche não conheceu a Rússia soviética], e até mesmo supera todo o passado por aspirar ao aniquilamento formal do indivíduo: o qual lhe parece como um injustificado luxo da natureza e deve ser transformado e melhorado por ele em um órgão da comunidade adequado a seus fins. Em virtude de seu parentesco, ele aparece sempre na proximidade de todos os excessivos desdobramentos de potência, como o antigo socialista típico, Platão, na corte do tirano siciliano: ele deseja (e propicia sob certas circunstâncias) o estado ditatorial cesáreo deste século, porque, como foi dito, quer ser seu herdeiro. Mas mesmo essa herança não bastaria para seus fins, ele precisa da mais servil de todos os cidadãos ao Estado incondicionado, como nunca existiu algo igual; e como nem sequer pode contar com a antiga piedade religiosa para com o Estado, mas antes, sem querer, tem de trabalhar constantemente pela sua eliminação -- a saber, porque trabalha pela eliminação de todos os Estados vigentes --, só pode ter esperança de existência, aqui e ali, por tempos curtos, através do extremo terrorismo. Por isso prepara-se em surdina para dominar pelo pavor e inculca nas massas semicultas a palavra "justiça" como um prego na cabeça, para despojá-las totalmente de seu entendimento (dfepois que esse entendimento já sofreu muito através da semicultura) e c riar nelas, para o mau jogo que devem jogar, uma boa consciência. -- O socialismo pode servir para ensinar, bem brutal e impositivamente o perigo de todos os acúmulos de poder estatal e nessa medida, infundir desconfiança diante do próprio Estado. Quando sua voz rouca se junta ao grito de guerra: o máximo possível de Estado, este, num primeiro momento, se torna mais ruidoso que nunca: mas logo irrompe também o oposto, com força ainda maior: o mínimo possível de Estado.
Fonte?

Fonte? De água pura...

Humano, demasiado humano.
primeiro volume
Capítulo VIII - Um olhar ao Estado
Parágrafo 473
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Offline Quereu

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #9 Online: 07 de Novembro de 2006, 04:50:16 »
Nietzsche e as massas:

Somente sob três perspectivas as massas me parecem merecer um olhar: uma vez, como cópias esmaecidas dos grandes homens, impressas em mau papel e com chapas gastas, em seguida como obstáculo contra os grandes e, enfim, como instrumento dos grandes; de resto, leve-a o diabo e a estatística! (...) devemos chamar de leis o efeito dessas forças de gravidade que são a estupidez, o arremedo, o amor e a fome?
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Offline Quereu

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #10 Online: 07 de Novembro de 2006, 05:02:50 »
Os socialistas, segundo Nietzsche, homens degenerados:

A degeneração geral dos homens, até chegar àquilo que hoje parece aos broncos e cabeças rasas do socialismo como seu "homem do futuro", como seu ideal! -- essa degeneração e apequenamento do homem em completo animal-de-rebanho (ou, como eles dizem, em "homem da sociedade livre"), essa animalização do homem em animal anão dos direitos e pretensões iguais é possível, não há dúvida nenhuma! Quem pensou uma vez essa possibilidade até o fim, conhece um nojo a mais do que os outros homens -- e talvez também uma nova tarefa! --
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Offline Südenbauer

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #11 Online: 07 de Novembro de 2006, 13:04:35 »
se não me engano, foi ele tb que disse
"O que não nos mata, nos deixa mais fortes"
=p
"O que não me destrói, torna-me mais forte". No original: Was mich nicht umbringt, macht mich stärker.
Está no livro O Crepúsculo dos Ídolos.

Offline Quereu

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #12 Online: 07 de Novembro de 2006, 13:14:14 »
Os juízos a priori de Kant e Nietzsche

...   é tempo, afinal, de subsistir a pergunta kantiana "Como são possíveis juízos sintéticos a priori?" por uma outra pergunta: "Por que a crença em tais juízos é necessária?" -- ou seja, de conceber que para fins de conservação da essência de nossa espécie tais juízos têm de ser acreditados como verdadeiros; com o que naturalmente poderiam ser ainda juízos falsos. Ou, para dizê-lo mais claramente, e de um modo mais grosseiro e radical: juízos sintéticos a priori não deveriam, de modo algum, "ser possíveis": não temos nenhum direito a eles, em nossa boca são puros juízos falsos. Só que, certamente, a crença em sua verdade é necessária, como uma crença de fachada e uma aparência que faz parte da ótica-de-perspectivas da vida...
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Offline Diego

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #13 Online: 09 de Novembro de 2006, 09:04:57 »
Os juízos a priori de Kant e Nietzsche

...   é tempo, afinal, de subsistir a pergunta kantiana "Como são possíveis juízos sintéticos a priori?" por uma outra pergunta: "Por que a crença em tais juízos é necessária?" -- ou seja, de conceber que para fins de conservação da essência de nossa espécie tais juízos têm de ser acreditados como verdadeiros; com o que naturalmente poderiam ser ainda juízos falsos. Ou, para dizê-lo mais claramente, e de um modo mais grosseiro e radical: juízos sintéticos a priori não deveriam, de modo algum, "ser possíveis": não temos nenhum direito a eles, em nossa boca são puros juízos falsos. Só que, certamente, a crença em sua verdade é necessária, como uma crença de fachada e uma aparência que faz parte da ótica-de-perspectivas da vida...

Esse juízos a priori são do Kant, mas é o Nietzsche comentando??
Lembro q li alguns trechos do "Critica a razão pura" e ele falava sobre isso.
Mas não consegui prosseguir na leitura, pelo livro ser extremamente chato.

Offline Joaquim

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #14 Online: 09 de Novembro de 2006, 09:22:29 »
Citação de: Fernando
"O que não me destrói, torna-me mais forte". No original: Was mich nicht umbringt, macht mich stärker.
Está no livro O Crepúsculo dos Ídolos.
É neste livro que também há a citação "Sem música a vida seria um erro"?

Offline Diego

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #15 Online: 09 de Novembro de 2006, 09:51:01 »
Citação de: Fernando
"O que não me destrói, torna-me mais forte". No original: Was mich nicht umbringt, macht mich stärker.
Está no livro O Crepúsculo dos Ídolos.
É neste livro que também há a citação "Sem música a vida seria um erro"?

Se não me engano é no capitulo de Máximas do "Alem do Bem e do Mal"

Offline Joaquim

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #16 Online: 09 de Novembro de 2006, 11:48:52 »
Citação de: Diego
Se não me engano é no capitulo de Máximas do "Alem do Bem e do Mal"
Acho que não. Eu já o li e não encontrei a frase nele.

Offline Südenbauer

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #17 Online: 09 de Novembro de 2006, 12:17:42 »
Citação de: Fernando
"O que não me destrói, torna-me mais forte". No original: Was mich nicht umbringt, macht mich stärker.
Está no livro O Crepúsculo dos Ídolos.
É neste livro que também há a citação "Sem música a vida seria um erro"?
É sim. Ohne Musik wäre das Leben ein Irrtum. Está no mesmo capítulo da citação acima.

Offline Joaquim

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #18 Online: 09 de Novembro de 2006, 12:46:56 »
Citação de: Fernando
É sim. Ohne Musik wäre das Leben ein Irrtum. Está no mesmo capítulo da citação acima.
Está em qual capítulo (do Crepúsculo dos ídolos)?

Offline Südenbauer

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #19 Online: 09 de Novembro de 2006, 15:40:11 »
Citação de: Fernando
É sim. Ohne Musik wäre das Leben ein Irrtum. Está no mesmo capítulo da citação acima.
Está em qual capítulo (do Crepúsculo dos ídolos)?
No primeiro capítulo, o de máximas (Sprüche und Pfeile). É a máxima número 33:
http://www.gutenberg.org/catalog/world/readfile?fk_files=17174&pageno=7

Offline Joaquim

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #20 Online: 09 de Novembro de 2006, 21:07:22 »
Obrigado, Fernando.

Offline Dea Lin

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #21 Online: 11 de Novembro de 2006, 20:45:44 »
Gerar a certeza dentro da hipótese
se tornou o elo perdido da ciencia social.

Acontece que o todo continua sempre e a
parte que se sentir vencedora tera que destribuir.
A riqueza dos muitos poucos hoje não é maior que
a pouca riqueza de muitos juntos.

Esteriótipos de sabedoria justificam-se por
relativismo o que não lhes assegura nada!

Não são centralizadores do orgonograma real
da função étinica humana. :no:
Mesmo que o mundo se acabe em cima dele tem o céu isso se não acabar tambem.
Vistos de longe todos parecem iguais mas de perto não são não!

Offline Quereu

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #22 Online: 12 de Novembro de 2006, 05:26:33 »
Os juízos a priori de Kant e Nietzsche

...   é tempo, afinal, de subsistir a pergunta kantiana "Como são possíveis juízos sintéticos a priori?" por uma outra pergunta: "Por que a crença em tais juízos é necessária?" -- ou seja, de conceber que para fins de conservação da essência de nossa espécie tais juízos têm de ser acreditados como verdadeiros; com o que naturalmente poderiam ser ainda juízos falsos. Ou, para dizê-lo mais claramente, e de um modo mais grosseiro e radical: juízos sintéticos a priori não deveriam, de modo algum, "ser possíveis": não temos nenhum direito a eles, em nossa boca são puros juízos falsos. Só que, certamente, a crença em sua verdade é necessária, como uma crença de fachada e uma aparência que faz parte da ótica-de-perspectivas da vida...

Esse juízos a priori são do Kant, mas é o Nietzsche comentando??
Lembro q li alguns trechos do "Critica a razão pura" e ele falava sobre isso.
Mas não consegui prosseguir na leitura, pelo livro ser extremamente chato.

O mundo precisa ser representado na mente, mas os dados reais deste precisam ser sintetizados, pois estão como que espalhados, ou seja, se a mente não reunir os dados o mundo não consegue ser interpretado. O mundo é múltiplo e variado. Um juízo sintético a priori é um princípio ordenador na mente. Quando um objeto se apresenta, a sua representação precisa passar por uma síntese e essa síntese o define como objeto.

Imagine vários objetos espalhados numa sala. Você vê cada um e sabe qual é qual. Mas como a mente faz isso? Segundo Kant há um laborioso processo em que os objetos fragmentados do mundo são sintetizados nos objetos reais que se apresentam. Perceba -- a representação do mundo não é o mundo mesmo. A realidade última do mundo é incogniscível. Só conhecemos aquilo a que Kant chamou de fenômeno que é a nossa representação do mundo, mas é ao mesmo tempo a representação natural do mundo. A coisa-em-si (a realidade última) fornece o substrato para a representação do fenômeno, logo o fenômeno não é uma ilusão da mente, mas a consequência da coisa-em-si.

Na formação de um juízo sintético muitas regras foram seguidas. Primeiro, tempo e espaço foram considerados dados efetivos da realidade. Depois os objetos foram categorizados. As categorias são as mesmas de Aristóteles e sua lógica. O juízo é universal ou singular? Qual sua qualidade -- afirmativa ou negativa. Estabele que relação  -- hipotética ou disjuntiva. Etc.

Mas para que a multiplicidade do mundo fosse sintetizada outro mecanismo mental é necessário -- a unidade sintética de apercepção (o eu penso). Ela faz a ligação entre a sensação (que vem dos sentidos) e o entendimento (que faz a representação do mundo). O entendimento entendeu o mundo porque um juízo fez uma síntese (unificou os dados) (é sintético) anteriormente à representação (ou seja, para que a representação fosse possível o juízo obedeceu a regras pré-estabelecidas) (à priori).

O Nietzsche diz que os juízos que a mente forma para representar o mundo não são verdadeiros, mas foram importantes para que a espécie humana sobrevivesse. São crenças que nos fazem ter o comportamento adequado para sobreviver.


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Offline Quereu

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #23 Online: 15 de Novembro de 2006, 11:06:26 »
Citar
Vitória da democracia -- Tentam agora todas as potências políticas explorar o medo ao socialismo para se fortalecer. Mas no entanto, a longo prazo, somente a democracia tira proveito disso: pois todos os partidos sãp agora obrigados a lisonjear o "povo" e a conceder-lhe facilidades e  liberdades de toda espécie, com que ele acaba por tornar-se onipotente. O povo está longíssimo do socialismo como doutrina da alteração do modo de adquirir a propriedade: e se alguma vez, pelas grandes maiorias de seus parlamentos, tiver nas mãos o controle dos impostos, ele investirá com o imposto progressivo contra o principado do capitalismo, do comércio e da Bolsa, e de fato criar´qa lentamente uma situação intermediária, que póde esquecer o socialismo como doença superada. -- O resultado prático dessa democratrização se propagando será primeiramente uma federação européia de povos, na qual cada povo singular, delimitado por convenções geográficas, terá a posição de um cantão e seus direitos particulares: com as recordações históricas dos povos que existiram até agora pouco mais se contará, porque o sentido da piedade por eles, sob o domínio do princípio democrático sequioso de inovações e experimentos, será pouco a pouco erradicado pela base. As correções de limites, que se mostram necessárias para isso, serão executadas de modo a servirem à utilidade dos grandes cantões e ao mesmo tempo à federação inteira, mas não à memória de algum passado acinzentado. Encontrar o ponto de vista para essas correções será a tarefa dos diplomatas futuros, que terão  de ser ao mesmo tempo estudiosos de civilização, agrônomos, conhecedores de comércio, e terão atrás de si, não exércitos, mas razões e utilidades.

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Offline PauloCesar

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Re: O Estado, segundo Nietzsche
« Resposta #24 Online: 21 de Dezembro de 2006, 09:29:23 »
Nietzsche é o cara!

Sem dúvida, um homem à frente de seu tempo. Um dos melhores tópicos que li.
FREE YOUR MIND! - Morpheus

 

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