Acho que os brasileiros têm uma necessidade incontrolável de inventar mitos e heróis para cultuar. Isto é até coerente com o grau de misticismo e credulidade que temos em nosso país. É esta necessidade vital de acreditar em algo simplesmente pelo conforto espiritual ou emocional, independente do fato em si ou das suas consequência práticas.
Para tanto, faz o que for necessário para conseguir associar algum resquício brazuca nos mais inusitados campos.
Este exemplo do Charles Conrad chega a ser patético. Na legenda da foto ele não só é dado como brasileiro, mas como "catarinense"...rs...
O próprio Santos Dumont - considerado por nós como o "pai da aviação" enquanto o resto do mundo coloca os irmão Wright nos livros de história - quase nada tem de brasileiro. Seus avós chamavam Françoise Dumont e Euphrasie Honoré; seu pai Henrique se formou engenheiro na École des Arts et Metiers; o próprio Santos Dumont foi alfabetizado em casa por professoras trazidas da Paris. Estudou, viveu e desenvolveu seus projetos praticamente a vida toda na França. Ou seja, de brasileiro tinha muito pouco.
Todo mundo sabe que o Marcos Pontes só esteve na missão Soyus por pura política e acordos de cooperação Brasil /EUA, e sua participação foi meramente simbólica, assim como o feijãozinho que ele plantou no espaço. Vangloriar-se disto proporciona um misto de ingenuidade e pena.
E assim em todas as áreas. Nós conseguimos achar algo de verde amarelo no filme "O Jardineiro Fiel" ou na vitória da Ferrari na F1.
Creio que poderemos começar a nos orgulhar de algo no dia que sairmos da 62a posição dos países mais corruptos ou que algum pesquisador brasileiro ganhe um Nobel desenvolvendo seus estudos por aqui e não em Harvard. Enquanto isso, nossas universidades federais oferecem cursos de "Terapia Floral"...
Vamos continuar festejando os avanços da ciência independente da nacionalidade das pessoas. E perceber que é feio tentar colocar a azeitona na empadinha dos outros.