Autor Tópico: Nosso lado Neaderthal  (Lida 697 vezes)

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Offline Dr. Manhattan

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Nosso lado Neaderthal
« Online: 08 de Novembro de 2006, 14:06:30 »
Gente, acabou de sair um estudo muito interessante:

Artigo:

http://www.pnas.org/cgi/content/abstract/0606966103v1

Sumário:

http://sciencenow.sciencemag.org/cgi/content/full/2006/1106/1?rss=1

Agora mais técnico:

http://johnhawks.net/weblog/2006/11/08#introgression_faq_2006

(encontrado no blog do P.Z. Myers, http://www.scienceblogs.com/pharyngula/ )

Resumindo: foram encontrados indícios de que um dos nossos genes, relacionado ao desenvolvimento cerebral,
surgiu a cerca de 1 milhão de anos em uma linhagem de hominídeos, mas só apareceu entre humanos a cerca de
37000 anos atrás e desde então se espalhou rapidamente. A explicação mais provável é que esse gene apareceu
entre nós devido ao cruzamento com outros hominídeos, provavelmente com Neadertais. Ou seja, aparentemente
um cruzamento com nossos primos menos brilhantes está relacionado com o desenvolvimento de nossa menina
dos olhos: nosso cérebro hipertrofiado!  :D



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Alan Watts

Offline Tash

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Re: Nosso lado Neaderthal
« Resposta #1 Online: 08 de Novembro de 2006, 14:08:16 »
Os cérebros dos neandertais eram mais volumosos, não eram? Acho que volume do cérebro também é irrelevante. não é o único fator. Os Floresienses tinham um bem pequeno e tinham bastante inteligência...

Offline Dr. Manhattan

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Re: Nosso lado Neaderthal
« Resposta #2 Online: 08 de Novembro de 2006, 14:10:59 »
Os biólogos aqui devem saber mais sobre isso, mas acho que é bom sermos cautelosos acerca de qualquer
relação causal direta entre esse gene e o volume do nosso cérebro (se bem que um pouco de hipérbole não
faz mal  :hihi: )
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Alan Watts

Offline LIAN

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Re: Nosso lado Neaderthal
« Resposta #3 Online: 08 de Novembro de 2006, 14:18:41 »
Tash, o importante é a proporção volumes cerebral/tamanho do corpo! É tem que ver mais detalhes desse trabalho. Como disse Päabo, é preciso encontrar o alelo (haplótipo D) do Neandertal ainda (parece que esse pesquisador tá tentando conseguir mais dados sobre genoma dessa espécie). O que não será nada fácil!
"Não consigo me convencer de que um Deus caridoso e onipotente teria propositalmente criado vespas parasitas com a intenção expressa de alimentá-las dentro de corpos vivos de lagartas." Charles Darwin

Offline Südenbauer

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Re: Nosso lado Neaderthal
« Resposta #4 Online: 10 de Novembro de 2006, 13:55:41 »
>10/11/2006  - 09h16
Cérebro humano herdou gene neandertal, diz estudo
[/b]

Reconstituição de neandertal

MARCELO LEITE
Colunista da Folha de S.Paulo

Bruce Lahn continua subversivo. O geneticista da Universidade de Chicago, que deixou a China por razões políticas em 1989, subverte agora a noção de que os seres humanos modernos, Homo sapiens, se distanciam de hominídeos arcaicos pelo desenvolvimento cerebral. Ao menos no caso de um gene, isso pode ser exatamente o que os aproxima, relíquia de um provável episódio de miscigenação com neandertais.

O trabalho foi publicado on-line nesta semana pelo periódico "PNAS" (www.pnas.org).

Seu foco recai sobre o gene microcephalin (ou MCPH1). Em 2005, ele havia indicado uma origem muito recente, 37 mil anos, para a variante mais comum dessa seqüência de DNA (apelidada de "haplogrupo D"). Quando ocorrem mutações sérias no MCPH1, o cérebro cresce só até alcançar um quarto de seu tamanho normal.

Esse tipo de gene faz sucesso em qualquer população, pois a maioria dos indivíduos com versões deficientes dele acaba morrendo antes de se reproduzir. Como mutações neles raramente compensam, a maioria das pessoas tem seqüências muito similares. O haplogrupo D está presente em cerca de 70% dos humanos, hoje.

Nos outros 30% está presente o haplogrupo que Lahn chama de "não-D", muito diferente do primeiro. A análise estatística de sua estrutura indica uma origem bem mais antiga: 1,1 milhão de anos. Como a espécie humana tem cerca de 200 mil anos, uma versão do gene é muito mais recente e outra, muito mais antiga do que ela. Isso sugere que duas populações ficaram sem cruzar por mais de 1 milhão de anos.

Neandertais conviveram com humanos modernos até uns 35 mil anos atrás --data próxima do haplogrupo D. Lahn convenceu-se de que a estirpe atual recebeu pronta dos primos neandertais a versão vantajosa do gene MCPH1. "Nós não fomos capazes de chegar a outros modelos que pudessem explicar de modo razoável nossos dados", afirma.

As coisas teriam corrido assim: a linhagem que deu origem ao H. sapiens manteve por centenas de milhares de anos a variante não-D, enquanto D surgia no H. neanderthalensis; após a migração do H. sapiens da África para Europa e Ásia e seu encontro com H. neanderthalensis, um raro acasalamento teria introduzido D no genoma de homens modernos, onde fez enorme sucesso.

Para Sergio Danilo Pena, geneticista da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o trabalho é "demasiadamente especulativo". "Como [Lahn] não pode explicar a discrepância das coalescentes [variantes], ele usa isso para argumentar que ocorreu a introgressão de um gene neandertal em humanos", afirma Pena, que alerta não ter analisado em detalhe o trabalho.

Lahn ressalva que outro ancestral hominídeo pode também ter sido pai e mãe do gene humano MCPH1 encorpado: "Embora favoreçamos neandertais como a fonte potencial do alelo [variante] D, deixamos aberta a possibilidade de outra população Homo arcaica menos conhecida."

Svante Pääbo, renomado pesquisador da área na Alemanha, disse à newsletter "ScienceNow" que Lahn apresentou a evidência mais convincente até agora dessa mistura. E avisou que vai procurar a variante D no DNA que já obteve de neandertais. Lahn torce por isso à maneira oriental: "Tenho mais do que uma esperança tênue de que o alelo D apareça no DNA neandertal, mas meu sentimento sobre essa perspectiva está longe da certeza".

Fonte: Folha online

 

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