Essa é uma variação do Dilema do Prisioneiro.
A melhor estratégia, é claro, é não apertar o botão. Aliás, o melhor é destruir o tal botão.
Um ponto importante que ajuda a lidar com essa família de dilemas é considerar a história passada e futura; não adianta conseguir alguma vantagem imediata se isso comprometer seriamente as interações futuras.
O Luiz praticamente leu meus pensamentos

. Um dado: pouco depois do 11 de Setembro, assisti a uma palestra
de um jornalista canadense especialista em Oriente Médio. Ao ser perguntado sobre a melhor reação aos atentados,
ele disse justamente que a opção ideal era não fazer nada... Só que deixou claro que essa era uma opção
politicamente inviável. O povo americano exigia uma resposta. Todos estavam com raiva (hell,
eu estava
com raiva. No dia seguinte aos ataques eu dizia que os americanos deveriam jogar umas bombas atômicas
no Afeganistão!) É um dos defeitos da democracia: o poder está nas mãos do povo, mas isso não quer dizer que
a decisão do povo é sempre a melhor [1].
Quanto à questão do botão, estou ciente que é um problema idealizado. Na prática, a primeira leva de mísseis
seria em grande parte dirigida contra silos de mísseis americanos e outras instalações militares. Não retaliar
nesse caso seria aceitar a destruição de seu poderio militar (sem falar que o ataque poderia ser limitado).
Outro dado importante é que, ao contrário do que se pensa, um ataque nuclear não destruiria
todo os
EUA e Russia, por isso (do ponto de vista dos estrategistas - pra mim isso é loucura desde o começo) não
destruir as instalações do inimigo seria arriscar ocupação. Obviamente, nesse caso seria impossível na prática
definir "quem ganhou".
[1] Um outro defeito é que, numa ditadura, podemos sempre colocar a responsabilidade por crimes contra a
humanidade nos ombros do ditador. Numa democracia a responsabilidade é compartilhada. Por isso temos todo o
direito de culpar o povo americano por Guantánamo, por exemplo [2].
[2] Naturalmente, a democracia, mesmo defeituosa, é muito melhor que a alternativa.