Eu acho que é isso mesmo que você diz. Fica bem claro na passagem: "Bem-aventurados os pobres de espírito pois deles é o reino dos céus". Pobre de espírito, eu entendo aquele que não cultiva o saber enriquecendo o espírito. É a elegia da ignorância. Logo, filosofia, ou qualquer outro estudo é desnecessário. O conhecimento divino foi revelado, qualquer outro saber inútil.
A religião cristã é a religião das massas -- nada mais natural que se concentrasse em preceitos populares. Deus é um pai amantíssimo; Cristo, o filho obediente e redentor; Maria; a boníssma mãe, sempre disposta a perdoar. Em lugar do conhecimento a fé; em lugar de pensar, sentir. As massas abraçaram o novo credo de coração, pois era tudo o que esperavam; era tudo que queriam.
Certa vez, li um artigo, não me lembro qual, que dizia que o cinema se caracterizava por elementos populares. Um herói um tanto ingênuo, mas digno e honesto, frente a um mundo cruel e frio. Ele sofreria por sua humildade e valor e venceria ao fim. Este é jesus -- o arquétipo pop. Cabem no clichê, Maria, a mãe arquetípica, doadora, sofredora, pobre, humilde, ignorante; e Deus-pai, o sábio e justo, o tolerante. As massas gostam de coisas simplificadas.