"Fóssil do Dia", prêmio para os "bandidos" na reunião do clima Austrália, Canadá e Arábia Saudita, e até mesmo o Brasil, fizeram o "papel do bandido" em Nairóbi, segundo o cálculo do prêmio "Fóssil do Dia", "concedido pelas ONGs aos países com comportamentos mais reprováveis durante a Conferência sobre Mudança Climática realizada na capital queniana.
Austrália e Canadá empatam com 17 menções cada um, enquanto a Arábia Saudita obteve nove; o Japão, seis; a União Européia, três; os Estados Unidos, três, e o Kuwait, dois. O Brasil teve uma.
Por comparar sua vulnerabilidade perante a mudança climática à da África e dos países do Pacífico, a Austrália levou o prêmio logo no começo da conferência e ganhou a medalha de ouro no pódio do "Fóssil do Dia".
A Arábia Saudita ficou em segundo por pedir o mesmo tratamento no chamado Fundo de Adaptação, ferramenta de financiamento do Protocolo de Kyoto que, segundo as ONGs, "deve se concentrar nos países mais vulneráveis".
O reino do Golfo Pérsico ganhou novamente o prêmio dias depois por sugerir que fosse tirado da agenda um ponto sobre as emissões dos aviões e do transporte marítimo, não incluídas no Protocolo de Kyoto, mas que são muito poluentes.
A União Européia foi coroada com um "fóssil" quando apoiou uma tecnologia que permite inserir dióxido de carbono (CO2) na crosta terrestre que, segundo as ONGs, é experimental demais para ser colocada em prática, e sua eficácia ainda precisa ser provada.
O Brasil é o único país latino-americano agraciado. As ONGs reconhecerem a seu "postura radical (do país) para evitar que sejam fortalecidos e ampliados os esforços para proteger o clima", em relação à revisão do Protocolo discutida em Nairóbi.
Mais para o final da reunião, o Brasil deu sinais de que poderia flexibilizar sua posição.
O prêmio "Fóssil do Dia" é concedido pela Rede de Ação Climática, uma coalizão de ONGs que trabalham sobre o aquecimento global e que teve ainda um convidado de honra e prêmio "Fóssil do Século": o presidente americano, George W. Bush.
Os Estados Unidos são responsáveis por entre 20% e 24% das emissões mundiais de gases do efeito estufa, mas se negam a ratificar o Protocolo de Kyoto.
Na conferência de Nairóbi, os EUA tiveram uma presença bastante discreta. Os americanos só levarão para casa um prêmio "Fóssil do Dia", por bloquear a apresentação de um relatório da Convenção sobre Desmatamento, assunto muito importante, pois a queimada de florestas produz 20% das emissões globais de CO2.
Mas seu vizinho do norte, o Canadá, levou uma saraivada de críticas na conferência, e as ONGS não deixaram passar nenhum deslize.
O primeiro prêmio de Ottawa foi concedido por tergiversar informação, dizendo que seu objetivo é reduzir as emissões entre 45% 65% em 2050.
O país, entretanto, esqueceu de acrescentar que estava usando 2003 como ano base, e não 1990, que é o ano de referência estabelecido em Kyoto, levando um "Fóssil do Dia" e a lembrança de que suas emissões não apenas não caíram, mas subiram 24% até 2003.
A ministra do Meio Ambiente do Canadá, Rona Ambrose, voltou a ser criticada dias depois, após fazer declarações à imprensa como a de que seu país está "cumprindo todas suas responsabilidades do Protocolo de Kyoto, com uma leve exceção: reduzir emissões".
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