
O inglês Alan Moore chegou num ponto em que apenas a presença do nome dele na capa de uma revista já causa euforia entre os leitores de quadrinhos. Apesar disso, ainda há material inédito do escritor no Brasil. São aventuras de super-heróis da metade dos anos 80 feitas para a editora DC Comics. Essas e outras histórias clássicas do período foram reunidas numa edição única, que começa a ser vendida nesta semana ("Grandes Clássicos DC 9 – Alan Moore", Panini, R$ 36,90).
O título se baseia no original: "The DC Universe Stories of Alan Moore". Para o leitor brasileiro, é como se fossem descobertos arquivos secretos do escritor, há muito escondidos. Duvido que muita gente saiba que Moore escreveu histórias do Vigilante, da Tropa dos Lanternas Verdes, do Arqueiro Verde, dos Omega Men. São aventuras que não justificariam uma edição em português, não fosse o fato de terem sido escritas por Moore.
Só a curiosidade da existência delas já justificaria a obra e garantiria a tal euforia para as vendas. Mas o título vai além. Reedita duas das histórias mais lembradas entre os leitores de Batman e Super-Homem, já editadas e reeditadas no Brasil: "A Piada Mortal" e "O que aconteceu com o homem de aço?"
"A Piada Mortal" é uma das mais importantes aventuras de Batman. O homem morcego tem de enfrentar um Coringa bem mais violento do que de costume. Num dos ataques, o vilão deixa a Batmoça paralítica após disparar contra ela, que é filha do Comissário Gordon. O Coringa ainda se dá ao luxo de fotografá-la enquanto ela agoniza. A história é desenhada por Brian Bolland, que também faz a capa deste álbum especial.
Com relação ao Super-Homem, Moore teve uma oportunidade de ouro, daquelas raríssimas de acontecer. O escritor e desenhista John Byrne iria assumir as revistas do homem de aço no fim de 1986. O personagem seria reformulado após a megassérie "Crise nas Infinitas Terras" e ganharia uma nova origem. As edições do mês de setembro seriam as últimas do momento cronológico pré-Crise. O autor inglês teve carta branca para fazer a derradeira aventura do Super-Homem, em duas partes (que saíram nas duas revistas do herói, "Superman" e "Action Comics").
Foi assim que surgiu "O que aconteceu com o homem de aço", que mata alguns coadjuvantes, dá rumo a outros e redefine o futuro do herói, ao lado de Lois Lane. Tudo podia. Nada disso teria importância cronológica para as edições seguintes. Um achado, que coube a Curt Swan ilustrar (o desenhista foi um dos mais famosos a trabalhar com o herói).
"Grandes Clássicos DC – Alan Moore" tem outras histórias que já tiveram versão nacional, como o encontro de Super-Homem com o Monstro do Pântano e o confronto do homem de aço com Mongul. Parte das aventuras tem um texto introdutório de editores ou desenhistas que dividiram o processo de criação com o polêmico escritor. Mas não estranhe: Moore é mencionado, elogiado, mas não foi ouvido. O motivo é simples: ele tem uma briga de longa data com a editora por causa de direitos autorais de "Watchmen" e de "V de Vingança". A DC soube com o álbum aproveitar o prestígio conquistado por Alan Moore. Mais uma vez.
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