Renda de negros ou pardos é metade da dos brancos, indica IBGE
Da Redação
Em São Paulo
Estudo feito com base na Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que os brasileiros que se declaram negros ou pardos têm um rendimento médio equivalente à metade do que é recebido pela população branca, além de possuírem escolaridade inferior aos últimos.
De acordo com o instituto, os negros e pardos recebiam, em média, R$ 660,45 em setembro deste ano. Esse valor representava 51,1% do rendimento médio da população que se declara branca (R$ 1.292,19).
Em todas as regiões pesquisadas, os negros e pardos possuíam rendimentos inferiores aos dos brancos. Mas em Salvador as diferenças foram ainda maiores, já que negros e pardos recebiam pouco mais de um terço do que ganhavam em média os brancos. Porto Alegre registrou a menor diferença nos rendimentos recebidos.
A taxa de desocupação dos negros e pardos (equivalente a 11,8% desses trabalhadores) é superior à dos brancos (8,6%).
Segundo o IBGE, que realiza a PME em seis regiões metropolitanas do país (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo), em setembro de 2006, a população negra ou parda representava 42,8% das 39,8 milhões de pessoas com 10 anos ou mais (considerada idade ativa) nestas áreas.
Escolaridade
Segundo o estudo, a população em idade ativa formada por negros e pardos tinha, em média, 7,1 anos de estudo, um ano e meio menos que a população branca (com 8,7 anos de estudo, em média).
Entre os jovens negros ou pardos com 10 a 17 anos, 6,7% não freqüentavam a escola, contra 4,7% dos brancos. Por outro lado, enquanto 25,5% dos brancos com mais de 18 anos freqüentavam ou já haviam freqüentado curso superior, o percentual era de apenas 8,2% entre os negros e pardos. No entanto, o IBGE mostra que houve alguma evolução neste indicador, já que, em setembro de 2002, apenas 6,7% dos negros e pardos freqüentavam ou já haviam freqüentado curso superior.
O IBGE aponta ainda que, embora a soma de negros e pardos representasse menos da metade (42,8%) da população em idade ativa, eles eram maioria (50,8%) entre a população desocupada.
Registro em carteira
De acordo com o levantamento do IBGE, em setembro deste ano, 59,7% dos empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado eram brancos, frente a 39,8% de negros e pardos. O instituto esclarece que a maior participação de brancos nesta categoria se justifica pela sua grande presença nas regiões metropolitanas, com forte participação do emprego formal.
A população branca também era maioria entre os empregados sem carteira assinada (54,5%) e os trabalhadores por conta própria (55,0%), mas os pretos e pardos representavam 57,8% dos trabalhadores domésticos, mostra o IBGE.
Trabalho por setor
O IBGE apurou ainda que, levando-se em consideração o ramo de atividade, no total das seis regiões metropolitanas, os segmentos da construção e dos serviços domésticos foram os que mostraram predominância dos negros e pardos, que eram 55,4% das pessoas ocupadas na construção e 57,8% das pessoas ocupadas nos serviços domésticos.
No outro extremo ficam os serviços prestados às empresas e intermediação financeira, atividades imobiliárias, com 34,6% de profissionais negros e pardos.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/economia/ultnot/2006/11/17/ult82u6394.jhtm
A pesquisa: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=737&id_pagina=1
Uma pergunta aos mais matematicamente habilidosos: essa "metade" da renda nas mesmas atividades e com as mesmas qualificações pode ser uma distorção matemática produzida pelo cálculo da média? É o que acredito que seja. Explico: divide-se áreas em que se ganhe mal, e áreas em que se ganhe bem. Imaginando um gráfico que representasse a área que paga mal, se teria na maior parte uma linha que sobe de forma bastante tênue, mas é precedida por uma subida muito íngreme à esquerda, representando uma área comparativametne pequena de pagamentos péssimos.
Esses pagamentos péssimos não tem proporcional na mesma área de rendimento ruim. Agora, nessa área toda, é mais ocupada principalmente por negros; com isso, os negros é que tem a maior probabilidade de ocuparem também os salários péssimos, que vão distorcer a média do rendimento deles para baixo, algo que não ocorre com os brancos por serem menos nessa área e tendo menor probabilidade de pegar os pagamentos péssimos. O mesmo, mas inversamente, ocorre em um outro gráfico inverso de áreas em que se ganha bem, mas aí a maioria é de brancos, que tem maior probabilidade então de estarem em um pequeno pico de rendimento, que eleva a média de rendimento dos brancos artificialmente, enquanto a dos negros fica mais próxima da moda ou algo parecido com isso.
Não acho que só isso talvez explique, bem como uma maior probabilidade de se ganhar menos simplesmente por ser mais pobre e vice-versa; por exemplo, sendo eletricista ou costureiro num bairro pobre, provavelmente trabalhará para pobres, que vão poder pagar menos e requisitar menos serviços de cada vez, e o inverso num bairro mais rico. Talvez seja principalmente acentuado isso, e meio combinado com o que propus anteriormente, por disparidades regionais como estados ricos do Sul terem bem menos negros, daí é bem razoável se esperar que uma empregada doméstica branca lá acabe ganhando bem mais do que uma negra na Bahia, por exemplo.