Autor Tópico: Física quântica e livre arbítrio  (Lida 1317 vezes)

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Offline Spinn

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Física quântica e livre arbítrio
« Online: 07 de Dezembro de 2006, 17:39:49 »
Olá a todo o pessoal do Clube Cético, há algo que gostaria muito de compartilhar com vocês, e quem sabe com vocês aprender também.

Eu sempre tive muita afinidade ao que se costuma chamar de "Teoria computacional da mente". Isto é dizer que sempre acreditei que nosso cérebro, assim como o sistema nervoso central de todos os seres vivos conhecidos, se assemelhavam muito a computadores comuns, diferindo destes não em qualidade mas apenas em complexidade.

Isto têm muitas implicações filosóficas, pois aborda questões fundamentais como se existe tal coisa como o livre arbítrio ou se é uma mera ilusão, o que é considerado vida e pode um robô suficiente complexo ser considerado um ser "vivo", o que é a consciência e como alcançá-la artificialmente. Qualquer um que pense no cérebro humano como num computador há de chegar aos mesmos questionamentos.

Minha afinidade por este modelo só aumentou quando tive a oportunidade de ler os três livros de Steven Pinker: "Como a Mente Funciona", "Tábula Rasa" e "O Instinto da Linguagem" - os dois primeiros, em especial o "Tabula Rasa", eu diria que é leitura obrigatória para qualquer um que se considere cético.

Este modelo é muito interessante, e sou muito apegado a ele, mas já deve fazer mais de um ano, vi um documentário na Discovery aonde um neurocirurgião falava de como temos uma idéia bastante equivocada sobre o funcionamento dos neurônios, acreditando que funcionam de forma bastante parecida a transistores de silício servindo apenas de chaves lógicas do tipo "passa corrente/não passa" ou, mais comumente "1/0". Aparentemente, um neurônio pode fazer o trabalho de um computador inteiro!

Eu vi este conceito voltar lendo o Estado de São Paulo, aonde se mencionava um "Neurônio Halle Berry". Se tratava de um estudo nos Estados Unidos aonde era pedido a voluntários que pensassem na atriz Halle Berry. O resultado surpreendente foi que em muitos, apenas um neurônio foi ativado para lembrar da atriz. Isto não acontecia com qualquer lembrança mas algumas em especial.

Este comportamento do neurônio só pode ser explicado se deixarmos de lado a idéia de que o neurônio é uma simples chave "liga/desliga".

Voltando ao neurocirurgião da Discovery, ele acreditava que os neurônios funcionavam num nível sub-molecular. Neste nível, efeitos quânticos se fazem bastante evidentes e não seria de se surpreender que a mente humana, neste caso, fosse fortemente afetada pela mecânica quântica.

Um dos princípios fundamentais da mecanica quântica é o princípio da incerteza de Heizenberg. A meu ver, se comprovado que o neurônio funciona a nivel quântico, o princípio da incerteza bastaria para provar a existência de um genuíno livre arbítrio.

Mas não termina aí, pois sei que existe uma série de efeitos bizarros na mecanica quântica e os teóricos da área parecem não descartar a possibilidade de existirem "universos paralelos" pelos quais partículas sub-atômicas vêm e vão seguindo leis que, juro que não compreendo.

Não sei quanto a vocês, mas estas idéias têm movido um bocado com o meu ceticismo e abre minha mente para possibilidades antes nem mesmo cogitadas por mim.

um abraço a todos vocês,
estarei esperando para ver se há respostas.
"Cogito, ergo sum"

Offline HSette

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Re: Física quântica e livre arbítrio
« Resposta #1 Online: 07 de Dezembro de 2006, 18:09:19 »
Você já leu “A Mente Nova do Imperador”?

É um trabalho do físico Roger Penrose (que foi parceiro do Stephen Hawking em vários trabalhos), e que estuda essa questão que você levantou.

Pelo que sei, a linha que ele segue, nesse campo específico, não é bem vista pela comunidade científica, mas enfim…

Eu comecei a ler mas desisti, pois comecei a achar meio “viajante”, sem falar que tenho o arquivo no PC, mas em espanhol, o que, querendo ou não, dificulta bem.
Se conseguir uma versão traduzida, pretendo retomar a leitura.

La pregunta de si se puede afirmar o no que un artefacto mecánico piensa —quizás incluso que experimenta sentimientos, o que posee una mente—, es antigua.Sin embargo, ha recibido un
nuevo ímpetu con la llegada de la moderna tecnología de las .computadoras. Es una pregunta que implica profundos temas de filosofía. ¿Qué significa pensar o sentir? ¿Qué es la mente? ¿Existe
realmente la mente? Suponiendo que sí existe, ¿en qué medida depende de las estructuras físicas a las que está asociada? ¿Podría existir la mente al margen de tales estructuras? ¿O es
simplemente el modo de funcionar de ciertos tipos de estructuras físicas? En cualquier caso, ¿es imprescindible que las estructuras importantes sean de naturaleza biológica (cerebros) o podrían
también estar asociadas a componentes electrónicos? ¿Está la mente sujeta a las leyes de la física? ¿Qué son, de hecho, las leyes de la física?
"Eu sei que o Homem Invisível está aqui!"
"Por quê?"
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Chaves

Offline Spinn

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Re: Física quântica e livre arbítrio
« Resposta #2 Online: 07 de Dezembro de 2006, 18:45:16 »
Você já leu “A Mente Nova do Imperador”?

Não Sette, mas já ouvi falar deste livro. Há anos, eu tinha começado a ler um livro de Penrose chamado "The Large, the Small and the Human Mind", la ele cita o livro que você mencionou (em Inglês: "The Emperor's New Mind").

Na época eu parei porque simplesmente não consegui acompanhar o livro... era muito difícil.

Tentei ler o livro novamente, há quase um ano, depois de ter muito mais bagagem física, mas, novamente, tive que parar porque a partir de um certo capítulo, eu lia palavras que simplesmente não faziam mais sentido...

talvez ele não saiba se expressar muito bem...  :P
"Cogito, ergo sum"

Offline HSette

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Re: Física quântica e livre arbítrio
« Resposta #3 Online: 07 de Dezembro de 2006, 20:47:39 »
Spinn, pelo jeito nós dois teríamos algum problema de entendimento em relação ao Penrose.

Aliás, como somos dois e ele um só, o problema deve ser dele. :-)
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Chaves

Offline Spinn

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Re: Física quântica e livre arbítrio
« Resposta #4 Online: 07 de Dezembro de 2006, 21:31:53 »
Aliás, como somos dois e ele um só, o problema deve ser dele. :-)

Com certeza! Duas mentes brilhantes como as nossas não podem estar erradas  :hihi: :hihi:
"Cogito, ergo sum"

Offline Hugo

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Re: Física quântica e livre arbítrio
« Resposta #5 Online: 07 de Dezembro de 2006, 22:31:27 »
Mas não termina aí, pois sei que existe uma série de efeitos bizarros na mecanica quântica e os teóricos da área parecem não descartar a possibilidade de existirem "universos paralelos" pelos quais partículas sub-atômicas vêm e vão seguindo leis que, juro que não compreendo.

Universos paralelos... bahh... teoria esdrúxula.

A teoria quântica está, eu concordo, questionando muitos conceitos da ciência moderna, porém, só isso não derruba esses conceitos.

Precisamos avançar mais nesse campo para tomarmos decisões seguras e fora de suposições metafísicas.
"O medo de coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião". (Thomas Hobbes, Leviatã)

 

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