Autor Tópico: "Fim da cláusula de barreira cria instabilidade perversa nas regras", diz Lucia  (Lida 699 vezes)

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Offline Oceanos

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"Fim da cláusula de barreira cria instabilidade perversa nas regras", diz Lucia Hippolito

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Da redação

O Supremo Tribunal Federal derrubou a cláusula de barreira, que exigia de partidos pelo menos 5% de votos para deputado federal em todo o país. "É um absurdo, cada vez mais se confirma a incapacidade que o Brasil tem de se cumprir uma simples lei", diz Lucia Hippolito, sobre a lei aprovada em 1995. "Os partidos tiveram 11 anos para se adaptar ou fazer uma outra lei, aperfeiçoando, modificando ou até mesmo derrubando, mas 'empurraram com a barriga' e deixaram para o Supremo, numa espécie de 'terceiro turno' das eleições", avalia.

A cientista lembra que a lei da verticalização também já foi derrubada, depois de servir a duas eleições, e a da reeleição está prestes a ser, depois também de reeleger dois presidentes. "Com o fim da cláusula de barreira", afirma, "cria-se uma instabilidade nas regras que é perversa." Lucia ainda questiona: "como é que se vai realizar qualquer reforma política se sempre tem alguém vai recorrer?"

"Não se trata de ser a favor ou contra, trata-se de cumprir a lei", diz a colunista do UOL News, que também pergunta. "O que acontece com os partidos que acharam que a lei era para valer e se adaptaram a ela? Instalou-se a confusão porque os partidos que não quiseram se adaptar, respeitar a lei, saíram ganhando."

Lucia chama atenção para o fato de que os partidos 'nanico' voltam a ser privilegiados, assim como as legendas de aluguel, em detrimento dos partidos que fizeram esforço forte para poder superar a cláusula de barreira. "5% dos votos em todo o território nacional não é muito que se pede e depois o partido não iria desaparecer, apenas o funcionamento parlamentar dele seria proporcional ao tamanho dele", diz.

"Vamos ter uma situação inédita na história do Parlamento brasileiro. O presidente da Câmara dos Deputados, que é sai sempre da maior bancada, sairá de um partido 'nanico'", lembra a cientista, que faz questão de frisar que a palavra 'nanico' não tem sentido pejorativo, apenas é o que eles representam perto dos grandes partidos. E destaca: "A tranqüilidade do PC do B, de Aldo Rebelo propondo a candidatura dele a presidente da Câmara, tudo já fazia crer que estava armado esse circo, esse cenário para se derrubar a cláusula de barreira."
Fonte: http://noticias.uol.com.br/uolnews/brasil/2006/12/07/ult2492u291.jhtm

Offline HSette

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Re: "Fim da cláusula de barreira cria instabilidade perversa nas regras", diz Lucia
« Resposta #1 Online: 08 de Dezembro de 2006, 07:30:05 »
Esse nosso país é complicado.
Quando aparece uma idéia boa, aquela turma Congresso faz a lei toda errada, obrigando o Judiciário a detoná-la.
Suspeito que eles agiram de má-fé.
Aprovaram para ficarem bem com a opinião pública, mas fizeram errado por puro corporativismo.
"Eu sei que o Homem Invisível está aqui!"
"Por quê?"
"Porque não estou vendo ele!"

Chaves

Offline Donatello

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Re: "Fim da cláusula de barreira cria instabilidade perversa nas regras", diz Lu
« Resposta #2 Online: 11 de Dezembro de 2006, 17:32:01 »
Digamos que alguém quisesse matar todos os católicos do planeta (não que isso seja uma boa idéia) e sugerisse bombardear incessantemente a Alemanha até que não restasse uma só alma viva em território germânico. Sem entrar no mérito das questões morais relativas a um holocausto religioso, já que esta foi apenas uma metáfora, a tática seria duplamente imbecil, retardada, idiota, digna das menos dotadas cabeças do planeta: pelo mero fato de que nem é verdade que na Alemanha só vivem católicos e muito menos é verdade que todos os católicos vivem na Alemanha.

Pois era exatamente esta a idéia da cláusula de barreira, que tombou esta semana por decisão unânime do Supremo Tribunal Federal: a meta era limitar a atuação de partidos de aluguel(leia-se: partidos com pouco ou nenhum elo ideológico, cujas existências servem mais a acordos econômicos, religiosos e corporativos do que políticos), para isso, dizia a lei, deveria se retirar o poder dos partidos pouco votados. Esqueceram de dizer aos imbecís dos legisladores duas coisas:

   1.

      O partido mais votado do país (PMDB) e outros partidos de grande porte (PL e PTB, pelo menos) encaixam-se perfeitamente no que se define como partido de aluguel.
   2.

      Alguns dos partidos menos votados como PCO, PSTU e PC do B estão longe desta definição: são partidos que (não se atine para o fato de serem todos de esquerda) possuem cartilhas ideológicas muito bem amarradas e militâncias coerentes com elas. Não é costume ver estes partidos se aliando a outros com os quais não tenham proximidades de pensamento econômico, social e político.

Se ficasse valendo, a cláusula cometeria a proeza de dar superpoderes a homens como Paulo Maluf e Pudim e, em contrapartida, lançar ao limbo político indivíduos como Gabeira e Chico Alencar (que, mais uma vez, não se pese as posições à esquerda ou à direita dos exemplos).


Por enquanto está derrubada, mas o próprio STF admite que a qualquer momento a maldita pode voltar, basta uma manobra do Congresso…

Offline Pregador

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Re: "Fim da cláusula de barreira cria instabilidade perversa nas regras", diz Lucia
« Resposta #3 Online: 12 de Dezembro de 2006, 08:58:44 »
É evidente que isso já mostra e "remostra" que no Brasil, principalmente em relação ao jogo político, jamais haverá mudança que seja interesse da nação contrário ao dos políticos. Mas é verdade que esta cláusula de barreira asfixia partidos pequenos que jamais poderão crescer. O que ocorre é partidos que até tem ideologia serem forçados a se incorporarem a um partido maior que não tem ideologia, como o PMDB, o PT, PSDB etc. Também é exigir demais, faz de conta que quase a totalidade dos congressistas tem alguma posição ideológica, não passam de um bando de oportunistas. Ideologia só serve para discurso aqui.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Rodion

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Re: "Fim da cláusula de barreira cria instabilidade perversa nas regras", diz Lucia
« Resposta #4 Online: 12 de Dezembro de 2006, 09:08:31 »
é essencial que haja partidos fortes e poucos. se por um lado a representatividade é prejudicada, por outro o país tem muito a ganhar.
ainda, os partidos nanicos de esquerda têm uma militância muito ativa e não precisam tanto do financiamento público e do horário eleitoral gratuito.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Donatello

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Re: "Fim da cláusula de barreira cria instabilidade perversa nas regras", diz Lucia
« Resposta #5 Online: 21 de Dezembro de 2006, 18:48:00 »
Durante todo o período que a cláusula vigorou a justificativa para tal era o combate aos partidos de aluguel. A justificativa para ela ter sido inventada foi a "necessidade imperiosa de combater o aluguel de legendas"...

Se a justificativa levantada para defender a cláusula de barreira fosse a luta contra os partidos nanicos eu seria contra mas em outros termos.Mas não é o caso: sempre se disse que a cláusula de barreiras iria ajudar a limitar o papel dos partidois de aluguel e isso tornava a medida algo de uma imbecilidade monstrusa, pois que nem atacava todos os partidos de aluguel e nem atacava somente a partidos de aluguel.


Offline Donatello

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Re: "Fim da cláusula de barreira cria instabilidade perversa nas regras", diz Lucia
« Resposta #6 Online: 21 de Dezembro de 2006, 18:55:34 »
Quanto à necessidade ou não de que haja fortes vínculos ideológicos dentro de um partido:eu acredito que se não for considerada esta necessidade então deve-se pensar no banimento dos partidos políticos: todos eles, os grandes e pequenos. Afinal, se não for para unir pessoas que pensam assuntos políticos com proximidade então eles não servem pra nada, são mais non-sense do que aqueles clubes de chá para velhinhas ricas.

O PFL, por exemplo, não é um partido de aluguel, é um partido de fato; se eu vejo um político do PFL eu sei que ele vai votar contra o aborto, contra a legalização do consumo e do tráfico de drogas, ou, se for vereador que ele vai votar a favor da substituição de cobradores de transporte coletivo por maquininhas e vai exigir em plenário o combate implacável aos vendedores ambulantes: isso é um partido! Se não for assim é melhor que não haja organização partidária.


 

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