Autor Tópico: Alguém tem alguma NOÇÃO de religiosidade afro-brasileira?  (Lida 1876 vezes)

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rizk

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Alguém tem alguma NOÇÃO de religiosidade afro-brasileira?
« Online: 10 de Maio de 2005, 11:41:46 »
Sempre que maio chega, e com ele as provas, eu me pego pensando que
1) Inferno astral existe;
2) Não entendi nada do curso até agora.

Eis que tenho que responder às seguintes questões, se alguém quiser palpitar é MUITÍSSIMO bem vindo!

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3 – Identifique o lugar da religiosidade nas sociedades que se articulam a partir da navegação atlântica: a lusitana, as africanas e a luso-afro-americana (ou brasileira). Expicite a expectativa que a gente comum de cada uma dessas sociedades tinha com relação à esfera do sobrenatural, o papel que a magia e/ou a religião desempenhavam para as pessoas, e que lugar ocupavam nas estruturas sociais.


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4 – Calundus, candomblés e umbandas são crenças e práticas formadas, em maior ou menor grau, a partir de sistemas culturais africanos. Discorra sobre cada uma dessas práticas indicando as suas matrizes específicas, as semelhanças e diferenças entre elas e as particularidades de cada uma no que diz respeito às suas relações com os grupos dominantes da sociedade brasileira nos diferentes tempos em que tiveram existência histórica.


Aaaah me ajudem!  :oops:

Unbedeutend_F_Organisch

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Re.: Alguém tem alguma NOÇÃO de religiosidade afro-brasileir
« Resposta #1 Online: 10 de Maio de 2005, 13:14:24 »
Eu estudei isso naquele livro Seitas e Heresias  :lol:  :lol:  :lol:  :lol:

Pô a primeira eu tenho uma sugestão, a religiões afro-americanas eram proferidas por escravos(a camada social em que estavam) e a religiosidade deles está um pouco ligado a esperança de libertação(deduzo, pode não ter ocorrido) ou também adaptação cultural do catolicismo.
Eu lembro de um hino" Kumbaya , my lord" é gospel, mas pode ser um exemplo da esperança de ser livre como na África, ah ! sem contar a Libéria que foi formado com ex-escravos dos E.U.A e não leia(é brincadeira!) Casa Grande e Senzala de um Gilberto Dimenstein pois parece que ele passa o pano e diz que os escravos viviam aqui em harmonia com sua condição
Os lusitanos tá na cara que são ou classe média alta ou classe alta(pelo menos antes da sociedade ficar menos preconceituosa com os mulatos,miscigenados e negros)
Sobre as afros, talvez seja bom buscar por animismo, não sei se falta de informação minha mas o animismo puro se perdeu na procura por adaptação ou complemento(não objetivamente, mas culturalmente, um tipo de deus que satisfazesse o sofrimento e necessidades).

Offline Rodion

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Re.: Alguém tem alguma NOÇÃO de religiosidade afro-brasileir
« Resposta #2 Online: 10 de Maio de 2005, 13:27:34 »
wikipedia, minha querida hehe
http://en.wikipedia.org/wiki/Umbanda
talvez ajude.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Hold the Door

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Alguém tem alguma NOÇÃO de religiosidade afro-brasileira?
« Resposta #3 Online: 10 de Maio de 2005, 14:14:13 »
Não sei se ajuda, mas encontrei uma página com referências bibliográficas sobre o assunto:

http://www.religiosidadepopular.uaivip.com.br/bibliografiaafro.htm

Citação de: Unbedeutend Organisch
[..] e não leia(é brincadeira!) Casa Grande e Senzala de um Gilberto Dimenstein[..]


Gilberto Freyre.
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Offline Osias

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Re.: Alguém tem alguma NOÇÃO de religiosidade afro-brasileir
« Resposta #4 Online: 10 de Maio de 2005, 14:32:50 »
sei... mulher tem preguiça de estudar e poe tudo quanto é homem pra fazer a lição de casa dela...

Unbedeutend_F_Organisch

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Alguém tem alguma NOÇÃO de religiosidade afro-brasileira?
« Resposta #5 Online: 10 de Maio de 2005, 14:38:24 »
Citação de: Angelo Melo
Não sei se ajuda, mas encontrei uma página com referências bibliográficas sobre o assunto:

http://www.religiosidadepopular.uaivip.com.br/bibliografiaafro.htm

Citação de: Unbedeutend Organisch
[..] e não leia(é brincadeira!) Casa Grande e Senzala de um Gilberto Dimenstein[..]


Gilberto Freyre.


Não é o Dimenstein?! Nossa viajei...

rizk

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Re.: Alguém tem alguma NOÇÃO de religiosidade afro-brasileir
« Resposta #6 Online: 10 de Maio de 2005, 17:55:48 »
A pergunta que fica é: que diabo é calundu?!?
E tipo, tenho que entregar isso em exatas 25 horas. Achei que ia dar tempo de ler tudo... mas vai dar, sempre dá, e eu sempre digo que não vou mais ser procrastinadora e que, cacete, tive duas semanas pra escrever essa prova, mas DUH pra mim.

Em relação às perguntas 1 e 2, não temos antropólogos in the house, né?

Marco, o Dimenstein é um que fala de educação na Folha. Gosto dele mais ou menos. O Freyre já li e não gostei e não me serve de nada. E do resto, a pergunta não é bem essa, e você não tinha como saber, portanto valeu DEMAIS do mesmo jeito.

Bruno, valeu pela lembrança! A gente entra em pânico e esquece das coisas!

Ângelo, mais bibliografia NÃO!!!

Osias, pode aloprar que eu mereço.

Aurélio, garanto que minha relação com a macumba é meramente etílica.  :lol:

Offline Hold the Door

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Re: Re.: Alguém tem alguma NOÇÃO de religiosidade afro-brasi
« Resposta #7 Online: 10 de Maio de 2005, 18:20:04 »
Citação de: rizk
E tipo, tenho que entregar isso em exatas 25 horas. Achei que ia dar tempo de ler tudo... mas vai dar, sempre dá, e eu sempre digo que não vou mais ser procrastinadora e que, cacete, tive duas semanas pra escrever essa prova, mas DUH pra mim.


Sempre existe o recurso de chupinhar as respostas de um colega menos procrastinador.
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Offline Luis Dantas

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Re.: Alguém tem alguma NOÇÃO de religiosidade afro-brasileir
« Resposta #8 Online: 10 de Maio de 2005, 18:26:53 »
Fonte: http://www.polbr.med.br/arquivo/wal0204.htm

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P - No Norte e Nordeste houve-se falar muito no chamado Calundu. O que o senhor pode nos dizer a respeito deste fenômeno?

R - Outro conceito que não se pode dizer que corresponda a uma psicose, mas que seguramente corresponde a um fenômeno do âmbito psiquiátrico é o chamado Calundu. Os brasileiros do Norte e particularmente da Bahia se habituaram desde pequenos a ouvir em Calundu como correspondente a uma distimia irritável. Há determinadas pessoas que, em certos dias, diz-se assim, "já acordam com os seus calundus" - já acordam zangadas, sensíveis quanto a tudo que lhes acontece e, nestes dias, são evidentemente capazes de reações incomparavelmente mais agressivas do que o que acontece na média do seu humor normal.

Calundu foi também palavra usada com uma intenção de referir certos festins de pretos africanos, mas o Calundu no sentido de disforia, no sentido de distimia irritável, teve, diferentemente do Banzo, interpretação religiosa. Parece que, em nenhum momento, foi atribuída ao Banzo uma causa relacionada com castigos ou com influências de Orixás ou de diabos. Ao invés disto, o Calundu foi visto como um estado de possessão. Diferente dos outros estados de possessão, porque nos outros, como acontece habitualmente no Estado de Santo, há uma modificação imediata, uma modificação transitória da consciência quanto à identidade pessoal, enquanto que a pessoa com Calundu não sabe que está sendo possuída por essa divindade que a faz assim irritadiça.



Fonte: http://www.ufop.br/publica/revifac1/resumo1.htm
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O Calundu-Angola de Luzia Pinta: Sabará, 1739
Luiz Mott
UFBA- Salvador
Resumo
Pouquíssimo se sabe a respeito dos rituais afro-brasileiros no período colonial. A descoberta do processo contra a liberta angolana Luzia Pinta, residente nas Minas do Sabará no segundo quartel do século XVIII, constitui um marco importante na reconstrução da gênese das religiões afro-brasileiras, por revelar a vertente angola desses rituais, posto conhecermos até então apenas proto candomblés de inspiração loruba. O objetivo desse artigo é reconstruir a biografia de nossa primeira mãe-de-santo da nação Angola a ser presa e sentenciada pelo Tribunal do Santo Oficio. Acompanhamos Luzia Pinta desde quando, menina na Mãe-Africa, até perdê-la no anonimato da história. Particular atenção conferimos à reconstituição dos rituais que essa mãe-de-santo praticava em seu calundu nos arredores da Vila de Sabará: os paramentos e alfaias que utilizava, sua liturgia e clientela, assim como as recorrências entre esse calundu e os rituais Xinguilla praticados no Reino de Angola.
Concluímos resgatando os passos do calvário dessa calunduzeira, desde sua denúncia junto ao Comissário do Santo Ofício local, até seu interrogatório, defesa e tortura nos cárceres secretos da Inquisição de Lisboa, culminando com a leitura de sua sentença no Auto de Fé e degredo.
Palavras-chave: Religiões afro-brasileiras - Século XVIII - Minas Gerais - Calundu



Fonte: http://www.samba-choro.com.br/s-c/tribuna/samba-choro.0403/0426.html

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Socorrendo-me do Dicionário de Regionalismos Angolanos de Óscar Ribas:


 


 


Calundo, s.m. Cemitério. Loc. Ir para o - : morrer, ser sepultado.


 


Calundu, s.m. Espírito de elevada hierarquia e evolução. Loc. Subirem os - à cabeça: ficar excitado (por efeito de irritação). Bras. Orixá.


Os calundus representam almas de pessoas que viveram em época remota, numa distância de séculos. Podem ser: medicantes, justiceiros e protectores. E consoante a longa idade que atingiram, destinguem-se: o diculu, que e ancião; e o diculundundu, que é ancião de mais avançada idade.


Transmitem-se por herança, principalmente pelo ramo materno. Mas só através de rito evocatório, constituindo a renitência de uma enfermidade a manifestação de seu desejo de posse mediúnica. Portanto, actuam nos viventes, deles fazendo seu instrumento de actividade, quer falando, quer agindo. Formam uma família espiritual em relação ao seu paciente.


Aportuguesamento do quimbundo Kilundu, result. De Kulundûla (herdar). Alusão ao modo de transmissão.


 


Calunduísmo, s.m. Doutrina religiosa fundada no culto de espíritos de extintos remotos e dos de antepassados pessoais, quer recorrendo-se à mediunidade - comunicação entre os vivos (seres encarnados) e os mortos (seres desencarnados) - quer pelo cumprimento de práticas materiais. Espiritismo negro, ou baixo espiritismo, segundo qualificação de outras doutrinas, ditas "espiritismo científico".


Crença nos Calundus.



Veja também:  http://www.religiosidadepopular.uaivip.com.br/cultoafrobrasileiro.htm
Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

rizk

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Re.: Alguém tem alguma NOÇÃO de religiosidade afro-brasileir
« Resposta #9 Online: 10 de Maio de 2005, 23:33:18 »
Felizmente consegui ler tudo, está tuuuudo fazendo sentido agora! Vim dar um tempo aqui. Já vou começar escrever agora, depois posto pra vcxs lerem! Agradecidíssima a todos!
(Dantas, já disse que te amo e idolatro? O Calundu estado-de-espírito, achei que fosse algo tipo o "blue", valeu esta informação!)

Pensei hoje o dia inteiro, por que a gente se foca tanto nas religiões cristãs? Como é que, os raros de nós que xingam o Kardec, não falam absolutamente NADA da umbanda? Que, a meu ver, é MUITO parecida?

Offline Jonh Ford

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Re.: Alguém tem alguma NOÇÃO de religiosidade afro-brasileir
« Resposta #10 Online: 11 de Maio de 2005, 14:09:30 »
Umbanda, Candomblé, Santeria são credos de origem animista: adoram forças da natureza simbolizadas por seus antepassados e acreditam que os espíritos deles governam (ou interferem) na vida dos vivos.

Kardecismo, como a Teosofia, é um tipo de proposta religiosa, não declarada como tal, surgida no século XIX, quando o cristianismo tradicional (católico ou protestante) estava em crise de identidade.

Mescla elementos de um cristianismo pré Concílio de Nicéia (Jesus não é Deus; não há trindade, etc.), com elementos orientais (reencarnação e samsara hindu) e credos animistas ancestrais de qualquer lugar (contato com os espíritos ancestrais, mediunidade).

Kardecismo é meio samba do crioulo doiodo, mas é plausível que tenha feito sucesso no Brasil, país miscigenado por natureza. No Brasil, tem um aspecto mais religioso que na França, onde tem pouquíssimo admiradores.

No resto do mundo Kardec é ignorado, mas há várias credos espiritualistas, sem muita unidade entre si (definitivamente não formam uma Igreja) que abrigam crenças similares.

 

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