Autor Tópico: A lógica do Capital  (Lida 383 vezes)

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A lógica do Capital
« Online: 06 de Janeiro de 2007, 02:23:38 »
A LÓGICA DO CAPITAL

A empresa alemã ThyssenKrupp vai “importar” 600 trabalhadores chineses para a construção de uma usina siderúrgica no Rio de Janeiro. O termo importação é apropriado, pois os chineses serão tratados como mercadoria. Virão ao Rio, ficarão instalados num alojamento junto à obra e, encerrado os trabalhos, retornam à China.

Talvez nem tenham tempo de conhecer o Rio de Janeiro, já que a siderúrgica será construída no afastado distrito industrial de Santa Cruz. A globalização chega à mão-de-obra, mas não na mobilidade de cruzar fronteiras a seu bel prazer, como o capital, mas na forma de pacote fechado de grandes empreendimentos.

A ThyssenKrupp não está trazendo diretamente os chineses. Ela está contratando uma empresa chinesa para construção de uma coqueria, que incluiu no seu preço – barato, naturalmente – a vinda de trabalhadores chineses. Segundo informação do jornal Valor, a idéia da empresa chinesa era trazer 4 mil trabalhadores, mas o ministério do Trabalho “só” teria autorizado 600.

A lógica do capital é reduzir ao máximo o custo do seu investimento. Certamente não passou pela cabeça da ThyssenKrupp trazer trabalhadores alemães, organizados e caros, e até o trabalhador brasileiro foi preterido. Tem chinês de sobra no mercado, a preço de banana. Melhor, só a escravidão. Mas essa foi abolida no Brasil, embora alguns empresários e fazendeiros ainda a utilizem em rincões remotos do país.

Surpreendente, também, principalmente num país governado por um ex-operário metalúrgico, é a autorização para a importação de mão-de-obra estrangeira. Se trabalho abundasse por aqui, ainda seria discutível, mas com os índices de desemprego brasileiros é inadmissível.

Pior ainda é que, além de permitir a vinda da mão-de-obra, o governo vai conceder isenção de impostos para a importação de bens de capital. Tudo bem que foi feita a ressalva de que não exista similar nacional, mas daqui a pouco o país estará pagando pelo investimento.

A situação, além de questionável eticamente, pode ser explosiva. Imagina como estes chineses serão recebidos pela legião brasileira de desempregados ansiosa por obras de grande porte que absorvem grande volume de mão-de-obra? Conflitos podem explodir com conseqüências trágicas.

Para trazer este contingente, a empresa alegou tratarem-se de engenheiros, o que deveria ser verificado com lupa. Se inicialmente seriam 4 mil trabalhadores chineses, o que fariam os demais? Depois, 600 engenheiros parece ser exagerado mesmo para uma obra de porte como a construção de uma coqueria. Em nenhum momento foi revelado quantos trabalhadores brasileiros serão empregados na obra civil da coqueria.

O ministério do Trabalho, encabeçado pelo ex-dirigente sindical Luiz Marinho, tem todas as condições de verificar esses dados. Que o faça antes que a situação se transforme em novo motivo de vergonha para o Brasil.

http://www.intellibusiness.com.br/diretodaredacao/noticias/not=3081

 

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