Cheney rejeitou oferta do Irão para estabilizar Médio OrienteAbel Coelho de MoraisFonte:
DNTeerão propôs a Washington um pacote de medidas, em 2003, que contribuía para o abrandamento das tensões no Médio Oriente e abria caminho para a normalização das relações entre os Estados Unidos e o regime iraniano.
A revelação foi feita ontem pela cadeia de televisão BBC, depois de ouvir o coronel Lawrence Wilkerson, chefe de gabinete de Colin Powell quando este desempenhou as funções de secretário de Estado. A BBC teve acesso ao documento iraniano que continha aquelas propostas e que chegou aos diplomatas americanos por intermédio das autoridades helvéticas. Naquele, Teerão propunha suspender o apoio ao Hamas e ao Hezbollah libanês, disponibilizava-se para a estabilização do Iraque e garantia a transparência do seu programa nuclear.
Segundo o chefe de gabinete de Powell, o Departamento de Estado achou interessante o documento "e que se estava perante um bom momento" para prosseguir uma via de aproximação com o regime iraniano. Mas esta perspectiva foi contrariada "quando chegou ao gabinete do vice-presidente", Dick Cheney, a "reacção foi a de que 'não falamos' com essa gente". Wilkerson, em Outubro passado, afirmara ao Washington Post que Cheney e Rumsfeld "forjaram uma cabala que fez refém a diplomacia americana".
Segundo a BBC, o Irão propunha naquela época os objectivos que Washington pretende hoje concretizar no Médio Oriente. Em troca, Teerão exigia o fim das atitudes de hostilidade dos EUA ao regime islâmico.
A hostilidade de Washington ao Irão continua viva como se pôde ver ontem pela reacção à entrega dos mísseis russos terra-ar Tor-M1 a Teerão. Um porta-voz do Departamento de Estado disser "não ser este o sinal apropriado a enviar a um Governo sujeito sanções da ONU", devido ao seu programa nuclear.
No início da semana, o Pentágono confirmou a deslocação de novo porta-aviões, o USS John C. Stennis, para a região do Golfo num gesto considerado uma exibição de força face ao regime iraniano.