Autor Tópico: Evangélicos acusados de assédio(religioso) na Força Aérea  (Lida 1734 vezes)

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Unbedeutend_F_Organisch

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Evangélicos acusados de assédio(religioso) na Força Aérea
« Online: 12 de Maio de 2005, 19:28:27 »
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12/05/2005
Evangélicos acusados de assédio na Força Aérea
Religiosos impõem suas crenças aos cadetes de academia militar


Laura Goodstein
Em Nova York

Uma capelã da Academia da Força Aérea descreveu um problema "sistêmico e disseminado" de proselitismo religioso na academia e disse que um programa de tolerância religiosa que ela ajudou a criar para lidar com o problema foi minado depois de ser apresentado aos oficiais superiores, incluindo o brigadeiro que é o capelão chefe da Força Aérea.

A capelã da academia, capitão Melinda Morton, falou publicamente pela primeira vez quando uma equipe da Força Aérea chegou à academia em Colorado Springs nesta terça-feira (10/05) para investigar as acusações de que oficiais, membros da diretoria e cadetes mais antigos se valem de forma inapropriada das suas posições para impor crenças evangélicas aos cadetes da Força Aérea.

A academia começou a desenvolver um programa de tolerância, chamado Respeitando os Valores Espirituais de Todas as Pessoas, ou RSPV na sigla em inglês, em resposta a uma pesquisa realizada no ano passado. A pesquisa demonstrou que mais da metade dos cadetes disse ter sido alvo de comentários religiosos depreciativos ou piadas quanto às suas crenças dentro da academia.

Por mais de um ano, a Força Aérea vem procurando responder a acusações de alguns alunos, funcionários e cadetes de que os cristãos evangélicos em posições de liderança na academia estão criando um ambiente discriminatório.

Oficiais da Força Aérea dizem que a força tarefa enviada por eles à academia nesta semana é uma demonstração de que estão levando as acusações a sério. Os investigadores devem divulgar um relatório preliminar em 23 de maio.

Em uma entrevista na terça-feira, a capitã Morton, uma luterana que é capelã da academia há dois anos e meio, disse que a recepção inicial ao programa de tolerância ajudou a demonstrar qual é o clima na instituição.

Ela disse que o programa RSVP foi significativamente alterado após ter sido examinado no outono passado por cerca de 300 membros da diretoria e oficiais da academia. Oficiais militares confirmaram que o programa foi alterado, mas disseram que tais mudanças são rotineiras no desenvolvimento de um programa de treinamento dessa espécie.

Entre os que examinaram o programa estava o brigadeiro Charles C. Baldwin, chefe dos capelães de toda a Força Aérea, que se aproximou da capitão Morton após a avaliação e perguntou a ela, "Por que é que os cristãos nunca vencem?", em resposta a algumas das simulações, contidas no programa, das interações entre cadetes de diferentes religiões.

Em uma entrevista na quarta-feira (11), o brigadeiro Baldwin admitiu ter feito o comentário e disse que fez objeções porque um número demasiadamente alto de cenas no programa RSVP original mostra os cristãos incorrendo em erro devido às tentativas excessivas de evangelizar outros cadetes.

"Em todo cenário, onde cadete se encontra com cadete no salão, em todas as vezes era o cristão que tinha que se desculpar e dizer, 'Me perdoe, eu fui um insensível para com as suas necessidades'", disse Baldwin. "Creio que essa não é uma situação equilibrada, e que os cristãos irão se aborrecer se todas as vezes forem considerados os culpados".

O brigadeiro Baldwin disse que pediu à Força Aérea que cancelasse segmentos do programa relativos a religiões não cristãs, como o budismo, o judaísmo e as doutrinas espirituais dos índios norte-americanos, assim como um trecho de "A Lista de Schindler", o filme sobre o Holocausto que ganhou o Oscar em 1993.

O programa RSPV, que originalmente tinha 90 minutos, após os cortes ficou com apenas 50. E a capitão Morton diz que em vez de educar sobre outras religiões, ele foi reformulado de forma a enfatizar uma mensagem mais neutra: que os cadetes devem respeitar as diferenças mútuas.

Esta é a segunda grande investigação na academia promovida pela Força Aérea nos últimos anos. Uma investigação sobre assédio sexual em 2003 descobriu 150 mulheres que disseram ter sido sexualmente atacadas por outros cadetes, em um inquérito que acabou levando à substituição do alto comando da academia.

A investigação sobre o clima religioso na academia ocorre em um momento de discussão a respeito da linha divisória constitucional apropriada entre igreja e Estado. Os críticos dizem que a academia permitiu que a sua diretoria, incluindo alguns dos capelães, cruzassem tal linha, acusações que estão agora sendo investigadas pela Força Aérea.

"Devido ao fato de termos nos comprometido a examinar todas as alegações, descobriremos o que realmente ocorreu naquele momento e avaliaremos os incidentes", disse o brigadeiro Baldwin.

"A tensão sempre reside em definir quando uma pessoa está cruzando a linha limítrofe, ou quando está agindo como um indivíduo positivamente imbuído de fé, como o nosso presidente".

Os críticos, incluindo a capitão Morton, atribuem o problema em parte à localização da academia, em Colorado Springs, sede de dezenas das maiores igrejas evangélicas do país.

Segundo eles, há uma interação significativa entre a diretoria da academia e as igrejas na região de Colorado Springs, incluindo a Focus on the Family, a Navigators e a Officers' Christian Fellowship.

Um relatório enviado à Força Aérea no final de abril pela Americans United for Separation of Church and State (Americanos Unidos pela Separação entre Igreja e Estado), um grupo com sede em Washington, disse que oficiais e membros da direção da academia fazem a abertura de eventos obrigatórios na instituição com orações, enviam mensagens de e-mail para toda a academia com notas religiosas, e divulgam propagandas no jornal da instituição pedindo aos cadetes que entrem em contato com eles para "discutirem Jesus".

O relatório se baseou em entrevistas com funcionários, professores e cadetes, tanto atuais quanto antigos.

Panfletos com propaganda da exibição do filme "A Paixão de Cristo" foram colocados em todas as cadeiras do refeitório, com a nota: "Esse é um evento oficialmente patrocinado pela Academia da Força Aérea dos Estados Unidos".

No verão passado, uma equipe da Escola Yale Divinity foi convidada a passar uma semana no programa de treinamento básico da academia, avaliando o trabalho pastoral dos capelães, especialmente em relação a vítimas de assédio sexual. Em vez disso, a equipe do Yale descobriu aquilo que chamou em um relatório de "desafios ao pluralismo".

"Pessoas na academia estão fazendo com que os cadetes sintam-se obrigados a servir à vontade de Deus se estiverem engajados em atividades evangélicas, e estão dizendo a eles que tal fato se harmoniza com o serviço militar, além de ser uma extensão deste", denuncia Morton.

A coronel Vicki Rast, que comanda a divisão de "ambiente e cultura" da academia, disse em uma entrevista na quarta-feira (11/05) que o problema na instituição é uma "falta de sensibilidade".

"Estamos encorajando as pessoas a, quando forem submetidas a algo que faça com que se sintam desconfortáveis, procurar determinados indivíduos e falar sobre o problema", diz ela.

Ela contesta a alegação da capitão Morton de que o programa RSVP foi minado. E diz que a academia está desenvolvendo agora mais duas fases do programa RSVP, e que a primeira delas educará os cadetes a respeito das "religiões mundiais".

As entrevistas com funcionários e cadetes precisam ser aprovadas pelo departamento de relações públicas da academia, e quase todos os alunos e professores que foram abordados independentemente nesta semana disseram ter medo de falar porque isso poderia prejudicar as suas carreiras.

O departamento de relações públicas vetou os pedidos de entrevistas com o capelão chefe, coronel Michel Whittington, porque ele foi entrevistado nesta semana por investigadores da Força Aérea.

Com a condição de que o seu nome não fosse divulgado, um funcionário disse: "Há certamente uma impressão por parte dos evangélicos daqui de que a direção está do lado deles. E existe a sensação entre alguns indivíduos que são ateus ou que professam outras variedades de cristianismo de que essa direção não os aceita de fato".

A capitão Morton explica por que decidiu se pronunciar sem autorização do departamento de relações públicas: "Estamos falando aqui sobre a Constituição. É a Constituição e não uma pequena regra que pode ser seguida ou não. Todos nós erguemos as nossas mãos e dissemos que seguiríamos a Constituição, e isso inclui a Primeira Emenda, que prevê que ninguém utilize a força para impor a sua posição religiosa".

"Eu percebi que isso é o fim da minha carreira na Força Aérea", conclui.

fonte:http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2005/05/12/ult574u5417.jhtm

Era esse tipo de ONG que gostaria de ter no Brasil e não AA...


Que vergonha, o Exército não era a instituição que julga a pessoa pelo cárater e não pela raça,religião ou camada social?
Tomara que esse tipo de intimidação seja inibido, os superiores principalmente, eles são o exemplo.

Rhyan

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Re: Evangélicos acusados de assédio(religioso) na Força Aére
« Resposta #1 Online: 12 de Maio de 2005, 19:53:59 »
Citação de: Unbedeutend Organisch
Era esse tipo de ONG que gostaria de ter no Brasil e não AA...

Seja qual for o nome da ONG, um dos objetivos dela será defender o laicismo.

Unbedeutend_F_Organisch

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Re: Evangélicos acusados de assédio(religioso) na Força Aére
« Resposta #2 Online: 12 de Maio de 2005, 20:01:11 »
Citação de: Rhyan
Citação de: Unbedeutend Organisch
Era esse tipo de ONG que gostaria de ter no Brasil e não AA...

Seja qual for o nome da ONG, um dos objetivos dela será defender o laicismo.


1.É ridículo ter um nome para ateus sendo que a organização é para agnósticos e demais

2.Meu interesse não é no laicismo, mas quem vai defender.Apenas os ateus e agnósticos tem esse direito? Não, os religiosos também, inclusive eles ocuparem cargos e serem membros.(vide as últimas votações)

Rhyan

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Re.: Evangélicos acusados de assédio(religioso) na Força Aér
« Resposta #3 Online: 12 de Maio de 2005, 20:16:26 »
1.Corcordo. Por mim seria Brasil Secular.

2.Um grupo com a entrada livre para religiosos, principalmente na diretoria, pode gerar sérios problemas. Sou a favor (nao só eu) que a ONG também lute pelo ateísmo e agnosticismo.

Unbedeutend_F_Organisch

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Re: Re.: Evangélicos acusados de assédio(religioso) na Força
« Resposta #4 Online: 12 de Maio de 2005, 20:23:13 »
Citação de: Rhyan
1.Corcordo. Por mim seria Brasil Secular.

2.Um grupo com a entrada livre para religiosos, principalmente na diretoria, pode gerar sérios problemas. Sou a favor (nao só eu) que a ONG também lute pelo ateísmo e agnosticismo.


2.Também acho devemos defender o ateísmo, mas num contexto maior, de tolerância religiosa- defender direitos de qualquer pessoa discriminada- ninguém demonstrou esse interesse só defender os ateus/agnósticos
Quanto a outro problema, depende de como serão os nossos métodos.Eu acho que dei uma ótima sugestão ao falar em um "poder jurídico"

Offline Rodion

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Re.: Evangélicos acusados de assédio(religioso) na Força Aér
« Resposta #5 Online: 12 de Maio de 2005, 20:42:34 »
não vejo problema nos religiosos laicistas. tomem o osias, ou o maykon, por exemplo. caso quisessem entrar, eu não me oporia.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Poindexter

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Evangélicos acusados de assédio(religioso) na Força Aérea
« Resposta #6 Online: 12 de Maio de 2005, 20:54:32 »
É absurdo proibir religiosos de entrarem! Como se vai saber quem é e quem não é? Perguntando na folha de inscrição? Haveria um aviso ali dizendo que, se se marcar que é religioso, não entra? A pessoa depois seria avisada que a inscrição não foi aceita porque ela é religiosa? Ela descobriria por conta própria? E se alguém mentir no questionário?

Quem ajuda, ajuda e cresce! Quem não ajuda, simplesmente não ajuda e é só!

Offline Alenônimo

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Evangélicos acusados de assédio(religioso) na Força Aérea
« Resposta #7 Online: 12 de Maio de 2005, 23:21:48 »
Citação de: Poindexter
É absurdo proibir religiosos de entrarem! Como se vai saber quem é e quem não é? Perguntando na folha de inscrição? Haveria um aviso ali dizendo que, se se marcar que é religioso, não entra? A pessoa depois seria avisada que a inscrição não foi aceita porque ela é religiosa? Ela descobriria por conta própria? E se alguém mentir no questionário?

Quem ajuda, ajuda e cresce! Quem não ajuda, simplesmente não ajuda e é só!
Teístas vão poder entrar sim, mas vão seguir outros critérios para garantir que não são teístas do tipo troll. Só isso... Precisamos definir uma regra bem complexa que expressa mais ou menos isso e que garanta que ninguém vai tentar burlar o estatuto para causar arruaça.
“A ciência não explica tudo. A religião não explica nada.”

rizk

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Re.: Evangélicos acusados de assédio(religioso) na Força Aér
« Resposta #8 Online: 13 de Maio de 2005, 01:02:15 »
Troll só existe online, querem saber? Ninguém vai gastar tempo, saliva e adrenalina pra aloprar a ONG. E se tentar, monta uma comissão de ética e suspende o palhaço. Fim.

E, a sério também, são tão poucos os religiosos que EVENTUALMENTE quereriam algo com uma associação como a que pretendemos, que a gente nem precisa pensar nisso. E ação jurídica RULEZ. Nada impede que a AA trabalhe na garantia dos direitos de crença; na verdade, acho que é meio que obrigação dela.

Offline Jonh Ford

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Re.: Evangélicos acusados de assédio(religioso) na Força Aér
« Resposta #9 Online: 13 de Maio de 2005, 11:48:30 »
Malvados teístas se infiltram em ONG laica com propósito de desmoraliza-la... Meio viagem aí não?

Há religiosos que defendem o laicismo, inclusive por medo que o ESTADO interfiram em suas crenças. Uma ONG laica poderia agrupar diversos tipos de simpatizante, sem discriminação.

Agora, se o objetivo é uma ONG cética, ou agnóstica, ou atéia a parada é outra!

Offline Luis Dantas

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Re: Re.: Evangélicos acusados de assédio(religioso) na Força
« Resposta #10 Online: 13 de Maio de 2005, 13:59:58 »
Citação de: rizk
Nada impede que a AA trabalhe na garantia dos direitos de crença; na verdade, acho que é meio que obrigação dela.


Há um texto em algum site laicista americano que li anos atrás (infelizmente não consigo localizar agora) sobre alguém - talvez um político ou um assessor de político - que teria sido prejudicado por não ser cristão.  A organização laicista assumiu a defesa de seus direitos e mais tarde começou a vir à tona evidência de que talvez ele fosse cristão afinal de contas.  

Perguntaram então ao representante da organização laicista se havia algum risco de retirarem seu apoio aos direitos dele.  Ele respondeu enfaticamente que não, de jeito nenhum.  Pois mesmo que a pessoa em questão fosse muito carola, ainda assim ela estava sendo vítima do mesmo tipo de discriminação que se pretendia evitar que ateus e agnósticos sofressem.

Acho que essa história tem uma boa lição para todos nós.  Na minha visão pessoal pelo menos, a ONG deve defender direitos, não tentar restringi-los.  E ficar querendo barrar teístas e/ou religiosos apenas por não serem "laicistas juramentados" é bobagem na melhor das hipóteses.  Se o Edir Macedo resolver lutar contra as iniciativas que juntam Igreja e Estado, e o movimento Hare Krishna decidir fazer piquetes nas portas das prefeituras em prol dos direitos dos ateus, não tenho por que reclamar.
Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Südenbauer

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Re: Evangélicos acusados de assédio(religioso) na Força Aére
« Resposta #11 Online: 13 de Maio de 2005, 19:41:17 »
Citação de: Unbedeutend Organisch
Citação de: Rhyan
Citação de: Unbedeutend Organisch
Era esse tipo de ONG que gostaria de ter no Brasil e não AA...

Seja qual for o nome da ONG, um dos objetivos dela será defender o laicismo.


1.É ridículo ter um nome para ateus sendo que a organização é para agnósticos e demais

2.Meu interesse não é no laicismo, mas quem vai defender.Apenas os ateus e agnósticos tem esse direito? Não, os religiosos também, inclusive eles ocuparem cargos e serem membros.(vide as últimas votações)

Amém...

 

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