Por que perdemos tempo vendo filmes ou lendo livros que contam histórias sobre pessoas que não existem? As novelas da Globo tem um índice absurdo de audiência e vira e mexe são alvo do noticiário por seu impacto no cotidiano. Na novela das oito um milionário interpretado pelo Tiago Lacerda se apaixona pela empregada. A idéia é que o amor é mais forte que as barreiras sociais, não é mesmo, não fosse o fato que a empregada é bonita como uma miss Brasil - ops, ela é interpretada por uma miss Brasil! Com uma empregada dessas eu me apaixono até ficar de quatro.
Eu acho que o teatro, o romance, toda a forma de ficção deriva do desejo de xeretear a vida alheia. A arte faz isso com muita classe; o alto nível das grandes obras acabam acrescentando mais conhecimento ao quadro da condição humana. O que não se contava era com o advento da indústria de entretenimento. Por que a arte sempre foi restrita a uma elitezinha que detinha o monopólio da cultura. A tecnologia revolucionou a forma de fazê-la. Permitiu o acesso negado antes a inúmeras pessoas - uma demanda inteira delas exigiam distração e divertimento. E como não existe demanda que não possa ser explorada por uma indústria, nasceu a indústria do entretenimento. E a indústria precisa vender produto. A produção é feita baseada nos gostos do mercado e o mercado optou pelo entretenimento mais simples e inócuo. Como em qualquer indústria, vence aquela mais apta em captar o gosto do consumidor. Goste-se ou não da Globo, essa empresa é mestre em perceber o que o público quer e vender o seu produto - é um sucesso comercial ímpar. Éticamente, o seu comportamento deixa a desejar.
O que o BBB tem a ver com tudo isso? É um produto comercial feito pela maior empresa do país que dá ao consumidor exatamente o que ele quer. Intriga, paixão, lágrimas, ameaças, vilões, héróis, corpos e rostos bonitos, homens e mulheres lutando conta um mundo adverso em busca de um sonho dourado. O BBB tem o nível dos outros programas da televisão. São produtos de consumo que gastados devem ser jogados fora.