Que dicas vocês dão para quem pretende seguir nessa área?
Atualmente estou no segundo ano e pretendo cursar Física.
Se você tem interesse por pesquisa, sugiro tentar primeiro se informar sobre as linhas de pesquisa da universidade onde estiver estudando (fica implícito que é uma universidade onde se faz pesquisa). Isso não significa adquirir um conhecimento aprofundado de
todas as áreas, pois isso é humanamente impossível, mas conhecer em linhas gerais o que os grupos estão pesquisando (ex.:
teoria quântica de campos, geofísica, matéria condensada, etc.) Em seguida, tentar conseguir uma Bolsa de Iniciação Científica em
um dos grupos que você achar interessante. O dinheiro é pouco, mas você pode começar a se envolver com pesquisa. A grande vantagem desse tipo de bolsa é que o nível de cobrança não é tão grande como o de um mestrado ou doutorado (embora alguns
orientadores tentem explorar os bolsistas) e há sempre a possibilidade de se mudar de área, caso você não goste da atual, sem grandes consequências. Tive colegas que foram bolsistas em 3 laboratórios diferentes, antes de encontrar o assunto que mais os
atraía. Caso você decida que quer realmente ser pesquisador, então um mestrado e um doutorado são fundamentais (embora eu
tenha conhecido um sujeito que partiu diretamente para o doutorado, nos EUA). Acho que no que se refere à pesquisa na pós-graduação, existem duas estratégias: continuar na mesma área ou mudar de área. A vantagem de se continuar na mesma área
da IC é a possibilidade de se poder terminar o mestrado e/ou doutorado mais rápido. A desvantagem é que você pode se tornar um
especialista em um aspecto específico de uma área específica, o que pode ser muito limitante. As vantagens e desvantagens da
segunda estratégia são justamente o inverso: você pode ter um leque maior de especializações, mas tem que perder tempo aprendendo
um assunto novo. Essa questão do tempo se torna importante se você levar em conta que um mestrado pode levar 2 anos, e um
doutorado 4 ou 5. Por isso acho que a dica mais importante é: não perca tempo!
Minha experiência foi a seguinte: mesmo antes de passar no vestibular, eu estava interessado em trabalhar com Física teórica.
Enquanto fazia bacharelado em Física, fui bolsista de iniciação científica, estudando propriedades de semicondutores. Entrei imediatamente no
mestrado, quando resolvi mudar um pouco de assunto e estudei propriedades de modos eletromagnéticos em
superfícies. Dois meses depois de defender a dissertação, entrei no doutorado, e resolvi mudar novamente, e estudar um assunto
que conhecia pouco: materiais magnéticos. Depois do doutorado, fiquei uns anos no Brasil como pós-doc, tentando publicar bastante para
aumentar o currículo. Em seguida consegui uma bolsa de pós-doutorado no exterior, e
mudei novamente de assunto (mas ainda em matéria condensada). Em breve devo retornar ao Brasil e voltar ao limbo de bolsista/contrato temporário enquanto espero que apareçam concursos em lugares interessantes (já deixei passar a oportunidade de
ficar como professor em lugares desinteressantes). Adoro o que faço, e nunca, em momento algum, me arrependí de ter escolhido esse caminho.
Esse tipo de trajetória é bem comum em ciência, não só no Brasil como no exterior, com pequenas diferenças. Por exemplo, nos EUA é comum
as pessoas ficarem de 5 a 10 anos como pós-docs até arranjarem um emprego permanente.
P.S. Se você quiser saber como é a vida do estudante de pós-graduação nos EUA, eu recomendo fortemente o site
www.phdcomics.com (comece pelo arquivo).