Autor Tópico: Vida de cientista  (Lida 2366 vezes)

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Vida de cientista
« Online: 09 de Março de 2007, 18:31:43 »
Sei que existem várias pessoas aqui, principalmente físicos e biólogos, que desejam dedicar as suas vidas à carreira acadêmica, à ciência. Alunos de graduação, mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos, professores universitários, pesquisadores, o que for.

Acho que seria legal que vocês contassem as experiências de vocês, as maiores dificuldades da área, se vocês se arrependem de ter seguido esse caminho, o quanto se sentem estimulados com o que fazem, o que pretendem fazer das suas vidas nos próximos anos em termos profissionais, por que escolheram as suas respectivas carreiras, com quais linhas de pesquisa vocês se envolvem, quais as dificuldades e facilidades (em termos de dinheiro, de reconhecimento, de satisfação, de obstáculos, etc) de ser cientista no Brasil, quem está/esteve no exterior poderia falar sobre as diferenças entre os ambientes acadêmicos do Brasil e do país onde vive, se quer voltar ou não, essas coisas.

A "comunidade científica" aqui no Clube Cético parece ser relativamente grande, pensei em um tópico assim porque seria legal tanto como um intercâmbio entre os foristas da área científica tanto quanto para quem quiser um dia seguir o caminho de você e puder ler isso.

Offline Oceanos

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Re: Vida de cientista
« Resposta #1 Online: 10 de Março de 2007, 11:22:06 »
Eu ainda não sou um cientista (e nem me apresentaria como tal se fosse… talvez me apresentasse como pesquisador, as pessoas tendem a pensar que cientistas são alienígenas :) ), me limito a uma iniciação científica e estou correndo atrás de um projeto para uma tentativa de bolsa na FAPESP (que pretendo enviar até dia 15 desse mês).

Bem, a maior dificuldade que encontro é financiamento para pesquisas, como SEMPRE. Minha universidade particular é só uma empresa que precisa por algum motivo do PIC para receber algum benefício governamental. Ela não faz qualquer pesquisa, por isso não recebe bolsas do CNPouQuinho, e parece que nunca algum aluno de lá recebeu alguma bolsa da FAPESP.

Também não me arrependo ainda dessa área, aliás, depois da minha primeira IC - que ficou uma porcaria - minha vontade de seguir esse caminho só cresceu. Pessoalmente, a maior vantagem de seguir carreira científica é ter a chance de não ter que fazer a mesma coisa todo dia. Renovar meus conhecimentos sempre é o ponto que mais me estimula.

Bem, em um futuro próximo eu pretendo mestrar, doutorar e a partir daí eu não sei. O triste é que ainda não sei muito bem a área; uma área interessante que talvez eu me guine esse ano é a área de embarcados. Meu possível projeto para a FAPESP é nessa linha. :)


Você pretende seguir essa carreira também Miojo? Você faz física, sim?

Offline Thufir Hawat

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Re: Vida de cientista
« Resposta #2 Online: 10 de Março de 2007, 17:20:21 »
Ótimo tópico :ok:! Ao fim desse ano devo me formar em física e tenho muitas dúvidas a respeito do que me aguarda depois de um mestrado e doutorado.
No blog do professor Victor Rivelles, do IFUSP, encontrei um texto (ou melhor, um desabafo) que dá um exemplo de como é difícil ser cientista, até mesmo numa instituição de prestígio como a USP:

Citar
8.3.07
Os dois lados da medalha
Na última reunião da Congregação do IFUSP o presidente da Comissão de Pesquisa do instituto referiu-se de forma extremamente jocosa e desrespeitosa aos docentes que possuem bolsa de produtividade em pesquisa do CNPq e que participam de projetos temáticos da Fapesp. Afirmou que eles são priorizados na distribuição das bolsas de iniciação científica do PIBIC apenas por possuírem "medalhas no peito". Ilustrou suas palavras pretendendo colocar medalhas no seu próprio peito. Cena chocante para uma universidade como a USP! Apesar dos protestos de membros da Congregação nenhuma retratação foi apresentada. Afinal, as palavras poderiam ter sido mal escolhidas e não refletir a posição do presidente da comissão de pesquisa. Mas o que se presenciou a seguir foi um silêncio absoluto, confirmando suas convicções.

Em quase toda universidade existem grupos de professores que tentam inverter a escala de valores acadêmicos. Usualmente requerem tratamento igualitário para os desiguais e procuram a todo custo denegrir a imagem dos colegas que obtém sucesso. Querem, por exemplo, que bolsas e verbas sejam distribuídas eqüitativamente entre grupos de pesquisa bem sucedidos e aqueles sem expressão. Querem que todos os docentes tenham os mesmos direitos e obrigações, numa afronta à escala hierárquica que é a razão do sucesso das universidades desde seus primórdios. O objetivo é sempre o mesmo: promover o ensino e a pesquisa de baixa qualidade. Transformar a universidade num mero escolão de terceira categoria e a "pesquisa" numa atividade diletante sem nenhum profissionalismo. Por isso mesmo é muito fácil identificar os locais nos quais o baixo clero predomina. São aquelas instituições inexpressivas e de baixa categoria. Por outro lado, na maior parte das universidades públicas de sucesso, os docentes com bolsa de produtividade em pesquisa, projetos temáticos, institutos do milênio ou pronex, são altamente prestigiados e sempre assumem posições de liderança, como presidências de comissão de pós graduação e de pesquisa. Isto não acontece no IFUSP. Depois desta reunião ficou a sensação de que devo me envergonhar de ter projetos de pesquisa que se destacam. Que devo esconder o fato de ter bolsa de produtividade em pesquisa. Que devo, enfim, me nivelar por baixo. Pobre IFUSP. Mas pensando bem, a última reunião da congregação rendeu uma medalha, uma medalha para o baixo clero.

Fonte
Archimedes will be remembered when Aeschylus is forgotten, because languages die and mathematical ideas do not. "Immortality" may be a silly word, but probably a mathematician has the best chance of whatever it may mean.
G. H. Hardy, in "A Mathematician's Apology"

Offline Oceanos

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Re: Vida de cientista
« Resposta #3 Online: 11 de Março de 2007, 14:31:24 »
Acho que o maior problema dos meios acadêmicos mesmo deve ser o ego dos pesquisadores. Meu atual orientador saiu da pesquisa por causa disso; ele não aguentava mais a vaidade dos caras.

Narkus

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Re: Vida de cientista
« Resposta #4 Online: 11 de Março de 2007, 18:11:59 »
Sou recém formado em ciência da computação, mas meu sonho é ser filósofo, estudar bastante, participar de debates, pesquisas e escrever livros.

Neste ano pretendo me dedicar a estudar para concursos públicos na tentativa de arrumar um trabalho bom, que me dê estabilidade para que eu possa estudar filosofia e me sustentar, já que aki em floripa o diploma de bacharel em computação não serve pra nada, pois só querem mão-de-obra de programadores e ainda pagam uma merreca! Ou seja, o conhecimento que adquiri na faculdade ñão vai me servir pra mta coisa, pois aki soh tem empresa pequena, de fundo de quintal, do qual não tenho chances alguma de subir sem ter que trabalhar como condenado.

Offline n/a

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Re: Vida de cientista
« Resposta #5 Online: 11 de Março de 2007, 20:04:51 »
Oceanos, pretendo começar o curso de física ano que vem. :)

Offline Oceanos

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Re: Vida de cientista
« Resposta #6 Online: 11 de Março de 2007, 20:20:03 »
Quer seguir carreira acadêmica também?

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Re: Vida de cientista
« Resposta #7 Online: 11 de Março de 2007, 21:08:26 »
Sim! Aliás, abri o tópico pensando nisso. :D

É engraçado, quando eu falo que quero fazer Física as pessoas dizem "que desperdício, você deveria fazer medicina!". No começo eu ficava um pouco chateado, depois de um tempo me acostumei. Eu penso ser triste que um país como o Brasil tenha tão pouca gente procurando os cursos da área científica (basta ver como a relação candidato/vaga dessas carreiras é pequena).

Ano passado tive uma conversa muito agrável com um professor do IFGW, o instituto de física da Unicamp. Além dos relatos sobre o doutorado dele no Caltech, ele deu várias opiniões sobre ciência e educação, conversamos até sobre o Carl Sagan.

Ele fez uma comparação entre a ciência brasileira e o futebol. Se uma criança, ainda novinha, joga bola bem, sempre há alguem perto para olhar e dizer "esse vai dar craque!", "esse vai jogar no timão!". Se essa habilidade continua, alguém dá um jeito de botar o garoto em um clube, de levar para fazer um teste para entrar em um time, etc. A próprio garoto sonha em ser jogador. Talvez por isso que a nossa seleção seja tão vitoriosa.

Mas o mesmo não acontece com o garoto que é bom em ciência. Primeiro que as nossas escolas são a coisa mais desistimulante para quem gosta de ciência. O Marcelo Gleiser disse uma vez que, conhecendo o jeito com que a ciência era ensinada nas escolas daqui do Brasil, era um milagre que houvesse gente que desejasse ser cientista. Se ainda assim o garoto se mostra bom, dificilmente ele vai querer/poder ser cientista. Porque não é estimulado a isso, porque "cientista" é algo muito distante para a maioria. Se um garoto pobre revela ser bom em matemática nas primeiras séries, raramente aparece alguém para dizer "esse vai vai longe, pode esperar um doutorado na família". Ninguém fala "esse garoto vai ser um César Lattes!". As pessoas nem conhecem César Lattes. Muita gente sequer sabe da existência carreira científica/acadêmica. Nós não puxamos as nossas melhores mentes para a ciência. Isso é péssimo para as crianças que são desperdiçadas, isso é péssimo para o país.
« Última modificação: 11 de Março de 2007, 21:10:49 por Ricardo M »

Offline Oceanos

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Re: Vida de cientista
« Resposta #8 Online: 11 de Março de 2007, 21:20:40 »
Isso é bem verdade, infelizmente.

Acho que isso é porque as pessoas sempre te empurram para onde você pode ganhar mais dinheiro. Sempre que digo que quero seguir essa carreira, as ouço que não vou ganhar bem; como se eu já não soubesse. Acho incrível essa falta de compromisso de não querer escolher o que se faz melhor ou o que satisfaz mais a si por causa de salário. Mesmo porque, dinheiro é consequência de bom trabalho.

É triste também que os professores quase nunca lutem pelos seus alunos mais inteligentes; na escola, só conheci uma professora que chegava perto disso.

Meio off: Existe alguma ONG brasileira de incentivo a ciência ou coisa parecida? :)

Offline n/a

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Re: Vida de cientista
« Resposta #9 Online: 11 de Março de 2007, 21:41:05 »
SBPC? Não sei quais são as atividades deles, mas parece ser uma organização séria. Há também a Academia Brasileira de Ciências, ABC, que reúne vários cientistas importantes e reconhecidos. Mas não sei quais as atividades deles também.

E, sobre o salário, não me parece ser exclusividade dos cientistas. Há outras carreiras, algumas muito procuradas, cujos salários reais também são baixos (me passa pela mente o Jornalismo, para servir de exemplo). Outros dizem que o problema na carreira acadêmica é o tempo que se leva para conseguir entrar no mercado de trabalho, entre mestrados, doutorados, pós-doutorados, etc. A mesma coisa acontece, em maior ou menor grau, com medicina e nem por isso as vovós deixam de sorrir de orelha a orelha quando o netinho diz que vai ser médico.

Salário baixo e salário alto é algo muito pessoal. Mas não acho que os cientistas ganhem tão mal assim. Bolsa de mestrado e doutorado não deve ser muito grande mesmo, acho que deve ser o suficiente para sobreviver. Afinal, o rapaz está recebendo para estudar, para a sua formação. Uma bolsa de pós-doutorado da FAPESP passa dos 4000 reais mensais. Não acho que seja pouco. Agora, se existem empregos razoáveis para todos os doutores formados (ou ao menos boa boa parte deles) eu não sei. Talvez alguém saiba responder melhor.

Acho que o pessoal, aqui no Brasil, vê a faculdade como curso profissionalizante, mais preocupados com o diploma do que com o conhecimento, como se a universidade devesse ser uma simples catapulta para o mercado de trabalho. Não sei como é nos outros cantos do mundo e estou falando baseado principalmente nas pessoas com quem convivo mais. Mas conheço pouquíssimas pessoas que desejam entrar na faculdade antes de tudo preocupadas em fazer aquilo que deveria ser óbvio: estudar e aprender.

E, se existe a possibilidade de ganhar a vida fazendo isso, estudando, aprendendo, estou dentro! Se puder estar na fronteira do conhecimento de uma área, melhor ainda!

Offline Guinevere

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Re: Vida de cientista
« Resposta #10 Online: 12 de Março de 2007, 00:13:41 »
Primeiro que as nossas escolas são a coisa mais desistimulante para quem gosta de ciência. O Marcelo Gleiser disse uma vez que, conhecendo o jeito com que a ciência era ensinada nas escolas daqui do Brasil, era um milagre que houvesse gente que desejasse ser cientista.
não precisa de milagre. Tudo que se tem que fazer é matar aula pra ir pra biblioteca estudar ( e ler x-men )

Offline Guinevere

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Re: Vida de cientista
« Resposta #11 Online: 12 de Março de 2007, 00:14:49 »
a propósito, queria ser pesquisadora em ciência da comp também, mas vi que a maioria se quiser tem que também dar aula...

então não sei o que fazer...

Raphael

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Re: Vida de cientista
« Resposta #12 Online: 12 de Março de 2007, 02:58:57 »
Olá a todos. :tchau:

Vou me formar final do ano em Biologia, a amo como se fosse uma parte de meu corpo, adoro esta ciência, sempre gostei. Bem, depois que eu entrei na faculdade, não sabia muito o que queria fazer, achava que iria me interessar por pesquisas e blá blá blá.

Mas depois de ter contato com matérias de educação, fiquei fascinado sobre o tema e começei a pesquisar sobre. Daí então juntei o útil ao agradável, conheci uma menina no local onde trabalho e começei a aprender língua de sinais com ela, ela foi casada com um surdo durante 7 anos, aprendeu bastante coisa e me ensinou bastante coisa também.

Com isso, começei a conhecer mais sobre a surdez, começei a ter vários amigos surdos e decide exatamente isso. Ao me formar, vou fazer pós-graduação em Biologia Molecular na própria faculdade onde estou por me formar, após isso vou fazer um curso politécnico de Libras, para ser intérprete, depois vou me inserir no mercado para ser professor de biologia para surdos.

Bem, é isso. De início, minha meta é trabalhar com surdos, mas certamente não iria dispensar trabalhos com ouvintes, lógico que não, mas quero muito trabalhar é com surdos mesmo.

Abraços.

Offline n/a

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Re: Vida de cientista
« Resposta #13 Online: 18 de Março de 2007, 18:54:26 »
Poxa, mais ninguém? Atheist, Nina, Wolfischer? Roberto, Dr. Manhattan, Angelo Melo, DBohr, Gabriel? E devo ter esquecido vários ainda!

Offline LuizJB

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Re: Vida de cientista
« Resposta #14 Online: 20 de Março de 2007, 22:04:49 »
Bem, sou biólogo e estou no segundo ano do meu mestrado em Ecologia. Trabalho em um laboratório do departamento de ecologia da UFRJ desde minha iniciação científica (2003) até hoje. Trabalho principalmente com ecologia de ecossistemas aquáticos (limnologia) e mais especificamente com produtividade primária de microalgas.

Minha história na biologia é um pouco comum. No meu segundo grau sempre fui um aluno mediócre, nem bom nem ruim. Não tinha preferência por nenhuma matéria até ter aula de biologia com um professor em especial. Com certeza foi com ele que tomei gosto pela biologia e, desde essa época, não me imagino fazendo outra coisa.

Já na faculdade, sempre gostei da parte mais teórica e ecossistêmica da ecologia, tendo um certo descaso com a zoologia e principalmente a genética. Tratando-se de uma ciência muito ampla, a escolha do seu caminho as vezes não é muito fácil. Mas no meu caso eu não tive dúvidas.

Passei toda a minha iniciação científica no laboratório de limnologia da UFRJ, mas no final do ano de 2005 acompanhei o meu orientador, formando um novo laboratório dentro do mesmo departamento. Hoje estamos lutando contra tudo e contra todos. Como se trabalhar com pesquisa já não fosse difícil no brasil, ser dissidente de um poderoso laboratório pode ser ainda pior. Dificuldade em conseguir espaço para trabalhar (hoje dividimos uma sala com o chefe do nosso departamento. Somos o meu orientador, 1 aluno de doutorado, 3 de mestrado e mais 4 de iniciação científica), dificuldade de conseguir financiamento (consegui a pouco tempo atras que um projeto meu fosse aceito na FAPERJ, ainda estamos no aguardo de outros em várias instituições de fomento)...

Tirando todas estas dificuldades, não trocaria por nada o que eu faço hoje em dia. Já estou tentando contatos para o doutorado sanduíche (passei 4 meses na dinamarca na minha iniciação científica, mas talvez tente o doutorado em outro lugar) e procurarei quando voltar ao brasil alguma vaga no meio acadêmico. Se a situação apertar, com certeza tentarei dar aula em alguma universidade particular. Hoje em dia vários cursos (além de ciências biológicas) demandam professores de biologia e, principalmente, de ecologia. Cursos como turismo, engenharia florestal, etc.

Acho que é isso...boa sorte para todos que estão na iniciação científica. Não desanimem, já que a situação só tende a piorar. É o que eu sempre falo para os meus co-orientados :ok:
"Predadores parecem "projetados" de forma bela para caçar presas, enquanto que as presas parecem igualmente "projetadas" de forma bela para escapar deles. De que lado deus está?"
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Offline Pregador

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Re: Vida de cientista
« Resposta #15 Online: 21 de Março de 2007, 10:52:13 »
Bom. Minha área não é científica (Direito) mas pretendo começar uma vida como professor também.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Raphael

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Re: Vida de cientista
« Resposta #16 Online: 21 de Março de 2007, 11:06:35 »
Bom. Minha área não é científica (Direito) mas pretendo começar uma vida como professor também.

Direito tem licenciatura, ou você vai ter que terminar de cursar normalmente e depois se especializar?

Pergunto isso, pois como vou ser professor, já sairei apto a dar aulas com 4 anos de formação.

Offline Pregador

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Re: Vida de cientista
« Resposta #17 Online: 21 de Março de 2007, 11:39:59 »
Bom. Minha área não é científica (Direito) mas pretendo começar uma vida como professor também.

Direito tem licenciatura, ou você vai ter que terminar de cursar normalmente e depois se especializar?

Pergunto isso, pois como vou ser professor, já sairei apto a dar aulas com 4 anos de formação.

Em tese, eu posso dar aulas sendo apenas bacharel. Há vários assim, principalmente advogados que são professores de prática forense, afinal, é a "prática" que importa e não as minúcias teóricas nestas matérias. Mas o MEC recomenta que o professor de direito universitário seja no mínimo pós graduado e que tenha cursado duas matérias de licenciatura superior.

To começando uma pós em direito tributário e tem estas matérias para licenciatura superior.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Raphael

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Re: Vida de cientista
« Resposta #18 Online: 21 de Março de 2007, 13:29:57 »
Bom. Minha área não é científica (Direito) mas pretendo começar uma vida como professor também.

Direito tem licenciatura, ou você vai ter que terminar de cursar normalmente e depois se especializar?

Pergunto isso, pois como vou ser professor, já sairei apto a dar aulas com 4 anos de formação.

Em tese, eu posso dar aulas sendo apenas bacharel. Há vários assim, principalmente advogados que são professores de prática forense, afinal, é a "prática" que importa e não as minúcias teóricas nestas matérias. Mas o MEC recomenta que o professor de direito universitário seja no mínimo pós graduado e que tenha cursado duas matérias de licenciatura superior.

To começando uma pós em direito tributário e tem estas matérias para licenciatura superior.

Sei. Obrigado pela resposta. :ok:
Mas você pretende fazer doutorado, tem doutorado em advocacia?
Foi mal pela ignorância. :(

Offline Zizou

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Re: Vida de cientista
« Resposta #19 Online: 21 de Março de 2007, 14:44:18 »
Vou contribuir com a minha experiência: sou graduando em ciências biológicas pela Universidade Federal de São Carlos(SP) e sou bolsista de iniciação científica pela FAPESP em limnologia, mais precisamente com ecologia de invertebrados bentônicos.

Tirando todas estas dificuldades, não trocaria por nada o que eu faço hoje em dia.

Acho que é isso…boa sorte para todos que estão na iniciação científica. Não desanimem, já que a situação só tende a piorar. É o que eu sempre falo para os meus co-orientados :ok:
Essas duas frases do LuizJB resumem o que eu também penso da vida acadêmica…

Tenho uma experiência também em dar aula, sou professor de cursinho faz um ano e meio...
« Última modificação: 21 de Março de 2007, 14:51:11 por Zizou »
" Meu objetivo é ensinar minhas aspirações a se conformarem com os fatos, em vez de tentar fazer com que os fatos se harmonizem com elas." Thomas Henry Huxley
"Vai lá, vai lá, vai lá, vai lá de coração...vamo São Paulo, vamo São Paulo, vamo se campeão!!!"

Offline LuizJB

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Re: Vida de cientista
« Resposta #20 Online: 21 de Março de 2007, 17:57:29 »
Vou contribuir com a minha experiência: sou graduando em ciências biológicas pela Universidade Federal de São Carlos(SP) e sou bolsista de iniciação científica pela FAPESP em limnologia, mais precisamente com ecologia de invertebrados bentônicos.

Tirando todas estas dificuldades, não trocaria por nada o que eu faço hoje em dia.

Acho que é isso…boa sorte para todos que estão na iniciação científica. Não desanimem, já que a situação só tende a piorar. É o que eu sempre falo para os meus co-orientados :ok:
Essas duas frases do LuizJB resumem o que eu também penso da vida acadêmica…

Tenho uma experiência também em dar aula, sou professor de cursinho faz um ano e meio…

São Carlos, a raiz da limnologia brasileira :) . Fui aluno do Chico esteves até o final de 2005, mas agora formei um novo laboratório na própria UFRJ. Vai no congresso de limno em macaé ? Eu estarei lá :ok:
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Offline Zizou

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Re: Vida de cientista
« Resposta #21 Online: 21 de Março de 2007, 18:05:54 »
São Carlos, a raiz da limnologia brasileira :) . Fui aluno do Chico esteves até o final de 2005, mas agora formei um novo laboratório na própria UFRJ. Vai no congresso de limno em macaé ? Eu estarei lá :ok:
Que bacana...precisamos trocar umas idéias! Sou orientado da profa. Odete Rocha. O Chico Esteves sempre é citado aqui pela galera...Quanto ao congresso, provavelmente estarei lá sim, principalmente se eu conseguir apresentar o meu projeto de iniciação. :)
" Meu objetivo é ensinar minhas aspirações a se conformarem com os fatos, em vez de tentar fazer com que os fatos se harmonizem com elas." Thomas Henry Huxley
"Vai lá, vai lá, vai lá, vai lá de coração...vamo São Paulo, vamo São Paulo, vamo se campeão!!!"

Offline Andre

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Re: Vida de cientista
« Resposta #22 Online: 21 de Março de 2007, 19:39:43 »
Que dicas vocês dão para quem pretende seguir nessa área?

Atualmente estou no segundo ano e pretendo cursar Física.
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Pregador

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Re: Vida de cientista
« Resposta #23 Online: 22 de Março de 2007, 08:31:44 »
Bom. Minha área não é científica (Direito) mas pretendo começar uma vida como professor também.

Direito tem licenciatura, ou você vai ter que terminar de cursar normalmente e depois se especializar?

Pergunto isso, pois como vou ser professor, já sairei apto a dar aulas com 4 anos de formação.

Em tese, eu posso dar aulas sendo apenas bacharel. Há vários assim, principalmente advogados que são professores de prática forense, afinal, é a "prática" que importa e não as minúcias teóricas nestas matérias. Mas o MEC recomenta que o professor de direito universitário seja no mínimo pós graduado e que tenha cursado duas matérias de licenciatura superior.

To começando uma pós em direito tributário e tem estas matérias para licenciatura superior.

Sei. Obrigado pela resposta. :ok:
Mas você pretende fazer doutorado, tem doutorado em advocacia?
Foi mal pela ignorância. :(

Claro que tem, mestrado, doutorado, "pós-doutorado"... Acredite, coisa pra estudar não faltará jamais.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Dr. Manhattan

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Re: Vida de cientista
« Resposta #24 Online: 22 de Março de 2007, 09:50:55 »
Que dicas vocês dão para quem pretende seguir nessa área?

Atualmente estou no segundo ano e pretendo cursar Física.
Se você tem interesse por pesquisa, sugiro tentar primeiro se informar sobre as linhas de pesquisa da universidade onde estiver estudando (fica implícito que é uma universidade onde se faz pesquisa). Isso não significa adquirir um conhecimento aprofundado de
todas as áreas, pois isso é humanamente impossível, mas conhecer em linhas gerais o que os grupos estão pesquisando (ex.:
teoria quântica de campos, geofísica, matéria condensada, etc.) Em seguida, tentar conseguir uma Bolsa de Iniciação Científica em
um dos grupos que você achar interessante. O dinheiro é pouco, mas você pode começar a se envolver com pesquisa. A grande vantagem desse tipo de bolsa é que o nível de cobrança não é tão grande como o de um mestrado ou doutorado (embora alguns
orientadores tentem explorar os bolsistas) e há sempre a possibilidade de se mudar de área, caso você não goste da atual, sem grandes consequências. Tive colegas que foram bolsistas em 3 laboratórios diferentes, antes de encontrar o assunto que mais os
atraía. Caso você decida que quer realmente ser pesquisador, então um mestrado e um doutorado são fundamentais (embora eu
tenha conhecido um sujeito que partiu diretamente para o doutorado, nos EUA). Acho que no que se refere à pesquisa na pós-graduação, existem duas estratégias: continuar na mesma área ou mudar de área. A vantagem de se continuar na mesma área
da IC é  a possibilidade de se poder terminar o mestrado e/ou doutorado mais rápido. A desvantagem é que você pode se tornar um
especialista em um aspecto específico de uma área específica, o que pode ser muito limitante. As vantagens e desvantagens da
segunda estratégia são justamente o inverso: você pode ter um leque maior de especializações, mas tem que perder tempo aprendendo
um assunto novo. Essa questão do tempo se torna importante se você levar em conta que um mestrado pode levar 2 anos, e um
doutorado 4 ou 5. Por isso acho que a dica mais importante é: não perca tempo!

Minha experiência foi a seguinte: mesmo antes de passar no vestibular, eu estava interessado em trabalhar com Física teórica.
Enquanto fazia bacharelado em Física, fui bolsista de iniciação científica, estudando propriedades de semicondutores. Entrei imediatamente no
mestrado, quando resolvi mudar um pouco de assunto e estudei propriedades de modos eletromagnéticos em
superfícies. Dois meses depois de defender a dissertação, entrei no doutorado, e resolvi mudar novamente, e estudar um assunto
que conhecia pouco: materiais magnéticos. Depois do doutorado, fiquei uns anos no Brasil como pós-doc, tentando publicar bastante para
aumentar o currículo. Em seguida consegui uma bolsa de pós-doutorado no exterior, e
mudei novamente de assunto (mas ainda em matéria condensada). Em breve devo retornar ao Brasil e voltar ao limbo de bolsista/contrato temporário enquanto espero que apareçam concursos em lugares interessantes (já deixei passar a oportunidade de
ficar como professor em lugares desinteressantes). Adoro o que faço, e nunca, em momento algum, me arrependí de ter escolhido esse caminho.
Esse tipo de trajetória é bem comum em ciência, não só no Brasil como no exterior, com pequenas diferenças. Por exemplo, nos EUA é comum
as pessoas ficarem de 5 a 10 anos como pós-docs até arranjarem um emprego permanente.


P.S. Se você quiser saber como é a vida do estudante de pós-graduação nos EUA, eu recomendo fortemente o site
www.phdcomics.com   (comece pelo arquivo). :)
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

 

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