Ela diz que a matemática é uma ciência, logo de cara, Luis. Acredito que a primeira sugira que ela é uma linguagem, não? Bem, como você costuma dizer que tenho problemas cognitivos, poderia me explicar a real diferença entre uma afirmação e outra, por obséquio.
Vamos por partes. Eis as três opções, modificadas por um código de cor.
Vermelho para o que discordo diretamente
teal para o que acho controverso ou ambíguo
azul para o que acho correto e importante
preto para o que não me parece particularmente notável
- A Matemática é uma disciplina cujo objeto de estudo transcende este mundo, mas ainda assim se impõe inexorávelmente a ele e ao nosso intelecto.
- A Matemática é uma ciência que, como todas as demais, estuda os fenômenos deste mundo, distinguindo-se por ser a mais abrangente.
- A Matemática é a ciência que formaliza nossas intuições acerca de grandezas, quantidades, relações conjuntos, formas etc.
Comentários:
0) Nesta enquete a palavra ciência está sendo usada praticamente como sinônimo de "disciplina", o que a rigor é impróprio mas é também bastante usual. Por isso coloquei as referências à palavra como teal em vez de vermelho.
1) Na primeira alternativa, transcende é uma palavra um tanto esotérica demais para meu gosto, mas é fato que o objeto da matemática NÃO é o mundo real. De fato, a maior fraqueza da matemática é que ela não tem QUALQUER ligação formal com o mundo real; a aplicabilidade dos modelos matemáticos à realidade é sempre feita por conta e risco dos seres humanos que a usam, nunca da própria matemática.
2) A matemática pode ou não ser considerada ciência, mas certamente é única, exatamente porque NÃO ESTUDA ESTE MUNDO. Eu diria até que ela explicitamente estuda um mundo que não é o real, um mundo em que uma reta pode ser infinitamente fina e ao mesmo tempo conter infinitos pontos.
3) O grande mérito da matemática realmente é sua extrema, até absoluta, capacidade de formalização. A matemática é perfeita e completa, ainda que não completamente "compreendida". Mas o seu objeto de estudo é fechado em si mesmo, completamente abstrato. Superlativamente útil em comparações com o mundo real, sim, mas ainda assim completamente abstrato.