Autor Tópico: O estado deve gastar com a arte?  (Lida 4193 vezes)

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Offline Herf

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Re: O estado deve gastar com a arte?
« Resposta #25 Online: 30 de Abril de 2007, 14:44:15 »
Citação de:  Buckaroo Banzai
Eu acho que depende do que se refere por arte. Não fosse o maldito modernismo, seria sim a favor, na maior parte do tempo, acho. O modernismo, em páreo com as religiões, é uma das maiores evidências da habilidade do ser humano em ser engabelado, de como impostores e espertos podem se dar bem.

E o engraçado e/ou trágico, é que possivelmente há "céticos" apreciadores de "arte" modernista… e ironicamente acho que todos já ouviram a história da "roupa nova do imperador", mas não ligam os pontos. Não seria tão terrível não fosse o fato de terem havido obras do modernismo como "branco sobre branco" e "pintura abstrata".

Citação de: Spitfire
Já estive envolvido na elaboração da IV Bienal do Mercosul, em 2005, bastante acessível ao público… muitas obras lindíssimas foram exposta… mas paralelo a isto vi cada merda (como por exemplo uma artista chilena que fez uma mesa e um banco de concreto com caldinho de defunto   Nojo ) e ser pago um horror de dinheiro por estas merdas.

Critérios e bom senso… as vezes falta.

Eis aí o ponto central: uma coisa que é de tremendo mal gosto para uns é de grande genialidade para outros. Como definir o que é de mal gosto e o que é genial? Por que privilegiar o quadro rabiscado de um em detrimento do frasco com as minhas fezes, ou vice-versa?

Como decidir o que merece mais ser bancado com o dinheiro público?

Impossível, pois arte não é racional. É emocional, subjetiva, pessoal.

Isso deve ficar nas mãos da iniciativa privada.
« Última modificação: 30 de Abril de 2007, 14:47:25 por Procedure »

Offline Herf

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Re: O estado deve gastar com a arte?
« Resposta #26 Online: 30 de Abril de 2007, 14:44:58 »
Citação de: Fabi
Exposições são abertas ao público, somente no museu do estado tem que pagar 3 reais para entrar, e você vem dizer que isso é gosto da elite? Se o governo não bancar a cultura ela nunca vai chegar para a população mais pobre.

Eu evitei usar a palavra cultura por ela ser mais abrangente, podendo significar conhecimento em geral. Mas a questão, Fabi, é: como decidir qual arte deve chegar à população mais pobre?

E ainda, é questionável dizer que nenhuma cultura (arte) chega ao povo se o governo não leva. A cultura é inerente às comunidades de todo o tipo. O hip hop é uma forma de arte típica das comunidades pobres. Faz parte da cultura daquelas comunidades. Por que exatamente privilegiar a aplicação do dinheiro público em um estilo em detrimento de milhares de outros estilos artísticos?

Offline Fabi

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Re: O estado deve gastar com a arte?
« Resposta #27 Online: 30 de Abril de 2007, 16:13:38 »
Ja disse, o problema é que arte é muito subjetivo…… O que eu considero um lixo muitas pessoas podem considerar arte…. Quem deve definir o que é arte e o que não é?Se for pra atingir muita gente vai ter show do Frank Aguir pago com o dinheiro dos impostos, se for pra ser arte barroca vai ter 100 pessoas de classe média alta…
É por isso que o governo patrocina de tudo, e além disso faz a divulgação. E o governo também não paga por inteiro uma exposição e muito menos um show, ele apenas dá o apoio que seria ceder um espaço público por exemplo, e alguns funcionários. Eles só pagam se for pela lei Rouanet.
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Fabi

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Re: O estado deve gastar com a arte?
« Resposta #28 Online: 30 de Abril de 2007, 16:15:06 »
Por que exatamente privilegiar a aplicação do dinheiro público em um estilo em detrimento de milhares de outros estilos artísticos?
Como eu respondi para o Barata, o governo patrocina de tudo, pelo menos aqui na minha cidade.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: O estado deve gastar com a arte?
« Resposta #29 Online: 30 de Abril de 2007, 17:45:57 »
Citação de: Buckaroo Banzai
De qualquer forma… acho meio parecida a construção de teatros e etc como a de praças públicas. Lazer. Acho que deveria ser um gasto do estado sim. Só fico um tanto sem saber quais critérios seriam desejáveis.

O problema em achar critérios desejáveis torna-se impossível de resolver quando tratamos de algo subjetivo como arte.

É difícil estabelecer um paralelo entre a construção de teatros e praças públicas. A praça pública cada um usa "do jeito que quiser", é um empreendimento de garantida satisfação. O mesmo não pode ser dito sobre um teatro, onde peças de gosto duvidoso são apresentadas.

por outro lado, um espaço X de uma praça não pode ser usado para, digamos, vôlei, futebol e uma reunião hippie ao mesmo tempo. É de quem chegar primeiro, pelo tempo que levar. Uma versão mais burocrática disso ocorre com teatros, e num nível intermediário com bibliotecas.

Offline Nina

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Re: O estado deve gastar com a arte?
« Resposta #30 Online: 30 de Abril de 2007, 18:37:59 »
Acho que seria mais útil investir em educação. Eu acho um absurdo que o Ministério da Cultura tenha mais dinheiro do que o da educação.

Antigamente havia patrocinadores privados para arte. Não vejo porque não se possa conseguir isso... sem contar que tem muita gente que paga caro para ir em shows, mas não apóia iniciativas educativas.
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Nightstalker

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Re: O estado deve gastar com a arte?
« Resposta #31 Online: 06 de Maio de 2007, 13:21:19 »
Panis et circenses.

Nisso se resumem os investimentos na "arte".
Conselheiro do Fórum Realidade.

"Sunrise in Sodoma, people wake with the fear in their eyes.
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When you make sin, hope you realize all the sinners gotta die.
Sunrise in Sodoma, all the people see the Truth and Final Light."

Eriol

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Re: O estado deve gastar com a arte?
« Resposta #32 Online: 06 de Maio de 2007, 14:02:22 »
arte alimenta?

e circo mesmo foi a copa de '70, lembra? Eu não...

Offline Donatello

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Re: O estado deve gastar com a arte?
« Resposta #33 Online: 07 de Maio de 2007, 18:27:56 »
Eu acho que o investimento em arte é mal realizado. Investe-se no mainstream e no produto final. Para mim o Estado deveria sim gastar pesado em arte, mas fazendo exatamente o oposto. Criando escolas dedicadas a produção artística (e não artesanal), o que sobrasse até poderia ser investido em produtos acabados (patrocínio de shows, exposições, peças teatrais) mas sempre viabilizando a apresentação de artistas que não tivessem meios de se apresentar de outra maneira, o que é exatamente o contrário do que eu vejo: o Estado paitrocinando shows de Marisa Monte, Roger Waters, Chico Buarque que por melhores artistas que sejam têm condições de encontrar outras tetas para mamar que não o cofre público.

Definir os critérios de qualidade não é nem tanto o problema, até porque de modo geral a arte patrocinada pelo estado é boa.

Offline Herf

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Re: O estado deve gastar com a arte?
« Resposta #34 Online: 30 de Agosto de 2007, 20:43:24 »
Ressucitando o tópico...

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O vale-tudo do artista brasileiro para “financiar a revolução”
por Felipe Atxa em 30 de agosto de 2007

Resumo: O que a “imprensa especializada”, o jornalismo “burguês” investigativo e os órgãos públicos de controladoria dizem a respeito da manobra que é feita por militantes esquerdistas para se apropriar de dinheiro público?

A Companhia do Latão é um grupo teatral paulista caracterizado por duas faces escancaradas:

1 - É uma reunião de artistas que não se contenta nem de longe em simplesmente “fazer arte”. Eles querem promover a revolução anticapitalista rumo a um regime de inspiração totalitária. Vejamos o que eles dizem em suas próprias palavras (http://www.companhiadolatao.com.br/html/manifestos/index.htm#3):

“Para se opor aos modos hegemônicos da atividade artística numa sociedade orientada pela lógica do Capitalismo tardio (cujo corolário é a transformação perene da cultura em mercadoria e da mercadoria em cultura) essa reflexão deve provir de uma ação cultural como prática política. (...) Para nós, não se deve ter medo do debate sobre a função da arte. Consideramos legítimas quaisquer utilizações pedagógicas, assistenciais e humanitárias da arte, ainda que nossa pesquisa seja de ordem estética. Estética naquele limiar em que a estética deixa de ser estética: nosso interesse artístico é a reativação da luta de classes. (...) Os produtos da cultura devem servir a processos coletivos, e não o contrário. Por isso, novos modos precisam ser inventados: associações de espectadores, contatos com movimentos sociais, intercâmbios entre grupos. (...) Não basta a interlocução isolada entre produtores culturais, à margem da sociedade. É preciso produzir formas capazes de incluir a sociedade como um todo numa perspectiva revolucionária. Anticapitalismo, pesquisa estética e revolução. A pesquisa estética terá sensibilidade revolucionária quando desenvolvida por produtores empenhados em um projeto coletivo anticapitalista.

2 - A outra face da Companhia do Latão é a de beneficiária de dinheiro público. Eles são autênticos campeões nesse quesito, algo como “Ronaldinhos Gaúchos” dos palcos, para usar uma figura de linguagem inventada por nosso presidente. Recebem dinheiro público de todo lado, usam espaços públicos para realizar suas atividades privadas, etc.

Hoje, a Companhia do Latão tem duas fontes de renda principais: o grupo recebe dinheiro da Prefeitura de São Paulo e da Petrobrás. O dinheiro recebido da estatal é determinado por suas regras internas. O recebido da Prefeitura se dá através da Lei de Fomento ao Teatro, uma aberração legislativa saída da mente de um ex-vereador petista que obriga uma cidade que não dá conta do asfalto nas ruas a destinar alguns milhões de reais anualmente a uma meia-dúzia de “representantes da classe teatral” (que, no final das contas, representam apenas a si mesmos).

Acontece que a seleção de projetos que receberão essa verba é feita por uma comissão de representantes da classe e, supostamente, do “município”. Não, amigo contribuinte paulistano: não se preocupe, você não corre nenhum risco de ser chamado a compor a comissão. Isso é coisa para “especialistas”. Quem indica esses especialistas é uma associação de classe chamada Cooperativa Paulista de Teatro. Seu presidente é um dos principais atores da própria Companhia do Latão: Ney Piacentini. Ou seja: a ONG presidida por ele recomenda que uma parte do dinheiro público disponível vá para... o próprio grupo teatral do qual ele participa. E, na prática, é exatamente o que ocorre.

Antes que alguém levante a mão dizendo que a situação pode ser apenas esquisita, mas altamente recomendada do ponto de vista do “interesse público”, vamos observar mais um detalhe curioso dessa estranha relação entre uma empresa privada (a Companhia do Latão é, para todos os efeitos, uma pessoa jurídica de direito privado, como uma empreiteira) que recebe dinheiro público e uma associação de classe que toma para si o direito de decidir para onde vai esse mesmo dinheiro público.

A Companhia do Latão recebe verba da Petrobrás, certo? Não, errado. Quem recebe esse dinheiro em nome da Companhia do Latão é a própria Cooperativa Paulista de Teatro. Vejam (https://www2.petrobras.com.br/Cultura/ppc/edicao/resultados/resultados_artescenicas.asp):

PROGRAMA PETROBRAS CULTURAL - SELEÇÃO 2006 / 2007
PRODUÇÃO E DIFUSÃO – ARTES CÊNICAS
MANUTENÇÃO DE GRUPOS E COMPANHIAS DE TEATRO E DANÇA
PROJETOS CONTEMPLADOS

(...)

COMPANHIA DO LATÃO 10 ANOS

·         Protocolo: 1345

·         Proponente: Cooperativa Paulista de Teatro

·         Segmento: Teatro

·         Estado do Proponente: SP

·         Abrangência: SP, PB, RS, SE, PR, PE, RN, RJ, MG, BA, CE

·         Apresentação: Projeto de manutenção da Companhia do Latão, que é um coletivo com histórico de dez anos de pesquisa e difusão da obra de Bertold Brecht, com atuação em São Paulo e irradiação nacional de sua produção cultural. O reconhecimento de seu trabalho em nível internacional corrobora seu prestígio no país. O Projeto propõe o lançamento do DVD com o repertório concomitantemente a oficinas para a multiplicação de seu processo de trabalho, além da produção de um espetáculo inédito da companhia, intitulada “Ópera dos Vivos”, experiência conjugada de teatro, música e cinema.


Das duas uma: ou a Cooperativa Paulista de Teatro não poderia receber verba pública da Petrobrás em nome de uma empresa privada (por serem pessoas jurídicas distintas) ou ambas são uma pessoa jurídica só – e, nesse caso, como um representante indicado pela Cooperativa pode decidir que dinheiro público seja destinado para sua própria pessoa jurídica? Caso o proponente não cumpra o acordo firmado com a empresa pública, quem será acionado? A cooperativa ou a empresa privada?

Será que essa gente não se confunde? Digamos que, numa segunda-feira, por exemplo, eles tenham de ir à Petrobrás. Eles pensam: “Hoje, sou representante da Cooperativa e vim buscar dinheiro para a Companhia do Latão”. Na terça-feira, eles têm de participar de uma reunião da comissão da Lei de Fomento: “Hoje, nada tenho a ver com a Companhia do Latão, só vim aprovar o projeto deles para receber verba da prefeitura”. E o tal Ney Piacentini, que é presidente de uma e ator da outra: quando sobe ao palco, quem sobe é o presidente cuja associação representa a companhia perante a Petrobrás e indica jurados que decidem que o dinheiro vai para ela, ou o ator da mesma companhia que recebe verba pública em ambos os casos? É de virar a cabeça essa história de revolução anticapitalista, não é mesmo?

É por essas e outras, possivelmente, que a “classe teatral” paulistana não quer nem ouvir falar em aperfeiçoar a “prestação de contas” da Lei de Fomento. É muita confusão entre interesses públicos, privados e onguísticos, por assim dizer. Não há contador que agüente. Veja o que diz um representante da tal cooperativa a respeito de aprimorar a prestação de contas do dinheiro público investido no teatro paulistano (http://txt.estado.com.br/editorias/2007/06/29/cad-1.93.2.20070629.4.1.xml):

“Nós concordamos que se crie uma instância de acompanhamento dos projetos. Mas a prestação fiscal, para nós, não representa nada. O fomento ao teatro é um pacto, um acordo feito entre o Legislativo, o Executivo e a classe teatral. O que importa é o espetáculo concluído, entregue.”

E a “imprensa especializada”, o jornalismo “burguês” investigativo, os órgãos públicos de controladoria, o que dizem disso tudo? Bem, durma-se com um silêncio desses.

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