Autor Tópico: Socialistas Envergonhados  (Lida 722 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Nightstalker

  • Nível 37
  • *
  • Mensagens: 3.354
  • Sexo: Masculino
  • Suae quisque fortunae faber est
Socialistas Envergonhados
« Online: 08 de Maio de 2007, 23:07:13 »
Socialistas Envergonhados

Existem basicamente dois tipos de socialistas: os inocentes úteis e os que buscam poder. Estes manipulam as emoções, o romantismo bem intencionado mas sem conhecimento devido daqueles. Falam em fins supostamente nobres, como “justiça social”, “igualdade” ou “solidariedade”, conquistando os corações dos sonhadores despreparados. Em seguida, concentram poder em si próprios, dominando os ingênuos e entregando o oposto do prometido. Tem sido assim faz tempo, desde a utopia pregada na Terra, o paraíso de eterna paz e amizade, sem competição ou avareza.

Mas o inevitável ocorre cedo ou tarde: a experiência desse modelo irracional. E com ela, vem a desgraça, a miséria, escravidão e morte. Enfim, a União Soviética, a China de Mao Tse Tung, a Coréia do Norte ou Cuba de Fidel. Muitos aprendem da forma mais dura, apanhando, sofrendo na pele. A desilusão é enorme ao acordar para a realidade, enxergar que acreditava em algo errado. Mas não é fácil transformar em sucata anos de “aprendizado”, abandonar totalmente uma ideologia. Muitos migram então para algo misto, receosos de dar o braço a torcer e reconhecer o sucesso do “inimigo”, o “malvado” capitalismo liberal. Passam a pregar o welfare state, no fundo alimentando ainda grande desprezo pela parte livre desse modelo, e enaltecendo justamente a beleza da intervenção estatal. Não aprenderam a admirar a liberdade, a livre competição, as trocas voluntárias entre adultos responsáveis. Desconfiam ainda dos empresários, do lucro, do capital. Querem que o Estado tome conta da “besta”, controlando-a com sua rédea curta e muitos impostos. São socialistas envergonhados.

Os que buscam poder, naturalmente, enxergam nesse modelo a alternativa para o socialismo, o qual eles prefeririam pelo total controle sobre seus súditos. Mas como o ótimo é inimigo do bom, e a política é a arte do possível, eles aceitam dar alguns anéis para manter os dedos e muitas outras jóias. Cedem espaço para o “mercado”, fazem algumas reformas liberais, abrem mais a economia, mas sempre lutando para manter o máximo de poder possível. Concessões pragmáticas para manter a governabilidade, mas sem abrir mão da concentração de poder. Ainda falam em “justiça social”, em “menor desigualdade”, como se não fosse o Estado justamente a maior máquina de desigualdade. Conquistam ainda muitos adeptos, e mesclando o peso ineficiente do Estado com alguma agilidade econômica, ganham mais tempo de vida.

Só que aí vem a chata da globalização, pressionando cada vez mais por competitividade e eficiência. A competição agora é global, e quem não for ágil na adaptação irá perecer. Os países mais flexíveis mudam, a abertura comercial impõe um padrão de eficiência incompatível com a burocracia inchada, o livre fluxo de capitais obriga menores impostos sob a ameaça de mudar de país, as multinacionais competindo no mundo todo não toleram os pesados encargos sociais na folha trabalhista, o protecionismo comercial afasta os insumos necessários para a competitividade do país, a insegurança jurídica afugenta os investidores etc. Em resumo, a competição em escala mundial força uma constante busca pela eficiência, que simplesmente não combina com o dinossauro do welfare state.

Alguns países, ricos herdeiros do liberalismo e com pequena população, vão agüentando até onde é possível. Mas mesmo os escandinavos se vêem obrigados a reformar o sistema, privatizar estatais, abrir mais a economia, flexibilizar as leis trabalhistas, atacar o problema previdenciário. Os políticos respiram um pouco mais com isso, mas não será suficiente para competir no mundo moderno, quando Cingapura luta para virar a Suíça asiática, Hong Kong reduz os custos para os investidores, China oferece mão-de-obra barata, e Índia começa a abraçar finalmente o capitalismo. O welfare state deverá ser reformado por completo. Quando os economistas da escola austríaca anteciparam o inevitável declínio do socialismo, não foram levados muito a sério. Estavam certos. Hoje, alguns estão prevendo a bancarrota do Estado de bem-estar social inchado, assistencialista, ineficiente e pesado. Será uma questão de tempo. O modelo está esgotado, e não é compatível com um mundo veloz, globalizado e competitivo. Por isso o sentimento antiglobalização alimentado nos socialistas envergonhados. A competição é terrível para o ineficiente!

Mas os que buscam sempre o poder político não costumam desistir facilmente. São adaptáveis também, e vão migrando o discurso para onde for possível defender mais governo. O objetivo é sempre o mesmo: ter poder nas mãos. Os mais espertos já descobriram o caminho, o novo refúgio dos idólatras do Estado: a religião verde. O pânico da catástrofe iminente, o jargão técnico perante leigos, as previsões apocalípticas mais certas que o conhecimento do passado, tudo isso vai preparando o terreno para que os inocentes úteis uma vez mais depositem no Estado o poder de seu destino. Se há um inquestionável aquecimento global, se a ação humana é sem dúvida a causa, e se as empresas são as grandes culpadas, não tem porque discutir: mais poder ao Estado é a única solução viável.

Não importa que sejam especulações apenas, e que tantos “especialistas” tenham errado grosseiramente no passado. Não importa que Marte talvez esteja aquecendo também. Não importa que no passado a Terra tenha experimentado fortes ciclos climáticos. Não importa que onde o Estado teve mais poder concentrado tivemos mais poluição em termos relativos, como fica claro nos países socialistas. Não importa nada disso. Importa a “certeza” de que somente o governo tem capacidade para cuidar do problema, e por isso devemos concentrar mais poder nele. A liberdade fica ameaçada uma vez mais. Os socialistas, ainda que envergonhados pela desgraça inegável da experiência socialista, não querem largar o osso do poder. Precisam sempre achar uma forma de pregar mais e mais poder concentrado no governo. E sempre existem os inocentes úteis prontos para serem manipulados. O preço da liberdade é a eterna vigilância.

Fonte
Conselheiro do Fórum Realidade.

"Sunrise in Sodoma, people wake with the fear in their eyes.
There's no time to run because the Lord is casting fire in the sky.
When you make sin, hope you realize all the sinners gotta die.
Sunrise in Sodoma, all the people see the Truth and Final Light."

Eriol

  • Visitante
Re: Socialistas Envergonhados
« Resposta #1 Online: 09 de Maio de 2007, 09:52:24 »
'Gugu' segue com sua pedanteria...

Offline Nightstalker

  • Nível 37
  • *
  • Mensagens: 3.354
  • Sexo: Masculino
  • Suae quisque fortunae faber est
Re: Socialistas Envergonhados
« Resposta #2 Online: 09 de Maio de 2007, 21:17:50 »
'Gugu' segue com sua pedanteria…

GE-NI-AL!

Essa é a sua refutação?
Conselheiro do Fórum Realidade.

"Sunrise in Sodoma, people wake with the fear in their eyes.
There's no time to run because the Lord is casting fire in the sky.
When you make sin, hope you realize all the sinners gotta die.
Sunrise in Sodoma, all the people see the Truth and Final Light."

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re: Socialistas Envergonhados
« Resposta #3 Online: 09 de Maio de 2007, 21:39:54 »
Citar
São adaptáveis também, e vão migrando o discurso para onde for possível defender mais governo. O objetivo é sempre o mesmo: ter poder nas mãos. Os mais espertos já descobriram o caminho, o novo refúgio dos idólatras do Estado: a religião verde. O pânico da catástrofe iminente, o jargão técnico perante leigos, as previsões apocalípticas mais certas que o conhecimento do passado, tudo isso vai preparando o terreno para que os inocentes úteis uma vez mais depositem no Estado o poder de seu destino. Se há um inquestionável aquecimento global, se a ação humana é sem dúvida a causa, e se as empresas são as grandes culpadas, não tem porque discutir: mais poder ao Estado é a única solução viável.

Acho curiosa a polarização que acabou tendo isso de ambientalismo. É mais especulação minha do que algo que parte duma verificação mais cuidadosa dos fatos, mas me parece que poderia estar ocorrendo o inverso: a "esquerda" ser a que nega ou minimiza a importância do aquecimento global, e a direita fazendo esse papel que se diz ser de "esquerda-verde".

Thomas Lovejoy inclusive mencionou algo relacionado numa entrevista no Roda Viva, o que reforça minhas suspeitas. Ele é um ambientalista, e disse que por exemplo, na administração Reagan (justo o autor da infeliz frase que dizia que árvores poluem mais que automóveis) foram implementadas importantes leis de proteção ambiental (o próprio Lovejoy era encarregado de algum cargo relacionado a isso nessa administração).

Imagino que a coisa ecológica era discutida inicialmente mais sob o ponto de vista científico/pragmático, de forma meio "apartidária" ou independente duma orientação de direita ou esquerda, meio a par disso tudo. Talvez tenha calhado de algum liberal ("esquerdista") por acaso ser o primeiro ou mais notado a chamar atenção para importância dessas questões, e como que por reflexo, os conservadores fizeram oposição pela oposição. Porque era possível contextualizar aquela política de forma liberal e anti-conservadora, o que talvez até já tivesse sido feito logo a princípio pelo liberal.

Algo meio teoria do caos/jogos, que talvez pudesse ter sido o inverso; o conservador defendendo a conservação ambiental - tal como os Republicanos pela Proteção Ambiental e outros grupos (como os conservadores ingleses do "go green, vote blue", tem até um tópico que não consegui encontrar) possivelmente fazem - e os liberalistas contra argumentariam com argumentos meio do tipo do Stédile & cia: que na floresta amazônica não tem nem um décimo de coisas que são comestíveis; que a preservação das espécies só interessaria como passatempo, aos burgueses ociosos colecionadores de borboletas, não trazendo nenhum resultado prático em curto prazo para o povo pobre do Brasil e das nações pobres em geral; que os países pobres não podem se dar ao luxo de abdicar de matrizes de energia poluentes para evitar um hipotético aquecimento global proposto pela ciência burguesa, e duvidável por isso; e que se ocorresse, seria bom, afinal, justamente estufas são usadas para o cultivo de plantas, o que aumentaria a produção agrária e permitiria alimentar a todos que morrem de fome no mundo; a luta contra o suposto aquecimento global é apenas porque os moradores mais distantes da faixa equatorial não querem perder sua neve, clássico do natal, clássico do consumismo burguês, e porque, claro, são contrários ao desenvolvimento das nações pobres, que lhes servem mais se forem miseráveis.

E por aí vai.

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re: Socialistas Envergonhados
« Resposta #4 Online: 11 de Maio de 2007, 17:52:15 »
Adicionando:

procurando rapidamente um pouco mais sobre o assunto, encontrei o site da Front page magazine, que me parece ser uma publicação de extrema direita, bem ao nível de Capitão América/Liquid Snake/Apáte. Tem até uma parte "jihad watch", o que me lembrou do caso do CA imediatamente, mas só pelo nome. Tem um banner com a foto do Giulliani e a pergunta "esse homem é conservador o suficiente para você?"

Lá encontrei um artigo interessante, em defesa de um ambientalismo conservador. Faria apenas pequenas ressalvas, chamando atenção para o fator que ainda persiste meio de "guerra de torcida", de ter que sempre alfinetar o outro lado e discordar em algum ponto, mesmo quando concordando no geral.

Na wikipédia vi que há ainda duas escolas de pensamento liberalista que achei meio inusitadas, me parecem ser um tanto menos populares: green libertarianism e geolibertarianism

A primeira vê de modo geral o meio ambiente como um bem comum, público, e dessa forma, poluir é meio como roubar o que é de todos, ou agredir aos afetados com a poluição, violando o princípio da não-agressão. Aceitam a posição científica majoritária quanto ao aquecimento global.

A segunda, é um libertarianismo que simplesmente coloca a terra como uma exceção ao que pode ser propriedade privada, considerando propriedade da comunidade, e que quem a usa, deve pagar aluguel à ela. Já que a terra não foi produzida por ninguém, estava aqui antes de nascermos, não é legítimo clamar posse dela.


Gostei de ver esses pontos de vista, combinam com meu estado político meio quimérico.

Quanto ao geolibertarianismo, só discordo um pouco no que concerne ao fato de que, ainda que talvez não fosse exatamente legítimo chegar num terreno baldio, erguer uma cerca e dizer que aquilo é meu, alguém um dia fez isso, e passou de geração para geração, e os terrenos foram sendo vendidos também. Ou seja, hoje, são consideravelmente poucas as pessoas que não compraram os terrenos que possuem, imagino. E se compraram, presumindo que esse dinheiro veio de meios legais, pertenceria sim a alguém.

Ainda assim acho que talvez sirva de para defender reformas agrárias e coisas similares, de forma similar a que acho ser razoavelmente justo defender um maior gasto estatal para minimizar as diferenças de oportunidades, ou criar uma oportunidade mínima com interferência também relativamente mínima nas oportunidades dos outros.

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!