Portanto, como podemos perceber, não existe um meio-termo entre “acreditar” e “não acreditar”, ou seja, entre teísmo e ateísmo. Afirmar “acho impossível saber com certeza” não é uma solução, mas uma evasiva. O que comporta um meio-termo, na verdade, é a lacuna que fica entre a negação e a afirmação de deus, e tal lacuna corresponde ao ateísmo cético ou ao ateísmo prático, não ao agnosticismo.
O agnosticismo, em geral, é uma posição adotada erroneamente por aqueles que não são teístas, mas que na verdade não consideram a existência de deus uma hipótese absurdamente improvável, como alguns ateístas mais fervorosos. Mas, sem dúvida, os agnósticos desse tipo são, tecnicamente, ateus.
Quanto fixação com os extremos e que idéia ridícula. Herança provavelmente da "lógica cristã" e seu dualismo, onde só pode haver "bem e mal", "sim e não". Onde a dúvida deve ser combatida e a certeza imposta. O autor me pareceu muito "cristão", num sentido pejorativo da palavra.
Provavelmente muitos se denominam como tais porque têm receio do estigma social vinculado ao ateísmo, que é muito forte; então transferem o significado de suas posições a outros termos que soam mais brandos, como “agnóstico”.
[sarcasmo on]Quanto conhecimento esse autor tem! Estou espantado. Alguém tem a fonte da pesquisa que ele realizou para chegar à essa conclusão de que os agnósticos se denominam agnósticos devido ao medo de serem chamado de ateus e que o termo agnóstico soa mais brando? Desejo muito saber como ele deduziu isso![/sarcasmo off]
A única opção que nos resta é admitir que o agnosticismo apenas afirma ser incognoscível a metafísica. Mas essa idéia parece muito conformista e segura de uma situação que no momento somos incapazes de mudar (nossa atual ignorância diante das questões fundamentais). E o pior, é uma afirmação alicerçada numa evasiva, já que não traz nenhum indício de seu conteúdo. Realmente gostaria de saber de onde vem a certeza de que nós humanos jamais iremos compreender a razão última das coisas. Seriam mesmo incognoscíveis tais questões? Será que pelo fato de não sermos atualmente capacitados a responder as questões metafísicas, estaremos então fadados a nunca saber? Não seria essa uma posição precipitada? Não estaria o agnosticismo se sustentando única e exclusivamente numa crença, ou numa espécie de ceticismo pirrônico?
Existe o que considera eternamente impossível e o que considera impossível
no momento conhecer a realidade última das coisas.
Pessoalmente pertenço ao primeiro grupo. Isso é muito simples: se chegar um dia que eu conhecerei a realidade última das coisas, então serei onisciente e poderão me chamar de Deus. Onisciência é um atributo absoluto e não creio ser possível a existência de atributos absolutos, ou melhor, se seres/coisas com atributos absolutos. Sim, usei o verbo "crer". Discordem a vontade, mas tudo no fim é uma questão de crença, inclusive o ateísmo, em seu limite.
Talvez seja mais humilde admitirmos nossa atual ignorância diante de tais questões, e considerar que, com o crescente progresso do conhecimento e da tecnologia, possa haver (ou não) alguma resposta, mesmo que parcial.
Esse é o segundo tipo de agnóstico que mencionei acima.
E é somente por isso que julgo o discurso agnóstico precário.
E é somente por tudo o que eu falei acima e mais um monte de outras falhas no texto, as quais não estou com tempo e nem com paciência para colocar aqui, e por ser um assunto que já cansei de discutir, é que considero esse texto precário.
Em tempo: sim, sou agnóstico ateísta, ou ateu agnóstico, ou simplesmente ateu, para todos os efeitos práticos. E contradizendo o errôneo raciocínio do autor do texto, não uso o termo agnóstico para me "esquivar" de qualquer coisa. Quando quero me esquivar do tal "receio do estigma social do ateu" digo logo que sou evangélico ou católico. É muito mais eficaz.