[subvertendo a mim mesmo]
"Leitura facial" é a idéia de que as fisionomias das pessoas podem revelar de fato coisas a respeito de suas personalidades. Alguns defensores dessa possibilidade defendem também que nossos instintos estão em algo afinados para perceber as características da paresonalidade das pessoas em seus semblantes.
Devo lembrar que nos seres humanos evoluíram capacidades muito interessantes de "leitura de mente", baseadas em linguagem corporal e até mesmo num outro tipo de leitura facial, do movimento dos olhos e dilatação das pupilas; tendo sido essas últimas talvez não apenas uma evolução unilateral, apenas da capacidade de reconhecimento em si, mas do indicador - nossos olhos, entre os macacos, são os únicos que tem a parte branca tão visível, sendo então muito mais facilmente visualmente identificáveis mesmo movimentos menores dos globos oculares. Assim, mesmo que a detecção inicial tenha sido uma adaptação unilateral inicialmente sutil, é possível que os mais capazes de "anunciar" melhor seus pensamentos e estado emocional, mesmo que não intencionalmente e totalmente inconscientemente, fossem também beneficiados pela seleção, explicando assim porque nossos olhos são do jeito que são.
Isso é algo que poderia ter evoluído durante o período pleistoceno como uma adaptação social similar à "detecção de trapaceiros", ou a
atração sexual (feminina) diferencial por diferentes semblantes/estereótipos masculinos, teoricamente vinculados a outras propriedades biológicas (ter "bons genes"/"genes de garanhão" versus "genes de provedor"). Talvez até mesmo como uma afinação posterior ou paralela desses próprios mecanismos.
Ao mesmo tempo, um
estudo demonstra que réus feios tem maiores chances de serem condenados. De outro lado, alguns vêem o
racismo como sendo "efeito colateral" da evolução. Seria realmente meramente colateral, ou uma macro-identificação fisionômica/disparidade de personalidades, que explicaria inúmeros conflitos supostamente étnicos-culturais?
Outra coisa que dá suporte a isso são os estudos de gêmeos. Gêmeos tem similaridade facial máxima, ao mesmo tempo que similaridade genética máxima, obviamente. Diferentes graus de similaridade facial menor, poderiam estar então correlacionados em algum grau de similaridade genética menor, mas que também fosse determinante colateral - ou não, mas talvez algo evoluido como indicador fiel - de outras características, como da personalidade.
Mesmo as similaridades fisionômicas homoplásicas, determinadas diferentes genes, poderiam talvez ter o mesmo efeito homoplásico na personalidade; uma vez que o produto do gene seria suficientemente semelhante para produzir o mesmo fenótipo facial, talvez pudesse ser suficientemente similar, e "funcionar" de maneira suficientemente parecida, para determinar o mesmo potencial fenótipico de personalidade.
Não que seja sempre, inevitavelmente o caso, haveriam excessões, tal como há mulheres e negros com maior QI e mais capazes que alguns homens ou brancos, respectivamente, e asiáticos e homens em geral com baixos QIs e mal sucedidos financeiramente, talvez até dependentes duma mulher para se sustentar, e talvez até mesmo homens
asiáticos dependentes financeiramente duma mulher (ainda que dificilmente duma mulher negra). Provavelmente esses casos se devem à algum grau de miscigenação e/ou mutações corrompendo a fidelidade dos indicadores fenotípicos diversos, em algum grau também pelo advento da cirurgia plástica de "correção facial", que pode ter ajudado os "mentirosos fisionômicos" a fraudar a seleção natural/sexual, proporcionando também miscigenação interferindo com o resultado puro da seleção nas populações.
Recapitulando, há suporte para a correlação dos dois lados do espectro: gêmeos idênticos, de um lado, com todas similaridades de personalidade individual, e grandes populações/raças, com todas suas similaridades étnicas, do outro. É bastante lógico que o meio-termo não seja uma aberração, fuja desse padrão genético por algum mecanismo mágico desconhecido de hereditariedade.
Como nos outros casos de teorias da psicologia evolutiva, é bem razoável supor que durante o pleistoceno, humanos que tivessem tido a capacidade, tanto de ler características da personalidade das outras pessoas de seu grupo social através correlações colateriais genéticas das faces, como os que anunciassem sua personalidade "honestamente" através da fisionomia tivessem maior sucesso reprodutivo que aqueles desprovidos dessa adaptação, ou com ela desenvolvida em menor grau. Ao mesmo tempo, os menos adaptados a essa forma de julgamento instintivo, poderiam sofrer com um julgamento lento, mais "empírico" das personalidades, pois estariam mais suscetíveis a mentiras/fingimento de personalidades nâo correspondentes à dada fisionomia, sendo incapazes de reconhecer rapidamente heróis ou de detectar vilões entre o seu grupo.
Já os "mentirosos fisionômicos", aqueles que tivessem, por alguma raridade genética uma compleição não muito fielmente correspondente à sua personalidade, teriam, ao menos pelas pessoas consideradas mais belas/puras/boas/justas, seleção negativa, tornando as pessoas belas e de má personalidade, escassas; por outro lado talvez fossem uma eventual "fonte" de bondade e características louváveis entre os mais feios, mas não de forma suficiente à contrabalançar o padrão geral, a determinação da personalidade por todos os outros genes, no decorrer da miscigenação que se seguiria.
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