Lamento que quando um trabalhador morre, ele ganhe uma nota de 5 linhas nos jornais e quando o marginal que matou ele morre, ganhe uma folha inteira, manifestação dos direitos humanos e deputado dizendo "vamos averiguar o que ocorreu, pois a impunidade não tem lugar..." 
Não, eu não lamento isso... eu fico puto com isso... 
e o deputado continua vivo
Cada vez mais tomo apreço pela frase da minha assinatura...
Por coincidência, hoje li no jornal a lista de
baixas vítimas de assassinato do fim-de-semana.
Uma me chamou a atenção: "Fulano de tal, tantos anos, morreu assassinado no bairro tal." E só.
Toda uma tragédia familiar, o fim de uma vida, com todas as suas ramificações filosóficas, o fim de
uma maneira de ver o mundo, o apagar de décadas de lembranças. Tudo resumido em uma linha.
Claro que não se tratava de um artista da TV, ou de um pensador famoso, nem de um político corrupto.
Mas mesmo assim me pergunto se o jornalista que escreveu essa linha não poderia ter parado para
perguntar o que a família de Fulano sentia, se ele tinha filhos, qual o seu time do coração, que piadas
ele gostava de contar, de quais músicas ele gostava, enfim, algo que representasse uma conexão com
a sua humanidade. Enfim, mesmo que não faça diferença agora, lamento por Fulano.
