Autor Tópico: REFORMA UNIVERSITÁRIA  (Lida 1197 vezes)

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Offline Res Cogitans

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REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Online: 21 de Agosto de 2007, 00:31:09 »
Importante: Peguei este texto não por concordar com ele, mas por ser um resumo da loucura que eles querem fazer a universidade.

UNE participa de audiência na Câmara para discutir "Universidade Nova"


Parlamentares, reitores e representantes do MEC e de entidades ligadas à educação também compareceram ao debate, realizado na Comissão de Educação e Cultura



Rever a estrutura curricular nas Universidades é um assunto que vem sendo discutido no mundo inteiro. No Brasil, sete universidades federais (Bahia, Brasília, do ABC, Rio de Janeiro, Pará, Piauí, do Recôncavo da Bahia e Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia) elaboraram um conjunto de propostas para mudar o arcabouço do ensino superior no país. O projeto, que recebeu o nome de "Universidade Nova" –em homenagem ao educador Anísio Teixeira e seu projeto "Escola Nova"–, foi tema de audiência pública realizada na terça-feira (17), na Comissão de Educação e Cultura da Câmara.

O debate, sugestão da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), contou com a participação do presidente da UNE, Gustavo Petta e representantes do MEC e de entidades ligadas à educação. Para o reitor da UFBA, Naomar Almeida Filho, um dos articuladores da proposta, a nova conjuntura conceitual exige que a universidade faça a articulação dos saberes, por meio da inter e da transdisciplinaridade, e de paradigmas alternativos de formação, que resgatem o pensamento complexo. "Não é possível que a universidade brasileira continue a ser uma instituição inculta", disse.

Mudanças
A composição do ensino superior por três ciclos –um bacharelado interdisciplinar, de formação geral; um ciclo de formação profissional específica; e um ciclo de pós-graduação– e o fim do vestibular como forma de ingresso dos estudantes nas universidades são algumas das mudanças previstas na proposta.

De acordo com a "Universidade Nova", o primeiro ciclo do ensino superior duraria três anos e seria composto por interdisciplinas, isto é, propiciaria ao aluno uma formação nas áreas de Humanidades e Ciências em geral, além de educação para cidadania. Quem optasse por uma profissão, passaria por uma seleção específica ao final desse período e cursaria o segundo ciclo, dedicado à formação profissional. Dependendo de cada curso, esse período poderia variar entre um e quatro anos.

Já aqueles que demonstrassem vocação para a carreira científica poderiam fazer o mestrado e doutorado sem precisar cursar as disciplinas técnicas que hoje são obrigatórias em qualquer bacharelado. Desse modo, a formação de um doutor seria reduzida dos atuais 10 anos (quatro de graduação, dois de mestrado e quatro de doutorado) para um período que poderia chegar a seis anos.

A "Universidade Nova" prevê ainda a criação de cursos superiores de curta duração, que propiciem a formação de "tecnólogo", para aqueles alunos que necessitam de uma formação profissional mais rápida.

Avanços
O presidente da UNE acredita que a proposta trará avanços importantes para a educação superior. Para ele, este é um projeto que não se rende à lógica do mercado, "aquela que visa apenas uma especialização profissional exclusiva, sem uma formação geral em cultura humanística, artística e científica". Entre os aspectos positivos, ele destacou o fim do exame de vestibular. Na sua opinião, esse tipo de prova é "um mecanismo traumático, excludente e não avalia a capacidade de raciocínio e criatividade das pessoas".

"Sabemos que as formas de seleção, neste sistema hoje em que a educação foi inserida, sempre vão existir. Mas o fato é que o vestibular é um processo extremamente estressante e angustiante. Por isso, é preciso se pensar outros instrumentos. O Universidade Nova propõe avaliar os futuros universitários durante o ensino médio, através de avaliação curricular ou do Exame Nacional do Ensino Médio. Talvez este seja um bom caminho. Mas é preciso a idéia ganhar mais corpo dentro da sociedade e ser amplamente debatida com diversos setores", afirmou Petta. O presidente da UNE disse que o assunto será levado às próximas reuniões e fóruns do movimento estudantil para que a entidade aprove uma resolução sobre o tema.

Petta lembrou que o próprio reitor da UFBA fez críticas ao vestibular, afirmando que caso ele prestasse o exame, não conseguiria passar. A justificativa é que a prova se resume a um sistema de memorização, vazio e sem competência para agregar conhecimento ao aprendizado do aluno.

Em entrevista ao EstudanteNet no fim do ano passado, Naomar explicou a idéia do fim do vestibular: "Nosso projeto não tem como objetivo primeiro acabar com o vestibular. Criticamos o seu caráter socialmente excludente e distorcido em termos pedagógicos. O vestibular é hoje muito mais uma seleção para eliminar e não para identificar talentos. E é traumático, em termos psicológicos", observou. (Leia aqui)

Reforma universitária
Durante a audiência, deputados e palestrantes defenderam a necessidade de uma reforma universitária. Os representantes das universidades, contudo, ressaltaram a importância da autonomia das instituições de ensino na definição dos rumos da reforma. Para Naomar Filho, a responsabilidade pela reforma universitária é das próprias universidades. "A legislação somente dará as condições para isso".

O presidente da UNE destacou a importante participação estudantil ao longo de todo o debate e construção da proposta de reforma universitária. Ele reclamou do sucateamento das instituições públicas e da expansão desenfreada do ensino privado, sem vinculação com os interesses do País ou com as demandas regionais. Cobrou também mais investimentos nas universidades: "A reforma universitária como um todo só vai ser completa com mudanças que garantam maior investimentos nas universidade", disse.

Petta defendeu ainda a necessidade da reforma da educação superior, mas disse que o Projeto de Lei 7200/06, do Poder Executivo, que institui essa reforma, precisa avançar em alguns pontos fundamentais, historicamente defendidos pelo movimento estudantil. Entre eles: o controle da compra das instituições privadas por corporações estrangeiras e os debates sobre os conteúdos curriculares. Ele defendeu também o investimento estatal para possibilitar a expansão do ensino.

O deputado Rui Pauletti (PSDB-RS) afirmou que a reforma universitária "é necessária e urgente" e citou como exemplos as avaliações feitas por instituições internacionais que não relacionam nenhuma das universidades brasileiras entre as 500 instituições de ensino superior mais importantes no mundo.

Já o reitor da UFBA questionou, entretanto, os critérios usados nessas avaliações e lembrou que há universidades brasileiras reconhecidas internacionalmente por sua qualidade de ensino.

Problemas curriculares
O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Ronaldo Mota, afirmou, durante a audiência nesta terça-feira, que a atual estrutura curricular do ensino superior é "frustrante", especialmente para os estudantes universitários que têm mais de 24 anos e que já estão inseridos no mercado de trabalho. Segundo ele, o mérito do projeto Universidade Nova "é apontar as deficiências do ensino superior, especialmente a rigidez nos currículos".

A coordenadora de Educação da Federação do Sindicato de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra), Fátima Reis, afirmou que a principal pergunta sobre o ensino superior é: qual o modelo de universidade que atende às necessidades brasileiras? Ela ressaltou que, qualquer que seja a opção adotada, serão necessários mais investimentos.

De acordo com o reitor da UFBA, o ensino superior no Brasil tem uma "profusão terminológica" e evidencia sérios problemas de articulação. Segundo ele, entre os problemas gerados pelo atual modelo de estrutura curricular estão: precocidade nas escolhas de carreira profissional; seleção limitada e pontual para ingresso na graduação; elitização da educação universitária; rigidez nos currículos da graduação; incompatibilidade quase completa com modelos de arquitetura acadêmica vigentes em outros países. O Ele defendeu mudanças no processo seletivo e disse que o vestibular é inútil. "Hoje, é apenas um exame de memorização, não de capacidade potencial", avaliou.

Investimentos
O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) defende a flexibilização dos currículos como forma de ampliar as vagas. O presidente da entidade Paulo Marcos Borges Rizzo, explicou que, desde 1997, as universidades federais tiveram um aumento de 40% na oferta de vagas, mas o número de professores e funcionários diminuiu no mesmo período. Ele expressou a preocupação dos professores com a expectativa do governo de ampliar a oferta sem aumentar os investimentos nas universidades.
« Última modificação: 21 de Agosto de 2007, 00:34:17 por Res Cogitans »
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Offline Res Cogitans

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #1 Online: 21 de Agosto de 2007, 00:33:46 »
já há uma universidade federal com este modelo:

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Os cursos de graduação estruturados pela Universidade durante o século XX, tanto no Brasil como no Exterior, partem de pressupostos muito diferentes dos descritos acima. Os cursos tradicionais procuravam dotar o aluno de uma “bagagem” de conhecimentos que o acompanhariam pelo resto da vida, para serem usados na solução de questões pertinentes a uma problemática mais ou menos permanente. Neste contexto, parecia razoável manter o aluno durante cinco anos na Universidade antes de colocá-lo no mercado de trabalho, de onde ele provavelmente não voltaria mais. Hoje, porém, esse pressuposto está superado, uma vez que o profissional terá que renovar seus conhecimentos ao longo da carreira, mantendo para isso alguma forma de interação com a Universidade. Daí a ênfase absoluta numa preparação calcada em conceitos básicos e postura científica, mediada por visão humanística abrangente e aplicada, voltada para o enfrentamento de problemáticas novas, e não num conhecimento acabado para ser aplicado em situações repetitivas.

O descompasso entre as velhas estruturas e as novas necessidades está gerando movimentos de mudança que estão renovando e ampliando os sistemas universitários de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Na Europa, a necessidade de uniformizar os sistemas de ensino dos países da Comunidade Européia suscitou a Declaração de Bolonha, que propõe um sistema inovador com ampla mobilidade.

No Brasil, a criação de novas Universidades Federais, e em particular da UFABC, gera uma importante oportunidade de inovar, que não deve ser desperdiçada. Por isso, a Universidade Federal do ABC propõe o Curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia, que deverá ser o carro-chefe da graduação. Com uma duração de três anos, o novo Bacharelado conferirá aos graduandos um diploma que o habilitará a:

a) apresentar-se ao mercado de trabalho como cidadão de nível superior, dotado de visão atualizada da dinâmica científica e tecnológica na sociedade moderna, bem como de base analítico-conceitual necessária para futura profissionalização; ou

b) cursar Bacharelado em Física, Química, Matemática, Computação ou Biologia, com duração mínima de um ano, na própria UFABC; ou

c) cursar Licenciatura em Física, Química, Matemática, Computação ou Biologia, com duração mínima de um ano, na própria UFABC; ou

d) fazer um dos cursos de profissionalização em Engenharia da UFABC, com duração mínima de dois anos; ou ainda

e) candidatar-se ao Mestrado ou Doutorado em uma das áreas acima indicadas.

Assim sendo, o Bacharelado em Ciência e Tecnologia é a porta de entrada para um amplo conjunto de opções profissionais, todas elas assentadas sobre o mesmo substrato teórico-conceitual. Todos os alunos ingressantes na UFABC deverão cursá-lo, estabelecendo assim linguagem e visão comuns aos futuros físicos, engenheiros, químicos, matemáticos, etc. Assim, além de contribuir para a integração do conhecimento e justamente por isso, estaremos conferindo maior mobilidade ao sistema de formação superior, desacoplando a formação básica, que é permanente, da formação profissional, que o mundo moderno coloca em ebulição incessante. Esta turbulência, por sua vez, reduz as distinções entre cientistas e engenheiros, bem como entre as diversas modalidades destes e daqueles.

Na medida em que os cursos pós-Bacharelado partem de um substrato analítico-conceitual único, a Universidade ganha liberdade de referir suas opções de graduação diretamente às diversas problemáticas da sociedade moderna, ao invés de defini-las em função de distintas fenomenologias físicas, como fez o século XX ao criar as Engenharias Elétrica, Mecânica, Química, etc. Por isso, o conjunto de opções de cursos de Engenharia da UFABC deverá adotar recorte flexível, voltado para distintos universos de aplicação, tais como: Informação, Energia, Logística, Gestão, etc.

http://www.ufabc.edu.br

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Offline Dr. Manhattan

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #2 Online: 21 de Agosto de 2007, 10:18:52 »
Nada como uma dose cavalar de irritação para começar o dia...

Para começo de conversa, meu besteirômetro indica que esse reitor da UFBA tem uma
clara tendência à embromação e à demagogia. Basta ver o trecho:
Citar
Para o reitor da UFBA, Naomar Almeida Filho, um dos articuladores da proposta, a nova conjuntura conceitual exige que a universidade faça a articulação dos saberes, por meio da inter e da transdisciplinaridade, e de paradigmas alternativos de formação, que resgatem o pensamento complexo. "Não é possível que a universidade brasileira continue a ser uma instituição inculta", disse.
É típico do embromador (e não, essa não é uma crítica velada a ninguem do CC, podem acreditar, eu já
reclamo disso a anos) usar os clichês para revestir um pensamento banal com uma roupagem de profundidade.
Muitas vezes tenho vontade de mandar "inserir a articulação dos paradigmas alternativos" dessas pessoas
num certo lugar de sua anatomia onde o sol não bate.

Citar
De acordo com a "Universidade Nova", o primeiro ciclo do ensino superior duraria três anos e seria composto por interdisciplinas, isto é, propiciaria ao aluno uma formação nas áreas de Humanidades e Ciências em geral, além de educação para cidadania. Quem optasse por uma profissão, passaria por uma seleção específica ao final desse período e cursaria o segundo ciclo, dedicado à formação profissional. Dependendo de cada curso, esse período poderia variar entre um e quatro anos.
Estranho, não conheço nenhuma universidade dos países desenvolvidos que inclua essa tal "educação para
cidadania" no seu currículo. Pode ser que exista, mas o único caso desse tipo que me vem à memória foi
aqui no Brasil mesmo: durante a ditadura, os militares "inseriram no paradigma da articulação dos saberes"
a disciplina de ESPB (Estudo dos Problemas Brasileiros), que era universalmente considerada menos que
inútil e cuja exitinção foi recebida com alívio.


Citar
Já aqueles que demonstrassem vocação para a carreira científica poderiam fazer o mestrado e doutorado sem precisar cursar as disciplinas técnicas que hoje são obrigatórias em qualquer bacharelado. Desse modo, a formação de um doutor seria reduzida dos atuais 10 anos (quatro de graduação, dois de mestrado e quatro de doutorado) para um período que poderia chegar a seis anos.
:what: :vomito:
Gente, a formação de um doutor é demorada por um bom motivo: é preciso "inserir no contexto da mente"
do estudante uma quantidade enorme de informação. Nos EUA, o doutorado apenas leva pelo menos 5 anos!
O que se pode fazer é criar a opção de se pular o mestrado, o que economizaria de 1 a 2 anos. Outra coisa:
o Brasil já forma 10000 doutores por ano! Essa é uma quantidade digna de países do primeiro mundo. Não
há necessidade de se reinventar a roda. O que esses idiotas têm na cabeça? Ah, já sei: "novos paradigmas da
inter e transdisciplinaridade". Ah tá...


Citar
A "Universidade Nova" prevê ainda a criação de cursos superiores de curta duração, que propiciem a formação de "tecnólogo", para aqueles alunos que necessitam de uma formação profissional mais rápida.
:what: E quantos aos CEFETS? Não servem pra nada? Porque essa necessidade de reinventar a roda?

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Avanços
O presidente da UNE acredita que a proposta trará avanços importantes para a educação superior. Para ele, este é um projeto que não se rende à lógica do mercado, "aquela que visa apenas uma especialização profissional exclusiva, sem uma formação geral em cultura humanística, artística e científica". Entre os aspectos positivos, ele destacou o fim do exame de vestibular. Na sua opinião, esse tipo de prova é "um mecanismo traumático, excludente e não avalia a capacidade de raciocínio e criatividade das pessoas".
E para que serve o ensino médio e fundamental? Isso não faz sentido: se o objetivo é diminuir o tempo do
estudante na universidade, então o que se deve fazer é tornar o ensino mais focalizado na área específica
relacionada à sua atividade profissional! Isso aí me parece uma tentativa de certos esquerdistas de "inserir no
novo paradigma da universidade" uma boa dose de doutrinação ideológica. E que besteira é essa de reclamar
que o vestibular é excludente? Ele tem que ser excludente: ele deve selecionar os alunos com
conhecimento suficiente para entrar na universidade!

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"Sabemos que as formas de seleção, neste sistema hoje em que a educação foi inserida, sempre vão existir. Mas o fato é que o vestibular é um processo extremamente estressante e angustiante. Por isso, é preciso se pensar outros instrumentos.
Ohhhhh... estou morrendo de peninha dos estudantes estressados.... O vestibular não é o melhor sistema,
é verdade, mas por ser uma prova abrangente demais (por necessidade). O melhor seria uma forma de avaliação
que ocorra durante todo o ensino médio, como a citada abaixo.
E que frescura é essa de se fazer a inserção da palavra inserir, inserida em todos as frases inseridas no texto?

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O Universidade Nova propõe avaliar os futuros universitários durante o ensino médio, através de avaliação curricular ou do Exame Nacional do Ensino Médio. Talvez este seja um bom caminho.
Incrível! Concordei com algo nesse texto!

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Petta lembrou que o próprio reitor da UFBA fez críticas ao vestibular, afirmando que caso ele prestasse o exame, não conseguiria passar. A justificativa é que a prova se resume a um sistema de memorização, vazio e sem competência para agregar conhecimento ao aprendizado do aluno.
Estranho, pois eu tenho certeza que se estudasse para o vestibular, eu seria perfeitamente capaz de
passar novamente. Eu aconselharia esse reitor a parar de agregar sua preguiça às suas críticas ao vestibular.

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Em entrevista ao EstudanteNet no fim do ano passado, Naomar explicou a idéia do fim do vestibular: "Nosso projeto não tem como objetivo primeiro acabar com o vestibular. Criticamos o seu caráter socialmente excludente e distorcido em termos pedagógicos. O vestibular é hoje muito mais uma seleção para eliminar e não para identificar talentos. E é traumático, em termos psicológicos", observou. (Leia aqui)
Frescura. E o objetivo do vestibular, como mencionei acima, é eliminar mesmo. Ou ele acha que uma simples
prova (ou mesmo sistemas alternativos ao vestibular) vai identificar talentos?

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O presidente da UNE destacou a importante participação estudantil ao longo de todo o debate e construção da proposta de reforma universitária. Ele reclamou do sucateamento das instituições públicas e da expansão desenfreada do ensino privado, sem vinculação com os interesses do País ou com as demandas regionais. Cobrou também mais investimentos nas universidades: "A reforma universitária como um todo só vai ser completa com mudanças que garantam maior investimentos nas universidade", disse.
Sinceramente não entendi o trecho: "sem vinculação com os interesses do país". Quer dizer que formar
profissionais não é do interesse do país? Novamente: suspeito que no fundo o autor queria dizer "sem
vinculação com doutrinação ideológica". Mas posso estar errado.

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O deputado Rui Pauletti (PSDB-RS) afirmou que a reforma universitária "é necessária e urgente" e citou como exemplos as avaliações feitas por instituições internacionais que não relacionam nenhuma das universidades brasileiras entre as 500 instituições de ensino superior mais importantes no mundo.

Já o reitor da UFBA questionou, entretanto, os critérios usados nessas avaliações e lembrou que há universidades brasileiras reconhecidas internacionalmente por sua qualidade de ensino.
O que faltou citar é que, além da infraestrutura e da qualidade dos professores, as melhores universidades do
mundo (ex.: Harvard, MIT, Oxford, Cambridge, Tokyo) fazem também uma seleção rigorosa de estudantes.
O que faltou citar também é que em muitas das melhores universidades (não sei se são todas) existe também
mecanismos de avaliação do desempenho dos professores (como o sistema de "tenure" nos EUA). Esses
mecanismos, estranhamente, parecem estar ausentes dessa proposta de reforma. As universidades públicas
poderiam melhorar bastante se muitos dos seus professores deixassem de ser uns enormes vagabundos
que só estão interessados na "inserção" de benefícios e em "agregar" o salário ao seus respectivos bolsos, e
não estão preocupados em dar boas aulas ou em fazer pesquisa. A quem interessar possa: eu sou professor
universitário, em uma universidade pública.

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De acordo com o reitor da UFBA, o ensino superior no Brasil tem uma "profusão terminológica" e evidencia sérios problemas de articulação. Segundo ele, entre os problemas gerados pelo atual modelo de estrutura curricular estão: precocidade nas escolhas de carreira profissional;
Incrível! Concordei novamente!

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seleção limitada e pontual para ingresso na graduação;
Ok, isso pode ser mudado.

Citar
elitização da educação universitária;
:what:

Citar
rigidez nos currículos da graduação; incompatibilidade quase completa com modelos de arquitetura acadêmica vigentes em outros países.
Não sei de onde ele tirou isso... Quando fiz doutorado no Canadá, pude até aproveitar disciplinas do mestrado
do Brasil.

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Investimentos
O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) defende a flexibilização dos currículos como forma de ampliar as vagas. O presidente da entidade Paulo Marcos Borges Rizzo, explicou que, desde 1997, as universidades federais tiveram um aumento de 40% na oferta de vagas, mas o número de professores e funcionários diminuiu no mesmo período. Ele expressou a preocupação dos professores com a expectativa do governo de ampliar a oferta sem aumentar os investimentos nas universidades.
Isso é verdade, mas também não é tão simples: a razão aluno/professor nas universidades públicas era muito
menor que em outros países. Além disso, certas universidades estavam saturadas de ASPONES.
A verdade é que um universitário custa caro, e vai permanecer caro por bastante tempo ainda.
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Suyndara

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #3 Online: 21 de Agosto de 2007, 11:52:41 »
A gente nunca vê a UNE se importar mais com política, só querendo acabar com o vestibular e detonar com o sistema de ensino  |(

Agora já tem cota para tanta coisa que até acho que o vestibular vai ser extinto de qualquer forma, quanto a pós-graduação  ::)

Ainda não entrou em pauta, aliás na última reunião do Conselho Superior de Educação ficou claro que haverá muita resistência nesse sentido  :wink:

Aliás, o assunto está sendo tão levado a sério que a conversa por aqui é bem outra:

http://www.capes.gov.br/servicos/salaimprensa/noticias/noticia_0758.html

[]s

Suyndara

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #4 Online: 21 de Agosto de 2007, 12:05:28 »
Citar
As universidades públicas poderiam melhorar bastante se muitos dos seus professores deixassem de ser uns enormes vagabundos que só estão interessados na "inserção" de benefícios e em "agregar" o salário ao seus respectivos bolsos, e não estão preocupados em dar boas aulas ou em fazer pesquisa.

 :histeria:

Nada mais verdadeiro do que essa afirmação  :)

Em goiânia, a reitora implantou um programa de divulgação científica: "a cidade vai à UFG", e é incrível ver como os professores tem preguiça de se agregar  :vergonha:

Eu estou articulando aqui na Capes a realização de um programa parecido: levar o conhecimento científico produzido dentro das nossas universidades para a sociedade, mas já sei que não contarei com muitos colaboradores entusiastas da causa  :'(

As vezes parece que as universidades públicas são torre de marfins intocáveis  :(

A pós-graduação blasileira é boa, temos sim pesquisadores de nível internacional e acho que isso deveria ser motivo de orgulho e não de "vandalismo" (por que francamente, querer mudar a estrutura da PG é detonar com o sistema, até pq hoje já é possível pular direto para o doutorado, economizando os 2 anos do mestrado  :ok:)

[]s

Offline RickRJ

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #5 Online: 21 de Agosto de 2007, 12:50:40 »
Vestibular não mede nada...e o que mede conhecimento? Participação em projetos sociais? Trabalho voluntário?
E essa conversa de que não passa..só se for para os cursos mais concorridos, porque o restante com uma boa dose de estudo intensivo dá pra passar com folga - só não sei se dá pra sair com folga rsrs!
Se já tem algo feito, não tem porque inventar (gastar dinheiro do contribuinte) coisas iguais com nomes diferentes!
"Allah é a Luz dos Céus e da Terra..." Qur'an (24:35)

Temma

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #6 Online: 21 de Agosto de 2007, 12:53:45 »
De acordo com a "Universidade Nova", o primeiro ciclo do ensino superior duraria três anos e seria composto por interdisciplinas, isto é, propiciaria ao aluno uma formação nas áreas de Humanidades e Ciências em geral, além de educação para cidadania.

seria uma extensão do segundo grau então? porque pra mim isso é a função dele.

e a grade da maioria dos cursos já tem essa "interdisciplinaridade"


mas doutorado em seis anos. sem a base teórica. pfff

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #7 Online: 21 de Agosto de 2007, 13:10:31 »
É incrível como no Brasil querem passar para a universidade os problemas do ensino médio e fundamental.
Universidade não é e nem deve ser complemento para o ensino médio.

Offline Südenbauer

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #8 Online: 21 de Agosto de 2007, 14:12:10 »
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De acordo com a "Universidade Nova", o primeiro ciclo do ensino superior duraria três anos e seria composto por interdisciplinas, isto é, propiciaria ao aluno uma formação nas áreas de Humanidades e Ciências em geral, além de educação para cidadania. Quem optasse por uma profissão, passaria por uma seleção específica ao final desse período e cursaria o segundo ciclo, dedicado à formação profissional. Dependendo de cada curso, esse período poderia variar entre um e quatro anos.
Estranho, não conheço nenhuma universidade dos países desenvolvidos que inclua essa tal "educação para
cidadania" no seu currículo. Pode ser que exista, mas o único caso desse tipo que me vem à memória foi
aqui no Brasil mesmo: durante a ditadura, os militares "inseriram no paradigma da articulação dos saberes"
a disciplina de ESPB (Estudo dos Problemas Brasileiros), que era universalmente considerada menos que
inútil e cuja exitinção foi recebida com alívio.

Às vezes eu chego a pensar se não seria bom uma boa dose de exatas para esse povo.

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Já aqueles que demonstrassem vocação para a carreira científica poderiam fazer o mestrado e doutorado sem precisar cursar as disciplinas técnicas que hoje são obrigatórias em qualquer bacharelado. Desse modo, a formação de um doutor seria reduzida dos atuais 10 anos (quatro de graduação, dois de mestrado e quatro de doutorado) para um período que poderia chegar a seis anos.
Vagabundagem...

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"Sabemos que as formas de seleção, neste sistema hoje em que a educação foi inserida, sempre vão existir. Mas o fato é que o vestibular é um processo extremamente estressante e angustiante. Por isso, é preciso se pensar outros instrumentos.
Olha, tirando os fodásticos Odontologia, Direito e Medicina (que por tratarem de situações delicadas devem ser bastante) excludentes, passar não é tudo isso aí.

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O Universidade Nova propõe avaliar os futuros universitários durante o ensino médio, através de avaliação curricular ou do Exame Nacional do Ensino Médio. Talvez este seja um bom caminho.
Por isso que projetos como o PEIES devem ser imitados.

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Petta lembrou que o próprio reitor da UFBA fez críticas ao vestibular, afirmando que caso ele prestasse o exame, não conseguiria passar. A justificativa é que a prova se resume a um sistema de memorização, vazio e sem competência para agregar conhecimento ao aprendizado do aluno.
Eu penso justamente o contrário. O cara que vai fazer o vestuibular apenas decorando fórmulas nas exatas e nomes nas humanas vai se dar mal. O vestibular te estimula a conhecer bem o assunto cobrado e "a mais". O vestibular te estimula a saber fórmulas de pensar.

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Em entrevista ao EstudanteNet no fim do ano passado, Naomar explicou a idéia do fim do vestibular: "Nosso projeto não tem como objetivo primeiro acabar com o vestibular. Criticamos o seu caráter socialmente excludente e distorcido em termos pedagógicos. O vestibular é hoje muito mais uma seleção para eliminar e não para identificar talentos. E é traumático, em termos psicológicos", observou. (Leia aqui)
Se é traumático é porque o ensino básico dá muita moleza.

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Tópico relacionado:
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Offline Rodion

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #9 Online: 21 de Agosto de 2007, 20:06:47 »
eu gostei da idéia do ciclo básico. o meu problema, mais do que com alguns itens, é com a própria une, hehe.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Rodion

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #10 Online: 21 de Agosto de 2007, 20:07:30 »
vestibular, fernando, é como era a democracia pra churchill.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Südenbauer

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #11 Online: 21 de Agosto de 2007, 20:28:13 »
Essa fórumla de Churcill se aplica a muitas coisas: capitalismo, ciência.

Offline The_Butterfly

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #12 Online: 22 de Agosto de 2007, 19:40:56 »
 o REUNI será discutida amanhã pela manhã aqui na UFSM, e depois que acabar eu posto os resultados. quanto aos pontos pretendidos nesse modelo de reforma, ressalto que a idéia do ciclo básico constitui-se como uma válvula de escape para as falhas do ensino médio. como fica, por exemplo, o curso de medicina, no qual a carga de formação em fundamentos é enorme? embora a situação tenha que mudar, não é aumentando a quantidade de alunos nas universidades que haverá um ganho em qualidade. e essa história de formação para a cidadania..... tá me cheirando ao que se fazia na época da ditadura. :hmph:
A religião de uma era é o entretenimento literário da seguinte.
                                                         Ralph Waldo Emerson

Tarcísio

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #13 Online: 22 de Agosto de 2007, 20:27:32 »
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A composição do ensino superior por três ciclos –um bacharelado interdisciplinar, de formação geral; um ciclo de formação profissional específica; e um ciclo de pós-graduação– e o fim do vestibular como forma de ingresso dos estudantes nas universidades são algumas das mudanças previstas na proposta.

Parei aqui.

Offline Dodo

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #14 Online: 22 de Agosto de 2007, 21:58:56 »
Olha, sou sindicalista há mais de dez anos.. no momento estou passando por uma fase de desconstrução do conhecimento. Porque isso?
Simples, não consigo mais enxergar as coisas como meus companheiros (desculpem o plágio).
O que vi nessa década foi a consolidação de uma visão de universidade não como um instrumento do saber e sim como mais um instrumento de justiça social. A noção do ser humano como um ser alienado pela mídia, joguete nas mãos de forças poderosas capazes de anular a sua visão crítica de sociedade e transformá-lo num robo cumpridor de ordens levou a conclusão de que a universidade pública, a privada seguiria o mesmo caminho porque tem que respeitar ao MEC e a uma futura Agência Reguladora da Educação, deveria por obrigação cívica capacitar o jovem para questionar (sic) e intervir/modificar as divisões clássicas da sociedade. Esse novo paradigma na educação tem defensores em diversos setores da sociedade, porque traz em sua essência a idéia de que o ciclo inicial do ensino superior obrigatório e comum todos os universitários, independente de suas aptidões ou aspirações, seria uma forma de conhecer e vivenciar as diferentes realidades acentuadas por anos de luta de classes.
Sem falar que não havendo vestibular todos os estudantes seriam iguais.
É claro que isso é só um exemplo e muito resumido, mas acredito que tenha conseguido expor as idéias que influenciaram essa nova universidade.


Agora voês estendem porque estou passando por umafase de desconstrução???
Não é questão de certo ou errado, mas sim a questão em sempre estar certo, independente dos erros.
Você é único, assim como todos os outros.
Alfred E. Newman

Offline Rodion

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #15 Online: 22 de Agosto de 2007, 22:41:24 »
há tempos a universidade já não é mais um templo do saber, mas um templo da barbárie, dodo. no brasil, isso data de quando ela surgiu, em 30. hehe
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Suyndara

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #16 Online: 23 de Agosto de 2007, 09:50:22 »
Os meus consultores ad hoc que não me obedeçam pra ver...

 :histeria: :histeria:

O Mec tem que controlar sim, e eu já fico fula da vida com o SESU que aprova qq merda de curso de graduação, imagina se liberam tudo?  :(


Offline Südenbauer

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Re: REFORMA UNIVERSITÁRIA
« Resposta #17 Online: 23 de Agosto de 2007, 10:01:01 »
o REUNI será discutida amanhã pela manhã aqui na UFSM
Off: Também és de Santa?

Edit: Ah, só agora fui ver teu perfil.

 

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