Em relação a cotas raciais, eu acho tão absurdo que nem discuto. Acho que houve alguma "lavagem cerebral" promovida por certos grupos e pela imprensa para que uma medida tão irracional como esta fosse cogitada.
Em relação a cotas para escola pública ( que é bem menos absurda), houve aí uma confusão de causa e efeito e de prioridades. Na minha opinião, trata-se de mais uma das engenhosas medidas escapistas feitas pelo governo brasileiro ao longo de sua história, é parecida com aquelas risíveis leis pré- lei áurea.
Há aí um combate do efeito ao invés da causa: o aluno de escola pública tem direito a determinada percentagem de vagas, independentemnte de haver ou não alguém de escola particular com desempenho superior ao dele. Eu estive um pouco pensando a respeito dos efeitos à médio ou longo prazo destas medidas e tenho umas hipóteses sobre o que poderá acontecer. Concordo plenamente com o esperto quando ele disse anteriormente que o melhor desempenho das faculdades públicas no provão não decorre da melhor qualidade técnica das universidades em si, mas dos alunos mais "aplicados" (na maioria autodidatas) que estão concentrados nas universidades públicas devido à "impiedosa" seleção do vestibular. Vejamos o que poderá acontecer:
1- As escolas públicas não precisarão receber mais verbas e cuidados, já que não há mais necessidade de melhorarem-se para ficarem "competitivas", pois têm vagas garantidas para seus alunos nas universidades públicas. Na verdade, a criação das cotas foi uma "inteligente" reação do governo frente às pressões crescentes por curso superior dos últimos anos (que decorrem por sua vez da diminuição de vagas no mercado de trabalho), o que tornou mais evidente o caráter precário das escolas públicas.
2 - Para ter direito às cotas, os alunos devem ter cursado pelo menos o nível médio (em alguns estados, da 5 série em diante). Aquela grande parcela da classe média mais "falida" que antes não hesitavem em fazer enormes sacrifícios para colocarem os filhos em escolas particulares perceberão mais cedo ou mais tarde que é melhor matriculá-los, ao chegar o segundo grau, em uma escola pública e pagar bons cursinhos. Assim, estas famílias além de economizarem muito dinheiro que seria pago em mensalidades e materiais de estudo que as escolas particulares exigem, terão seus filhos concorrendo de forma privilegiada ao vestibular. As que optarem por colocar os filhos na particular perderão direito a praticamente metade das vagas, além de incorrerem em maiores despesas, qual o mais vantajoso? Isto representará um duro golpe às escolas particulares.
3 - Como o fato de ter uma renda melhor não implica necessariamente que se deva obrigatoriamente colocar os filhos em escola particular, inúmeras famílias optarão por colocarem os filhos nas escolas públicas pagando cursinhos por fora. Desta forma, criará-se um novo fator de aprovação - os cursinhos - ao invés das escolas particulares. Os alunos pobres que não puderem pagar bons cursinhos não conseguirão conncorrer nas cotas inclusive com estes que, tendo direito à cotas por estarem na escola publica, fizeram bons cursinhos. Disso tudo se conclui que após um certo tempo voltará as universidades a terem novamente muito mais entrada de estudantes com condições do que sem, ou seja, voltará ao antigo "equilíbrio". Criarão-se novas pressões, o governo talvez criará novas medidadas escapistas (Ex: criar cotas econômicas), isto gerará um novo processo... E por aí vai nesse eterno ciclo dialético onde as coisas caminham da mesma forma como sempre caminharam.