Provas da Existência de Deus
Guy P. Duffield e Nathaniel M. Van Cleave, na obra Fundamentos da Teologia Pentecostal, coerentemente, declaram que algumas pessoas, com boa razão, questionarão o valor dos argumentos sobre a existência de Deus. A Bíblia em ponto algum argumenta a esse respeito. Em toda parte as Escrituras assumem sua existência como um fato aceito. O primeiro versículo da Palavra de Deus afirma: “No princípio criou Deus os céus e a terra”, Gênesis 1.1. O salmista proclama mais adiante: “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus”, Salmo 14.1.
O cristão e todos os adoradores de Deus aceitaram a existência de Deus como um ato de fé. Alguns teólogos, tais como Sören Kierkegaard e Karl Barth, rejeitam toda a teologia geral ou natural e afirmam que Deus só pode ser conhecido por um ato de fé.
Todavia, a fé possuída pelo crente não é cega nem irracional. A fé é um dom de Deus (Romanos 10.17), mas ela é sustentada por evidências claras para a mente imparcial.
O salmista diz: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”, Salmo 19.1. Paulo destaca em Romanos que mesmo aqueles que não têm uma revelação da Escritura não possuem uma justificativa para a sua incredulidade (Romanos 1.19-21). Assim, podemos ver que a Bíblia sustenta a validade de uma teologia natural. Devemos lembrar, no entanto, que, apesar de uma teologia natural poder indicar um criador poderoso, sábio e benévolo, nada diz para resolver os problemas do pecado do homem, sua dor, seu sofrimento e sua necessidade de redenção. Também não pode afirmar, como João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”, João 1.29. Além disso, é importante lembrar que os argumentos da existência de Deus, tais como os fornecidos por uma teologia natural, não constituem uma demonstração absoluta. Os seres finitos não podem demonstrar a existência de um Deus infinito.
Os argumentos sobre a existência de Deus que se seguem não têm um substituto para a revelação de Deus nas Escrituras, nem podem levar a uma fé salvadora, mas podem servir ao pregador do Evangelho para despertar uma audiência atenta e satisfazer alguns questionamentos. Só o Espírito Santo suprirá a verdadeira fé em Deus. Vejamos alguns desses argumentos.
A idéia do quinque viae exposta por Tomás de Aquino — Antes de tudo destaca-se o princípio do impulsionador primário, isto é, aquela força que desencadeou o movimento que agora sustenta o mesmo. O mundo seria, essencialmente, “matéria em movimento”. Precisamos explicar a existência tanto do movimento como da causa primária. Pois não é lógico entrarmos em um regresso infinito, afirmando que um movimento foi causado por um antecedente, e este por um outro, anterior a ele, e assim infinitamente. Precisamos finalmente chegar à declaração da origem do movimento. Em Colossenses 1.17, vemos que esse poder é atribuído a Cristo (o Logos), ao passo que no trecho de Atos 17.28 essa força é atribuída a Deus Pai. Esses dois trechos foram declarações do apóstolo Paulo. Por conseguinte, esse argumento de Tomás de Aquino já existe nas Escrituras, ainda que não na forma rigorosa de um argumento, porém meramente como uma afirmação sobre a origem do movimento e como o mesmo tem prosseguimento. Os movimentos são governados por uma inteligência qualquer, porque, de outro modo, tudo não passaria do mais absoluto caos. Os movimentos são dirigidos na direção de alvos fixos, levados a efeito com propósito definido. Somente uma inteligência elevada poderia assim ordenar e dirigir tais movimentos.
O argumento cosmológico — Temos a necessidade de explicar a origem da matéria. Poderíamos encetar uma série infindável de retrocessos, supondo que há uma fileira interminável de causas, sem jamais chegarmos a uma causa primária, mas isso é simplesmente contrário à razão. Assim sendo, precisamos supor que existe uma causa, maior do que qualquer dos seus efeitos, causa essa que originou a matéria. Com base na grandiosidade da criação, podemos averiguar algo da grandiosidade da inteligência de Deus, bem como de seu extraordinário poder. A única alternativa possível a essa posição é aquela que afirma que a matéria é eterna. Essa idéia, entretanto, é muito menos satisfatória do que aquela que fala de uma Causa Inteligente de todas as coisas. Causa essa que é eterna, mas que produziu a criação dentro do tempo.
Coisa alguma, de tudo quanto existe, pode ser declarada como sua própria causa, por quanto sempre podemos encontrar uma causa para qualquer coisa, e outra causa para essa causa, e assim por diante. Finalmente, porém, somos forçados a pôr ponto final nesse retrocesso, supondo a existência de uma causa primária. Essa é a solução mais razoável, para o problema da origem, dentre todas as soluções que têm sido apresentadas pelos homens.
Myer Pearlman nomenclatura esse argumento como sendo “Argumento da Criação”. Esse teólogo sustenta que a razão argumenta que o universo deve ter tido um princípio. Todo efeito deve ter uma causa suficiente. O universo, sendo efeito, por conseguinte deve ter uma causa.
O argumento alicerçado na contingência ou na possibilidade — Essa argumento tem por fundamento a verdade empírica que mostra que tudo quanto conhecemos, através de nossa experiência, é “contingente”. Em outras palavras, depende de alguma outra coisa para explicar a sua existência. Isso subentende que a menos que exista alguma coisa “necessária”, que “não possa deixar de existir”, todas as coisas finalmente cessariam de existir, porquanto dependem ou são contingentes dessa coisa necessária. Uma vez mais poderíamos iniciar um retrocesso infinito, supondo que todas as coisas realmente dependem de alguma coisa, sem jamais chegarmos a um “ser necessário”, independente, que não depende do que quer que seja para sua existência. Porém, essa idéia é muito menos razoável do que supormos que ao longo do caminho de retrocesso, em alguma lugar, se encontra aquela vida necessária, que não depende de qualquer outra coisa para a sua existência, mas antes, é sua própria causadora e existe independentemente de tudo o mais. A esse ser independete é que denominamos Deus. O Evangelho de João encerra esse conceito em trechos como João 5.25-26 e 6.57, onde se lê que esse tipo de vida independente, imortal e necessária foi conferida ao Filho de Deus (através da ressurreição), pelo poder de Deus Pai e, então, por intermédio do Filho, a todos quantos Nele crêem.
Argumento axiológico — Em outras palavras, há uma forma ou graus de perfeição? Sempre que examinamos a bondade, a justiça, a beleza, a nobreza ou qualquer outra das qualidades morais, observamos neste mundo muitos graus de perfeição. Ora, a própria idéia de grau subentende a necessidade de um grau máximo, ou seja, da perfeição. Umaxime ens ou ens realissimus. Esse ente mais real chama-se Deus, que é o ápice de todos os graus de perfeição.
Por, Robson Brito - Pastor, Teólogo, Advogado e licenciado em Letras.
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