Autor Tópico: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva  (Lida 3734 vezes)

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Offline Herf

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Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Online: 25 de Setembro de 2007, 20:38:24 »
Espetáculo grotesco na TV Cultura

Já participei muitas vezes do programa Roda Viva, como sabem. Escrever a respeito tem lá seus incômodos. Mas é do jogo. Alguns gostam das minhas intervenções; outros as detestam. Lá como cá, faço o que acho certo. Já tenho todos os amigos de que preciso. Se arrumar mais alguns, não reclamo. Mas não escrevo ou faço questões para ser simpático. Função de jornalista é incomodar, amolar o entrevistado. Ou tudo vira ação entre amigos. Nos tempos da ditadura, lembro do Canal Livre, de Roberto D’Avila, hoje com programa na Cultura. Como existiam “eles”, os ditadores, e “nós”, os que obedecíamos, havia certo sentido no clima de compadrio. A idéia era criar uma espécie de consenso do lado dos que se queriam “os democratas”. O jornalismo, é evidente, perdia muito, mas todos os absolutos eram relativos debaixo do regime. Fazer encontros, hoje em dia, que se confundam com convescotes é prestar um desserviço ao jornalismo e ao telespectador.

Foi, infelizmente, o que aconteceu com a entrevista do rapper Mano Brown ontem. O resultado era esperado. Dos convidados, o único que poderia navegar na contracorrente era meu amigo José Nêumanne, que, visivelmente, a partir de determinado ponto da entrevista, desistiu de perguntar — na verdade, desistiu de participar do programa. Era inútil. Os demais — Maria Rita Kehl, psicanalista; Paulo Lins, escritor, professor de literatura e roteirista de cinema; Renato Lombardi, jornalista da TV Cultura; Ricardo Franca Cruz, editor-chefe da revista Rolling Stone Brasil, e Paulo Lima, editor da revista Trip, estavam ali para incensar Mano Brown. O que se viu ontem é o exemplo do que se espera de uma TV pública? Tomara que não! William Bonner e Fátima Bernardes entrevistando os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin no Jornal Nacional, para muitos milhões de telespectadores, na principal emissora privada do país, trataram os dois políticos com o desassombro que uma bancada formada pela TV pública não conseguiu ter com... um cantor.

Assistimos foi à renúncia do jornalismo — além, claro, de um desempenho especialmente patético: o de Maria Rita Kehl, de que falarei mais adiante. Estou dando muita importância a uma entrevista de um rapper? Não! Estou dando importância ao nosso dinheiro, leitor, que sustenta a Fundação Padre Anchieta. Uma das muitas diferenças entre a Globo e a Cultura é que a primeira não lhe custa nada; é de graça. A outra é financiada com a grana que sai dos impostos que os paulistas pagam. O conceito de TV pública vem sendo propagandeado por aí como a grande solução e a grande novidade do Brasil. É mesmo?

Surpresa

Eu nunca tinha ouvido Mano Brown falar — e também nunca o ouvi... é “cantar” que se diz? A julgar (vejam notas que publiquei ontem) pelo que dele falam os “playboys” e as “playgirls” do jornalismo, esperava, sei lá, um verdadeiro “pensador do holocausto urbano” brasileiro; um Jean-Paul Sartre da filosofia que chacoalha nos ônibus e nos trens; quem sabe um Jesus Cristo vestido de motoboy. Nada! Mano Brown é só um Macunaíma com cara marrenta, um espertalhão que diz barbaridades na certeza de que uma certa aura de mistério o protege. Era como se o povo ele-mesmo tivesse sido chamado a sentar naquela cadeira, com todas as suas cicatrizes e suas histórias de privações. Esse é o mito mais caro e mais vagabundo da esquerda: a suposição de que o humilde adquire uma voz, assume a força de uma representação, e continua ainda a ser o... humilde que serve de modelo aos devaneios do burguês culpado, que sonha com o “bom rústico”, variante urbana do bom selvagem de Roussseau, o tonto. Era o que expressava o olhar embevecido, “interpretante”, de Maria Rita Kehl, de quem, por Deus!, falarei ainda hoje.

Se um dia tiverem um tempinho, ou um tempão, leiam Fausto, de Goethe. Um dos sonhos daquele homem culto, cínico e culpado é compreender a verdade camponesa. E ele compreende que o fundo da alma de todo homem talvez não seja digno de ser visto de perto. Na obra, isso tem algumas implicações que seriam também religiosas. Nem cabe aqui. Vou adiante só com Mano Brown. E com a falência do jornalismo, ao menos na noite de ontem e naquela roda sonolenta, mais morta do que viva, pronta à adulação. Por alguma razão que gostaria que os valentes me explicassem, Brown era digno de dar uma entrevista, mas não podia ser confrontado – se é que alguém ali tinha vontade de confrontá-lo. Nêumanne, antes de desistir, até tentou.

Dou muita importância a Brown? Não! Quem dá é o Roda Viva. Foi anunciado pelo apresentador do programa e presidente da Fundação Padre Anchieta, Paulo Markun, como “a voz da periferia pobre de São Paulo” que “faz da sua música um protesto contra o racismo, o crescimento urbano caótico e a dura vida nos bolsões de pobreza da cidade”. Também chamou a atenção para o ineditismo da coisa: “Numa rara aparição na TV, Mano Brown está hoje no centro do Roda Vida. Ele é líder e vocalista dos Racionais MCs, grupo de rap que surgiu há mais de 20 anos no Capão Redondo, região de Campo Limpo, uma das áreas mais populosas e pobres da Zona Sul de São Paulo” Markun seguiu adiante: “A música dos Racionais MCs deixa claro o conflito entre o centro e a periferia, entre o Brasil dos incluídos e dos excluídos. O grupo se transformou numa expressão das idéias sobre consciência negra no Brasil e fez dessa percepção sua marca no rap brasileiro”.

Em seguida, entrou uma narração em off com a trajetória de Brown — enfim, um homem bom: “(...) já interrompeu shows para conter brigas na platéia e para fazer discurso contra o álcool, após ver um jovem bêbado entre os espectadores. Avesso às tecnologias, não sabe mexer em computador e se considera uma pessoa rústica. O caráter durão, herdou da mãe, que deixou com 12 anos a Bahia, após brigar com o pai dela. Classifica o povo brasileiro como pacífico, mas já afirmou que pegaria em armas para fazer uma revolução. Mano Brown raramente concede uma entrevista e quase nunca faz shows fora da periferia. Já declarou que seu verdadeiro público está lá; foi quem o colocou no topo e precisa ouvir o que ele tem a dizer. Atualmente, atinge também a classe média, falando de drogas e marginalidade”.

Como se vê, não era um rapper que estava ali, mas um líder, um representante do “povo”. Faz quatro meses, esse rapaz esteve no centro de um grave conflito de milhares da pessoa com a polícia, na Virada Cultural de São Paulo. Um dos motivos óbvios da confusão, além de suas letras francamente hostis à polícia (definida por ele ontem como “o maior inimigo” dos pobres), foi o fato de ele ter-se atrasado nada menos de 90 minutos para o show. Ninguém lhe perguntou uma vírgula a respeito. Acima, como se vê na apresentação da personagem, não se disse uma miserável linha. O jornalismo dava um jeito de limar os aspectos menos virtuosos de sua biografia. Bento 16, sentado ali, não seria poupado.

A resposta à primeira pergunta de Markun já denunciava o gigante. O jornalista quis saber se, nesses 20 anos, a realidade da periferia melhorou ou piorou. Dialético, Mano Brown mandou ver: “Eu diria diferente, diferente. Se eu disser que melhorou, pode parecer assim... Melhorou um grão de areia dentro do que a gente vê que precisa ser melhorado. Então eu me recuso a dizer que melhorou, mas também eu não sou não sou cego de não perceber mudanças. Mudou. Mudar, mudou, entendeu? Agora..." Aí Markun se encarregou de completar a frase, colaborando com o entrevistado: “Bem menos do que poderia ter melhorado”. Não só Mano Brown não é confrontado, como se dá um jeito de melhorar o que ele diz.

Aí entrou Maria Rita Kehl, a psicanalista deslumbrada com o seu “bom selvagem” – ou seu “bom rústico”. Ela lhe pediu uma reflexão sobre o MTST (o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e o MST. O leitor pode se perguntar o que o rapper tem a ver com João Pedro Stedile. E daí? Kehl estava disposta a fabricar um revolucionário. Brown deixou claro que acompanhava de perto os movimentos do Capão Redondo. E só. Leiam trecho do diálogo:
Brown – As outras organizações, talvez eu acompanhe de longe.
Kehl – De longe, o que você acha do MST?
Brown – O que eu acompanho de longe é que tem um cara preso, certo? Lutando por uma causa que não é só dele, certo?, que é de milhões. Pelo que eu tou vendo, ele vai pagar sozinho, é isso?
Kehl – Não sei, acho que não. Há muita gente presa.
Brown – Tão querendo botar o cara preso porque ele está lutando por uma causa que é de muitos. Eu acho que... É o José Rainha, é isso?
Kehl – Isso.
Brown – Eu tenho de dizer que eu sou um cara que leio pouco, né? Sou mal informado sobre muitas coisas. Mas as coisas que eu me interesso, eu me informo, entendeu?

O entrevistado, vá lá, tem o direito de dizer quanta besteira quiser. Foi convidado. Os jornalistas – e também dona Kehl, mesmo sendo psicanalista – é que têm de corrigir as bobagens. Pela ordem:
1 - José Rainha não está preso, minha senhora. Está solto. E promovendo invasões;
2 - É mentira! Não há “muita gente presa”. Não por causa de invasão de terra;
3 - Rainha é hoje um livre-atirador das invasões; foi suspenso pelo MST. Suas ações não são reconhecidas pelo movimento. É simplesmente vergonhoso que um programa jornalístico não se encarregue de fazer as devidas correções. Ora, não era por acaso. Vejam lá: Brown foi apresentado como um líder político. Só Nêumanne, além de Markun, poderia dizer ali a diferença entre a Constituição e o livro de receitas da Dona Benta.

Grande momento

O grande momento do programa veio na seqüência. Numa pergunta oportuna, Paulo Lima quis saber: “E o que está acontecendo em Brasília? É um negócio em que você presta atenção, essa movimentação toda, esses escândalos de corrupção, você se liga nisso, acompanha de perto?
Brown – Não de perto, mas acompanho.
Lima – O que você está achando, por exemplo, da forma como o presidente Lula tem se posicionado diante dessas confusões envolvendo o PT, dessa denúncias de corrupção envolvendo o PT, dessas denuncias de corrupção e tal? Eu vi uma entrevista sua aqui dizendo que, talvez, o Lula estivesse melhor fora daquela cadeira de presidente, que, na sua opinião, é a cadeia mais solitária do país. Queria que você falasse um pouquinho do Lula especificamente.
Brown – É, eu gosto do Lula, sou eleitor do Lula, apóio o Lula, falo bem do Lula em qualquer lugar e não espero benefício por isso. Não conto com benefício do Lula ou que venha do PT. Se vier, firmeza, mas eu não espero por isso. Eu acho que o Lula é um cara que veio de baixo, certo? ELE SABE QUE DAR A CABEÇA DOS AMIGOS DELE PARA OS INIMIGOS, ELE NÃO VAI DAR. ELE VAI ESPERAR A JUSTIÇA SE FAZER POR CONTA PRÓPRIA. ELE ESTÁ SE POSICIONANDO CERTO. ACHO QUE NÃO É DA ÍNDOLE DELE ENTREGAR UM AMIGO DELE QUE DEU MANCADA, ENTENDEU? Ele não faria isso. Ele sabe o que é que é isso. Ele não faria isso. Agora, ele vai deixar descobrir. Se descobrir, é pau no gato, é lamentável.

Na seqüência, o petista Paulo Lins tomou a palavra para lembrar que a corrupção está em todos os Poderes – não só no Executivo, claro, claro – e em todos os lugares, inclusive entre empresários, jogadores de futebol. E Lins queria saber (na verdade, já respondia) se é muito difícil falar a uma criança pobre que ela tem de ser honesta.
Brown – Eu chego a dizer que eu nem considero ele [o ladrão] desonesto. Diante da realidade e das armas que eles têm pra lutar, das armas que eles aprenderam como meio de sobrevivência, eles são honestos. EU TENHO CERTEZA DE QUE, COM OS PARCEIROS DELES, ELES SÃO HONESTOS; COM A FAMÍLIA DELES, ELES SÃO HONESTOS; COM OS MANO QUE TÁ PRESO, ELES SÃO HONESTOS, TÁ LIGADO? Eles são honestos com quem é honesto com eles. QUANDO VOCÊ FALA QUE UM ASSALTANTE DE BANCO É DESONESTO, VOCÊ TEM DE OLHAR PARA A SOCIEDADE... SE A NOSSA SOCIEDADE É HONESTA. EU COSTUMO FALAR PARA OS MANO, QUANDO A GENTE TÁ CONVERSANDO, QUE A NOSSA SOCIEDADE É CRIMINOSA, É OMISSA; ELA É CEGA QUANDO QUER, SURDA QUANDO QUER. Omissão é crime. Na categoria de criminosos, tá todo mundo na mesma, é igual.

Markun ensaiou uma contestação...ZINHA: “Mas a saída não seria lei pra todo mundo?” E Brown: “Mas a lei não é pra todo mundo. Nunca vai ser pra todo mundo.” Nêumanne ainda não tinha desistido e lembrou de uma coisa óbvia: a maioria do povo é honesta, trabalha. E acrescentou: “O herói brasileiro é o que trabalha (...), que levanta às 4h da manhã, que caminha a pé até o trabalho, lutando com a maior dificuldade para ser honesto". E Brown: “Parece letra de rap isso que você está falando. É utopia igual. Infelizmente, na realidade, a gente sabe que os heróis estão cada vez mais humilhados, sem direitos, sem escolas, sem hospital. Então os moleque passa a saber que ser herói não vale tanto a pena, entendeu? Herói que só apanha?”. Nêumanne lembrou: "Mas o cara também que vai para o crime, a vida dele é curta. Ele tem um lucro imediato, mas, a longo prazo, ele não tem um benefício assim tão grande, não é, Mano?" Mano não respondeu. Veio em seu socorro Paulo Lins – professor universitário, roteirista, “favelológo” que decidiu falar ex cathedra: “A periferia não é tudo igual; nem todo mundo é igual. Quando uma pessoa vai entrando para o crime, quando você olha, se você vive na favela, quando você vê a família, vê o aspecto, você já sabe quem vai entrar e quem não vai entrar. (...) Geralmente, quem vai para a criminalidade é aquele que está em pior situação."

E pronto. O próprio Mano Brown se preparou, à sua maneira, para um embate que não veio. Confessou isso. Ele era um verdadeiro encantador daqueles que chama “playboys” – e, mais do que tudo, da “playgirl” da noite: Maria Rita Kehl.
- Mano Brown acha que os criminosos são inocentes;
- Mano Brown acha que os inocentes são criminosos;
- Mano Brown acha que Lula está certo em não entregar seus amigos;
- Mano Brown acha que bandido precisa é ser honesto com sua família e com seus amigos. O resto que se dane.
- Mano Brown está ocupando tempo numa TV pública para fazer a defesa de seus princípios civilizatórios;
- Mano Brown foi apresentado na TV pública como a voz dos oprimidos.

Ainda não estava contente. Para ele, o termo “traficante” está errado. O certo é “comerciante”. Ele não vê razão para prender o cara que vende cocaína e deixar solto o dono da Ambev – sim, ele afirmou isso com todas as letras. E ninguém disse nada. Questionou o que “fazia mais mal: um copo de 51 ou um cigarro de maconha”. E Paulo Lima não teve dúvidas: “um copo de 51”. Declarou, com a ajuda de Maria Rita Kehl, a polícia o maior inimigo do pobre. E, de novo, com ajuda da psicanalista e de Lins (parceiros no PT), lamentou a derrota de Marta Suplicy para Serra, definido como “aquele outro lá que não tá com nada”. Já sabemos que Brown gosta de Lula porque, afinal, ele não entrega os amigos. Está com tudo. Até aqui, estamos falando de um sujeito que faz a apologia descarada do crime. Mas ele também é um espertalhão.

Lombardi, outro jornalista presente, leu, quase comovido, o trecho de uma de suas letras. E quis saber o que ele significava. Sabem o que Brown respondeu? Que ele precisava rimar. Ou seja, não significava grande coisa. Paulo Lima perguntou sobre o tratamento dispensado às mulheres no rap (uma verdadeira escória) e sobre como era o seu relacionamento com a sua própria mulher, já que é um “caretão”, casado há muito tempo. “Minha mulher é uma coisa, e letra de rap é outra coisa”. Ah, bom... Putas são as mulheres dos outros. A dele, provavelmente, é honestíssima. Ele ainda teve tempo para defender o regime cubano; para dizer que negro é quem adota a “cultura” do negro (Existe uma? É o rap?), mesmo que, morando na periferia, seja branco”. Fiel a seu princípio de que a polícia é o principal inimigo, ainda refletiu: “Quem mora lá dentro e vira polícia não gosta daquilo”. Num dos posts, falei sobre a sua estranha gramática. Quando ele se esquecia da personagem, concordava sujeito e verbo e não devorava plurais. Quando se lembrava de ser Mano Brown, então baixava o homem rústico, que fazia Maria Rita Kehl sonhar.

Encerro

Foi um espetáculo grotesco. Menos por causa de Brown – afinal, o mais sensato da noite (já observei que Nêumanne desistiu de dar murro em ponta de faca) –, e mais por conta do jornalismo que se fez ali: deslumbrado, basbaque, adulador, contra qualquer noção de interesse público. Não! A polícia não é a principal inimiga do pobre – até porque composta também de homens pobres, que morrem aos montes. E alguém precisava contestá-lo. E não o fez. É uma vergonha que Lula (segundo Brown) não entregue seus amigos. E alguém precisava dizê-lo. E não o fez. É apologia da delinqüência chamar traficante de “comerciante”. E é uma obrigação moral afirmá-lo, mais ainda numa TV pública. E só se ouviu o silêncio. Se Brown, como ele próprio confessou, fala para “os mano” que a nossa sociedade é criminosa e considera que roubar não é crime – ele disse isso -, então está incitando a violência, fazendo a apologia do crime.

Vendendo a quantidade de discos que vende, para os padrões brasileiros, este senhor já é um homem rico. E não há mal nenhum nisso, é claro. Mas fala como se a pobreza pudesse justificar todos os seus desatinos. Caso alguém fosse à TV defender o extermínio de bandidos sem julgamento, o Ministério Público, muito justificadamente, denunciaria o atrevido. Mas, com Brown, não vai acontecer nada. E ele está, na prática, defendendo a violência contra o homem comum. É o que fazem os bandidos. Eis o utopista apresentado com pompa por certa imprensa, encantada com seus dotes de verdadeira voz da periferia – uma periferia à qual ele próprio já disse não mais pertencer.

O que viu nesta segunda foi o conceito de público ou como aquilo que nao é de ninguém ou como aquilo que pertence à patota. No país governado pela burguesia do capital alheio, assistimos às lições de moral da delinqüência que põe em risco a vida alheia. E tudo pago com o dinheiro dos “playboys”. O Mano é Brown. E o jornalismo saiu com o nariz marrom.

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Offline Rodion

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #1 Online: 25 de Setembro de 2007, 20:43:29 »
menino, eu vi.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Rodion

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #2 Online: 25 de Setembro de 2007, 20:53:30 »
devo dizer, uma impressão forte que tive e que acha correspondência no texto do reinaldo foi justamente relativa ao medo dos jornalistas. pareciam intimidados, mesmo.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Ricardo RCB.

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #3 Online: 25 de Setembro de 2007, 20:56:26 »
Quando soube quem era não tive o menor interesse em ver. Esperado e normal (já tá virando bordão).
“The only place where success comes before work is in the dictionary.”

Donald Kendall

Offline Worf

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #4 Online: 25 de Setembro de 2007, 21:54:27 »
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Diálogos Pertinentes – Mano & Kehl
Vou escrever um livro com conversas imaginárias chamado “Diálogos Pertinentes”. O que segue foi enviado por um leitor, que especula o que teria acontecido se o Roda Viva tivesse durado ontem mais uns 30 minutos:
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Kehl - Mano, o que você pensa dessa nossa classe-média paulista ai?

Brown – Aeh mina, a parada eh o siguinte: tudo vagaba e playba tá ligada? Deixa eu passá um manifesto da perifa: Aeh Ibirapuera, aeh Jardins, aeh Vila Olimpia, si liga truta! O Bixo vai pegá...vacilô o jacaré abraçô. Nem os gambé sigura nóis, certo?

Kehl – Gente...olha! queria dizer para os colegas e para os telespectadores que estou superiperexcitada! Mano...você é a nova eucaristia niilista lindo! Você é aquilo sonhado pelo Caê e pelo Gil lá em 60! Eu quero te devorar! A tua perspectiva enquanto ser e ação quebra todos os paradigmas, mas todos meeeesmo! Você é a prova da sabedoria fecundada no lodo, no sangue e no lixo de uma cultura de mercado meu Golen rapper! A tua revelação é linda: o bandido mata, mas mata para trazer vida. O estuprador estupra, mas ele gera amor. E o seqüestrador seqüestra para, lá no fundo, nos reconciliar, nos unir. Eles querem quebrar as barreiras e os muros dessa ontologia ilusória e mentirosa criada pelo neoliberalismo. Viva você! Mano Brown!! Diferente da polícia tucana, os revólveres da periferia trazem vida!

Markun - (Cara de paisagem)
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:biglol:

Offline Pregador

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #5 Online: 25 de Setembro de 2007, 23:27:44 »
Puta merda...
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #6 Online: 26 de Setembro de 2007, 00:11:31 »
Isso TEM QUE SER uma paródia  :susto:



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Vou escrever um livro com conversas imaginárias chamado “Diálogos Pertinentes”. O que segue foi enviado por um leitor, que especula o que teria acontecido se o Roda Viva tivesse durado ontem mais uns 30 minutos:
Ufa! É mesmo  :ooh:

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #7 Online: 26 de Setembro de 2007, 00:16:08 »
Sempre pensei que o pessoal que trabalha no telejornalismo   tinha um pouco de bom senso e cultura... acabo de ver que são mais burros e topeiras que um cara comum  que não teve   condições de estudar.

Offline Adriano

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #8 Online: 26 de Setembro de 2007, 00:42:56 »
Mas que se faça justiça ao que os Racionais representam na cultura, mostrando a realidade cruel da periferia. A música O homem na estrada mostra bem essa situação. É um "clássico" que tem sim o seu protesto em suas letras.

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Letra de “O Homem na Estrada”

Um homem na estrada recomeça sua vida. Sua finalidade: a sua liberdade. Que foi perdida, subtraída;
e quer provar a si mesmo que realmente mudou, que se recuperou e quer viver em paz, não olhar para trás, dizer ao crime: nunca mais!
Pois sua infância não foi um mar de rosas, não. Na Febem, lembranças dolorosas, então. Sim, ganhar dinheiro, ficar rico, enfim.
Muitos morreram sim, sonhando alto assim, me digam quem é feliz, quem não se desespera, vendo nascer seu filho no berço da miséria.
Um lugar onde só tinham como atração, o bar, e o candomblé pra se tomar a benção.
Esse é o palco da história que por mim será contada…um homem na estrada.

Equilibrado num barranco incômodo, mal acabado e sujo, porém, seu único lar, seu bem e seu refúgio.
Um cheiro horrível de esgoto no quintal, por cima ou por baixo, se chover será fatal.
Um pedaço do inferno, aqui é onde eu estou. Até o IBGE passou aqui e nunca mais voltou. Numerou os barracos, fez uma pá de perguntas. Logo depois esqueceram, filhos da puta!
Acharam uma mina morta e estuprada, deviam estar com muita raiva. “Mano, quanta paulada!”.
Estava irreconhecível, o rosto desfigurado. Deu meia noite e o corpo ainda estava lá, coberto com lençol, ressecado pelo sol, jogado.
O IML estava só dez horas atrasado. Sim, ganhar dinheiro, ficar rico, enfim, quero que meu filho nem se lembre daqui, tenha uma vida segura.
Não quero que ele cresça com um “oitão” na cintura e uma “PT” na cabeça. E o resto da madrugada sem dormir, ele pensa o que fazer para sair dessa situação.
Desempregado então.Com má reputação. Viveu na detenção. Ninguém confia não…e a vida desse homem para sempre foi danificada. Um homem na estrada…Um homem na estrada..

Amanhece mais um dia e tudo é exatamente igual. Calor insuportável, 28 graus.
Faltou água, ja é rotina, monotonia, não tem prazo pra voltar, hã! já fazem cinco dias.
São dez horas, a rua está agitada, uma ambulância foi chamada com extrema urgência.
Loucura, violência exagerada. Estourou a própria mãe, estava embriagado. Mas bem antes da ressaca ele foi julgado.
Arrastado pela rua o pobre do elemento, o inevitável linchamento, imaginem só!
Ele ficou bem feio, não tiveram dó. Os ricos fazem campanha contra as drogas e falam sobre o poder destrutivo delas. Por outro lado promovem e ganham muito dinheiro com o álcool que é vendido na favela.

Empapuçado ele sai, vai dar um rolê. Não acredita no que vê, não daquela maneira,
crianças, gatos, cachorros disputam palmo a palmo seu café da manhã na lateral da feira,
Molecada sem futuro, eu já consigo ver, só vão na escola pra comer,apenas nada mais, como é que vão aprender sem incentivo de alguém, sem orgulho e sem respeito,sem saúde e sem paz.
Um mano meu tava ganhando um dinheiro,tinha comprado um carro,até rolex tinha!
Foi fuzilado a queima roupa no colégio, abastecendo a playboyzada de farinha,ficou famoso, virou notícia, rendeu dinheiro aos jornais, hu!, cartaz à policia.
Vinte anos de idade, alcançou os primeiros lugares… superstar do notícias populares!
Uma semana depois chegou o crack, gente rica por trás, diretoria. Aqui, periferia, miséria de sobra. Um salário por dia garante a mão-de-obra.
A clientela tem grana e compra bem, tudo em casa, costa quente de sócio. A playboyzada muito louca até os ossos! Vender droga por aqui, grande negócio. Sim, ganhar dinheiro ficar rico enfim,
Quero um futuro melhor, não quero morrer assim,num necrotério qualquer, como indigente, sem nome e sem nada…o homem na estrada.

Assaltos na redondeza levantaram suspeitas,logo acusaram a favela para variar, e o boato que corre é que esse homem está, com o seu nome lá na lista dos suspeitos,pregada na parede do bar.
A noite chega e o clima estranho no ar, e ele sem desconfiar de nada, vai dormir tranquilamente,
mas na calada caguentaram seus antecedentes, como se fosse uma doença incurável, no seu braço a tatuagem, DVC, uma passagem , 157 na lei…No seu lado não tem mais ninguém.

A Justiça Criminal é implacável. Tiram sua liberdade, família e moral. Mesmo longe do sistema carcerário, te chamarão para sempre de ex presidiário.
Não confio na polícia, raça do caralho.Se eles me acham baleado na calçada, chutam minha cara e cospem em mim é…Eu sangraria até a morte…Já era, um abraço!Por isso a minha segurança eu mesmo faço.

É madrugada, parece estar tudo normal. Mas esse homem desperta, pressentindo o mal, muito cachorro latindo. Ele acorda ouvindo barulho de carro e passos no quintal.
A vizinhança está calada e insegura, premeditando o final que já conhecem bem.
Na madrugada da favela não existem leis, talvez a lei do silêncio, a lei do cão talvez.
Vão invadir o seu barraco, “é a polícia”! Vieram pra arregaçar, cheios de ódio e malícia, filhos da puta, comedores de carniça!
Já deram minha sentença e eu nem tava na “treta”, não são poucos e já vieram muito loucos.
Matar na crocodilagem, não vão perder viagem, quinze caras lá fora, diversos calibres, e eu apenas com uma “treze tiros” automática.
Sou eu mesmo e eu, meu deus e o meu orixá. No primeiro barulho, eu vou atirar.
Se eles me pegam, meu filho fica sem ninguém, e o que eles querem: mais um “pretinho” na Febem.
Sim, ganhar dinheiro ficar rico enfim, a gente sonha a vida inteira e só acorda no fim, minha verdade
foi outra, não dá mais tempo pra nada… bang! bang! bang!

Homem mulato aparentando entre vinte e cinco e trinta anos é encontrado morto na estrada do M’Boi Mirim sem número. Tudo indica ter sido acerto de contas entre quadrilhas rivais. Segundo a polícia, a vitíma tinha “vasta ficha criminal.”

Foi usada também por pelo senador Eduardo Suplicy senador Eduardo Suplicy, no senado e no programa do Jô.

O Mano Brown deixa a entender que é contra a criminalização da maconha, quando compara com a bebida alcoólica. A diferença é que a sua expressão não é elitizada para que ele saiba distinguir a diferença legal entre a apologia e a defesa da descriminalização. Mas é mais fácil atacar, e depois de outro lado clamar que há censura no país. A liberdade de expressão tem que ser mantida e a avaliação do conteúdo deve ser ligada ao contexto. Não assisti o programa, mas me parece muito bem feita a reportagem, dentro de um contexto cultural onde se insere o rap.

O babaca do Reinaldo gostaria de fazer barraco, provocações políticas e de discriminação, promovendo um ambiente hostil, quando o que foi abordado era a representação de uma cultura da periferia, que ainda é a voz de muitos, muitos que estão em contato com a criminalidade, vendo ela presente a todo momento e sem recursos para se defender, numa situação de omissão da sociedade, que se preocupa apenas com seus bens e com o quanto de imposto estão pagando ao governo.
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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #9 Online: 26 de Setembro de 2007, 06:24:54 »
é isso aí, mano.
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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #10 Online: 26 de Setembro de 2007, 09:31:10 »
Mas que se faça justiça ao que os Racionais representam na cultura, mostrando a realidade cruel da periferia. A música O homem na estrada mostra bem essa situação. É um "clássico" que tem sim o seu protesto em suas letras.

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Letra de “O Homem na Estrada”

Um homem na estrada recomeça sua vida. Sua finalidade: a sua liberdade. Que foi perdida, subtraída;
e quer provar a si mesmo que realmente mudou, que se recuperou e quer viver em paz, não olhar para trás, dizer ao crime: nunca mais!
Pois sua infância não foi um mar de rosas, não. Na Febem, lembranças dolorosas, então. Sim, ganhar dinheiro, ficar rico, enfim.
Muitos morreram sim, sonhando alto assim, me digam quem é feliz, quem não se desespera, vendo nascer seu filho no berço da miséria.
Um lugar onde só tinham como atração, o bar, e o candomblé pra se tomar a benção.
Esse é o palco da história que por mim será contada…um homem na estrada.

Equilibrado num barranco incômodo, mal acabado e sujo, porém, seu único lar, seu bem e seu refúgio.
Um cheiro horrível de esgoto no quintal, por cima ou por baixo, se chover será fatal.
Um pedaço do inferno, aqui é onde eu estou. Até o IBGE passou aqui e nunca mais voltou. Numerou os barracos, fez uma pá de perguntas. Logo depois esqueceram, filhos da puta!
Acharam uma mina morta e estuprada, deviam estar com muita raiva. “Mano, quanta paulada!”.
Estava irreconhecível, o rosto desfigurado. Deu meia noite e o corpo ainda estava lá, coberto com lençol, ressecado pelo sol, jogado.
O IML estava só dez horas atrasado. Sim, ganhar dinheiro, ficar rico, enfim, quero que meu filho nem se lembre daqui, tenha uma vida segura.
Não quero que ele cresça com um “oitão” na cintura e uma “PT” na cabeça. E o resto da madrugada sem dormir, ele pensa o que fazer para sair dessa situação.
Desempregado então.Com má reputação. Viveu na detenção. Ninguém confia não…e a vida desse homem para sempre foi danificada. Um homem na estrada…Um homem na estrada..

Amanhece mais um dia e tudo é exatamente igual. Calor insuportável, 28 graus.
Faltou água, ja é rotina, monotonia, não tem prazo pra voltar, hã! já fazem cinco dias.
São dez horas, a rua está agitada, uma ambulância foi chamada com extrema urgência.
Loucura, violência exagerada. Estourou a própria mãe, estava embriagado. Mas bem antes da ressaca ele foi julgado.
Arrastado pela rua o pobre do elemento, o inevitável linchamento, imaginem só!
Ele ficou bem feio, não tiveram dó. Os ricos fazem campanha contra as drogas e falam sobre o poder destrutivo delas. Por outro lado promovem e ganham muito dinheiro com o álcool que é vendido na favela.

Empapuçado ele sai, vai dar um rolê. Não acredita no que vê, não daquela maneira,
crianças, gatos, cachorros disputam palmo a palmo seu café da manhã na lateral da feira,
Molecada sem futuro, eu já consigo ver, só vão na escola pra comer,apenas nada mais, como é que vão aprender sem incentivo de alguém, sem orgulho e sem respeito,sem saúde e sem paz.
Um mano meu tava ganhando um dinheiro,tinha comprado um carro,até rolex tinha!
Foi fuzilado a queima roupa no colégio, abastecendo a playboyzada de farinha,ficou famoso, virou notícia, rendeu dinheiro aos jornais, hu!, cartaz à policia.
Vinte anos de idade, alcançou os primeiros lugares… superstar do notícias populares!
Uma semana depois chegou o crack, gente rica por trás, diretoria. Aqui, periferia, miséria de sobra. Um salário por dia garante a mão-de-obra.
A clientela tem grana e compra bem, tudo em casa, costa quente de sócio. A playboyzada muito louca até os ossos! Vender droga por aqui, grande negócio. Sim, ganhar dinheiro ficar rico enfim,
Quero um futuro melhor, não quero morrer assim,num necrotério qualquer, como indigente, sem nome e sem nada…o homem na estrada.

Assaltos na redondeza levantaram suspeitas,logo acusaram a favela para variar, e o boato que corre é que esse homem está, com o seu nome lá na lista dos suspeitos,pregada na parede do bar.
A noite chega e o clima estranho no ar, e ele sem desconfiar de nada, vai dormir tranquilamente,
mas na calada caguentaram seus antecedentes, como se fosse uma doença incurável, no seu braço a tatuagem, DVC, uma passagem , 157 na lei…No seu lado não tem mais ninguém.

A Justiça Criminal é implacável. Tiram sua liberdade, família e moral. Mesmo longe do sistema carcerário, te chamarão para sempre de ex presidiário.
Não confio na polícia, raça do caralho.Se eles me acham baleado na calçada, chutam minha cara e cospem em mim é…Eu sangraria até a morte…Já era, um abraço!Por isso a minha segurança eu mesmo faço.

É madrugada, parece estar tudo normal. Mas esse homem desperta, pressentindo o mal, muito cachorro latindo. Ele acorda ouvindo barulho de carro e passos no quintal.
A vizinhança está calada e insegura, premeditando o final que já conhecem bem.
Na madrugada da favela não existem leis, talvez a lei do silêncio, a lei do cão talvez.
Vão invadir o seu barraco, “é a polícia”! Vieram pra arregaçar, cheios de ódio e malícia, filhos da puta, comedores de carniça!
Já deram minha sentença e eu nem tava na “treta”, não são poucos e já vieram muito loucos.
Matar na crocodilagem, não vão perder viagem, quinze caras lá fora, diversos calibres, e eu apenas com uma “treze tiros” automática.
Sou eu mesmo e eu, meu deus e o meu orixá. No primeiro barulho, eu vou atirar.
Se eles me pegam, meu filho fica sem ninguém, e o que eles querem: mais um “pretinho” na Febem.
Sim, ganhar dinheiro ficar rico enfim, a gente sonha a vida inteira e só acorda no fim, minha verdade
foi outra, não dá mais tempo pra nada… bang! bang! bang!

Homem mulato aparentando entre vinte e cinco e trinta anos é encontrado morto na estrada do M’Boi Mirim sem número. Tudo indica ter sido acerto de contas entre quadrilhas rivais. Segundo a polícia, a vitíma tinha “vasta ficha criminal.”

Foi usada também por pelo senador Eduardo Suplicy senador Eduardo Suplicy, no senado e no programa do Jô.

O Mano Brown deixa a entender que é contra a criminalização da maconha, quando compara com a bebida alcoólica. A diferença é que a sua expressão não é elitizada para que ele saiba distinguir a diferença legal entre a apologia e a defesa da descriminalização. Mas é mais fácil atacar, e depois de outro lado clamar que há censura no país. A liberdade de expressão tem que ser mantida e a avaliação do conteúdo deve ser ligada ao contexto. Não assisti o programa, mas me parece muito bem feita a reportagem, dentro de um contexto cultural onde se insere o rap.

O babaca do Reinaldo gostaria de fazer barraco, provocações políticas e de discriminação, promovendo um ambiente hostil, quando o que foi abordado era a representação de uma cultura da periferia, que ainda é a voz de muitos, muitos que estão em contato com a criminalidade, vendo ela presente a todo momento e sem recursos para se defender, numa situação de omissão da sociedade, que se preocupa apenas com seus bens e com o quanto de imposto estão pagando ao governo.


 :demente:
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Temma

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #11 Online: 26 de Setembro de 2007, 11:02:18 »
estou lendo ainda mas...


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Faz quatro meses, esse rapaz esteve no centro de um grave conflito de milhares da pessoa com a polícia, na Virada Cultural de São Paulo. Um dos motivos óbvios da confusão, além de suas letras francamente hostis à polícia (definida por ele ontem como “o maior inimigo” dos pobres)


Deixa eu ver se eu entendi. o cara começa com uma crítica direta aos jornalistas, e vomita uma merda dessas assim tão na cara de pau?


estou aqui pensando em quantos confrontos com a polícia os titãs foram responsáveis.



Offline Buckaroo Banzai

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #12 Online: 26 de Setembro de 2007, 11:08:37 »
O que esses playpunks de butique tem a ver com isso? Eles deveriam ter sido incluídos na crítica mesmo não tendo estado nenhum integrante no centro do roda-viva nesse caso em particular?

Temma

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #13 Online: 26 de Setembro de 2007, 11:21:24 »
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O babaca do Reinaldo gostaria de fazer barraco, provocações políticas e de discriminação

"de reaças, para reaças"



os faniquitos quanto a TV pública são o melhor exemplo. "mimimi é o meu, o seu, o nosso dinheiro genteeww, como pode tudo isso."




mas não vou dizer que o mano brown está certo. peca em muita coisa também. Pra mim o ponto é simples. levem o estado a esses bolsões de miséria, saúde, policiamento(não só pra passar fogo), saneamento e tudo mais, e simplesmente não vão aparecer mais tantas vozes com essa ótica classista deturpada

Temma

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #14 Online: 26 de Setembro de 2007, 11:32:19 »
O que esses playpunks de butique tem a ver com isso? Eles deveriam ter sido incluídos na crítica mesmo não tendo estado nenhum integrante no centro do roda-viva nesse caso em particular?

o que tem a ver é que algumas músicas deles passam as mesmas idéias, e nem por isso faz-se a associação entre as letras da canção e o comportamento da platéia. a pergunta que deve ser feita para refutar essa merda é simples: se nos shows dos racionais há maior frequência de confrontos com a polícia do que em shows ditos "normais". se há, a crítica dele poderia até ter um fundamento, senão, disparate travestido de jornalismo

fico pensando se nesses, sei lá, 20~25 anos de titãs, nas muito prováveis brigas ocasionais que possam ter ocorrido e em que houve envolvimento da polícia, se no outro dia algum jornalista latiu algo como "O grupo, autor da polêmica música polícia para quem precisa não se manifestou sobre a possível influência da letra no comportamento dos jovens que partiram ao ataque dos policiais"

Temma

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #15 Online: 26 de Setembro de 2007, 11:47:58 »
sem contar o erro que eu considero ainda pior. as LETRAS DAS MÚSICAS fizeram o publico atacar os policiais. algo análogo a "VIDEO-GAMES fabricando jovens violentos"



Offline Adriano

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #16 Online: 26 de Setembro de 2007, 11:52:01 »
é isso aí, mano.
Estou fazendo um contraponto a defesa única e exclusiva das políticas de repressão, que no meu entendimento são as apoiadas pelo autor do texto.


:demente:
:bandido: :armado:



 :P




 :anjo:


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O babaca do Reinaldo gostaria de fazer barraco, provocações políticas e de discriminação

"de reaças, para reaças"



os faniquitos quanto a TV pública são o melhor exemplo. "mimimi é o meu, o seu, o nosso dinheiro genteeww, como pode tudo isso."




mas não vou dizer que o mano brown está certo. peca em muita coisa também. Pra mim o ponto é simples. levem o estado a esses bolsões de miséria, saúde, policiamento(não só pra passar fogo), saneamento e tudo mais, e simplesmente não vão aparecer mais tantas vozes com essa ótica classista deturpada

Mas essa crítica tem até mesmo nessa música O homem na estrada onde cita o exemplo do IBGE que só foi uma vez e nunca mais voltou, representando o estado. As periferias são abandonadas pelo poder público, sem políticas sociais, mas tem contato com outra faceta do estado, o poder de polícia, o poder coercitivo, para que se faça cumprir a lei apenas através da força.

O que acho interessante é que nessa cultura, que é grotesca mesmo, por que é a miséria e a violência sendo retratados, é mostrado o lado humano e que sofre dos números das estatísticas sobre desigualdade social e miséria.
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Offline Johnny Cash

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #17 Online: 26 de Setembro de 2007, 13:49:41 »
Brilhantes postagens, Adriano.  :ok:

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #18 Online: 26 de Setembro de 2007, 14:17:25 »
O que esses playpunks de butique tem a ver com isso? Eles deveriam ter sido incluídos na crítica mesmo não tendo estado nenhum integrante no centro do roda-viva nesse caso em particular?

o que tem a ver é que algumas músicas deles passam as mesmas idéias, e nem por isso faz-se a associação entre as letras da canção e o comportamento da platéia. a pergunta que deve ser feita para refutar essa merda é simples: se nos shows dos racionais há maior frequência de confrontos com a polícia do que em shows ditos "normais". se há, a crítica dele poderia até ter um fundamento, senão, disparate travestido de jornalismo

fico pensando se nesses, sei lá, 20~25 anos de titãs, nas muito prováveis brigas ocasionais que possam ter ocorrido e em que houve envolvimento da polícia, se no outro dia algum jornalista latiu algo como "O grupo, autor da polêmica música polícia para quem precisa não se manifestou sobre a possível influência da letra no comportamento dos jovens que partiram ao ataque dos policiais"

Eu não me surpreenderia tanto com isso, especialmente antigamente, quando as pessoas dos movimentos dark/punk eram jovens. E quanto aos titãs especificamente, só tiveram um ou outro disco nessa época da moda punk, durante o resto da história deles acho que foram mais ao estilo "sonífera ilha", daí acho que seria um tanto mais improvável.

Não foi colocado que outros shows são "normais", mas também não me surpreenderia nem um pouco se shows de rap em geral tivessem mais problemas com a polícia do que outros shows de forma geral, como sertanejo, pagode, MPB, "axé" e música clássica, com exceção apenas para coisas como punk rock, justamente por terem similaridades políticas, ideológicas e comportamentais, e talvez para outros tipos de rock relacionados com drogas. Se bem me lembro, no "woodstock" 99 ocorreram diversos estupros e incêncios.


sem contar o erro que eu considero ainda pior. as LETRAS DAS MÚSICAS fizeram o publico atacar os policiais. algo análogo a "VIDEO-GAMES fabricando jovens violentos"
Creio que seja uma super-simplificação da coisa ver isso dessa forma. Não é como se tivessem ouvido a música naquela hora e feito zumbis/hipnotizados, hostilizassem os policiais.

Você acha que as pessoas já nascem com uma índole pré determinada como violenta ou pacífica, e imutável?

Ou que não é possível fazer lavagem cerebral através de música, ou ainda, que isso só existe nas igrejas?

Temma

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #19 Online: 26 de Setembro de 2007, 14:34:18 »
Você acha que as pessoas já nascem com uma índole pré determinada como violenta ou pacífica, e imutável?

Ou que não é possível fazer lavagem cerebral através de música, ou ainda, que isso só existe nas igrejas?

não. eu disse isso?

a super-simplificação a que vejo é pegar UM confronto com a polícia, dentro de 10 anos de shows, e dizer quem é responsável pelo o que. e sem contar que existiu toda uma polêmica a respeito também de como a polícia agiu, se não me engano tem tópicos sobre isso aqui mesmo no Clube Cético

tá no mesmo nível de quando acontece um massacre numa escola e "jogam a culpa" nos video-games


e sim, quanto eu digo "outros shows", eu me refiro a shows similares, mesma faixa etária, mesma "classe social", e sem letras que "incitem" o ódio a policiais.

não dá pra extrapolar e comparar a um show para a terceira idade


E sobre os shows de punk rock e aos estupros, também você não associa essa atitude as letras de música não é? ou ainda, estende a todos os fãs de punk rock essa predisposição à violência ?



« Última modificação: 26 de Setembro de 2007, 14:41:31 por Temma »

Offline Adriano

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #20 Online: 26 de Setembro de 2007, 14:43:20 »
Brilhantes postagens, Adriano.  :ok:
Valeu Gregor.  :ok:


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O babaca do Reinaldo gostaria de fazer barraco, provocações políticas e de discriminação

"de reaças, para reaças"



os faniquitos quanto a TV pública são o melhor exemplo. "mimimi é o meu, o seu, o nosso dinheiro genteeww, como pode tudo isso."


E o Roda Vida sempre teve ótimas entrevistas, com grandes nomes de diversas áreas. Mas quanto muda um pouco o foco, para cultura musical que já é polêmica por si só, daí a qualidade da entrevista está caindo por não ter ocorrido um interrogatório.  <_<
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #21 Online: 26 de Setembro de 2007, 15:54:26 »
Você acha que as pessoas já nascem com uma índole pré determinada como violenta ou pacífica, e imutável?

Ou que não é possível fazer lavagem cerebral através de música, ou ainda, que isso só existe nas igrejas?

não. eu disse isso?

a super-simplificação a que vejo é pegar UM confronto com a polícia, dentro de 10 anos de shows, e dizer quem é responsável pelo o que. e sem contar que existiu toda uma polêmica a respeito também de como a polícia agiu, se não me engano tem tópicos sobre isso aqui mesmo no Clube Cético

tá no mesmo nível de quando acontece um massacre numa escola e "jogam a culpa" nos video-games

e sim, quanto eu digo "outros shows", eu me refiro a shows similares, mesma faixa etária, mesma "classe social", e sem letras que "incitem" o ódio a policiais.

não dá pra extrapolar e comparar a um show para a terceira idade

Mas ele não colocou apenas o conteúdo das letras em questão... eu não sei, não vejo nenhum problema na colocação do autor, não vi a entrevista, mas acharia bastante interessante se fosse perguntado sobre esse tipo de coisas sim.

Eu também acho que poderia acontecer com outro grupo um resultado similar, e não acho que o autor tenha sugerido que o ocorrido foi arquitetado pelo Mano Brown, que ele soubesse que ia causar isso ao se ausentar estrategicamente, como se ele fosse "o culpado". Mas como considero que esse tipo de conteúdo tem influência sobre as pessoas, não muito diferente de cultos, acho que seriam válidos questionamentos, para tornar mais interessante a entrevista, em vez de ser só adulação.

Mas acho que o autor sugeriu questionamentos mais quanto a polícia ser "inimiga do pobre", se seria uma ação "contra o pobre" conter a invasão de sacada de apartamento, tentar conter o vandalismo, depredar orelhões, incendiar carro, e etc., ou se seria o vandalismo em si.

Talvez o autor devesse ter sido mais enfático em generalizar a coisa para minimizar a possibilidade dessa interpretação de que ele estivesse sugerindo uma relação causal bem simples e direta e específica nesse caso. Acho que não fez principalmente porque o ponto principal foi o mal desempenho entrevistadores, não a influência da cultura na moral e etc. Mas talvez ele até esteja sugerindo mesmo, não sei.




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E sobre os shows de punk rock e aos estupros, também você não associa essa atitude as letras de música não é? ou ainda, estende a todos os fãs de punk rock essa predisposição à violência ?

De forma alguma. Mas não acho que seja uma influência desprezível. Lembro de ter visto alguns dos próprios integrantes da platéia falando coisas sobre como que não dá para ficar calmo depois de ouvir Rage Against the Machine e Metallica. Tem toda aquela coisa de "bate cabeça" ("mosh pit"), nos shows de "funk" um tanto recentes, mas um pouco antes de toda essa temática sexual, tinham as coisas de "lado A versus lado B". Só não é completamente determinante/zumbificante.

Offline PauloCesar

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #22 Online: 26 de Setembro de 2007, 16:24:18 »
Que monte de lixo esse Roda Viva... que época decadente...
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Offline Nightstalker

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #23 Online: 26 de Setembro de 2007, 16:42:14 »
Quem é Mano Brown?
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"Sunrise in Sodoma, people wake with the fear in their eyes.
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Offline PauloCesar

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Re: Espetáculo grotesco na TV Cultura: Mano Brown no Roda Viva
« Resposta #24 Online: 26 de Setembro de 2007, 16:43:57 »
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