O ESTADO DE S. PAULO, 26-09-2007
HOMEM EXECUTA FAMÍLIA A MARTELADASApós assassinato da mulher e dos filhos pequenos, aposentado com
problemas psiquiátricos depredou 17 carros e foi detido a tiros pela PMFelipe Grandin
O aposentado Zelito Jesus de Araújo, de 41 anos, matou a mulher e os
filhos a golpes de martelo na madrugada de ontem em sua casa na Favela
Santa Terezinha, em Pedreira, na zona sul de São Paulo. Depois de
assassinar Maria do Socorro Barboza, de 43, e os meninos Lucas, de 8,
e Gênesis, de 9, ele saiu descontrolado pela rua, depredou 17 carros e
foi morto a tiros por um policial militar. Segundo familiares, Araújo
era agressivo e tinha problemas psiquiátricos.
De acordo com a polícia, por volta das 3h30, Araújo teria matado o
filho menor, Lucas, que estava na cama de cima do beliche, no quarto
em que Araújo dormia. Maria do Socorro correu para a laje da casa,
onde foi assassinada. O filho mais velho, Gênesis, ainda fugiu para a
garagem, mas lá também foi morto.
Depois de destruir todos os móveis da casa, o aposentado saiu
quebrando, ainda com o martelo, os vidros dos carros que encontrou
pela frente. Os vizinhos ouviram o barulho e chamaram a Polícia
Militar (PM). "Ele estava fora de si. Ficava bufando", contou o
vizinho José dos Santos Costa. "A gente gritava para ele parar, mas
ele nem ouvia."
Araújo encontrou os policiais na rua e depredou a viatura com o
martelo. Eles pediram reforço, e o aposentado correu. Deu de frente
com outro carro da PM. Após dar uma martelada na porta do motorista,
levou quatro tiros de José Marcos Ferreira de Faria, do 22º BPM.
O estudante Ronie Peterson Barboza Branco, filho de Maria do Socorro,
foi o primeiro a entrar na casa após o crime. As portas estava
fechadas, e ele teve de usar uma escada para entrar pela laje. De lá,
desceu para o quarto, onde viu o corpo de Lucas sobre o beliche. "Só
quando voltei é que vi minha mãe estirada num canto da laje."
Branco afirma que recebeu uma ligação da mãe na manhã de anteontem.
Ela estava preocupada porque Araújo não tomava havia duas semanas o
remédio Gardenal para tratar epilepsia. "Sempre ficava agressivo
quando parava de tomar o remédio." Segundo ele, Araújo teve uma crise
convulsiva, foi levado ao Hospital da Pedreira, medicado e liberado.
Mas, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, Araújo não esteve
nesse hospital anteontem.
O aposentado disse a parentes que não precisava mais tomar o remédio
porque a igreja o tinha curado. Ele era evangélico e freqüentava a
Igreja Universal do Reino de Deus. "Ele jogava os remédios fora quando
voltava do culto", disse o irmão José Jesus de Araújo, de 44 anos.
"Não aceitava a doença."Segundo parentes e vizinhos, há quatro anos, ele também perdeu o
controle e quebrou a casa. "Ele não parava e, quando o seguraram,
ficou se mordendo", contou a vizinha Maria Luci, de 30 anos. Segundo
ela, Araújo ficou internado seis meses em uma clínica psiquiátrica.
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