Autor Tópico: Che (Especial Veja On-Line)  (Lida 5230 vezes)

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Offline Lorentz

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Che (Especial Veja On-Line)
« Online: 29 de Setembro de 2007, 15:54:31 »
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Che

Há quarenta anos morria
o homem e nascia a farsa


"Não disparem. Sou Che. Valho mais vivo do que morto." Há quarenta anos, no dia 8 de outubro de 1967, essa frase foi gritada por um guerrilheiro maltrapilho e sujo metido em uma grota nos confins da Bolívia. Nunca mais foi lembrada. Seu esquecimento deve-se ao fato de que o pedido de misericórdia, o apelo desesperado pela própria vida e o reconhecimento sem disfarce da derrota não combinam com a aura mitológica criada em torno de tudo o que se refere à vida e à morte de Ernesto Guevara Lynch de la Serna, argentino de Rosário, o Che, que antes, para os companheiros, era apenas "el chancho", o porco, porque não gostava de banho e "tinha cheiro de rim fervido".

Essa é a realidade esquecida. No mito, sempre lembrado, ecoam as palavras ditas ao tenente boliviano Mário Terán, encarregado de sua execução, e que parecia hesitar em apertar o gatilho: "Você vai matar um homem". Essas, sim, servem de corolário perfeito a um guerreiro disposto ao sacrifício em nome de ideais que valem mais que a própria vida. Ambas as frases foram relatadas por várias testemunhas e meticulosamente anotadas pelo capitão Gary Prado Salmón, do Exército boliviano, responsável pela captura de Che. Provenientes das mesmas fontes, merecem, portanto, idêntica credibilidade. O esquecimento de uma frase e a perpetuação da outra resumem o sucesso da máquina de propaganda marxista na elaboração de seu maior e até então intocado mito. Che tem um apelo que beira a lenda entre os jovens dos cinco continentes. Como homem de carne e osso, com suas fraquezas, sua maníaca necessidade de matar pessoas, sua crença inabalável na violência política e a busca incessante da morte gloriosa, foi um ser desprezível. "Ele era adepto do totalitarismo até o último pêlo do corpo", escreveu sobre ele o jornalista francês Régis Debray, que por alguns meses conviveu com Che na Bolívia.

Por suas convicções ideológicas, Che tem seu lugar assegurado na mesma lata de lixo onde a história já arremessou há tempos outros teóricos e práticos do comunismo, como Lenin, Stalin, Trotsky, Mao e Fidel Castro. Entre a captura e a execução de Che na Bolívia, passaram-se 24 horas. Nesse período, o governo boliviano e os americanos da CIA que ajudaram na operação decidiram entre si o destino de Guevara. Execução sumária? Não para os padrões de Che. Centenas de homens que ele fuzilou em Cuba tiveram sua sorte selada em ritos sumários cujas deliberações muitas vezes não passavam de dez minutos.

VEJA conversou com historiadores, biógrafos, antigos companheiros de Che na guerrilha e no governo cubano na tentativa de entender como o rosto de um apologista da violência, voluntarioso e autoritário, foi parar no biquíni de Gisele Bündchen, no braço de Maradona, na barriga de Mike Tyson, em pôsteres e camisetas. Seu retrato clássico – feito pelo fotógrafo cubano Alberto Korda em 1960 – é a fotografia mais reproduzida de todos os tempos. O mito é particularmente enganoso por se sustentar no avesso do que o homem foi, pensou e realizou durante sua existência. Incapaz de compreender a vida em uma sociedade aberta e sempre disposto a eliminar a tiros os adversários – mesmo os que vestiam a mesma farda que ele –, Che é, paradoxalmente, visto como um símbolo da luta pela liberdade. Guevara é responsável direto pela morte de 49 jovens inexperientes recrutas que faziam o serviço militar obrigatório na Bolívia. Eles foram mobilizados para defender a soberania de sua pátria e expulsar os invasores cubanos, sob cujo fogo pereceram. Tendo ajudado a estabelecer um sistema de penúria em Cuba, Che agora é apresentado como um símbolo de justiça social. Politicamente dogmático, aferrado com unhas e dentes à rigidez do marxismo-leninismo em sua vertente mais totalitária, passa por livre-pensador.

(O texto acima é apenas uma pequena parte da matéria. A reportagem completa encontra-se em http://veja.abril.com.br/031007/p_082.shtml)
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Offline Südenbauer

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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #1 Online: 01 de Outubro de 2007, 01:46:34 »
Hããã... eu nunca li a fundo a biografia do "Tchê, que vara...", mas eu achei a princípio essa matéria apelativa e parcial demais, me enganei?

Offline Rodion

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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #2 Online: 01 de Outubro de 2007, 02:00:45 »
eu li a biografia dele, acreditem. aquela de quase umas mil páginas. mas não tinha muito de demérito, não. no máximo aquele endurecimento dele, aquele rigor disciplinar que mandava qualquer guajiro maroto pro paredón.
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Offline Lorentz

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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #3 Online: 01 de Outubro de 2007, 12:28:31 »
Hããã... eu nunca li a fundo a biografia do "Tchê, que vara...", mas eu achei a princípio essa matéria apelativa e parcial demais, me enganei?

Sim, o texto é bastante polêmico. Mas aí é que está a graça.

Se a Veja publicasse o mesmo texto para o Fernandinho Beira-Mar, Você também acharia parcial? :)

Apesar de não ser um texto imparcial, estamos falando de um sujeito considerado por muitos um herói. Eu conheço pessoalmente alguns marmanjos que admiram ele. Acho louvável que algum veículo se esforce para mostrar o outro lado. Falta muito disso.

Agora, falando "na boa": O que poderia ser dito de bom sobre Che Guevara? Qual foi a maior contribuição dele para o mundo? Se tiver algo que realmente valha citar, então citaremos aqui (e condeno a Veja por omissão).
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Offline Lorentz

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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #4 Online: 04 de Outubro de 2007, 13:08:20 »
Reinaldo Azevedo publicou em seu blog um texto do Zé Dirceu, fazendo um comentário em seguida:

Citação de: Reinaldo Azevedo
O milagre do porco fedorento

Mas Dirceu quase me fez chorar foi com a nota abaixo, intitulada “Uma notícia que diz tudo”, com um subtítulo: “Operação milagre devolve a visão ao assassino de Che Guevara”. Leiam (segue como está lá, hein). Volto em seguida:

La Paz, 30 set. ABN - O suboficial boliviano Mario Terán, que em outubro de 1967 assassinou o comandante Ernesto "Che" Guevara em uma escola do povoado de La Higuera, recuperou a visão após ter sido operado por médicos cubanos em um hospital da Bolívia doado por Cuba. A notícia foi publicada pelo órgão oficial do Partido Comunista Granma com base numa publicação anterior do diário "El Deber" da cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra.

"A quatro décadas de que Mario Terán tentasse com seu crime destruir um sonho e uma idéia, Che torna a ganhar outro combate. E continua em campanha", assegurou o Granma, citado pela estatal Agência de Informação Nacional (AIN) da ilha. O texto detalha que um filho de Terán pediu ao El Deber de Santa Cruz que publicasse uma carta de agradecimento aos médicos cubanos que haviam devolvido a visão ao seu idoso pai, após operá-lo de catarata, nos quadros da Operação Milagre, plano oftalmológico que Cuba já exportou a vários países.

A nota do Granma resenha que Terán, ao receber a ordem de matar Che "teve de socorre-se do álcool para encher-se de coragem e poder cumpri-la, como ele mesmo narrou depois à imprensa". Relata o artigo que Che, ferido e desarmado, sentado no chão de terra da escolinha, “o viu vacilante e temeroso e teve toda a coragem que faltava ao seu algoz para abrir a surrada camisa verde-oliva, descobrir o peito e gritar-lhe: 'Não trema mais e dispara aqui que v. vai matar um homem”. Terán, cumprindo ordens dos generais René Barrientos e Alfredo Ovando, da Casa Branca e da CIA, disparou sem saber que as feridas mortais abriam buracos junto àquele coração que continuria marcando a luta dos povos'.”

A nota do diário oficial cubano destaca que o suboficial “poderá apreciar as cores do céu e da selva, desfrutar do sorriso de seus netos e presenciar partidas de futebol, contudo jamais será capaz de perceber a diferença entre os ideais que o levaram a assassinar um homem a sangue-frio e as de quem ordenava aos médicos de sua guerrilha que atendessem igualmente seus camaradas e seus inimigos”. AIN sublinha ademais que Terán “não teve de pagar um só centavo pela operação” dos médicos cubanos em um hospital doado pelo governo de Cuba e inaugurado pelo presidente Evo Morales.

"Recordem bem esse nome: Mario Terán, um soldado educado na idéia de matar que volta a ver graças aos médicos seguidores das idéias de sua vítima", ressaltou o periódico. Depois de deixar Cuba em 1966, Che ingressou clandestinamente na Bolívia com a idéia de criar um foco revolucionário na América Latina.


Voltei
Viram só? É o milagre do “porco fedorento”, do assassino compulsivo, do criador do primeiro campo de concentração da América Latina, daquele capaz de assassinar um homem por causa de um pedaço de pão. O testemunho é de quem conviveu com ele. É fato constatado, não o folclore criado pela mistificação política. Agora já se sabe que esse papo de “você vai matar um homem” é conversa mole. Ele pediu foi clemência; pediu para não ser morto. Ok. É compreensível. Como é compreensível que seu esquerdismo o transformasse num assassino contumaz.

A esquerda é treinada na morte, no assassinato, no terrorismo. A sua face humanista sempre foi nada mais do que discurso ideológico. E o esquerdismo é craque em transformar os seus em mártires. Quando eu era de esquerda (já fui, fazer o quê?), nunca dei um tostão furado por Che Guevara. Sorte! Eu era trotskista. Esse papo de foquismo guerrilheiro cucaracho sempre me cheirou mal. E cheiraria a qualquer trostsista decente — tanto quanto possa haver um. Assim, aquela fotografia de Che, com aquele olhar, huuummm... Sentimentalismo barato.

Sempre preferi a imagem que abre este texto, vejam lá: A Morte de Marat, do pintor francês Jacques-Louis David, um puxa saco da Revolução Francesa e de Napoleão, embora eu considere ambígua sua homenagem ao baixinho invocado. Mas deixa pra lá. Marat, que editava um panfleto chamado O Amigo do Povo, foi morto por uma mocinha, Charlotte Corday. No dia 13 de julho de 1793, ele a recebe na banheira. Ela lhe prometera entregar uma lista de conspiradores da direita. A heroína, ligada aos moderados girondinos, estava mentindo, claro. Era uma “conspiradora” contra os terroristas que haviam tomado o poder na França. Cravou-lhe um punhal na clavícula. Presa, foi guilhotinada no dia 17 do mesmo mês.

Quem vê o vagabundo ali estirado, um belo quadro, não se dá conta de que era um carniceiro. Assim se criam as mentiras e as mistificações. Quem vê aquele olhar cheio de amanhãs de Guevara não intui o “porco fedorento”. E assassino.

Os mistificadores sempre fizeram de tudo para transformar Guevara num Cristo comunista. O Zé já lhe atribuiu o primeiro milagre.
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Offline Dr. Manhattan

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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #5 Online: 04 de Outubro de 2007, 13:22:30 »
A matéria é muito parcial mesmo, mas isso não quer dizer que o Che tenha sido essa figura
messiânica que a propaganda tenta passar. Como já afirmei antes em outros tópicos, Bill Gates
já fez muito mais para diminuir a fome e o sofrimento no mundo do que Fidel & Che sonharam.
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Offline Nightstalker

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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #6 Online: 04 de Outubro de 2007, 13:31:21 »
Matéria excelente, mostra bem como conseguiram endeusar um assassino frio, ou como ele dizia: uma máquina fria e seletiva de matar.
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Offline Herf

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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #7 Online: 05 de Outubro de 2007, 21:04:16 »
Lembrei dos meus 14-15 anos vendo este vídeo.  :lol: :vergonha: :hihi:

<a href="http://www.youtube.com/v/FII7n1qxigE" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/FII7n1qxigE</a>

Comentário do Reinaldo Azevedo:
Citar
Rá, rá, rá.

Já está no YouTube o protesto de uns sete ou oito aguerridos membros da Juventude Socialista (ou coisa parecida) contra a capa que VEJA dedicou ao porco fedorento. Essa massa formidável de gatinhas e românticos heróis revolucionários organizou a sua manifestação em frente à Editora Abril.

Impressiona a veia poética das palavras de ordem — e começo a entender por que Mano Brown é confundido com Yeats. O melhor, me parece, é este:

“i-i-i-/queremos CPI”

Imbuídos do melhor espírito democrático, queimaram algumas revistas. Ta certo. É assim que se fazia na Alemanha nazista. É assim que se faz em Cuba. Aliás, por falar, nisso, gritaram:

“Cu-ba sim/ Ve-ja não/Vi-va Che/ e a re-vo-lu-ção”

A Abril deveria financiar a viagem dessa patota à ilha. Mas para viver como cubanos e cubanas. Em uma semana, estariam pedindo para ser tratados como terroristas em Guantánamo. Ao menos rola um rango. Um deles ali, pelo visto, não consegue atravessar o dia com a ração fornecida por Fidel...
http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2007/10/como-nao-perder-ternura.html

Offline HSette

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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #8 Online: 05 de Outubro de 2007, 21:42:17 »
Independente de questões ideológicas, para mim trata-se de um dos maiores lixos jornalísticos dos últimos tempos.
Aliás, nem um pouco surpreendente, vindo de onde vem.
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Offline Alenônimo

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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #9 Online: 06 de Outubro de 2007, 02:00:29 »
Independente de questões ideológicas, para mim trata-se de um dos maiores lixos jornalísticos dos últimos tempos.
Aliás, nem um pouco surpreendente, vindo de onde vem.
Eu discordo. A matéria da Veja não me pareceu tão ruim assim.

Pode mostrar as incoerências? Assim já tiramos à limpo o que está errado na matéria.
“A ciência não explica tudo. A religião não explica nada.”

Offline FZapp

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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #10 Online: 06 de Outubro de 2007, 08:12:26 »
Quando a Veja tiver a mesma veia crítica com Jesus, posso começar a pensar se há algum senso jornalístico além do ataque ferrenho ao que a Veja considera a esquerda. Digo 'ao que a veja considera' porque a direção já se mostrou anti-Lula, anti-governos de esquerda, e já foi pró-Collor. Aliás, a Veja é a revista que mais tomou partido, e para mim isso já é um contra-senso de jornalismo.

Alenônimo, mais do que apontar erros da reportagem, há omissões, numa tentativa de mostrar o Che como uma pessoa fraca. O episódio da sua captura, por exemplo, não está completo. Além de ter se rendido (e é verdade), também é verdade que recomendou fazer um torniquete num soldado da 'resistência' (ou seja, aos quais eles estavam atirando) para estancar a hemorragia. Isto é, para ele os inimigos eram os membros da oligarquia, não o pobre coitado que estava atirando contra ele.

E digo mais: o episódio estaria completo se dissesse que quem matou mesmo o Che foram os trabalhadores rurais da Bolívia ao impedir que eles consigam água e comida, e ao colaborar com o governo (de direita, estatizante, repressivo, como sempre foi na Bolivia).

Então a figura do Che é muito maior e mais complexa que a Veja tenta pintar.

Quanto à historia, eu a conheço, não é um mar de rosas, nunca foi. Guevara não é um dos meus ídolos, principalmente por defender a guerrilha (essencialmente violenta) e a disciplina hierárquica, que acaba por ajudar a novas ditaduras, desta vez de esquerda. Mas a Veja carrega as tintas procurando defeitos, assim como seus admiradores só ressaltam as qualidades.

Eu como argentino e cético não quero cair nem para um lado nem para o outro. Aliás, por muito tempo na Argentina foi tão proibido falar que El Che era argentino que tem gente que não sabe disso :O

« Última modificação: 06 de Outubro de 2007, 08:16:01 por JCatino »
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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #11 Online: 06 de Outubro de 2007, 10:03:17 »
Independente de questões ideológicas, para mim trata-se de um dos maiores lixos jornalísticos dos últimos tempos.
Aliás, nem um pouco surpreendente, vindo de onde vem.
Eu discordo. A matéria da Veja não me pareceu tão ruim assim.

Pode mostrar as incoerências? Assim já tiramos à limpo o que está errado na matéria.

Já começamos mal. Os que se auto-intitulam jornalistas erram até no nome do personagem foco da matéria. Dizem: Ernesto Guevara Lynch de la Serna

O Lynch corre por conta deles (e decerto outras cositas mais), pois os registros a respeito não dizem isso. Decerto fizeram uma busca na Internet. Um "belíssimo" trabalho de pesquisa histórica.

Mas para quem usa um ex-agente da CIA como fonte historiográfica confiável, isso é o de menos.  :'(
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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #12 Online: 06 de Outubro de 2007, 12:37:43 »
E o que é confiável? A versão de Fidel Castro?
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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #13 Online: 06 de Outubro de 2007, 12:44:28 »
E o que é confiável? A versão de Fidel Castro?

Qual é a versão do Fidel Castro?  :?:

Se é que existe alguma.
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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #14 Online: 06 de Outubro de 2007, 12:45:44 »
Quando a Veja tiver a mesma veia crítica com Jesus, posso começar a pensar se há algum senso jornalístico além do ataque ferrenho ao que a Veja considera a esquerda. Digo 'ao que a veja considera' porque a direção já se mostrou anti-Lula, anti-governos de esquerda, e já foi pró-Collor. Aliás, a Veja é a revista que mais tomou partido, e para mim isso já é um contra-senso de jornalismo.

Alenônimo, mais do que apontar erros da reportagem, há omissões, numa tentativa de mostrar o Che como uma pessoa fraca. O episódio da sua captura, por exemplo, não está completo. Além de ter se rendido (e é verdade), também é verdade que recomendou fazer um torniquete num soldado da 'resistência' (ou seja, aos quais eles estavam atirando) para estancar a hemorragia. Isto é, para ele os inimigos eram os membros da oligarquia, não o pobre coitado que estava atirando contra ele.

E digo mais: o episódio estaria completo se dissesse que quem matou mesmo o Che foram os trabalhadores rurais da Bolívia ao impedir que eles consigam água e comida, e ao colaborar com o governo (de direita, estatizante, repressivo, como sempre foi na Bolivia).

Então a figura do Che é muito maior e mais complexa que a Veja tenta pintar.

Quanto à historia, eu a conheço, não é um mar de rosas, nunca foi. Guevara não é um dos meus ídolos, principalmente por defender a guerrilha (essencialmente violenta) e a disciplina hierárquica, que acaba por ajudar a novas ditaduras, desta vez de esquerda. Mas a Veja carrega as tintas procurando defeitos, assim como seus admiradores só ressaltam as qualidades.

Eu como argentino e cético não quero cair nem para um lado nem para o outro. Aliás, por muito tempo na Argentina foi tão proibido falar que El Che era argentino que tem gente que não sabe disso :O
Eu não estou dizendo que a versão da Veja esteja certo. Todo mundo sabe que ela tem um certo viés político. Mas não acho que estejam exagerando tanto assim.

Caramba, ele era guerrilheiro. Ele matava pessoas pelo ideal comunista. Isso não é heroísmo nem aqui e nem na casa do caralho. A Veja está certa quando o faz parecer menos um mártir e mais uma pessoa. Enfim, ele foi um bandido e não um herói.
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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #15 Online: 06 de Outubro de 2007, 12:47:09 »
E o que é confiável? A versão de Fidel Castro?

Qual é a versão do Fidel Castro?  :?:

Se é que existe alguma.
Ué? A versão que vende camiseta.
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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #16 Online: 06 de Outubro de 2007, 12:54:11 »
Para mim, nem herói nem bandido.

A Veja, há muito tempo, passou a ter uma postura panfletária da pior qualidade.
Pressão do mercado: já foi o tempo em que a Veja dominava livre leve e solta esse nicho das  revista de atualidades, com publicação semanal.

Ano passado foi a vã tentativa de influenciar os resultados das eleições presidenciais, indo rastejar para isso na lama da baixaria total.

Agora parte para um "revisionismo" histórico usando profissionais (!?!?) que nem se dão ao trabalho de uma pesquisa minimamente aceitável.

Vá lá. O desespero faz coisas....
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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #17 Online: 06 de Outubro de 2007, 12:56:21 »
E o que é confiável? A versão de Fidel Castro?

Qual é a versão do Fidel Castro?  :?:

Se é que existe alguma.
Ué? A versão que vende camiseta.

Pelo que me consta, o relacionamento entre Fidel e Che, tanto em aspectos pessoais quanto ideológicos chegou aos limites da cisão.
Registros históricos dão conta de que Guevara foi pura e simplesmente abandonado em suas aventuras revolucionárias após deixar Cuba em direção ao continente africano e além.
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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #18 Online: 06 de Outubro de 2007, 13:04:20 »
E o que é confiável? A versão de Fidel Castro?

Qual é a versão do Fidel Castro?  :?:

Se é que existe alguma.
Ué? A versão que vende camiseta.

Pelo que me consta, o relacionamento entre Fidel e Che, tanto em aspectos pessoais quanto ideológicos chegou aos limites da cisão.
Registros históricos dão conta de que Guevara foi pura e simplesmente abandonado em suas aventuras revolucionárias após deixar Cuba em direção ao continente africano e além.
Isso não impediu a capitalização em cima da imagem do energúmeno pelos pró-cuba. ;)
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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #19 Online: 06 de Outubro de 2007, 13:13:29 »
A propaganda é a alma do negócio. :-)
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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #20 Online: 06 de Outubro de 2007, 15:22:56 »
Eu não estou dizendo que a versão da Veja esteja certo. Todo mundo sabe que ela tem um certo viés político. Mas não acho que estejam exagerando tanto assim.

Caramba, ele era guerrilheiro. Ele matava pessoas pelo ideal comunista. Isso não é heroísmo nem aqui e nem na casa do caralho. A Veja está certa quando o faz parecer menos um mártir e mais uma pessoa. Enfim, ele foi um bandido e não um herói.

Eu já disse por quê não é meur herói preferido, nisso acho que concordamos. Mas da Veja não dá para esperar que não queira carregar tintas com uma figura daesquerda como o Che.

Outro exemplo do que disse no 1o. post que se me ocorreu agora que venho pensando em outra coisa: se a Veja apresentasse a 'farsa' que é Einstein ter 'descoberto' a relatividade, e colocasse os comentários que tinha de ourtos físicos/maetmáticos (como Poincaré, aliás), você acha que esse repórter gostaria de escerver sobre aquilo ? Você acha que a Veja teria interesse em publicá-lo ?

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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #21 Online: 06 de Outubro de 2007, 18:37:04 »
O intuito da matéria era exclusivamente derrubar o mito criado em torno de Che Guevara, no que tange a esse objetivo a matéria obteve êxito. Não há como relativizar o caráter de Che Guevara, ele foi sim um assassino e ponto final, isso independe de seus supostos ideais igualitários. Que bom que não viveu mais, poderia ter ceifado a vida de mais milhares de inocentes.
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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #22 Online: 06 de Outubro de 2007, 18:42:58 »
O intuito da matéria era exclusivamente derrubar o mito criado em torno de Che Guevara, no que tange a esse objetivo a matéria obteve êxito.

Hein? Qualquer pessoa com um mínimo de exigência em termos jornalísticos não levaria uma matéria panfletária como essa a sério.


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Não há como relativizar o caráter de Che Guevara, ele foi sim um assassino e ponto final.
Se o termo se adequa a todos que participam de conflitos armados, e matam oponentes nesses conflitos, então sim. E aí, a lista vai longe, e muita gente importante, e endeusada, vai entrar nela.
"Eu sei que o Homem Invisível está aqui!"
"Por quê?"
"Porque não estou vendo ele!"

Chaves

Offline Týr

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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #23 Online: 06 de Outubro de 2007, 18:46:07 »
Quem idolatra esse bandido pode ler o que quiser que não vai mudar de opínião.

A reportagem não ficou apelativa, a vida dele é que motivou tanta merda escrita em tão pouco espaço.

Offline HSette

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Re: Che (Especial Veja On-Line)
« Resposta #24 Online: 06 de Outubro de 2007, 18:50:23 »
Quem idolatra esse bandido pode ler o que quiser que não vai mudar de opínião.

Não é o meu caso.

De qualquer forma, não sou dos que formam opinião lendo a Veja, principalmente de uns anos para cá.
Infelizmente, são muitos que se deixam levar nessa onda.

Curiosamente, na mesma edição, Stephen Kanitz escreve em sua coluna: "... cuidado com o que vêem e com o que lêem."
"Eu sei que o Homem Invisível está aqui!"
"Por quê?"
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Chaves

 

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