Tópico: As mordomias dos servidores públicos

[Herf]

Sem controle, mordomia se alastra nos três poderes
José Casado - O Globo

BRASÍLIA - Uma elite de 74 mil servidores federais desfruta de mordomias como auxílio-moradia de R$ 3 mil, carro de luxo, TV de LCD, celular com gasto ilimitado, apartamentos com banheira de hidromassagem e enxoval renovado a cada dois anos. Hoje, a elite do funcionalismo ganha 24,5 vezes a renda média do brasileiro e é mais bem paga que a cúpula burocrática dos Estados Unidos.

Três anos atrás, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, começou a desfilar a bordo de um Chevrolet Ômega e, desde então, o carro fabricado na Austrália virou símbolo de poder na capital da República. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), por exemplo, gastou R$ 5,4 milhões na compra de 37 deles - 33 para seus juízes e mais quatro para a diretoria. O Senado, a Câmara e alguns ministérios adotaram o estilo. Cada sedã importado custa US$ 81 mil (R$ 146 mil). O modelo só consome gasolina - e muita, à média de um litro para cada seis quilômetros.

Sua inclusão na frota pública é paradoxal, sobretudo num governo que faz propaganda dos biocombustíveis como alternativa para um mundo ameaçado pelo efeito estufa. Mas esse é apenas um detalhe: a conta de luz das repartições federais já soma R$ 3,9 milhões por dia útil. Gasta-se R$ 954 milhões por ano para iluminar os prédios públicos - 200 vezes mais que o investimento governamental realizado no programa Luz para Todos.

Vantagens compõem 37% dos salários

O dinheiro dos tributos paga tudo, dos desperdícios aos privilégios de um grupo de 74 mil pessoas que detém os altos cargos do governo, do Legislativo e do Judiciário. É a elite civil do contingente de 2,2 milhões de servidores públicos (17,5% do total de assalariados), entre os quais 1,1 milhão ativos.

Conselheira do TCDF: normal ir a lojas com veículo oficial

Numa quarta-feira, um Vectra do Tribunal de Contas do Distrito Federal, placa 0007, foi flagrado quando participava de uma missão nada secreta na capital: transportar a conselheira Anilcéia Machado, ex-deputada distrital, e uma amiga numa manhã de compras. A "parada" foi numa loja na quadra comercial 105 Sul. De lá, seguiram para a quadra comercial 305 Sul, mais conhecida como a Rua das Butiques. Durante cerca de uma hora, entraram e saíram de lojas de sapato. O resultado das compras podia ser visto em algumas sacolas.

Consultada, Anilcéia identificou a colega de passeio como sua chefe de gabinete e disse ter usado o veículo para almoçar num restaurante e, no caminho de volta ao tribunal, consertar um relógio e trocar um sapato. A conselheira disse considerar "perfeitamente normal" o uso do veículo oficial para essas atividades em horário de serviço. Ao ser lembrada de que segurava mais de uma sacola, justificou-se:

- Quando vou trocar um sapato, compro dois. Mulher quando vai a uma loja não sai sem um pacote...

Desde 1950, a legislação brasileira condena o uso particular de veículos oficiais. Uma lei federal sancionada pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra já determinava que "os automóveis oficiais destinam-se, exclusivamente, ao serviço público" e dizia que é "rigorosamente proibido" o uso dos carros para o "transporte de família do servidor" ou de "pessoa estranha ao serviço público".

Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/mat/2007/11/17/327208838.asp

[Rodion]

versalhesco.

[Luis Dantas]

O brasileiro típico jura que se orgulha de ser brasileiro, mas não tem a mínima noção do que seja cidadania...

[HSette]

E quem são esses 74.000 servidores?

[Herf]

E quem são esses 74.000 servidores?

A matéria não dá maiores detalhes: "74 mil pessoas que detém os altos cargos do governo, do Legislativo e do Judiciário. É a elite civil do contingente de 2,2 milhões de servidores públicos (17,5% do total de assalariados), entre os quais 1,1 milhão ativos."

[Luis Dantas]

E quem são esses 74.000 servidores?

A julgar pela notícia, pelo menos parte são servidores do nível hierárquico de conselheiro ou acima. Não tenho os números, mas suponho que isso inclui vereadores, deputados, senadores, ministros, juízes e provavelmente muitos assessores e secretários.

No país todos não duvido que isso some 74 mil.  Como bem observava o Poindexter, o problema não é tanto o nepotismo em si quanto o excesso de cargos de confiança.  E, no caso, o excesso de síndrome de pequeno poder.

[HSette]

E tem o detalhe de que, se não me engano, deputados e senadores também são servidores públicos.

[Luis Dantas]

São sim, embora muitos ajam como se se considerassem messias em vez de servidores.

[HSette]

São sim, embora muitos ajam como se se considerassem messias em vez de servidores.

E o pior é que trazem com eles uma quantidade enorme de outros servidores, que também se consideram acima do bem e do mal.

Sem falar no nepotismo disfarçado que impera: uns contratam os parentes dos outros, driblando a legislação. Aqui em Minas conheço três casos assim. Prova de que direito e moral e ética nem sempre andam de mãos dadas.

[Luis Dantas]

Sem falar no nepotismo disfarçado que impera: uns contratam os parentes dos outros, driblando a legislação. Aqui em Minas conheço três casos assim. Prova de que direito e moral e ética nem sempre andam de mãos dadas.

Esse é realmente um problema sério.  Não tanto por acontecer quanto por todo mundo achar normal, inclusive quem desaprova.

Pela minha experiência pessoal direito não tem NADA a ver com moral e ética.  Pelo menos no Brasil.  Há quem garanta que se interessa pela área por motivos outros, mas na prática quase sempre é a existência de cargos e oportunidades bem remunerados que atrai nessa área.

O que certamente não ajuda... afinal de contas, se dinheiro é o atrativo, não há por que esperar que os interessados se destaquem pelo idealismo ou pela retidão.

[Luis Dantas]

Pensando bem, o mais estranho nem é o nepotismo ou a postura interesseira.  É a naturalidade com que nós brasileiros vemos a existência de divisões sociais tão drásticas, que criam tanta exclusão - e, pior ainda, exclusão mal assumida.

Se nos dissessem alguns anos atrás que os dirigentes brancos da África do Sul ganham 24 vezes mais do que o sul-africano médio, haveria muita revolta e clamor pelo fim do Apartheid.  Mas quando acontece aqui, achamos a coisa mais natural do mundo que alguns tenham mordomias e outros sejam semi-analfabetos subempregados, desde que possamos alimentar a ilusão de que nós especificamente "merecemos" estar mais perto do primeiro grupo do que do segundo...

O que, obviamente, é ridículo.

[HSette]

Em 2004 o BID encomendou um estudo chamado A Remuneração dos Altos Dirigentes do Setor Público:

Nos resultados todos os valores foram convertidos para o dólar e ajustados pelo critério da paridade do poder de compra. Essa é uma conta que os economistas fazem para descobrir quanto uma pessoa efetivamente pode comprar com aquilo que recebe em dólares. Por esse critério, o salário mensal do senador brasileiro, de R$ 12.800, corresponde a US$ 11.736 na pesquisa do BID - e não a US$ 5.900, conforme a cotação do dólar.

- O funcionário público de alto escalão ganha muito bem para os padrões brasileiros. No topo, estão magistrados e parlamentares. Os ministros do Supremo Tribunal Federal ganham 20,8 vezes o salário médio do brasileiro, calculado em US$ 726 pelo BID. O salário de deputados e senadores chega a ser 16,2 vezes maior que a média

- Dos Três Poderes, o Executivo é o que paga menos aos funcionários mais importantes.

- Na comparação dos salários de ministros de Estado, os brasileiros estão na média. Os ministros do STF, no entanto, só perdem para os mexicanos, que recebem US$ 24.835 por mês, ingleses (US$ 13.673) e americanos (US$ 13.122). Os brasileiros recebem US$ 15.106.

- Deputados e senadores brasileiros estão em quarto lugar no ranking dos mais bem pagos do BID. Como salário bruto, recebem US$ 11.736 por mês. Só perdem para os parlamentares mexicanos (senadores ganham US$ 17.285, e deputados US$ 12.301), para os chilenos (US$ 14.491) e para os americanos (US$ 12.469).

Detalhe importante: ao contrário dos colegas brasileiros, os deputados e senadores americanos não têm benefícios como auxílio-moradia, passagem aérea gratuita para os Estados de origem e verba para seus gabinetes.

[Raphael]

Eu vou fazer prova pra ser servidor público, pra ser professor mais precisamente.

[Nightstalker]

Concursados merecem...

[Nightstalker]

Eu vou fazer prova pra ser servidor público, pra ser professor mais precisamente.

Professor de qual disciplina?

[Raphael]

Eu vou fazer prova pra ser servidor público, pra ser professor mais precisamente.

Professor de qual disciplina?

Biologia. 

Na realidade, ciêncais físicas e biológicas, pois vou minstrar aulas de 5ª a 8ª série, e no ensino fundamental, segundo seguimento, na 8º, quando se dá biologia, a parte de física e química é que são valorizadas.

[rizk]

Mas é de dar ódio. O serviço público não é um mero emprego, é DEVER CÍVICO PORRRAAAAA. Fico verde, fico roooxa.

Além disso, eu ganho R$4 de vale transporte, que não dá pra ir e voltar de ônibus, e R$6 de vale alimentação. É até bom pra dieta, você come só saladinha e caminha de volta pra casa e tal.

[Rodion]

dá pra comer no bom prato

[Fabrício]

- Deputados e senadores brasileiros estão em quarto lugar no ranking dos mais bem pagos do BID. Como salário bruto, recebem US$ 11.736 por mês. Só perdem para os parlamentares mexicanos (senadores ganham US$ 17.285, e deputados US$ 12.301), para os chilenos (US$ 14.491) e para os americanos (US$ 12.469).

Espero que eles não leiam isto, ou vão querer o primeiro lugar...

[Pregador]

Depois reclamam quando a coisa estoura e a "elite" vai para a guilhotina...

É engraçado que o povo "revolucionário" toma o empresário privado como inimigo número 1 e esquecem dos marajás que vivem nas tetas do poder...

[Suyndara]

Mas isso só é verdade para os servidores do judiciário 

Eu sou servidora no executivo, e o lulinha resolveu que está sem grana e vai filar meu 13°  (do órgão inteiro, aliás...)

Por isso eu dou um conselho: não prestem concurso para o ministério da educação, do trabalho e da saúde  tem os piores salários, nenhuma mordomia e é um sufoco trabalhar sem verba  :'( (sim, pq o governo cria os programas, mas não as verbas...)

[Pregador]

Mas isso só é verdade para os servidores do judiciário 

Eu sou servidora no executivo, e o lulinha resolveu que está sem grana e vai filar meu 13°  (do órgão inteiro, aliás...)

Por isso eu dou um conselho: não prestem concurso para o ministério da educação, do trabalho e da saúde  tem os piores salários, nenhuma mordomia e é um sufoco trabalhar sem verba  :'( (sim, pq o governo cria os programas, mas não as verbas...)

Temos esta elite em todos os poderes do Estado. Não é só no judiciário não, tem milhares no legislativo  e no executivo também.

[Fabrício]

Amon, mas eu acho que no judiciário a mamata é maior, mesmo porque até quem não é marajá, ou seja, não está em cargos top, ganha mais no judiciário do que em outros poderes, em média.

Não tenho nada matemático para comprovar isto, mas é pelo menos uma impressão que dá quando comparamos salários dos servidores do judiciário com os outros em editais de concursos.

[Pregador]

Amon, mas eu acho que no judiciário a mamata é maior, mesmo porque até quem não é marajá, ou seja, não está em cargos top, ganha mais no judiciário do que em outros poderes, em média.

Não tenho nada matemático para comprovar isto, mas é pelo menos uma impressão que dá quando comparamos salários dos servidores do judiciário com os outros em editais de concursos.

Talvez seja, mas o legislativo também gastam muiiiito. Principalmente verbas indenizatórias que no judiciário não existem tanto.

O executivo tem o Ministério Público, mas este tem um orçamento próprio, é algo como um quarto poder...

[Rodion]

vale lembrar que a magistratura tem um histórico de privilégios, mesmo em relação aos demais poderes, como fica patente até na atual constituição.