Se isso for um conceito abstrato, pois que seja, é só uma questão linguística. Não posso dizer que essa consciência existe da mesma forma que o cérebro existe, mas ainda assim posso dizer que ela existe, pois eu estou sentindo o teclado nos meus dedos.
Se for algo abstracto, então não passa de uma generalização que fazemos, como na Matemática.
Ter consciência do teclado é ter uma representação na memória acerca dele, permitindo conhecer como é, como funciona, onde está, como se sente ao tocá-lo, etc e interargir com ele. Através dos sentidos temos consciência de nós próprios e do que está ao redor, mas não é a mesma coisa.
Se fosse isso, bastava receber impulsos nervosos para sentirmos algo, sem armazenar informação na memória nem manipulá-la ao longo do tempo, para termos aquilo que chamamos consciência. A consciência é algo muito mais complexo de implementar do que isso.
Você quer dizer que uma máquina artificial vai sentir dor e prazer apenas porque ela vai "reagir de acordo com o que conhece sobre si mesma" ou se "tiver representações de entidades exteriores, permitindo reagir de acordo com esse conhecimento, com a ajuda de sensores"? Se sua resposta for sim, como você tem certeza disso?
Como sabe que eu e os outros ao redor também sentem? :p
Sou programador informático, e tenho interesse na Inteligência Artificial.
A teoria da Relatividade pode até ferir o bom-senso, mas isso não torna menos estranha o mistério da consciência.
É isso que estou a dizer. São igualmente ideias estranhas para a maioria (senso-comum), mas não são mágicas.
Para mim, continua absurda a idéia da matéria despertar para o mundo. Quanto aos andróides, não sei se eles chegarão a ser conscientes, mas se eu tivesse a oportunidade perguntaria a um deles ele se ele sente dor ou prazer pra ver o que ele responderia.
" Making Robots Conscious of their Mental States"
http://www-formal.stanford.edu/jmc/consciousness/consciousness.htmlIsaac Asimov - o autor de "Eu, robot" - já explorou muito a ideia de máquinas conscientes. Foi ele que teve a ideia de impor determinadas directrizes para que não se tornem perigosos (algo como no Robocop). No "Eu, robot" apresenta um robot que sonha.
Já participei num colóquio numa cadeira de Inteligência Artificial sobre o senso-comum. Existe uma máquina que para traduções de texto - não um mero substituidor de palavras, mas uma que tenha senso-comum para decidir como traduzir -, que está a aprender a fazer traduções com vários exemplos, provavelmente com o recurso de Redes Neuronais.
Quanto aos sentidos, na práctica é muito fácil. "Sensores" não é um nome por acaso. Os robots têm sensores, e por isso têm sentidos, e até mais apurados do que nós. A questão é eles terem consciência dos sentidos. Aliás, o modo como percebemos os nossos sentidos dependem da nossa experiência com o que os associamos às nossas experiências. É assim que funciona as fobias e taras.
Por exemplo, se tiverem sensores para o tacto que permita sentir um calor excessivo, perceberem o que sentiram, reagirem a isso e aprenderem com a situação. Uma generalização de situações semelhantes é aquilo que chamamos de consciência, o que permite terem empatia, remorsos, etc. Acho que seria interessante até usar máquinas para tentar reproduzir a psique humana, para provar ou refutar teorias, e compreender-nos.
Ok, mas você entendeu a que estou me referindo quando falo "alma" ou "fantasma". Mais uma vez, é só uma questão de vocabulário. E é justamente o sentido de "alma" a que estou me referindo, que não vou tentar definir aqui, que incomoda os materialistas.
Confesso que eu próprio quis que tivesses sensibilidade nas questões de semântica, ao responder a "não gostam das palavras".
Num tópico sobre Cepticismo falei sobre o assunto acerca de bom-senso nos debates.
Posso não acreditar que existam fantasmas ou espíritos, mas gosto tanta desses termos como duendes, fadas, Papai Noel, bicho papão, unicórnio, etc. "Não gostar" significa não admitir que existem?
Abraços