Construir um prédio enorme, a custo alto, quando há problemas sociais que poderiam ser resolvidos com esses recursos não tem como não ser megalomania.
Justamente o exemplo das pirâmides me parece que contradiz a sua frase, pois foi uma forma de dar um trabalho para milhares de trabalhadores, a partir da veneração à glória do faraó. As pirâmides demoravam para serem construídas, exigiam o trabalho de engenheiros, gerações de pintores, escultores, gerações de trabalhadores braçais nos canteiros, nas boras, etc.
Pode parecer que o faraó era um megalomaníaco, até era um pouco, mas era um tipo de bolsa-família da época
Por mais megalomaníaco que possa parecer, resolvia um problema social da época, isto é, dar emprego e moradia em tempos de paz para milhares de trabalhadores que não trabalhavam na lavoura (ou não trabalhavam naquela época na lavoura, parecem que as pirâmides mais recentes tinham muitos trabalhadores 'boia-fria' desocupados dos tempos da enchente).
Na verdade, até onde eu sei, as pirâmides não levaram gerações para serem construídas. Há vários relatos, inclusive um de Heródoto, de que a grande pirâmide de Quéops foi construída em apenas 20 anos. Na época de enchente do Nilo de fato muitos agricultores tinham sua ocupação comprometida, mas não faz sentido falar em desemprego no Egito na época da construção das pirâmides. Se ele existia era de baixo índice.
Em toda tumba, pirâmide, monumento etc que foi preservada há a menção de que todos os trabalhadores que construiram o monumento foram bem pagos e alimentados (normalmente consta o que cada um deles recebeu). Por isso os escrevos sempre foram escassos no Egito, a maioria dos trabalhadores eram remunerados sim. Na construção da grande pirâmide não há indício algum de utilização de trabalho escravo.
No Egito também existia a "corvéia" que era um dia de trabalho compulsório para o Estado por ano, salvo engano (em relação ao tempo). A pirâmide não foi construída para resolver um problema social, ela foi construída com base no fervor religioso.
Irônicamente, a cosntrução das pirâmides custou tão caro, que o Egito sofreu pouco tempo após as suas construções um grande colapso. Reparem que depois delas, nenhuma outra grande pirâmide foi construída. Custou tão caro que passaram a erguer templos mais modestos, como os de Heliópolis, Luxor, Karnak etc.
A pirâmide foi erguida para ser a tumba do faraó que personificava o Egito. Quéops foi um dos últimos faraós plenamente endeusados do Egito. Após o colapso do Estado, há relatos de que a grande pirâmide foi violada por ladrões e os ossos do faraó foram espalhados pelo chão como se lixo fossem. Esse fato repercutiu muito na mentalidade egípcia, que passou a questionar a divindade do faraó.
Os faraós de dinastias postariores quando era retratados em pedra tinhama gora semblante áustero e preocupado, muito diferente do semblante confiante e soberbo dos antigos. Isos por que, depois disso, o faraó não era mais um deus, mas sim um homem que representava o coletivo egípcio e devia explicações aos deuses.