Autor Tópico: E o jejum do bispo?  (Lida 2130 vezes)

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Offline Mafalda

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E o jejum do bispo?
« Online: 20 de Dezembro de 2007, 12:37:31 »
     Gente, gostaria de saber como a turma do cc está se posicionando em relação ao jejum do bispo. A transposição do Velho Chico vai trazer concequencias ambientais mesmo? No meu entendimento esse bispo só está querendo desviar a atenção para o que verdadeiramente importa, a discussão das vantagens e desvantagens da transposição.
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Offline Lecina

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #1 Online: 20 de Dezembro de 2007, 12:45:27 »
sou contra a transposição do Rio, mas, pra mim, greve de fome é a coisa mais FILHA DA PUTA que existe...

Nada justifica uma greve de fome... é palhaçada.. é dizer: Ou você cede, ou eu morro e vc é culpado. Isso não combina com democracia. Algo ser escolhido baseando-se na OPINIÃO 1 EXTREMISTA RETARDADO é palhaçada...

É contra a trasposição? Vamos iniciar a discução, o debate... seja na internet, na TV, nos jornais, nas escolas, na camara, na casa do presidente, qualquer bosta MENOS posições extremistas
Fabio Lecina Marin

Suyndara

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #2 Online: 20 de Dezembro de 2007, 12:55:35 »
Bom, ele conseguiu chamar a atenção do papa  :lol:

Por mim, uma pessoa a mais morrendo de fome nesse mundo não é trágico, é cômico pelo fato de que ele tem comida :wink:

Offline Alenônimo

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #3 Online: 20 de Dezembro de 2007, 12:56:22 »
Eu sou a favor da transposição. Tudo o que ajudar a eliminar esses padres tá de bom tamanho pra mim. :hihi:
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Offline Mafalda

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #4 Online: 20 de Dezembro de 2007, 13:06:00 »
sou contra a transposição do Rio, mas, pra mim, greve de fome é a coisa mais FILHA DA PUTA que existe...

Nada justifica uma greve de fome... é palhaçada.. é dizer: Ou você cede, ou eu morro e vc é culpado. Isso não combina com democracia. Algo ser escolhido baseando-se na OPINIÃO 1 EXTREMISTA RETARDADO é palhaçada...

É contra a trasposição? Vamos iniciar a discução, o debate... seja na internet, na TV, nos jornais, nas escolas, na camara, na casa do presidente, qualquer bosta MENOS posições extremistas


     É mais ou menos o que eu penso, acho que qualquer obra que tenha que alterar algo na natureza precisa ser discutida, mas dentro dos limites da racionalidade e da investigação dos factos, mas o que me deixa pilhada é essa tentativa de se colocar um peso sentimental na questão.
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Offline Mafalda

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #5 Online: 20 de Dezembro de 2007, 13:08:09 »
Bom, ele conseguiu chamar a atenção do papa  :lol:

Por mim, uma pessoa a mais morrendo de fome nesse mundo não é trágico, é cômico pelo fato de que ele tem comida :wink:



    E está conseguindo desviar a atenção para o que interessa, no caso a transposição.
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Offline calvino

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #6 Online: 20 de Dezembro de 2007, 20:00:46 »
Acho ridículo essa grevinha.

E como bem lembrou o caro Lecina, é totalmente apelativo e não democrático.
"Se a moralidade representa o modo como gostaríamos que o mundo funcionasse, a economia representa o modo como ele realmente funciona" Freakonomics.

Lua

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #7 Online: 20 de Dezembro de 2007, 20:55:17 »

Sou contra a transposição, contra a greve de fome do bispo, contra os gastos absurdos que certamente serão triplicados antes da metade da obra ser concluída. Afinal, estamos no Brasil.. E lembrando que é bem possível que a obra acabe abandonada e nosso pobre dinheirinho tenha sido jogado no lixo...

rizk

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #8 Online: 20 de Dezembro de 2007, 21:08:26 »
Dizem os médicos que agora que ele desmaiou, a greve de fome acabou.

Bichinha. :D

Lua

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #9 Online: 20 de Dezembro de 2007, 21:11:39 »
Dizem os médicos que agora que ele desmaiou, a greve de fome acabou.

Bichinha. :D

O pobre bispo não foi parar na UTI hoje? Pelo menos essa é a matéria de capa do jornal de maior circulação do estado...

Offline Mafalda

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #10 Online: 20 de Dezembro de 2007, 22:14:34 »
    Um aspecto que me levou ao limite da indignação foi a Letícia Sabatella ter se colocado a favor, e quanto mais aparecem factos periféricos mais a gente fica distante dos verdadeiros dados do projecto de transposição.
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Offline Spitfire

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #11 Online: 21 de Dezembro de 2007, 00:59:17 »
Eu dou meu maior apoio ao Bispo!  :ok:

Vamos lá.... força! Falta pouco....   :wink:

Morre de uma vez, FDP!  :histeria:

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Isto é assunto que cabe a sociedade discutir e não um PNC ficar metendo a colher e tentar impor a vontade dele.

Offline Raphael

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #12 Online: 21 de Dezembro de 2007, 02:16:52 »
Eu fico com o depoimento do Jabor, que deu no Jornal da Globo sobre o assunto. Muito bom mesmo.
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Offline Mafalda

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #13 Online: 21 de Dezembro de 2007, 02:55:36 »
Eu fico com o depoimento do Jabor, que deu no Jornal da Globo sobre o assunto. Muito bom mesmo.



   Você pode dizer algo a respeito do depoimento do Jabour??
   Como posso ter acesso a esse depoimento??
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Offline Raphael

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #14 Online: 21 de Dezembro de 2007, 03:09:26 »
Claro linda, achei no próprio site da globo. ok:

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Quem esta com a razão? O absurdo é ainda haver esta dúvida.

De um lado esta greve de fome, do outro o governo tratando o assunto como fato consumado.

A transposição do rio pede uma certeza objetiva, mas contra a certeza, interferem muitas opiniões:

De um lado um idealismo cristão onipotente, um ecologismo por vezes ideológico, de outro lado, interesses de empreiteiras que querem por a mão nos seis bilhões, estados doadores que eram contra e os receptores a favor.

Há interesse eleitoral do governo para 2010, o desejo de deixar uma obra definitiva, como uma Brasília aquática.

A poética de ser puramente pela natureza como se os miseráveis não fossem natureza, parece loucura, mas o governo poderia explicitar para o país, de forma clara, a complexidade técnica do assunto.

A sociedade precisa entender melhor. Este não é um problema político nem de fé. Trata-se da vida de 14 milhões de pessoas, de um rio símbolo do país.

Seria um absurdo destruírem um rio sem planejamento. Mas é um absurdo também não se poder de algum modo usar sua água, ali ao lado do semi-árido. Quem esta com a razão? O absurdo é ainda haver esta dúvida.

http://jg.globo.com/JGlobo/0,19125,VBC0-2754-313148,00.html
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Suyndara

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #15 Online: 21 de Dezembro de 2007, 10:41:43 »
Eu dou meu maior apoio ao Bispo!  :ok:

Vamos lá.... força! Falta pouco....   :wink:

Morre de uma vez, FDP!  :histeria:

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:histeria:

Apoiado :ok:

Offline Mafalda

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #16 Online: 21 de Dezembro de 2007, 11:44:55 »
     Bem, no estado do Amazonas já houve caso de uma construção de uma hidroelétrica onde teve uma grande área florestal alagada para essa construção. Até hoje, que se saiba, não houve prejuizos ambientais, as vezes o discurso de ecologistas e antropólogos que lidam com as comunidades é mais alarmista do que o necessário. Por isso eu acho que devemos racionalizar bastante antes de pertir para uma questão de apego sentimental.
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Offline Lucato

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #17 Online: 21 de Dezembro de 2007, 16:09:46 »
Eu não tinha muita informação sobre a transposição em si.
Fui ao www.integracao.gov.br e lá tem muita coisa a respeito.
Pela água em si, não sou contra a transposição, não.
63m³/s de um rio que vaza no mínimo 1850 m³/s (chega a 3850 m³) é um volume ridículo. Não acredito que vá causar impacto ambiental algum. Abaixo de sobradinho, por exemplo, o rio tem cerca de 1km de largura. Não chegaria a 10cm a queda de nível com a retirada desse volume.
Quanto à distribuição da água, não tive detalhes, mas não acredito que vá haver desvios. Falam em fazer poços artesianos, mas retirar água do subsolo é um problema muito mais sério. Já viram o tamanho da área que a transposição do São Francisco vai atender?



Imagina tirar água de todo esse subsolo aí?
Quanto ao dinheiro gasto, acho que o Ministério Público e Tribunal de Contas estão aí para fiscalizar. Cobremos fiscalização.
Quanto ao sr. Bispo... :no:
Sem-vergonha, chantagista. Houve várias e várias audiências públicas para se discutir o projeto e ele foi convidado especial em algumas. Não compareceu.
Ele quer é aparecer.
Recebi um e-mail com uma opinião muito legal, mas não sei qual a fonte original:
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O bispo de Barra quer morrer

O que pode explicar a atitude de Dom Luís Cappio, ao fazer uma
segunda greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco?
Um bispo é um quadro político, um "general da Igreja",
não age por acaso nem por impulsos repentinos.


Bernardo Kucinski

Dom Luís vai morrer. Na primeira greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco ele ainda falava em negociação. Agora não propõe negociar nada. Exige que o Exército abandone o canteiro de obras e o projeto seja arquivado. Diz que se não for assim vai até o fim na sua greve de fome, que já dura 13 dias. O fim é a morte por inanição. É obvio que o quee le quer mesmo é morrer.

Um bispo não é um religioso qualquer, um ingênuo tomado pela crendice. É um quadro dirigente. Superou etapas formativas e seletivas, chegando ao topo da hierarquia católica. Estudou os clássicos. Sabe latim, grego e talvez até hebraico. Leu São Tomas de Aquino. Conhece filosofia; teoria política. É um general da Igreja . Seu gesto é o equivalente clerical do"pronunciamento" militar.

Dom Luiz deve saber que nenhum governo pode abandonar seu principal projeto de desenvolvimento regional. Deve saber também o que é um
Estado laico. E o que é democracia. Que um governo democrático não pode ceder à chantagem, nem querendo. Se Dom Luís sabe de tudo isso, o que busca ele com o auto-sacrifício?

Esse é o grande enigma. Um denso mistério que provavelmente irá para debaixo da terra junto com seu corpo.

Podemos apenas especular.

Será que através do martírio extremo ele busca a glória pessoal? Talvez até a beatificação? Nesse fim de semana eram esperadas mais de dez mil pessoas em romaria ao bispo. Imaginem depois de morto? Certamente vai ser erguido ali um santuário. E ele vai virar um santo. Santo Cáppio. Um novo Padim Cícero do Sertão. Mas não pode ser isso. Um bispo tem estrutura mental e auto-disciplina para não se deixar levar pela soberba. Talvez Dom Luís queira com sua morte dar sentido a um bispado que já não tinha vida. Hoje Barra é uma cidade morta. Já foi um florescente centro mercantil ao qual aportavam barcos plenos de mercadorias oriundas de todo o sertão. Enfim já foi um BISPADO de verdade, o promissor Bispado de Barra. Só que o bispado morreu, com o definhamento do próprio rio.

A decadência de Barra não tem nada a ver com o projeto de transposição de águas do São Francisco. Tem a ver com o que aconteceu antes, com os quatro séculos de depredação das margens do rio, o assoreamento e o declínio mercantil do Porto de Barra. Em todo o país antigos portos fluviais foram abandonados. Armazéns e casarões decorados com azulejos portugueses são hoje ruínas ou centros recuperados de turismo.

Aconteceu no delta do Parnaíba, no estuário do Amazonas, em Belém do Pará, no Rio Guaíba, em Porto Alegre. Aconteceu em Barra.

A diferença é que o Rio São Francisco ganhou um projeto que com a transposição de uma pequena fração de suas águas, poderá transformar o cenário de toda uma região, hoje miserável. E revitalizar o próprio rio, recuperando matas ancilares e canalizando esgotos de cidades ribeirinhas. Não colide com as ações pontuais e caridosas da Igreja, nem com o projeto do governo de construção de um milhão de cisternas, mas vai muito além.

A Igreja não acredita na salvação em terra, em mudar a realidade. Tudo é destino. Transformações profundas como as embutidas no projeto do São Francisco violam o desígnios de Deus. Violam o estado da natureza, o curso natural das águas. Violam o ecosistema, dizem os ambientalistas, usando outra linguagem, mas defendendo o mesmo imobilismo. O criacionismo os une. Deus Criou o mundo em seis dias. Não cabe ao homem mudá-lo. Além disso, o projeto não devolverá a Barra a glória perdida. Não vai reviver o bispado. O bispado está morto e acabado. O que o projeto pode dar a Dom Luis é a oportunidade de uma morte em Cristo. O martírio extremo, que redime os pecados ainda em vida. Não é pouca coisa.

O que o bispo busca é a expiação de suas culpas ainda em vida. Inclusive a culpa por não ter morrido na greve de fome anterior. Na culpa está a essência da fé católica, assim como da fé judaica. Judeus e católicos já nascemos culpados. Culpados de quê? De tudo. Do pecado de Adão. Do pecado de Caim. Da venda de José aos mercadores egípcios pelos seus próprios irmãos. Da libertinagem em Sodoma e Gomorra. Da adoração do Bezerro de ouro pelos seguidores de Moisés. Da crucificação de Cristo. Todos os grandes mitos da bíblia são construídos em torno do pecado.

E tem mais. Tem a culpa por deixarmos que fosse destruído o Segundo Templo. Pelos pogroms. Pelo massacre dos Incas e Aztecas e o saque de suas riquezas. Pela Santa Inquisição, que em nome da fé perseguiu, torturou e matou nas fogueiras milhares de cristãos novos. Pela escravização dos negros. Pelo apoio de Pio XII aos nazistas, ao General Franco e aos genocidas croatas. Pela mãozinha dos bispos católicos aos torturadores militares argentinos e chilenos. Pela pedofilia. Pela ostentação da Santa Madre Igreja.

E mais ainda: a culpa por termos sobrevivido à ditadura, enquanto tantos dos nossos morreram. Por estarmos vivos. Pelo aquecimento global. Pelos crimes do estalinismo e do Khmer Rouge. Pelo massacre de Ruanda. Pela miséria e a prostituição infantil. Pelo neoliberalismo. Culpas não nos faltam, assim como não faltam ao bispo de Barra. A diferença é que Dom Luís descobriu como as expiar ainda em vida.

Paradoxalmente, Dom Luís cometerá um último pecado no momento exato em que seu derradeiro suspiro o redima das culpas anteriores: o pecado de tirar a própria vida.

A vida nos foi dada por Deus e só Ele pode tirá-la.

Que Deus o perdôe, assim como perdoará os emuladores de seu auto-sacrifício: o MST, a CPT, a CIMI, certos políticos e alguns jornalistas, tanto da grande imprensa quanto da alternativa. Eles não sabem o que fazem.

Bernardo Kucinski, jornalista e professor da Universidade de São Paulo, é colaborador da Carta Maior e autor, entre outros, de "A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro" (1996)
Lucato

Offline Herf

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #18 Online: 21 de Dezembro de 2007, 18:02:11 »
sou contra a transposição do Rio, mas, pra mim, greve de fome é a coisa mais FILHA DA PUTA que existe...

Nada justifica uma greve de fome... é palhaçada.. é dizer: Ou você cede, ou eu morro e vc é culpado. Isso não combina com democracia.
Não sei por que a raiva por ele estar fazendo greve de fome. Isso não é contra a democracia. Palhaçada é levarem em consideração essa manifestação, é deixarem esta manifestação interferir nas decisões a serem tomadas.

E não dou a mínima para o bispo. Se ele morrer de fome a culpa será só dele, ora.

Offline Lucato

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #19 Online: 21 de Dezembro de 2007, 19:11:01 »
sou contra a transposição do Rio, mas, pra mim, greve de fome é a coisa mais FILHA DA PUTA que existe...

Nada justifica uma greve de fome... é palhaçada.. é dizer: Ou você cede, ou eu morro e vc é culpado. Isso não combina com democracia.
Não sei por que a raiva por ele estar fazendo greve de fome. Isso não é contra a democracia. Palhaçada é levarem em consideração essa manifestação, é deixarem esta manifestação interferir nas decisões a serem tomadas.

E não dou a mínima para o bispo. Se ele morrer de fome a culpa será só dele, ora.

Também acho que se ele morresse, teria sido suicídio, mas como ignorar que ele, na posição que tem, tem o poder de mobilizar a população e a opinião pública.
O que o Papa fala deveria ser ignorado, o que a CNBB diz deveria ser ignorado, etc... mas simplesmente não é!
Por isso, a atitude dele é condenável. Usou sua imagem e influência para chantagear o Estado brasileiro!
Lucato

Offline Fernando Silva

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #20 Online: 21 de Dezembro de 2007, 20:22:31 »
Se o MST é contra, então eu sou a favor.

Offline HSette

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #21 Online: 21 de Dezembro de 2007, 20:28:53 »
Se o MST é contra, então eu sou a favor.

 :biglol:
"Eu sei que o Homem Invisível está aqui!"
"Por quê?"
"Porque não estou vendo ele!"

Chaves

Offline Mafalda

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #22 Online: 21 de Dezembro de 2007, 21:02:13 »
Eu não tinha muita informação sobre a transposição em si.
Fui ao www.integracao.gov.br e lá tem muita coisa a respeito.
Pela água em si, não sou contra a transposição, não.
63m³/s de um rio que vaza no mínimo 1850 m³/s (chega a 3850 m³) é um volume ridículo. Não acredito que vá causar impacto ambiental algum. Abaixo de sobradinho, por exemplo, o rio tem cerca de 1km de largura. Não chegaria a 10cm a queda de nível com a retirada desse volume.
Quanto à distribuição da água, não tive detalhes, mas não acredito que vá haver desvios. Falam em fazer poços artesianos, mas retirar água do subsolo é um problema muito mais sério. Já viram o tamanho da área que a transposição do São Francisco vai atender?



Imagina tirar água de todo esse subsolo aí?
Quanto ao dinheiro gasto, acho que o Ministério Público e Tribunal de Contas estão aí para fiscalizar. Cobremos fiscalização.
Quanto ao sr. Bispo... :no:
Sem-vergonha, chantagista. Houve várias e várias audiências públicas para se discutir o projeto e ele foi convidado especial em algumas. Não compareceu.
Ele quer é aparecer.
Recebi um e-mail com uma opinião muito legal, mas não sei qual a fonte original:
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O bispo de Barra quer morrer

O que pode explicar a atitude de Dom Luís Cappio, ao fazer uma
segunda greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco?
Um bispo é um quadro político, um "general da Igreja",
não age por acaso nem por impulsos repentinos.


Bernardo Kucinski

Dom Luís vai morrer. Na primeira greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco ele ainda falava em negociação. Agora não propõe negociar nada. Exige que o Exército abandone o canteiro de obras e o projeto seja arquivado. Diz que se não for assim vai até o fim na sua greve de fome, que já dura 13 dias. O fim é a morte por inanição. É obvio que o quee le quer mesmo é morrer.

Um bispo não é um religioso qualquer, um ingênuo tomado pela crendice. É um quadro dirigente. Superou etapas formativas e seletivas, chegando ao topo da hierarquia católica. Estudou os clássicos. Sabe latim, grego e talvez até hebraico. Leu São Tomas de Aquino. Conhece filosofia; teoria política. É um general da Igreja . Seu gesto é o equivalente clerical do"pronunciamento" militar.

Dom Luiz deve saber que nenhum governo pode abandonar seu principal projeto de desenvolvimento regional. Deve saber também o que é um
Estado laico. E o que é democracia. Que um governo democrático não pode ceder à chantagem, nem querendo. Se Dom Luís sabe de tudo isso, o que busca ele com o auto-sacrifício?

Esse é o grande enigma. Um denso mistério que provavelmente irá para debaixo da terra junto com seu corpo.

Podemos apenas especular.

Será que através do martírio extremo ele busca a glória pessoal? Talvez até a beatificação? Nesse fim de semana eram esperadas mais de dez mil pessoas em romaria ao bispo. Imaginem depois de morto? Certamente vai ser erguido ali um santuário. E ele vai virar um santo. Santo Cáppio. Um novo Padim Cícero do Sertão. Mas não pode ser isso. Um bispo tem estrutura mental e auto-disciplina para não se deixar levar pela soberba. Talvez Dom Luís queira com sua morte dar sentido a um bispado que já não tinha vida. Hoje Barra é uma cidade morta. Já foi um florescente centro mercantil ao qual aportavam barcos plenos de mercadorias oriundas de todo o sertão. Enfim já foi um BISPADO de verdade, o promissor Bispado de Barra. Só que o bispado morreu, com o definhamento do próprio rio.

A decadência de Barra não tem nada a ver com o projeto de transposição de águas do São Francisco. Tem a ver com o que aconteceu antes, com os quatro séculos de depredação das margens do rio, o assoreamento e o declínio mercantil do Porto de Barra. Em todo o país antigos portos fluviais foram abandonados. Armazéns e casarões decorados com azulejos portugueses são hoje ruínas ou centros recuperados de turismo.

Aconteceu no delta do Parnaíba, no estuário do Amazonas, em Belém do Pará, no Rio Guaíba, em Porto Alegre. Aconteceu em Barra.

A diferença é que o Rio São Francisco ganhou um projeto que com a transposição de uma pequena fração de suas águas, poderá transformar o cenário de toda uma região, hoje miserável. E revitalizar o próprio rio, recuperando matas ancilares e canalizando esgotos de cidades ribeirinhas. Não colide com as ações pontuais e caridosas da Igreja, nem com o projeto do governo de construção de um milhão de cisternas, mas vai muito além.

A Igreja não acredita na salvação em terra, em mudar a realidade. Tudo é destino. Transformações profundas como as embutidas no projeto do São Francisco violam o desígnios de Deus. Violam o estado da natureza, o curso natural das águas. Violam o ecosistema, dizem os ambientalistas, usando outra linguagem, mas defendendo o mesmo imobilismo. O criacionismo os une. Deus Criou o mundo em seis dias. Não cabe ao homem mudá-lo. Além disso, o projeto não devolverá a Barra a glória perdida. Não vai reviver o bispado. O bispado está morto e acabado. O que o projeto pode dar a Dom Luis é a oportunidade de uma morte em Cristo. O martírio extremo, que redime os pecados ainda em vida. Não é pouca coisa.

O que o bispo busca é a expiação de suas culpas ainda em vida. Inclusive a culpa por não ter morrido na greve de fome anterior. Na culpa está a essência da fé católica, assim como da fé judaica. Judeus e católicos já nascemos culpados. Culpados de quê? De tudo. Do pecado de Adão. Do pecado de Caim. Da venda de José aos mercadores egípcios pelos seus próprios irmãos. Da libertinagem em Sodoma e Gomorra. Da adoração do Bezerro de ouro pelos seguidores de Moisés. Da crucificação de Cristo. Todos os grandes mitos da bíblia são construídos em torno do pecado.

E tem mais. Tem a culpa por deixarmos que fosse destruído o Segundo Templo. Pelos pogroms. Pelo massacre dos Incas e Aztecas e o saque de suas riquezas. Pela Santa Inquisição, que em nome da fé perseguiu, torturou e matou nas fogueiras milhares de cristãos novos. Pela escravização dos negros. Pelo apoio de Pio XII aos nazistas, ao General Franco e aos genocidas croatas. Pela mãozinha dos bispos católicos aos torturadores militares argentinos e chilenos. Pela pedofilia. Pela ostentação da Santa Madre Igreja.

E mais ainda: a culpa por termos sobrevivido à ditadura, enquanto tantos dos nossos morreram. Por estarmos vivos. Pelo aquecimento global. Pelos crimes do estalinismo e do Khmer Rouge. Pelo massacre de Ruanda. Pela miséria e a prostituição infantil. Pelo neoliberalismo. Culpas não nos faltam, assim como não faltam ao bispo de Barra. A diferença é que Dom Luís descobriu como as expiar ainda em vida.

Paradoxalmente, Dom Luís cometerá um último pecado no momento exato em que seu derradeiro suspiro o redima das culpas anteriores: o pecado de tirar a própria vida.

A vida nos foi dada por Deus e só Ele pode tirá-la.

Que Deus o perdôe, assim como perdoará os emuladores de seu auto-sacrifício: o MST, a CPT, a CIMI, certos políticos e alguns jornalistas, tanto da grande imprensa quanto da alternativa. Eles não sabem o que fazem.

Bernardo Kucinski, jornalista e professor da Universidade de São Paulo, é colaborador da Carta Maior e autor, entre outros, de "A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro" (1996)



    Pô, aparentemente é uma área enorme, valeu pela contribuição.
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Offline Mafalda

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #23 Online: 21 de Dezembro de 2007, 21:19:24 »
Se o MST é contra, então eu sou a favor.




     Eu tambem, embora eu já tivesse tido um carinho especial pelo MST, isso foi na época que eu havia acabado de chegar ao Brasil para morar, tinha aquela imagem romantizada desses movimentos da América Latina, sou antropóloga e europeia, sim ainda acredictamos numa pureza desses movimentos, hoje já com 12 anos de casa, casada com brasileiro e tudo, tenho enxergado as coisas como elas são de facto, não existe a pureza na qual eu acredictava, esse é um caso exemplar de como as coisas são feitas, mas mesmo assim eu passei a acredictar que existe uma parcela do povo, os foristas do cc, por exemplo, que mantem a chama da crítica acesa.
"quem está em todos os lugares ao mesmo tempo, não está em lugar nenhum" (Sêneca)

Offline Hold the Door

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Re: E o jejum do bispo?
« Resposta #24 Online: 21 de Dezembro de 2007, 23:48:46 »
Eu não tinha muita informação sobre a transposição em si.
Fui ao www.integracao.gov.br e lá tem muita coisa a respeito.

Eu não confiaria totalmente na imparcialidade os dados apresentados, afinal o governo é o principal interessado na transposição.

Duas críticas que eu acho bem consistentes ao projeto é que primeiro ele não atenderia a população, mas aos grandes produtores da região. E o segundo, é que o curso da transposição precisaria subir a Chapada do Araripe, ou seja, a água teria que ser bombeada para cima constantemente!

Imagine o quanto isso vai gastar de energia em um país que há poucos anos esteve em risco de apagão e ainda não tem a situação totalmente sobre controle! Sem contar o próprio custo anual disso. Será que não há alternativas mais baratas e realmente eficazes?

Por via das dúvidas, prefiro ficar com a opinião abalizada do professor Aziz Ab'Saber:

http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=28608

http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=24184

http://www.institutochamberlain.org/modules.php?name=News&op=show&nid=63

http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/785024
Hold the door! Hold the door! Ho the door! Ho d-door! Ho door! Hodoor! Hodor! Hodor! Hodor... Hodor...

 

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