Autor Tópico: Bioética: aperfeiçoando o ser humano  (Lida 3482 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Online: 26 de Dezembro de 2007, 18:16:57 »
Uma questão que acho interessante.

Todos são favoráveis a coisas como, ser algo moral e legal buscar melhor nutrição, bem como teste do pézinho, e procedimentos similares, vacinação, estudos, exercícios físicos.

Todas essas coisas aperfeiçoam o indivíduo de diversas formas. Algumas até meio inesperadas, como exercício físico ter bons efeitos até para o cérebro.

A coisa começa a ficar polêmica quando se pensa em outros tipos de aperfeiçoamento: através de substâncias que não são comuns na dieta: drogas, hormônios, e melhoramentos genéticos.

O que vocês acham dessas outras formas de melhoramento? Nos esportes, por exemplo. Os carros de fórmula 1 podem ter diversas melhorias tecnológicas, diferentes combustíveis, e etc. Os atletas de diversos esportes tem ao seu lado diversos desenvolvimentos tecnológicos: tênis com amortecimento ou garras para prender no chão, roupas que melhoram a aerodinâmica e o resfriamento corporal, nadadores podem se depilar para melhorar a hidrodinâmica, etc; eles também tem treinos que otimizam suas condições musculares, tem nutricionistas, ambos são métodos que interferem na parte química do corpo. Além disso, podem ter diferenças genéticas relevantes. Por que então alguns mé  todos devem ser considerados condenáveis, em vez de serem liberados a todos?

Fora do lado esportivo, tem as drogas supostamente nootrópicas, que melhoram algumas coisas relativas ao desempenho mental.

Por último, e mais polêmico, seria a engenharia ou eugenia genética e similares. Alguns grupos de judeus, devido a umas regras religiosas que diminuem seu acervo genético, tem aumentadas as chances de terem filhos com problemas de saúde. Para minimizar isso, alguns deles fazem testes genéticos para evitar esses problemas. Eu não sei bem como isso funciona, se é um tipo de "agência de casamento", ou se é depois do casamento, e decidem se tem filhos ou não segundo isso.

Mas de forma similar poderia se pensar em métodos de dar aos filhos não apenas as melhores condições em alimentação, educação, etc, mas também os melhores genes.

Há quem defenda que já fazemos isso instintivamente pelo próprio processo de se envolver com alguém e ter filhos: químicas do suor e da saliva teriam indicações sobre compatibilidade genética, sendo mais ou menos agradáveis de acordo com isso, e pessoas que consideramos mais belas também estariam sinalizando bons genes. Ninguém é contrário a esse tipo de process inconsciente que talvez implique num certo grau de qualidade, sugerindo que devessemos nos casar e ter filhos de forma aleatória, sem seguir esses instintos.

Curiosamente, aqui o inverso é que é condenado: casamentos por interesses em condições financeiras é que são comumente mal vistos, defendendo-se que é algo que deve seguir impulsos naturais ("amor").

Contra esse tipo de coisa, pode se argumentar que seria indesejável por se criar "linhagens superiores", ou pretensamente superiores. Mas me pergunto se é muito diferente da desigualdade social normal, e talvez até mesmo de algumas características biológicas naturais principalmente em indivíduos, mas também talvez entre linhagens (imunologia, principalmente. Alguém sabe se por exemplo, populações indígenas ainda tem problemas para se adequar a vida em cidades por questões imunológicas? Eu acho que já li algo a esse respeito, mas não lembro de detalhes).

Poderia se contra-argumentar que isso é um tipo de tu quoque, que ainda que hajam esses problemas, que isso iria só aumentá-los. Mas eu me pergunto se o desenvolvimento dessas técnicas e eventual acessibilidade delas na verdade não acabaria tendo o efeito contrário. De forma similar, há algum tempo atrás, poderia se falar que celular ou computadores "são coisas de rico", e que não deveríamos querer os celulares ou PCs porque apenas seriam ítens a mais para somar na diferença entre as classes sociais. Mas com o tempo, eles se tornam mais acessíveis e aumenta a parcela da população que pode se beneficiar diretamente deles; e, indiretamente desde o início, tanto por empregos na produção quanto a outras possibilidades relacionadas a essas tecnologias.

E quanto a tecnologia fica acessível, isso pode ser um benefício proporcionalmente muito maior para os mais pobres do que para os mais ricos. Por exemplo, livros do projeto Gutenberg, acessíveis praticamente gratuitamente (ao custo da conexão), comparados a ter que adquirir ou emprestar uma versão de papel; wikipédia e etc.

A analogia provavelmente tem suas falhas, mas também tem seus acertos.




Que o caos comece; discutam.

Narkus

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #1 Online: 26 de Dezembro de 2007, 20:31:19 »
É uma questão polêmica e não sei até que ponto estou de acordo... Talvez seja cedo para se preocupar, mas às vezes me vejo pensando sobre isso.

O excesso de gente no mundo é um problema que pode inviabilizar esta eugenia, uma vez que "todos vão querer" e talvez haverá maiores problemas em relação a políticas desiguais e preconceitos (já que havrão seres "superiores", digamos assim). Talvez venha a ter gente querendo filhos (ou até clones melhorados) com cérebros melhores, melhor adaptabilidade a diversos ambientes (talvez até mesmo ambientes de gravidade 0)...

Não duvido muito que se chegue ao ponto de se manipular seres para nascerem burros e fortes, burros e propensos ao risco (para serem escravos) etc. Ou talvez se crie uma nova espécie "perfeita", digamos assim.

Sei lá... É uma nova situação inusitada e acredito que a própria limitação da compreensão humana deverá ser levada muito em conta antes de se adotar tais medidas.

Imaginar é legal...

rizk

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #2 Online: 26 de Dezembro de 2007, 21:01:28 »
Também não compreendo onde é que se traça o limite. Porque, por mais que as pessoas sejam muito tecnófilas e queiram ter nanoimplantes no corpo e poder ter maneira mais acurada de escolher pais para os seus filhos, também bate esse nojinho e pavor apocalíptico à "admirável mundo novo".

Também prece-me ser cedo pra falar em engenharia genética como se vê na ficção científica.

Atheist

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #3 Online: 27 de Dezembro de 2007, 19:50:20 »
Não se pode esquecer da inviabilidade financeira de algo deste tipo se espalhar.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #4 Online: 28 de Dezembro de 2007, 01:57:15 »
Mas por que? Acho que tudo a princípio é mais caro, mas vai barateando com a demanda e maior produção...

... sem falar que eu estou falando de diversas coisas. Não é de hoje que há quem use suplementos vitamínicos, anabolizantes, e etc por exemplo... são sem dúvidas mais caros do que arroz e feijão, mas tem quem compre.


Offline Luis Dantas

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #6 Online: 30 de Dezembro de 2007, 21:52:11 »
Acho que você está passando por cima dos impulsos autodestrutivos do ser humano, Buckaroo.  Do tabaco às relações co-dependentes, não são poucas as formas como o ser humano foge da autonomia e da saúde.
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rizk

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #8 Online: 31 de Dezembro de 2007, 03:17:24 »
Acho que você está passando por cima dos impulsos autodestrutivos do ser humano, Buckaroo.  Do tabaco às relações co-dependentes, não são poucas as formas como o ser humano foge da autonomia e da saúde.
Nossa, eu vi pelo lado CONTRÁRIO. Tais inovações serviriam para o cidadão poder fazer o que bem entender com o mínimo de prejuízo.

Narkus

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #9 Online: 31 de Dezembro de 2007, 07:50:02 »
Bom... Seres humanos inicialmente consomem drogas pra dar "barato", sendo que a consequencia muitas vezes é a dependência química.

Tudo leva à conclusão de que há na mente humana algum tipo de regulador de felicidade que não é muito estável. Muitas vezes períodos de extrema felicidade (ou, em extremos, como o "barato") é sucedido por períodos que tendem a infelicidade (ou, em extremos, depressão ou até mesmo crises de abstinência).

Poderíamos talvez achar este "regulador" e fazer com que seres humanos se sintam mais e mais felizes... Mas daí o problema que surge é em relação às virtudes... Nem todos os humanos atuais possuem virtudes iguais, mesmo que hajam as "modas" de se pregar que é correto querer um amor perfeito, dinheiro, contato com a natureza e blablabla.

Eu, por exemplo, tenho como virtude o conhecimento e a exploração do universo, já que hoje em dia só comer, fazer sexo, política e "guerras" já se tornou um pouco banal, sendo que esta última pode significar auto-destruição. Se queremos alguma guerra sem o alto risco de auto-destruição precisamos primeiro explorar o universo para achar novos inimigos (o que ao meu ver demorará muitas gerações).

Agora se a virtude for apenas o "barato"... Poderemos criar (ou nos tornarmos) seres mais simples do que somos, capazes de se alimentar de terra, pedras, água, mato, carniça, fezes mas que constantemente sinta um enorme "barato" por tais façanhas. Nós humanos já temos tanto e não somos tão felizes não é mesmo? Sempre iremos querer mais... E por que não brincar de fazer novos seres? Ou mesmo, em um futuro ainda mais distante, criar a si próprio do jeito que bem entender?

Bom...
Eu não sei bem o que estou falando, to viajando gostoso na parada. Eu não sei qual é o "barato" de um vírus fazer uma célula de refém. Ou qual o barato de uma rã comer uma mosca, ou de uma mosca se alimentar de merda... Mas talvez deve dar algum "barato", senão não o fariam. Quem disse ou comprova que o "prazer" é exclusivo de espécies mais complexas? Pode ser, mas a infelicidade também seria não?
« Última modificação: 31 de Dezembro de 2007, 07:52:36 por Narkus »

Offline Adriano

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #10 Online: 31 de Dezembro de 2007, 08:12:54 »
Não é a bioética que aperfeiçoa o homem, e sim o homem que discute a biologia através dos princípios éticos para a melhor utilização da biotecnologia na sociedade.

A bioética lida com os novos desafios dessas descobertas/invenções que a sociedade alcançou em sua evolução científica. Como as possibilidades são complexas, esse tema se torna espinhoso mesmo. Não tem nada de simples, já que a ética depende do que seja melhor para todos (não em sentido absoluto, generalizado).

Exemplo é a moral teísta, que acredita que os cientístas estão tentando brincar de deus (heresia) e assim não tem confiança, já que o senso moral destes é baseado na idéia de um ser superior e não querem permitir a manipulação genética. Nesse caso a ciência é vista como inimiga da religião, causando medo aos leigos no assunto. O esclarecimento é a melhor saída, por isso a bioética é necessária, é o canal de discussão e diálogo.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Narkus

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #11 Online: 31 de Dezembro de 2007, 08:16:25 »
concordo, é bem por aí... E não vai ser moleza.

Offline Luis Dantas

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #12 Online: 31 de Dezembro de 2007, 09:28:09 »
Eu não entendi o que você quis dizer.

Não adianta ter tecnologia se não se sabe o que fazer com ela.

Por isso a Rizk e eu temos óticas opostas nesta questão; para mim essa é só mais um ferramenta, e seria corrompida pelos impulsos destrutivos humanos como tantas outras são.  Já ela é jovem, esperançosa, e acha que esse detalhe pode fazer a diferença... :)
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Offline FxF

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #13 Online: 31 de Dezembro de 2007, 14:33:01 »
Bom, você levantou duas questões: química para melhorar performance de atletas, e genética para isso.
Alguns se assemelham a genética, outros não.

No primeiro caso, recusa-se mudanças por drogas e hormônios em atletas por vários motivos:
- Pode ser prejudicial, como esteróides, e qualquer tipo de uso incentivaria tal;
- As pessoas tem uma mentalidade de "magia por trás das ações", de que o papel do dinheiro conseguido por roubo tem uma composição química diferente do obtido por trabalho e assim perde seu valor. Em resumo;

No segundo, em relação da genética para melhorar a performance de atletas:
- Pessoas gostam mais de ver um circo, ou uma olimpíada, do que um mágico, porque eles demonstram a realidade, o "esse é o corpo humano, meu corpo, veja o que eu posso fazer isso". A genética eliminaria o "corpo humano" da equação porque tudo que a gente pode criar perde a magia do "ser";


Agora, quanto no caso da genética.
Alguém já se perguntou porque a complicação quanto usar a genética para mudar a cor do cabelo ou dos olhos de seu filho?

Quando buscamos um parceiro bonito, é unicamente e somente nossos instintos sexuais de buscar de genes. Você está fazendo o mesmo que antes.
Então, vem alguém e diz que "não é natural". Afinal, o que não é natural? Genes são só alguns dados banais, qual é o grande homicídio por de trás de mudar algo?

Então, a gente chega no ponto: estamos entrando na questão moral de nos metermos nos mistérios da criação.
Pessoas tem crenças bem definidas, como na maior parte da população quanto a valores familiares ou o ser humano valer mais que animais. E essas pessoas não querem pensar em possibilidades diferentes!
Mudar o DNA, significa que podemos controlar/criar/*termos genéricos de atos divinos* o ser humano. No momento em que fazemos isso, estamos obrigando essas pessoas a questionarem suas crenças. Se podemos misturar o DNA de um homem com um cachorro, qual o problema? Nenhum, exceto que as pessoas não querem pensar na questão do porque o ser humano vale mais que um cachorro.

Se você analisar bem, as pessoas dão desculpas bem estranhas do porque o ser humano vale mais que animais, basta ver: "É um ser racional diferente dos outros animais" - ninguém sugere que bebês ou adultos com Síndrome de Down não são humanos; "Transmitem cultura" - Chimpanzés já forem observados fazendo isso; "Tem ética, moral, capacidade de perceber o bem e o mal" - Não, não tem. As crenças comuns dos povos como valores familiares se originam de instintos; Etc...

Então, é o medo de ter de questionar isso que obriga a lutar contra alguém que "brinque de Deus". A manipulação genética abre um novo horizonte de perguntas, que a maioria das pessoas não quer.

Offline FZapp

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #14 Online: 31 de Dezembro de 2007, 14:51:17 »
Citar
Mas de forma similar poderia se pensar em métodos de dar aos filhos não apenas as melhores condições em alimentação, educação, etc, mas também os melhores genes.

Mas é difícil julgar isso, não ?

Querendo que tenha genes noruegueses pode perder a resistência para bactérias tupiniquins, ou ter diarréia cada vez que ouve o hino nacional, sei lá.

Eu queria ter seis dedos em cada mão, em todo caso.
--
Si hemos de salvar o no,
de esto naides nos responde;
derecho ande el sol se esconde
tierra adentro hay que tirar;
algun día hemos de llegar...
despues sabremos a dónde.

"Why do you necessarily have to be wrong just because a few million people think you are?" Frank Zappa

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #15 Online: 31 de Dezembro de 2007, 16:10:27 »
Sim, também é difícil dizer exatamente qual é a "melhor educação", e o período da infância é praticamente tão ou mais crítico que os genes.

Eu não estou dizendo: "melhoramentos genéticos ou biotecnológicos são fáceis de serem concebidos, não há possibilidade de acabar tendo efeitos colaterais indesejáveis de qualquer tipo".

O ponto é se, da mesma forma que as pessoas podem escolher essas coisas mais "low tech" para melhorar as próprias condições e as dos filhos (que não são livres de controvérsias) se não poderiam também usar outras tecnologias.

Offline Luis Dantas

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #16 Online: 31 de Dezembro de 2007, 16:16:45 »
Possível sem dúvida vai ser.  Mas seguro, ou ético, é outra história.
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Atheist

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #17 Online: 01 de Janeiro de 2008, 13:08:52 »
Sim, também é difícil dizer exatamente qual é a "melhor educação", e o período da infância é praticamente tão ou mais crítico que os genes.

Eu não estou dizendo: "melhoramentos genéticos ou biotecnológicos são fáceis de serem concebidos, não há possibilidade de acabar tendo efeitos colaterais indesejáveis de qualquer tipo".

O ponto é se, da mesma forma que as pessoas podem escolher essas coisas mais "low tech" para melhorar as próprias condições e as dos filhos (que não são livres de controvérsias) se não poderiam também usar outras tecnologias.

Bom, o período da infância só é tão crítico quanto os genes por causa exatamente dos genes... :D



Offline Luis Dantas

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #20 Online: 01 de Janeiro de 2008, 17:53:42 »
Lendo melhor a sua mensagem original, parece que você está focalizando principalmente testes genéticos que visam a detectar compatibilidades e predisposições a certas doenças.

Se for isso, eu não vejo _grande_ problema ético.  Depende principalmente dos custos.  Assim como muitos outros recursos da medicina atual, o maior problema é que os custos efetivamente os tornam uma ferramenta de discriminação sócio-econômica.  Mas se houver perspectiva de barateamento, e principalmente se for para evitar doenças sérias e até crueis como lúpulo e hidrocefalia, então realmente acho muito louvável.

MAS essa é uma solução que causa um problema potencialmente maior.  Haverá pais irresponsáveis e/ou excessivamente ricos que vão querer "insistir até acertar", idéia enojante e imoral.  Paternidade já é um direito exercido com mais frequência do que seria conveniente, e pelo menos inicialmente haveria um grupo de deslumbrados agindo por empolgação.

É uma idéia interessante em si, mas na minha opinião não pode se sustentar sozinha; é preciso alcançar um bocado de maturidade social sobre o papel e as responsabilidades da reprodução antes que seja recomendável pensar nesse "screening".  Do contrário os problemas que já existem só vão se agravar.

Algo a se pensar: toda tecnologia tem sua margem de falhas.  Quando se trata de produzir itens inanimados como liquidificadores isso não é tão sério.  Mas o que fazer quando (nem digo se) acontecer de uma combinação genética vista como desejável mostrar mais tarde ter algum problema sério?

O que quero dizer é que gerar um filho é um ato extremamente sério, e não podemos nos queixar depois do fato.  Essa tecnologia ou qualquer outra não pode ser responsabilizada pela possibilidade sempre real de que a criança não saia como o esperado, seja por que motivo for.  Nisso nossa sociedade já tem uma dívida mal trabalhada que eu não gostaria de ver aumentar mais ainda.
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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #21 Online: 01 de Janeiro de 2008, 18:30:56 »
:hein:

Há genes que estendem os períodos mais críticos de aprendizado e desenvolvimento geral pela vida toda?

Há genes que explicam o "imprinting" estudado por Konrad Lorentz. Não canso de citar, mas você precisa ler "o que nos faz humanos" :D


Offline RickRJ

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #22 Online: 01 de Janeiro de 2008, 18:48:00 »
Se for pra curar/tratar doenças e/ou aliviar o sofrimento , tudo bem.Mas 'melhoramento' genético deixa margem pra um campo muito vasto de interpretações.
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Offline Luis Dantas

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #23 Online: 01 de Janeiro de 2008, 18:58:16 »
É, mas a fronteira não é nada nítida, não acha?
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Bioética: aperfeiçoando o ser humano
« Resposta #24 Online: 01 de Janeiro de 2008, 20:04:38 »
Se for pra curar/tratar doenças e/ou aliviar o sofrimento , tudo bem.Mas 'melhoramento' genético deixa margem pra um campo muito vasto de interpretações.


Mas isso não seria de certa forma análogo a haver uma proibição similar quanto a estudos ou saúde física mais "low tech"? Determinando-se uma saúde e educação "suficiente", e as pessoas não podem estudar ou tentar melhorar o condicionamento físico além disso.

 

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