Uma questão que acho interessante.
Todos são favoráveis a coisas como, ser algo moral e legal buscar melhor nutrição, bem como teste do pézinho, e procedimentos similares, vacinação, estudos, exercícios físicos.
Todas essas coisas aperfeiçoam o indivíduo de diversas formas. Algumas até meio inesperadas, como exercício físico ter bons efeitos até para o cérebro.
A coisa começa a ficar polêmica quando se pensa em outros tipos de aperfeiçoamento: através de substâncias que não são comuns na dieta: drogas, hormônios, e melhoramentos genéticos.
O que vocês acham dessas outras formas de melhoramento? Nos esportes, por exemplo. Os carros de fórmula 1 podem ter diversas melhorias tecnológicas, diferentes combustíveis, e etc. Os atletas de diversos esportes tem ao seu lado diversos desenvolvimentos tecnológicos: tênis com amortecimento ou garras para prender no chão, roupas que melhoram a aerodinâmica e o resfriamento corporal, nadadores podem se depilar para melhorar a hidrodinâmica, etc; eles também tem treinos que otimizam suas condições musculares, tem nutricionistas, ambos são métodos que interferem na parte química do corpo. Além disso, podem ter diferenças genéticas relevantes. Por que então alguns mé todos devem ser considerados condenáveis, em vez de serem liberados a todos?
Fora do lado esportivo, tem as drogas supostamente nootrópicas, que melhoram algumas coisas relativas ao desempenho mental.
Por último, e mais polêmico, seria a engenharia ou eugenia genética e similares. Alguns grupos de judeus, devido a umas regras religiosas que diminuem seu acervo genético, tem aumentadas as chances de terem filhos com problemas de saúde. Para minimizar isso, alguns deles fazem testes genéticos para evitar esses problemas. Eu não sei bem como isso funciona, se é um tipo de "agência de casamento", ou se é depois do casamento, e decidem se tem filhos ou não segundo isso.
Mas de forma similar poderia se pensar em métodos de dar aos filhos não apenas as melhores condições em alimentação, educação, etc, mas também os melhores genes.
Há quem defenda que já fazemos isso instintivamente pelo próprio processo de se envolver com alguém e ter filhos: químicas do suor e da saliva teriam indicações sobre compatibilidade genética, sendo mais ou menos agradáveis de acordo com isso, e pessoas que consideramos mais belas também estariam sinalizando bons genes. Ninguém é contrário a esse tipo de process inconsciente que talvez implique num certo grau de qualidade, sugerindo que devessemos nos casar e ter filhos de forma aleatória, sem seguir esses instintos.
Curiosamente, aqui o inverso é que é condenado: casamentos por interesses em condições financeiras é que são comumente mal vistos, defendendo-se que é algo que deve seguir impulsos naturais ("amor").
Contra esse tipo de coisa, pode se argumentar que seria indesejável por se criar "linhagens superiores", ou pretensamente superiores. Mas me pergunto se é muito diferente da desigualdade social normal, e talvez até mesmo de algumas características biológicas naturais principalmente em indivíduos, mas também talvez entre linhagens (imunologia, principalmente. Alguém sabe se por exemplo, populações indígenas ainda tem problemas para se adequar a vida em cidades por questões imunológicas? Eu acho que já li algo a esse respeito, mas não lembro de detalhes).
Poderia se contra-argumentar que isso é um tipo de tu quoque, que ainda que hajam esses problemas, que isso iria só aumentá-los. Mas eu me pergunto se o desenvolvimento dessas técnicas e eventual acessibilidade delas na verdade não acabaria tendo o efeito contrário. De forma similar, há algum tempo atrás, poderia se falar que celular ou computadores "são coisas de rico", e que não deveríamos querer os celulares ou PCs porque apenas seriam ítens a mais para somar na diferença entre as classes sociais. Mas com o tempo, eles se tornam mais acessíveis e aumenta a parcela da população que pode se beneficiar diretamente deles; e, indiretamente desde o início, tanto por empregos na produção quanto a outras possibilidades relacionadas a essas tecnologias.
E quanto a tecnologia fica acessível, isso pode ser um benefício proporcionalmente muito maior para os mais pobres do que para os mais ricos. Por exemplo, livros do projeto Gutenberg, acessíveis praticamente gratuitamente (ao custo da conexão), comparados a ter que adquirir ou emprestar uma versão de papel; wikipédia e etc.
A analogia provavelmente tem suas falhas, mas também tem seus acertos.
Que o caos comece; discutam.